quarta-feira, maio 30, 2007

Opiniões "vintage"? Eu?

Pessoas minhas conhecidas costumam dizer-me que tenho ideias fixas e opiniões "vintage". Opiniões "vintage"? Eu? Tal como Calimero, penso: Que acusação mais injusta....
Ia jurar que aqui mesmo, neste blog, já disse cobras e lagartos de um Senhor Reitor qualquer, lá da região norte. Mas se, aqui, disse alguma coisa de menos abonatória do Senhor Reitor José Marques dos Santos da Universidade do Porto, e não pode ter sido há muito tempo, já hoje mudei de ideias. Se nunca disse nada demais àcerca dele, mudei de ideias à mesma: é que acabei, agora mesmo, de constatar que afinal também há por Portugal reitores, potencialmente, dotados de visão, senso crítico e capacidade de liderança.
Não acreditam?
Vejam, por vós mesmos, este artigo assinado por Carla Soares e Artur Machado, do Jornal Notícias, sobre a opinião de JMS, àcerca da Região Norte: "Estão à espera que algum deus venha criar condições na região" [1]. Se discordarem de mim, por favor, avisem-me; é que, de há uns tempos a esta parte, ando numa de arranque em "mode" de segurança preventiva.
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ou em alternativa se o link anterior for deslinkado:

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terça-feira, maio 29, 2007

Lost in translation nº 3

Pressuponho, como causa próxima, que coagida pelo Relatório da OCDE, a actual tutela do ensino superior, ciência e tecnologia exprime, textualmente - nos artigos 3º, 6º e 7º da última versão pública, sobre a proposta de Lei do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES-Documento de trabalho 05) uma tentativa de diferenciação entre os subsistemas Universitário e Politécnico.
É muito discutível o significado, a abrangência e objectivos duma diferenciação tal como a sugerida neste e noutros documentos nacionais e, hipoteticamente, baseada na crescente diversidade da procura da formação superior mas, claramente, é manifesta a intenção de apostar numa diferenciação qualquer que esta seja, e que se inicia, desde logo, pelas definições das formações que um e o outro subsistema deverão, hipoteticamente, garantir. Na verdade, penso que este é até um problema irrelevante.
A diferenciação das formações tal como descritas, nas duas versões públicas do RJIES, pareceria, à falta de melhor opção, fundamentar-se International Standard Classification of Education.I S C E D. 1997, que assim as distingue:
"ISCED 5 - First stage of tertiary education (5A, 5B) Programmes with an educational content more advanced than those offered at levels 3 and 4.
  • ISCED 5A Programmes that are largely theoretically based and are intended to provide sufficient qualifications for gaining entry into advanced research programmes and professions with high skills requirements. Duration categories: Medium: 3 to less than 5 years; Long: 5 to 6 years; Very long: More than 6 years.
  • ISCED 5B Programmes that are generally more practical/technical/occupationally specific than ISCED 5A programmes. Duration categories: Short: 2 to less than 3 years; 3 to less than 5 years; Long: 5 to 6 Years; Very long: More than 6 years.
  • "ISCED level 5B programmes are rarely structured in bachelor/master levels. In the majority of signatory countries, higher education provision is divided between academic/theoretically-based programmes (ISCED 5A) and practically oriented professional/vocational programmes" (ISCED 5B).

Para ambos subsistemas nacionais de ensino superior, a respeito desta questão, a confusão instala-se quando em documentos internacionais - por exemplo numa publicação da Rede Eurydice (a) a respeito do Processo de Bolonha - "Focus on the Structure of Higher Education in Europe. 2006/07. National Trends in the Bologna Process"- http://www.eurydice.org/ressources/eurydice/pdf/0_integral/086EN.pdf - se podem também ler, com base em informações nacionais, as seguintes duas frases incongruentes, entre si, e também com o que sabemos se está a preparar internamente, em Portugal:
- 1 - In the majority of signatory countries, higher education provision is divided between academic/theoretically-based programmes (ISCED 5A) and practically oriented professional/vocational programmes (ISCED 5B – see Glossary definition of ISCED 1997). In some countries, ISCED 5A and 5B programmes are provided by different types of institutions (university and non-university, respectively). However, this ‘binary’ form of organisation is changing; it is increasingly common for universities and non-university institutions to offer programmes at both levels. Furthermore, the two programme levels are gradually becoming more similar to each other in terms of curriculum, orientation and learning outcomes. Thus in 2006/07, thirteen countries (Armenia, Estonia, Finland, Georgia, Greece, Holy See, Liechtenstein, Luxembourg, Moldova, Norway, Poland, Portugal and Russia) recognise all undergraduate higher education study programmes as ISCED level 5A, even if they are provided by nonuniversity higher education institutions. (Página 21.)
- 2 - Doctorates are regulated by the 2006 decree-law. There are doctoral programmes as recommended in the Bergen Communique, and it is expected that their numbers will grow in the near future. Their minimum duration is three years. It is possible to embark on a doctorate after obtaining a first-cycle ISCED 5A (licenciado) qualification; this depends, however, on a case-by-case analysis of the curriculum. (Página 256).

CONCLUSÕES:

  1. São imprecisões como estas que me induzem descrença nos verdadeiros objectivos das propostas do sector, e no rigor, ou falta deste, que as circunstâncias nacionais pareceriam exigir.
  2. Pergunto-me também como seria aconselhável, ou sequer possível e, sob diversas circunstâncias como a aqui descrita - a uma Universidade ou a um Politécnico traçarem as suas estratégias mesmo de forma genérica de forma a serem, efectivamente, úteis ao país e reforçarem a sua própria dignidade institucional ao projectarem ou enunciarem as suas missões?
  3. Compreendo as dificuldades da tutela, mas recuso-me teerminantemente a aceitar que as transfira e multiplique por todo o ensino superior nacional que, sob incerteza e na melhor das hipóteses, está sendo progressiva e rapidamente paralisado.
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(a) Eurydice is an institutional network for gathering, monitoring, processing and circulating reliable and readily comparable information on education systems and policies throughout Europe. Eurydice covers the education systems of the Member States of the European Union, the three countries of the European Free Trade Association which are members of the European Economic Area, and the EU candidate countries involved in the Socrates Programme

domingo, maio 27, 2007

"Lost in translation" nº 2

Num dos últimos"post(s)" (22 de Maio de 2007) já dei conta aos meus caros, raros e bravos leitores que me encontrava encalhada em baixios de interpretações possíveis e impossíveis da proposta do MCTES para o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior.
Aliás, tenho andado a aguardar que entidades (ou pessoas) habilitadas providenciassem achegas fundamentadas, para eu poder chegar a uma compreensão mínima do referido texto, bem como o meu posicionamento pessoal sobre a proposta de lei.
Mas meus amigos, uma desgraça nunca vem só e não há duas sem três, como se não me bastassem as dúvidas já suscitadas pelos RJIEs(MCTES) - RJIES1 e RJIES2.v5, o meu espanto residente conseguiu inflar perigosamente, com dois outros documentos: 1º Contributos produzidos pelo Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos e 2º - Comunicado do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (com o qual então fiquei, absolutamente, estupefacta até agora). Como prémio de consolação, constato que afinal a minha iliteracia, sobre este tema, está muito bem (mal) acompanhada; agora, o que também não carecia era de ser tão agravada por peritos (digo eu) na matéria.
Meus caros e raros leitores, ajudem-me lá a perceber as percepções do CCISP (16 de Maio de 2007) e do CRUP (18 de Maio, de 2007):
1º. o entendimento do CCISP:
O documento produzido pelo CCISP quase não o percebi, se estivesse redigido em sânscrito ou em servo-croata, penso que me teria ajudado. Sei é que o CCISP, entre outras coisas que têm que ver com os níveis de representação social, se queixa das instituições politécnicas poderem ser orientadas, para tudo.
Ora bem, até eu já ultrapassei esta fase, quanto a isto só lhes posso lembrar é como se podem estar a sentir as Universidades- por escrito, poderão ter nível elevado, mas sem qualquer orientação. Estarão bem pior, não é verdade?
2º. o entendimento do CRUP:
* "AUTONOMIA: o CRUP entende que a integração num único documento dos sub-sistemas universitário e politécnico desvaloriza o princípio da autonomia universitária constitucionalmente consagrado";
Não percebo, porque é que O CRUP "acha" que a proposta de lei do MCTES sobre o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior desvalorizou a autonomia universitária.
* "DIVERSIDADE: o CRUP considera que a diversidade das universidades portuguesas não se encontra suficientemente contemplada no documento de trabalho em apreciação".
Mas afinal o que é que o MCTES precisaria fazer? se salhar um RJIES personalizado a cada instituição? acautelando, e atribuindo um seguro de sobrevida finnaceira, para cada uma das respectivas especificidades?
* "ENSINO E INVESTIGAÇÃO: o CRUP não considera aceitável que as unidades orgânicas de investigação se possam tornar independentes das universidades".
Exactamente, desde quando é que um Centro/Unidade de Investigação é uma Unidade Orgânica da Universidade ou de um Politécnico? Se isto, se tratasse de uma realidade actual, em que documentos se encontra plasmada a efectiva responsabilização institucional, para com as Unidades de investigação sempre que estas funcionem menos bem, mal, ou nem funcionem de todo?
*"MODELO FUNDACIONAL: o CRUP considera imprudente que se legisle sobre esta matéria, antes de estar publicado um quadro legal específico para as Fundações de Direito privado instituídas pelo Estado".
Relativamente a este ponto, estou TOTALMENTE de acordo com a opinião do CRUP (devo-me ter enganado), mas da minha parte desconfio mesmo que esta figura da "Fundação" está pensada como uma forma capciosa de derivação preferencial, com endereçamento certo, de financiamento público para actividades privadas, absolutamente autónomas e livres, e simultaneamente com a bênção de estarem, isentas de responsabilização - esta ideia, se for vista com alguma serenidade, até que pode dar jeito, para algumas instituições. Se eu fosse ao pessoal do CRUP não seria tão taxativa, mas como não pertenço ao "milieu" também "acho", exactamente, o que o CRUP "achou".
Sintetizando a minha conclusão, sobre o Comunicado do CRUP - Só um documento como este, me faria ficar "noventas e tais por cento" do lado de uma proposta deste MCTES.
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PS 1 - O que eu não consigo mesmo entender é porque é que o MCTES não propõe qualquer coisa simplezinha, com apenas 3 pontos:
1)- Uma tabelinha com duas entradas cujos conteúdos jamais se podem justapor: CritériosXDeveres das Instituições de Ensino Superior - o trânsito ou mobilidade institucional, poderiam ser quase automáticos, tipo clubes desportivos (primeira ou de segunda divisão). Esta tabelinha obrigaria a uma listagem cuidada e exaustiva de: Critérios mínimos para se ser uma instituição universitária ou para ser uma instituição politécnica, bem como de Deveres mínimos para se ser uma instituição universitária ou para ser uma Instituição politécnica.
2)- A GOVERNAÇÃO poderia ser qualquer uma, a gosto da instituição, desde que esta cumpra os critérios e deveres que lhe sejam atribuídos em contrato programa - a nível pessoal dos responsáveis máximos - pela assumpção de TOTAL responsabilidade, civil e criminal, por todos os danos e perdas directa ou indirectamente causados a terceiros, por qualquer decisão ou estratégia institucional menos bem conseguida.
3)- A AUTONOMIA (constitucional ou não) estaria apenas subordinada às condições expressas no ponto anterior.
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PS 2 - Na página pessoal de João Vasconcelos Costa foi publicado um artigo de sua autoria - "A proposta de lei do regime jurídico das instituições de ensino superior" (1)
De tudo o que o autor refere, agradou-me especialmente uma crítica com que fecha o anexo do seu artigo sobre o RJIES, e que para mim é mesmo O REQUISITO (CRITÉRIO) MÍNIMO DE QUALQUER IES, para qualquer proposta dessa natureza: "Em relação à prestação de contas e transparência, continua a não ser obrigatória a publicação do relatório e contas na comunicação social, para já não falar da sua disponibilização online"
Por outro lado, não partilho nada o entusiasmo dele àcerca de ofertas diversificadas, a menos que estas tragam consigo, e a reboque, a responsabilização integral sobre consequências boas e nem tanto - são riscos estratégicos.

sexta-feira, maio 25, 2007

"Lost in translation" nº 1

Tenho, para mim - porque que sou um produto resultante de uma caldeirada de organizações educativas muito diferenciadas, principalmente, em termos de azimutes geográficos de origem - que um dos problemas mais sérios e complexos da comunicação contemporânea, a interpretação deficiente, não é resultado das redes ou sistemas tecnológicos de comunicação ("hardware") que causam perplexidades ao cidadão comum e sim, tão somente, o real significado do que é, efectivamente, comunicado ("software").
Exemplo nº1:
Não se trata, propriamente, de um milagre - porque há muito mais tempo atrás do que este 13 de Maio de 2007 - que ando "encafifada" com o possível significado dos dizeres de um documento publicado na página do MCTES nessa data, e que vem a ser este: "Adequação do Ensino Superior ao Processo de Bolonha", de que destaco, duas pérolas da lógica discursiva e de clareza de raciocínio utilizado - a título ilustrativo da minha confusão - que traduzi apenas por mais um hermético (mau) agoiro, nestes termos:
Frases originais:
- "Também já em 2007, cerca de 70% dos programas oferecidos em universidades públicas aplicam o regime europeu de créditos, ECTS, sendo essa percentagem de cerca de 60% nos institutos politécnicos públicos, 99% nas universidades privadas e de cerca de 70% nos politécnicos privados".
- "Para 2007/08 deram entrada 1173 pedidos de adequação dos cursos existentes à nova organização, tendo o Director-Geral do Ensino Superior registado 842 até Abril de 2007 (incluindo 442 licenciaturas e 323 mestrados). Os requerentes desistiram de 52 [???!!!!]. Foram ainda registados 366 novos cursos (incluindo 38 licenciaturas e 279 mestrados), [[???!!!!]] de um total de 1030 pedidos para a criação de novos programas de ensino".
A minha tradução: Terei que avaliar o que se pretende mesmo transmitir a quem consultar esse documento, quando se usam frases como essas, num teste de múltipla escolha de apenas uma de entre 5 alternativas possíveis :
1. Que os politécnicos públicos são de uma forma geral "10%" mais preguiçosos que as universidades públicas?
2. Que as instituições públicas são de uma forma geral muito mais lerdas que as instituições privadas?
3. Que na Direcção Geral do Ensino Superior (DGES) não se planeia estratégica e sequencialmente, as apreciações dos processos que lhe são submetidos, mesmo estando cansada de saber que há alunos e instituições fortemente prejudicadas, pelo seu atraso?
4. Que a DGES não se expressa claramente, porque não há vantagem nenhuma em que alguém no país perceba o que quer dizer. E "lá fora" frases dúbias podem dar muito jeito para o posicionamento nas estatísticas internacionais.
5. Que, na DGES, as apreciações das propostas dos politécnicos públicos, pelo menos as de alguns, são intencional, sistemática, maldosa e perversamente deixadas para trás porque outros valores muito mais altos, oportunos e vantajosos se levantam?
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PS1 - Em qual dos pontos, os meus caros, raros e bravos leitores desconfiam que coloquei a minha cruzinha? Ah! Ah! Nada disso,.... quase acertaram, mas está só morno!
PS2 - Ainda vou publicar mais uns dois ou três posts dedicados ao facto de me encontrar "lost in translation(s)".
PS3 - Por vezes, "precisamos de percorrer meio mundo (180º), para fecharmos círculos...."

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quarta-feira, maio 23, 2007

Vamo(s) é lá a meças, está bem?


Aqui está uma síntese comparativa da implementação de Bolonha na Europa.
Não sei como, mas até que, comparativamente com os indicadores que usaram, e os números nacionais a que os autores tiveram acesso, estamos muito verdinhos para meu gosto (e eu sou "Sportinguista" roxinha), ora vejam:

- "BOLOGNA PROCESS STOCKTAKING LONDON 2007"

(here);

- ou sempre que precisarem aqui (*)

terça-feira, maio 22, 2007

Pontinhos sem "is"

They constantly try to escape
from the darkness outside and within
By dreaming of systems so perfect
that no one will need to be good.

T.S. Eliot. The Rock (1934)

Para que conste, não é de hoje e, para variar, o MCTES não tem mesmo nada que ver com isso. Desta vez, a responsabilidade vai toda para a minha ileteracia documental - tenho andado com o meu raciocínio engadanhado, às voltas do facto de não perceber a proposta de Lei sobre o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior, RJIES Parte II, versão cinco.
É assim, meus caros, raros e bravos leitores: para começo de conversa, não consigo sair de um beco, em que me meti, e que tem duas esquinas:
1) O que será Investigação "Orientada"?
Não consegui descobrir nada que preste, e já estou há um par grande de dias em pesquisa; por causa disso, fui pedir ajuda ao "blog" Campus.
Não pode ser "orientação" por estrelas ou fases da Lua, pois não?
2) Como funciona, FINANCEIRAMENTE, uma Fundação Privada de Direito Público?
Sei que há financiamento privado, e financiamento público; mas o que eu preciso mesmo de saber é se a Componente Privada, pode ser constituída também por pagamentos extra, com dinheiros públicos, de trabalhos, pareceres e relatórios estratégicamente encomendados, contratos e colavborações, e/ou financiamentos de Projectos de Investigação, que exijam componente pública. Neste caso, qual é a comparticipação pública TOTAL, em termos de máximo Percentual? Isto é, incluindo Orçamento de Estado para docência, e todas as outras, e quaisquer formas de contribuições, que estejam relacionadas com o Orçamento Geral de Estado?
Estão a ver porque é que eu estou baralhada? Podem os leitores ajudar? Se puderem digam alguma coisinha, por mail, ou de outra forma qualquer. Posso contar? Sei que sim!
Estou também à espera que alguém mais corajoso e arrojado se posicione sobre este tal RJIES2.v5.
Penso que vou ter sorte. No blog "Por Educar", através do post de hoje, intitulado "Doutor, tome do seu próprio remédio" de Virgílio Machado, parece que se vai dar o início a uma reflexão sobre este tema.
Ufa! Ainda bem! É que o documento RJIES2.v5 (ver aqui: http://www.esnips.com/web/Sortido, em RJIES2), quanto a mim, não precisa de pontos nos "is" porque não tem "is". A meu ver, precisaria de "...mas,...ses e "e"s..." em cada um dos seus pontos.

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domingo, maio 20, 2007

Ingrid Betancourt

Correspondendo a um apelo veiculado na Blogosfera, este post integra a cadeia de solidariedade dos que desejam a libertação, sem a intervenção de meios militares, de Ingrid Betancourt das mãos dos seus raptores, bem como a de todos que, como ela, pagam com a perda da propria liberdade, quando se manifestam contra a corrupção.

Gastronomia molecular - nova coreografia de velhas magias culinárias

Tal como a minha colectânea de cachorros lá de casa sei que, sempre que entro em infracção às regras elementares de convivência é certo e sabido, me obrigarei a andar por uns tempos cosida às paredes, para evitar represálias; é o caso deste post - mais um politicamente INCORRECTO. Ora vejam lá, o que me aconteceu:

Por um acaso absolutamente fortuito, estes dias, participei uma vez mais de uma animada conversa-discussão com um interessado e interessantíssimo punhado de alunos finalistas de uma escola secundária do país. Discorríamos, então, todos nós sobre a realização prática de aplicações possíveis da biotecnologia, para eles se prestarem à avaliação final (com muito boa nota), dos trabalhos pertinentes a uma disciplina que eles chamam de "Projecto" - organizar um Dia (inteiro) dedicado à Biotecnologia - trabalho este que constou já de várias etapas, que eles vêm ultrapassando com galhardia e forte empenho, desde o início deste ano lectivo, das quais fizeram já parte a organização e logística de diversas palestras, apresentações, relatórios, etc., etc.
Devo acrescentar, que esses alunos sempre se entusiasmaram, mas muito especialmente, por temas que incluíram diversas aplicações, nomeadamente, o Bioterrorismo... mas, enquanto a coisa foi andando Teóricamente, tudo correu muitíssimo bem... Mas, práticas de Biotecnologia, em Bioterrorismo?!!! Valha-me Deus.!.... Eles ainda não tinham idade para isso e eu confesso já que, se tinha até muito boa idade, vítimas potenciais e até móbil, não tinha vagar.

Só se -- sugeriu-me uma jovem e brilhante docente do subsistema politécnico -- eles desenvolvessem, por exemplo, trabalhos práticos de Gastronomia Molecular, porque têm a vantagem de ser muito divertidos, rápidos, apelativos e educativos, para além do mais, se alguns deles se vierem a interessar verdadeiramente pelo tema, pode uma acção como esta, ser uma semente para um negócio lucrativo... Já ouviu falar concerteza, acrescentou ela, dos trabalhos de Nicholas Kurt de Oxford e de Hervé This (Instituto Nacional francês para Pesquisa Agronómica) e dos famosos restaurantes The The Fat Duck (Heston Blumenthal), o Alinea (Grant Achatz) e o el Bulli (Ferran Àdria).... e levou os referidos alunos com ela (benza-a Deus), para lhes mostrar os vídeos, fazer-lhes umas duas demonstrações e passar-lhes, para um mp3, os protocolos dos "trabalhos práticos" que eles poderiam realizar....só pode ser um dos meus múltiplos pecados sujeitos a pena capital, mas não conhecia nada de "cozinha teórica"... e, se algém me tinha falado nisto antes, o que é o mais certo, não dei nenhuma importância, e tinha-me já esquecido.


Resultados PRÁTICOS deste episódio:
Quando este grupo de alunos voltou para falar comigo (3 horas depois), asseguro-lhes que se pareciam fenotipicamente com os mesmos de antes, eram seguramente já outros:
1 - Os garotos vibraram com a ideia da tal Gastronomia Molecular e, graças aos céus, esqueceram-se dos Clostridium, Anthrax, Ébolas, Yersinias, do fabrico artesanal de dardozinhos com curare, etc., etc.....
2 - Já só falavam em inofensivos "agentes esferizantes" (cloreto de cálcio e alginato de sódio) para produzirem eles mesmos "os caviares" (salvo seja) de melão, de pepino, de tinta de chocos e de café, e falavam com muito àvontade em "gelatinização", e em cinéticas enzimáticas de ananases, e dos efeitos da capseisina na gelificação.
3 - Pediram-me para lhes "desbloquear na faixa" uma Garrafa de azoto líquido (dewer), para eles mesmos poderem "fabricar sorvete-SIMPLEX=na hora" para os colegas e professores, porque estes iriam adorar, o que contribuiria para lhes darem a eles a tal boa nota.
4 - A jovem docente, que lhes falou e demonstrou estas ideias, passou à categoria de heroina da tarde e de TODA a BIOTECNOLOGIA.
5 - E, eu percebi lindamente porque é que o MCTES quer, porque quer, incluir o Projecto Ciência e Vida nas transações orçamentais para o desenvolvimento da inovação, no país e também nos protocolos internacionais e também porque é que são, preferencialmente, financiadas iniciativas tão velhas como estas "inovações".
6 - Percebi também o poderoso efeito das vozes de criptas, nos nossos antepassados, de como se podem ganhar, em duas penadas, um monte de alunos e, sobretudo, como a ingenuidade ainda é o infalível motor de desenvolvimento (nacional e internacionalmente - ora espreitem os exemplos nas referências ).
7- E, até a cerveja geladinha, sem álcool com sabor de garrafa, mal lavada, suja de polpa de pêssego começou, para mim, a fazer todo o sentido.
8- Valeu, para mim, que sou fanática extreme de "jaquinzinhos e iscas com elas", esta lição de reeducação. Não há dúvida que a Gastronomia Molecular é uma actividade de baixo custo em matéria prima e em consumo de mão de obra incorporada, mas de elevadíssimo valor acrescentado. Tal e qual!
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REFERÊNCIAS (que penso que são)INTERESSANTES:

terça-feira, maio 15, 2007

Microwave???? Só pode!

Em desespero de causa, peço, encarecidamente,
ajuda aos meus caros e raros leitores.
Por favor, com urgência, digam-me que ISTO
não pode existir!!!



O "ISTO", a que me refiro, acabadinho de me chegar por mail, TAMBÉM não procedente do CCISP ou do CRUP, é "outro RJIES" (???) - um RJIES2 - ou uma sua alternativa bipolar, ou um "alter ego documental" (não sabia desta inovação), ou eu estou a ver coisas, ou alguém pretende induzir aos portugueses um comportamento doidão, o de quem nunca teve alta, e se limitou a pular o muro!
Comigo está a ser um método, absolutamente, eficaz!


Consultar o ISTO aqui:
http://www.esnips.com/web/Sortido
ou, directamente, neste endereço:
http://www.esnips.com/doc/bc0ed648-b875-4e14-b16d-c1f929204e55/RJIES2

Antes e depois do teste de JOB

Nos dias 8 e 9 de Maio, de 2007, tinha já mencionado, neste blog, as minhas reticências, relativamente a um documento que me chegou às mãos - RJIES.
O conteúdo desse documento parece estar destinado à celebridade. Mesmo sendo ainda um draft, de uma proposta, para mim, demonstra fortes indícios de proceder do actual governação do sector. As determinações registadas podem enterrar de vez, o já malogrado Ensino Superior português. Mas...

Bom, o documento em pauta - RJIES (regime jurídico das instituições de ensino superior) - não é propriamente uma má base de trabalho, antes porém, pela sua leitura mais atenta, classificá-lo-ia como um infalível teste psicotécnico à paciência do cidadão comum. Quem lhe sobreviva, trata-se do próprio Job, em pessoa.
.
Deixem-me dizer-lhes, que estou muito esperançada numa análise do RJIES, já prometida, para breve, pelo blogger JVC do blog Bloco de Notas, num seu post de 12 de Maio - "A fome e a fartura". Numa condição normal, aguardaria o seu trabalho - sempre cuidadoso e educado - mas eu não resisto, a arengar desde agora, sobre dois dos variadíssimos pontitos incluídos nessa admirável colecção provocatória do texto-proposta inacabada do RJIES.

1º ponto:
Se atendermos às definições dos primeiros parágrafos dos artigos 5º e 6º do RJIES, ficamos agora a saber muito bem, qual é a grande diferença entre os subsistemas politécnico e universitário - é O SEGREDO! Reserva-se portanto, para o politécnico a produção de segredos industriais - os seus hipotéticos investigadores poderão, eventualmente, ficar a saber alguma coisinha mas... não a devem revelar(divulgar) - exemplos de trabalhos a realizar pelos investigadores dos politécnicos: formulação da Coca-cola, e do código fonte da Microsoft para Windows. A propriedade intelectual de um segredo tem as suas vantagens - não tem limites temporais, pode optar-se por jamais se disponibilizar a informação, e serve muito bem para proteger informações não patenteáveis (estas, normalmente, bastante mais lucrativas). Todavia, estes "segredos secretos" podem, pelo RJIES, ser revelados para efeitos do cumprimento da atribuição geral das instituições de ensino superior - item h, ponto 1. artigo 7º - a difusão do conhecimento (???!!!) e da cultura. Em que ficamos? O Politécnico difunde ou não o conhecimento? Ou a sua investigação não terá como propósito o conhecimento? Não percebo!

2º Ponto
O Artigo 38º, ponto 1, do Documento RJIES refere também o seguinte:
Corpo docente das instituições de ensino universitário
1 - O corpo docente das instituições de ensino universitário deve satisfazer os seguintes
requisitos:
a) Satisfazer, em relação a cada ciclo de estudos, os requisitos fixados nos termos
da lei para a sua acreditação;
b) Dispor, no conjunto da instituição, de um doutor por cada 150 estudantes.

Também não atino, com a ideia deste rátio, porque pelos dados, do ano lectivo 2004/2005, só para 14 Instituições Universitárias Públicas, disponíveis no Observatório de Ensino Superior, o ratio médio era já de 23, 5 com um desvio padrão de 5,7. Estas sozinhas poderiam, então, à luz deste indicador, atender 1.147.344 alunos contra, os 152.465 alunos inscritos no subsistema universitário público (não inclui Doutorandos) e os 373.891 dos dois subsistemas, incluindo o público e o privado, mas sem considerar doutorandos.

Assim, se o Governo quiser manter essa sua proposta de ratio, para as Universidades Públicas, contra-proponho já para o artigo 39º, reservado aos Politécnicos Públicos, ainda em elaboração, um ratio mínimo de 1:75; menos que isto parece-me, francamente, escandaloso e contra-producente!

Não digo isto porque o ratio alunos-docentes doutorados melhore o sucesso escolar das universidades públicas, OBJECTIVO PRIMEIRO DE TODA A INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR. Na verdade, demostra-se até uma NÃO-correlação entre o ratio alunos-Docentes doutorados e o sucesso escolar da época de 0,37; mas, enfim, como queremos manter o pessoal ocupado para não afectar os indicadores nacionais do desemprego, acrescentando aos números já pouco abonatórios, docentes desocupados e potenciais alunos não conquistados pela educação terciária. Considero que, de certa forma, a forçagem ao doutoramento é uma excelente ocupação alternativa, em tempo integral, para todos os envolvidos, durante um bom par de anos. Globalmente, não vi nenhuma utilidade no RJIES, antes pelo contrário, até "chumbei o teste de Job". Construí um pacienciómetro do qual já nem reclamei patente e que registou a medição da minha paciência conforme figura, à esquerda.

Fontes de informação:
Evolução da Qualificação do Pessoal Docente do Ensino Superior Universitário Público: 1993 - 2004 (www.oces.mctes.pt);

http://www.oces.mctes.pt/docs/ficheiros/Inscritos200405.xls;

domingo, maio 13, 2007

Obrigada a plantão permanente, e com péssimo humor

Se há coisa que me ponha fora de mim e de todos os meus eventualíssimos principios educativos, éticos, morais, de convivência, e até de conveniência social etc., etc..... é precisamente o (péssimo) tratamento, useiro e vezeiro, dirigido aos cidadãos comuns, pelas empresas nacionais Pseudo Privadas, quando (não) prestam (e se cobram principescamente) por serviços ditos públicos, no caso em pauta, de telecomunicações. Tratam-nos como se fossemos .... bom, não digo!.
Só ontem (4 dias depois da comunicação da avaria na minha linha telefónica fixa) alguém da Equipa Técnica de Reparações da Portugal Telecom se dignou a ligar para minha casa, no que subentendi (não fui eu que atendi o telefone, felizmente, para mim e para ele...) mais ou menos para expressar o seu protesto-reclamação-lamúria por ele "ter tido que perder mais de duas horas a encontrar a avaria - dois fios que tinham sido trocados, não sabia dizer por quem, mas sabia dizer onde - na "Estação Telefónica de Campos de Pereira", seja lá o que isso for e onde quer que isso seja, como se fossemos nós os avariadores-trocadores de fiações, que laboram em território murado-fechado-trancado da PT (com esta, só comunicamos por robots ou, quanto muito, sucedâneos destes). Estou a ver que vou ter de acrescentar também este ponto de inspecção-manutenção (não sem antes lhe tirar os vagos azimutes) à minha já vastíssima lista de pontos de manutenção preventiva dos apetrechos de comunicação da Portugal Telecom, cuja intervenção, por puro azar da minha localização geográfica e consequente falta de opção, sou condicionada a "aceitar".
Irrita-me sentir-me, por causa dessa gente, tal como a coruja da figura anterior, em permanente estado de atenção, prevenção e alerta e, sem eu perceber porquê, as pessoas todas a teimarem em ver-me assim:
A despropósito propositado, a partir da madrugada, de ontem para hoje, foi a vez da empresa privada ONI dedicar-se a aperfeiçoar o meu já aflitivo e grave quadro pessoal de "para lá da esquizofrenia" - confinaram-me apenas a um acesso muito ronceiro e esporádico - shot in the dark - à INTERNET. Vamos lá a ver se consigo sequer publicar este post - só por milagre de 13 de Maio!
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Os meus caros, raros e bravos leitores acham que devo emigrar?
Estão a dizer-me que sim, e só se eu for já, já para a Wellington (NZ)?
CONCORDO!
Desculpem-me o desabafo, mas a verdade é que devo muito à PT, ter-me esquecido um pouco do MCTES; Será a isto que, em psicologia-psiquiatria, se chama de processo de transferência?
De qualquer forma, voltarei ao tema do blog assim que deixar de estar virtualmente açaimada.

quinta-feira, maio 10, 2007

Resolvi enriquecer! Agora comercializo Espanta-Politécnicos

Recebi, como quase toda a gente nacional-residente, um "forward" de um "email", com o título "Ensino Superior - Mariano Gago desqualifica Politécnicos", do qual extraí e destaco duas frases, e as conversas que mantive, com os meus botões:

1ª - "Informados de que o CCISP já pôs em circulação a versão não-oficial do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior pré - Conselho de Ministros de Évora, apesar de incompleta e não ter sido ainda enviada aos parceiros educativos, e que portanto o texto em causa está já a suscitar preocupações a muitos colegas do ensino superior politécnico"....
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O que eu pensei:
Este tal de CCISP é muito malvado, maledicente e mexeriqueiro, põe a circular cada boato...
Coitado do Ministro!
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2ª - "Mariano Gago quer assim acantonar os Politécnicos nas formações de licenciatura, mais baratas para o Estado. Os dirigentes das instituições que têm mantido uma atitude de inércia em relação à formação científica avançada ou têm afastado doutorados saem recompensados. Os que têm apostado na valorização do doutoramento terão de continuar a fazê-lo contra a corrente".
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O que eu pensei:
Quer este ministro lá agora acantonar os Politécnicos...
Lá está o tal CCISP a boatar.
Coitado do Ministro! Está totalmente inocente, para este ministro os politécnicos não EXISTEM, tudo o que com eles se relacione é imaginação popular, ou simples alucinações incómodas e recorrentes!
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O que eu resolvi fazer:

Deixar o MIT, Carnegie Mellon, Austin-Texas, e etcs, a comer poeira, do "launch" do meu próprio negócio.

Claro que eu não sou a melhor do mundo, sou a melhor para o MUNDO!
REGISTEI UMA PATENTE tríade, criei uma empresa multinacional na hora (FUNCIONOU!!!), construí e agora já estou a comercializar uma device, exclusivamente, online... O "Espanta-Politécnicos".
Se o coitado do Senhor Ministro (ou, a bem dizer, outra pessoa ou entidade qualquer, com os mesmos sintomas) adquirir este equipamento, ao simples clicar... na tecla escape (esc.) como mostra a figura, essa alucinação muito comum, e ás vezes colectiva, sobre a fantasia da existência de politécnicos passa!
Custo do equipamento - enviem-me cheques EM BRANCO, VISADOS e ao PORTADOR, para a minha conta secreta das Ilhas Caimão, e receberão (de lá) um equipamento isento de falhas (testei as falhas de cada um), com Garantia de Eficácia, e identificação do valor debitado, logo na volta do correio.
Testem lá, o protótipo virtual da device "online".
Vêem algum politécnico?
Não? Evidentemente, que não!
'tão a ver como é eficiente? É tiro e queda! Ou este blog..não se chamaria Polikê?

quarta-feira, maio 09, 2007

Neo Reforma do Ensino Superior Português - vista por outros

Tal como o cachorrinho da fotografia, o nosso ensino superior adormeçe, sistemática e profundamente, em qualquer lado e, quando raramente acorda, surge sempre uma coisa qualquer no seu comportamento e atitudes que nos suscita, de uma forma ou de outra, muita apreensão e dúvidas quanto ao seu futuro.
Um dos meus caríssimos e raríssimos leitores divulgou-me, por mail, esta notícia do Público (http://jornal.publico.clix.pt/main.asp?dt=20070509&page=11&c=A) e também um comentário, que encontrou na blogosfera (http://lmbg.blogspot.com/), num post intitulado "Ainda sobre a reforma no ensino superior " de 08 de Maio, de 2007.
Não pude verificar o raciocínio do blogger, autor do comentário, nem reproduzi as suas contas, mas tenho receio de ter as mesmas dúvidas que ele; por outro lado, tenho sempre a certeza absoluta de EU pôr sempre muitas reservas àcerca dos raciocínios, fundamentos e das contas que sustentam as opções políticas deste já vai para bem mais de "two years, Work in Progress", que constitui a (Neo-) Reforma de Ensino Superior, dos actuais responsáveis.
Adoro ter razão, mas no presente caso, por favor acreditem-me, desejo estar errada!
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Entretanto, não estranhem que eu tome outra vez mais um chá de sumiço e apareça/desapareça com alguma intermitência porque, tal como já tem acontecido, por sinal, com excessiva frequência, uma das distracções favoritas da Portugal Telecom é pôr-me de quarentena e interditar, sem prazo certo ou explicações minimanente decentes, o meu acesso à INTERNET.

terça-feira, maio 08, 2007

RJIES - Queima, torra e incendeia

Entre ontem e hoje dediquei-me ao "Regime jurídico das instituições de ensino superior, "RJIES (PL 340/2007; 2007.05.04), que me chegou por mail, por intermédio de um "click-amigo".
Como sou fumadora inveterada, acompanhei a leitura de mais este panfleto de 87 páginas de arengas, com um cigarrinho ou outro e, de pirisca em pirisca, fui adquirindo a síndrome de...do ....incendiário ???...
Primeira conclusão - É NECESSÁRIA E URGENTE A IMPLEMENTAÇÃO DE UM PLANO DE SEGURANÇA - passei também a querer distinguir o Ensino Politécnico, começando por exigir um Ministro que perceba de ensino politécnico ou, pelo menos, do ensino superior, e não alguém tipo-ministro a quem seja permitido brandir a esmo qualquer coisa tipo-semântica, como um canivete tipo-suíço de lâminas rombas... O sujeito de tanto querer escortinhar, SEM CRITÉRIOS, de qualquer forma, a educação terciária, ainda acaba por se ferir a ele próprio, não sem antes esfaquear (pelas costas) toda a gente.

domingo, maio 06, 2007

Insha'Allah!

Em 05.05.2007 - 16h30. pela agência Lusa, e via Jornal Público, o País inteiro ficou a saber, através do nosso Conselho de Ministros, em reunião extraordinária, em Évora, que o Governo quer mais exigência no funcionamento do ensino superior, penso até que se podem estar a referir a Portugal...
Insha' Allah!
Ora até que enfim, o nosso governo diz agora que, quer qualquer coisa que o país tanto quer, e precisa, só há mais ou menos três a quatro décadas.
(إن شاء الله)

sábado, maio 05, 2007

A tirania dos números...too high, too far, too soon!

Lembretes, como sempre, para mim indispensáveis, de Virgílio Machado do blog "Por Educar" e de J. Cadima Ribeiro do blog "Universidade Alternativa", suscitaram e aguçaram-me a curiosidade de ir espreitar uma publicação ainda considerada como um Documento de Trabalho, pelos seus autores, que integram o do NIPE (Núcleo de Investigação em Políticas Económicas) - Miguel Portela, Nelson Areal, Carla Sá Fernando Alexandre, João Cerejeira, Ana Carvalho, Artur Rodrigues - intitulada "Regulation and marketisation in the Portuguese higher education system" - NIPE WP 11 / 2007.
O referido trabalho dedica-se a um dos mais importantes e discutíveis temas do nosso sistema regulador de ensino superior - os famosos "empecilhantes e tirânicos" "numerus clausus" - e mereceu, da minha mais que intrometida pessoa, algumas reflexões: umas muito positivas mas, como tudo neste mundo, outras nem tanto.
A minha apreciação do esboço de trabalho, por motivos que julgo óbvios, é muito geral, mas penso que os próprios autores lhe atribuem a classe de um "work in progress". Na verdade esta estrada é longa, o caminho deserto, e... o lobo mau anda aqui tão perto".
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I - Pontos muito positivos do trabalho - considerando o tema:
1 - É enxuto (não tem palha), conciso e destingue-se por ser quantitativo, por isso, tem uma ancoragem de conclusões que eu classificaria de quase boa.
2 - Foi, para mim, muito interessante na medida em que inclui , pela primeira vez publicado em Portugal, o cruzamento de indicadores muito pertinentes. Apreciei, principalmente, o indicador de dispersão porque nunca tinha pensado numa coisa como essa, e pode tornar-se muitíssimo importante para, num futuro, se definir qual o subsistema (ou em que condições) se deve ter um indicador de dispersão maior ou menor.
3 - Os próprios autores reconhecem a necessidade de aprofundar o assunto. A respeito deste ponto, não poderia concordar mais com eles.
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II - Pontos do trabalho, com os quais não me identifico de forma nenhuma, até porque interferem com as potenciais conclusões:
1 - A utilização para a classificação de formações, usada no trabalho, de uma chave organizativa justificada apenas por se tratar de "Most higher education institutions offer study programmes in several fields of study, which the Ministry of Science, Technology and Higher Education (MCTES, Ministério da Ciência, da Tecnologia e do Ensino Superior ) classifies in ten areas: agriculture, architecture, natural sciences, law and social sciences, economics, sports and arts, education, humanities, health, and technology "- páginas 3 e 4. Como esta classificação não tem fundamento, e não é precisa, o resultado do trabalho é assim estranho, por exemplo, para a Região Centro, refere oferta de 40 vagas, em 2006, em "agricultura" na Universidade de Coimbra (pág. 9), que não são declaradas, pela Direcção Geral de Ensino Superior nas formações disponíveis em "agricultura e recursos naturais", nos pares de estabelecimentos-cursos de 2006.
Os autores não justificam os motivos porque, preferiram um classificação "ad hoc", e não utilizam, para o seu trabalho que até já divulgaram, UMA Classificação das formações, com elementos consistentes, e devidamente publicados pelo Observatório da Ciência e Ensino Superior, um deles de reconhecimento internacional (ISCED) ver em:
2) Também discordo das premissas redutoras: "The Portuguese higher education system extensive regulation, affecting both sides of the market, poses important barriers to the freedom of consumers (students) and suppliers (institutions). On the supply side, new institutions, study programmes and places offer are subject to ministerial approval, and higher education providers cannot freely choose the amount to be charged as tuition fee. On the demand side, students do not bear the full cost of the education they receive, they are poorly informed consumers and numerus clausus are a very strong restriction on the applicants’ choices."
Na verdade, do lado dos clientes, "o mercado" de ensino superior público, para mim, não podem ser os estudantes, em si ou as suas famílias, individualmente; neste "mercado", os clientes são/é a sociedade em geral. E com isto isto, quero dizer que a satisfação de clientes não deve ser procurada na aceitabilidade dos alunos pela oferta caótica de formações, mas na efectiva mais valia para a sociedade, e que se deve traduzir pelo mercado de trabalho na conclusão da formação, e pela contribuição dos cidadãos, estudantes envolvidos, para o desenvolvimento sustentável (não sustentado) do país.
3) Também não estou de acordo com a vossa fonte da afirmação: That is, "public polytechnics had strong regional orientation [...] and were always regarded as the primary instrument for providing higher education to the more remote areas of the country (MCTES, 2006: 55)". Era só o que faltava! Numa época de globalização?
Desculpem-me mas, mais do que nunca já, e a partir de agora, será mais frequente: uma pessoa qualquer, até do politécnico, estudar hoje aqui e, amanhã, estudar e/ou trabalhar, lá muito LOOOOONGE, por exemplo, desde o norte da Islândia, na Selva Amazónica e na Tasmânia! Acreditem-me! Portugal é que está, FELIZMENTE, e à custa do subsistema politécnico a ficar desprovido de regiões "remotas" (seja lá o que isto for, para Portugal, hoje em dia).
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III - Recomendação especial:
Penso que seria interessante, os autores referirem, com muito maior precisão os documentos de origem das informações porque, como sabem, são muito diferentes os números referentes a: 1) Candidatos 2) Matriculados (inscritos pela primeira vez, no primeiro ano) 3) Inscritos nas formações.
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Termino a entrada de hoje, a respeito dos "numerus clausus", enquanto oiço os Waterboys - The Whole Of The Moon. Penso ser apropriada parte da letra da faixa, ao título deste post, que tomei de empréstimo e rasurei, para adaptar:
"...
You came like a comet
Blazing your trail
Too high
Too far
Too soon
You (saw) haven't seen the whole of the moon"

quinta-feira, maio 03, 2007

Entrando nos eixos?

Não, ainda não é uma luz ao fundo do túnel mas não é atropelante, está a ver-se realmente qualquer coisa, parece um bom prenúncio e, há que reconhecer, que se manifestou um grande esforço de organização. Tomara que seja isso mesmo!
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Hoje, na página do MCTES, publicaram-se 18 diplomas legais que podem ser MUITO importantes, e até interessantes, do ponto de vista da organização do sistema dos quais, sem ainda ter visto os conteúdos, destacaria estes:

  1. Decreto-Lei n.º 150/2007, de 27.04 (Aprova a orgânica da Secretaria-Geral do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior)

2. Portaria n.º 548/2007, de 30.04 (Estabelece a estrutura nuclear da Secretaria-Geral do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e as competências das respectivas unidades orgânicas)

3. Decreto-Lei n.º 151/2007, de 27.04 (Aprova a orgânica da Direcção-Geral do Ensino Superior)

4. Portaria n.º 549/2007, de 30.04 (Estabelece a estrutura nuclear da Direcção-Geral do Ensino Superior e as competências das respectivas unidades orgânicas)

5. Decreto-Lei n.º 152/2007, de 27.04 (Aprova a orgânica da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P.)

6. Decreto-Lei n.º 153/2007, de 27.04 (Aprova a orgânica da UMIC - Agência para a Sociedade do Conhecimento, I.P.)

7. Portaria n.º 551/2007, de 30.04 (Aprova os Estatutos da UMIC - Agência para a Sociedade do Conhecimento, I.P.)

8. Decreto Regulamentar n.º 60/2007, de 27.04 (Aprova a orgânica do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais)

Boas leituras...

terça-feira, maio 01, 2007

Freezing times

Não sei o que os meus caros, raros e bravos leitores pensam sobre a "teoria" das causas antropogénicas do aquecimento global. Pessoalmente, ando a formar a minha opinião desde 1990 e, à conta de muito tempo gasto, concluí que as hipotéticas origens antropogénicas das evidências do aquecimento global são patranhas da cada vez mais popularizada pseudociência - só dão é muito jeitinho para quem vive, exclusivamente, de financiamentos públicos para a "investigação/inovação" do tema, e não só,... por isso...
Questões como esta, recordam-me todos os dias que ainda hei-de escrever e discorrer sobre a abismal diferenciação dos conceitos filosóficos das fraudes sociais, enganos e erros na ciência. Mas, isto ficará para outra oportunidade e espaço próprio.
Voltando ao aquecimento global na sua expressão mais geral, mesmo uma observação muito superficial do que acontece em Portugal, a respeito da implementação do requintadíssimo (?) requentadíssimo(?) Processo de Bolonha, entre nós e ao nível das decisões da tutela, comprova claramente que estamos numa "época glaciar" - fase de "freezing times"!
Discretas notícias de ontem e de hoje dão-nos conta que uma larga maioria dos cursos politécnicos públicos e das universidades privadas (dois chinelos de faquir calçados pelo MCTES) estão literalmente no "congelador das suas decisões" enquanto os responsáveis se entretêm com actividades que deveriam ser objecto, exclusivo, dos deveres das instituições de ensino superior público - as relações internacionais... A este respeito, não sei se notaram, mas subrepticiamente esta função passou, por intermédio de uma "Lei Orgânica" quase clandestina, a fazer parte das atribuições do MCTES (artigo 2º Decreto-Lei n.º 214/2006, de 27 de Outubro). Posto isto, quase sob a calada e perante a contemplação geral, legalizou-se a desculpa estapafúrdia para não se trabalhar eficaz e rapidamente na organização do sistema de ensino superior público e privado em Portugal, como seria necessário e, simultaneamente, deu-se alforria às intromissões abelhudas a que todos temos assistido, e que pagaremos bem caro, para nada!
Solidarizo-me com Miguel Copeto (APESP), quando declara que "a aprovação (das adequações dos cursos ou proposta de criação de ciclos de Bolonha) tem sido mais rápida". "Mesmo assim, as universidades privadas queixam-se da lentidão de todo o processo. Estas instituições defendem que têm perdido no recrutamento de novos alunos, que sem certeza da adaptação dos cursos a Bolonha, optam por não se inscrever". Juntamos ao que acabo de descrever a vermelho todas as instituições politécnicas públicas e temos a maior parte do sistema de ensino superior Português "adequadamente entrevado", para benefício de quem? Não me obriguem a dizer-lhes, mas se for preciso, estou às vossas ordens!
Já um post deste blog, intitulado "Visão Noturna" (3 de Fevereiro de 2007) questionava como deveria uma qualquer escola do ensino politécnico público estabelecer uma estratégia de longo ou de curto prazo, porque toda a apreciação das suas propostas de formação, se encontra praticamente num limbo, e pelo jeito é para se continuar a aguardar - "catch 22". Poucos dias depois, a Direcção Geral de Ensino Superior iniciou o desbloqueamento "relâmpago" das suas apreciações processuais, para este subsistema, no que se refere às formações educativas, ao nível das Licenciaturas "tipo-Bolonha" (3 anos) mas logo regressou, à hibernação conveniente, isto é, aos seus muitos outros e diversificados afazeres, enquanto os alunos, docentes e gestores das escolas foram, estratégicamente, remetidos e devolvidos para um infindável banho-Maria, no caso de gelo picado.
O resultado descrito a vermelho, e respectivas consequências, será apenas um erro? Será um engano? Ou será.... como é mesmo que eu disse que se chamava aquela outra coisa? ...Isto de se ser velho é uma tragédia .... Mas, ser-se voluntariamente enganado, fingindo sempre que não percebemos é o nosso nacional "desastrismo", esta palavra se calhar não existe no nosso léxico, mas oportunismo, existe SIM! Tenham paciência, façam-me o favor: substituam-nas.
Vejam-se, por exemplo, as razões porque o Senhor Presidente da APESP esperneia, enquanto o Senhor Presidente do CCISP impávido, ao que publicamente sabemos, parece achar a geleira dos politécnicos públicos muito normal... mesmo em tempos de "aquecimento global antropogénico"? Estranho, não? Para mim, não é nada estranho! É, simplesmente, o que esperava! - enquanto for tudo farinha do mesmo saco...que mais dá, este(a) ou aquele(a) outro(a) curso e/ou instituição?
Tal como para atenuar os efeitos FINANCEIROS resultantes de aquecimento global antropogénico se pensou (desde 1970, em alguns países) em energias alternativas e nas metodologias de Lifetime Assessment, vão por mim, estamos a precisar muito e de urgência implementar, entre nós, Políticas Alternativas para o Ensino Superior, Ciência e Tecnologia Nacionais!
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1 - FRAUDE (a melhor definição que encontrei) - "operating by a standard which prevents truth from being produced". "There are many gimmicks and a highly developed art in misrepresenting a subject through fraud.".
2 - The Definition of Reality.
One of the most basic realities is the definition of reality. All of the rest of philosophy depends upon it. Therefore, philosophy hasn't gotten to the starting point until reality is defined properly. Of course, it never is. The definition of reality has some highly demanding conditions to meet. It must include 1. that which can be perceived, 2. that which can be communicated and 3. that which makes up thoughts.
3- The truth of abstract realities is determined by logical relationships to all surrounding realities. For this reason the test of truth in science is logic, not perception.