"Lost in translation" nº 1
Tenho, para mim - porque que sou um produto resultante de uma caldeirada de organizações educativas muito diferenciadas, principalmente, em termos de azimutes geográficos de origem - que um dos problemas mais sérios e complexos da comunicação contemporânea, a interpretação deficiente, não é resultado das redes ou sistemas tecnológicos de comunicação ("hardware") que causam perplexidades ao cidadão comum e sim, tão somente, o real significado do que é, efectivamente, comunicado ("software").
Exemplo nº1:
Não se trata, propriamente, de um milagre - porque há muito mais tempo atrás do que este 13 de Maio de 2007 - que ando "encafifada" com o possível significado dos dizeres de um documento publicado na página do MCTES nessa data, e que vem a ser este: "Adequação do Ensino Superior ao Processo de Bolonha", de que destaco, duas pérolas da lógica discursiva e de clareza de raciocínio utilizado - a título ilustrativo da minha confusão - que traduzi apenas por mais um hermético (mau) agoiro, nestes termos:
Frases originais:
- "Também já em 2007, cerca de 70% dos programas oferecidos em universidades públicas aplicam o regime europeu de créditos, ECTS, sendo essa percentagem de cerca de 60% nos institutos politécnicos públicos, 99% nas universidades privadas e de cerca de 70% nos politécnicos privados".
- "Para 2007/08 deram entrada 1173 pedidos de adequação dos cursos existentes à nova organização, tendo o Director-Geral do Ensino Superior registado 842 até Abril de 2007 (incluindo 442 licenciaturas e 323 mestrados). Os requerentes desistiram de 52 [???!!!!]. Foram ainda registados 366 novos cursos (incluindo 38 licenciaturas e 279 mestrados), [[???!!!!]] de um total de 1030 pedidos para a criação de novos programas de ensino".
A minha tradução: Terei que avaliar o que se pretende mesmo transmitir a quem consultar esse documento, quando se usam frases como essas, num teste de múltipla escolha de apenas uma de entre 5 alternativas possíveis :
1. Que os politécnicos públicos são de uma forma geral "10%" mais preguiçosos que as universidades públicas? ☺
2. Que as instituições públicas são de uma forma geral muito mais lerdas que as instituições privadas? ☺
3. Que na Direcção Geral do Ensino Superior (DGES) não se planeia estratégica e sequencialmente, as apreciações dos processos que lhe são submetidos, mesmo estando cansada de saber que há alunos e instituições fortemente prejudicadas, pelo seu atraso? ☺
4. Que a DGES não se expressa claramente, porque não há vantagem nenhuma em que alguém no país perceba o que quer dizer. E "lá fora" frases dúbias podem dar muito jeito para o posicionamento nas estatísticas internacionais. ☺
5. Que, na DGES, as apreciações das propostas dos politécnicos públicos, pelo menos as de alguns, são intencional, sistemática, maldosa e perversamente deixadas para trás porque outros valores muito mais altos, oportunos e vantajosos se levantam? ☺
___________
PS1 - Em qual dos pontos, os meus caros, raros e bravos leitores desconfiam que coloquei a minha cruzinha? Ah! Ah! Nada disso,.... quase acertaram, mas está só morno!
PS2 - Ainda vou publicar mais uns dois ou três posts dedicados ao facto de me encontrar "lost in translation(s)".
PS3 - Por vezes, "precisamos de percorrer meio mundo (180º), para fecharmos círculos...."
Etiquetas: Processo de Bolonha
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial