sexta-feira, setembro 28, 2007

Exercícios de respiração por causa de hiperventilação

Enquanto, me dedico à avaliação de estragos irreparáveis, ocasionados ao futuro de muitos alunos do ensino superior politécnico, promovidos pela Direcção Geral de Ensino Superior, sob a intencionalidade e/ou complacência do MCTES e, perante a inércia e passividade das próprias instituições politécnicas afectadas, e a fazer uns exercícios de (contenção de) respiração - isto é, estou a tentar, (à semelhança de sobrevivermos em anóxia) nos subterrâneos, a calcular os danos institucionais das escolas e alunos, em especial, daquelas que, apesar de cumpridoras de todos os requisitos legais, tiveram reais preocupações estratégicas na concepção das formações politécnicas adequadas que ofereceram no passado e se propuseram garantir no futuro, para adaptar as suas formações anteriores aos requisitos do Processo de Bolonha, e que se vêm agora sem resposta concreta às suas propostas, deixando quanto a mim, de uma forma totalmente irresponsável, largos contingentes de alunos - por baixo por baixo, eu estimo pelo menos uns 5,000 - empurrados para um beco sem saída, ou melhor, com saídas facultativamente mandatórias para outras instituições de ensino superior, muitíssimo menos enquadradas, bem preparadas e/ou experientes em algumas formações, relativamente, às quais se descobriram, de repente, não mais do que de repente, vocacionadas quando, por força dos processos de adequação ao Processo de Bolonha, os 2ºs ciclos das licenciaturas bi-etápicas entraram em cessação abrupta, dentro de um ano, no máximo, dois anos, instituições melhor preparadas e equipadas, se vêm a trocar impressões com falsos autistas.

Será que fui só eu, neste país, a falar com cerca de cada um, aos pares ou em grupos, de uma meia centena de finalistas de bacharelatos, a perguntar-me: e agora, ajude-me, o que "acha" que eu devo fazer?

Esta situação não parece impossível, num estado de direito, que nos diz, de cinco em cinco minutos, que persegue a excelência da educação superior?
Asseguro-lhes, situações estapafúrdias, meus caros e raros leitores, são mesmo possíveis, o governo do estado é que, a mim, não me parece andar nada direito!
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Por piedade, alguém me traga um cartuxo - pode ser um qualquer de papel para os meus exercícios de respiração ou, pelo menos, o cartuxo das balas do meu rifle de caça grossa, que tranquei no cofre, daquela minha prateleira, lá de cima.
Meus caros e raros leitores, em resumo, é meu entendimento que em todas as circunstâncias ruins da vida, há vítimas, mas há ainda mais voluntários....

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segunda-feira, setembro 24, 2007

Um mesmo pote destinos diversos

Gostaria de, neste blog, dedicar um espaço aos famosos Cursos de Especialização Tecnológica (CET).

Uma pessoa de família, nestes últimos dias, enviou-me um exemplar de um livro desprentensiosíssimo mas, para mim, muito interessante, recheado de passagens, sobre as quais fui obrigada a repensar. Exemplo, e a propósito da importância dos CET, considero útil recorrer a um Extracto do citado livro: O Português que nos pariu - uma visão brasileira sobre a história dos portugueses. Páginas 73 e 74. Angela Dutra de Menezes (2001):

Esta triste mentalidade sobrevive entre nós. Atenuada, é verdade, o enredo já foi pior. Durante séculos, a elite primava pelo conforto de se espreguiçar. Tantos a sustentavam que ela se orgulhava de não manusear dinheiro. Hoje as coisas mudaram, mas resquícios permanecem. Bom exemplo é a classe média, toda ela se esfalfando para entregar aos herdeiros o diploma de doutor, fazendo-os "filhos de algo". Em nossas cabeças o trabalho manual é coisa de “filho de vulgo”, traduzindo: mal nascido.

Se o pimpolho de um engenheiro quiser ser mestre-de-obras, provocará um sinistro. Papai terá um ataque, apontando ao menino sua vocação de "pobre". A mamãe lamentará, discursando ao desvairado exemplo da família, toda ela graduada em curso superior. A vovó recorrerá ao rápido Santo Expedito, prometendo a loucura de imprimir cem mil preces, desde que o neto se emende. O resto da família fofocará o fracasso dos pais do mestre-de-obras, incapazes de educá-lo no viver de gente bem.

Se não podemos ser riquíssimos, nobres da modernidade, ao menos nos situemos sobre classes populares, exercendo actividades que não desonrem o berço do nascimento sadio. É bem melhor passar fome com diploma na parede, do que mourejar ao sol, ao proletários’ way.

A inquirição, que ensinou-nos o desmérito do trabalho, também nos inculcou o vício de olharmos as actividades manuais, carentes de bom diploma: simples serviços rasteiros desonram o trabalhador. Se é preciso trabalhar, o digno é ser doutor. Ao menos garante servos saracoteando em volta.
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Voltarei ao tema dos CET assim que puder. Pode ser?

domingo, setembro 23, 2007

"Eles" ? Mas,... quem?

Enquanto nós, por cá, repousamos e ou repisamos argumentos sobre o RJIES - Regime Jurídico das Instituições de ensino superior, lá a nível global, desenham-se as políticas de desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. A falta objectiva de se ter ou poder, especificamente, o que fazer, aguça em demasia o interesse sobre o que os outros fazem ou não, e foi assim que, nesta última semana me dei conta do muito que por aí se vai concebendo, em matéria das próximas futuras linhas de força mundiais do ensino superior, ciência e tecnologia, exemplos:

1) Conferência Mundial sobre Integridade Científica - 16-19 Setembro 2007;
2) MCTES promove no Luxemburgo reforço da colaboração bilateral - 13 Setembro 2007;
3)SECTES participa nos EUA no seminário "Adapting Universities to the Global Society" - 11 Setembro 2007.

Na página do MCTES, há mais de uma semana, que somos surpreendidos e informados, sobre importantes eventos: "os desenvolvimentos recentes no sector em Portugal, bem como as prioridades da Presidência Portuguesa da UE na área do ensino superior e da ciência e tecnologia". Gosto de prestar atenção à distribuição espacial da limalha de ferro sob acção de campos magnéticos. No caso presente, o papel do campo magnético genérico no âmbito da educação, ciência e Tecnologia, calhou muito principalmente a Portugal e, mais especificamente, através do 2º Parágrafo da Lei Orgânica, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Decreto-Lei n.º 214/2006 de 27 de Outubro, sendo que, o "batente" executivo foi, indubitavelmente, atribuído a Manuel Heitor (MH). Ele, e os seus quê? "co-workers"? participaram, nominalmente, pelo menos em dois dos eventos - o primeiro e o terceiro. Esse trabalho é muito e, a meu ver, parece estar a ser, razoavelmente, bem feito, mas eu é que ainda não percebi, e penso que teria direito de perceber muito bem, é que chapéu está a usar o autor MH - será o de Secretário de Estado? o de Professor do IST? ou ainda o do Investigador de uma unidade de Investigação "secreta", para os não iniciados - "Center for Innovation, Technology and Policy Research, IN+". Seria bom que MH soubesse que não se devem traduzir designações de identidades, mas....
Ao contrário do que eu penso, como cidadã europeia e como contribuinte portuguesa, o MH/MCTES acha(m) que a Europa precisa reforçar o financiamento público da Investigação, Desenvolvimento e Inovação, e eu insisto é que precisaríamos de encontrar forma de reforçar e incentivar a contribuição das empresas PRIVADAS europeias e portuguesas.
Para estas empresas, entre nós, eu não conto "coisas de administração para-pública super estranhas e duvidosas até para analfabetos em economia e finanças", tais como PTs, EDPs, e Empresas criadas e financiadas ao abrigo de "cotas, quotas ou acções" públicas, e esta concepção faz toda a diferença.
O senhor ministro Mariano Gago, por exemplo, jamais se cansou(a) de clamar sobre a necessidade das instituições de ensino superior público - que, para ele, (e talvez até também para mim, up to a point) se restringem a ALGUMAS universidades - "têm de se habituar a um modelo diferente de financiamento". Divergimos só 180º no conceito de financiamento aplicável, a saber:
O que me parece que o Senhor Ministro quer é atribuir, discricionariamente, sob sua bênção directa, financiamentos públicos para a I&D&i, a entidades e ou instituições públicas à la carte, e o que penso, pior, como contribuinte exijo, é que financiamentos públicos não podem ser usados, como subsídios ad hoc, para "empresas para-privadas".
Previlégios destes, não há quem os não queira, mas porque será que se atribuem a uns quantos iluminados?
Procedimentos desses não credibilizam ninguém, antes porém, cheiram-me seriamente a desvios financeiros intoleráveis, e que estão longe de poderem incentivar e mobilizar a nossa débil iniciativa privada, mesmo a nível europeu, enquanto, isso sim, favorecem injustificadamente a ampliação, manutenção de subsídio dependências e currículos pessoais preferenciais, só que, cada vez são mais caras e hegemónicas e, proporcionalmente, mais selectivas ou desprovidas de pré-requisitos conhecidos e reconhecidos, empurrando as restantes entidades ou instituições para imobilização progressiva, sem que nunca tivessem qualquer oportunidade de opção, ou conhecimento dos visíveis condicionamentos. Quero dizer, seria benéfico seriar à priori, quem pode ou deve fazer o quê, evitando-se a todo custo perdas de energia e tempo, resultantes de vã alimentação de falsas expectativas ou a indução de insistentes murros em pontas de faca.
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Conferir informações deste post, via http://www.mctes.pt/:
- SECTES participa nos EUA no seminário "Adapting Universities to the Global Society"11 Setembro 2007.
-
“Transatlantic Policy Colloquium”, que este ano discute os processos de reforma do ensino superior a nível internacional.
- Instituições Portuguesas participantes - via:
http://www.spea.indiana.edu/tac/institut.htm: Instituto Superior Technico (???) Center for Innovation, Technology and Policy Research (???)
-
Apresentação SECTES.
-
Brief policy paper prepared for the "World Conference on Research Integrity" - Manuel Heitor Secretary of State for Science, Technology and Higher Education.
-
Concluding Remarks by Manuel Heitor Secretary of State for Science, Technology and Higher Education.

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quinta-feira, setembro 20, 2007

Desculpem lá o bocejo... aaghh

Via Blog «Que Universidade?», pelo nosso amigo e sempre atento MJMATOS, ficámos a saber que o Público de hoje, lá pelas páginas tantas, publicou umas intervenções que intitularam "Reitor da Universidade de Coimbra acusa Governo de querer estrangular universidades" e "Politécnicos exigem revisão da lei de financiamento", cujos extractos também podem repescar, num ficheiro *.doc, meu, permanente, enquanto gratuito, aqui.
Vai o tempo e volta o tempo e, apesar de todos sabermos que os recursos do país são mesmo curtos, e que a OCDE já disse que relativamente ao financiamento público, até que Portugal não está mal posicionado, quando comparado com os restantes países da OCDE - o que se torna num dos poucos indicadores portugueses pouco preocupantes, próximo ao dos Estados Unidos e superior ao do Japão, ninguém dos responsáveis, se cansa de arengar com os dinheiros.
Apesar dos pesares, relativamente aos dois artigos já mencionados, parece que o CCISP, a meu ver, acertou num único ponto - o que é que aconteceu om os mestrados profissionalizantes dos politécnicos, propostos à Direcção Geral de Ensino Superior, em Novembro de 2006 - ter-se-ia o CCISP enganado, desta vez, quando ao fim de quase um ano vem protestar?
Ora meus amigos, porque não haveremos nós todos de comemorar, com muita pompa e circunstância, o aniversário de mais umas propostas de mestrados de politécnicos à DGES, sem que esta se pronuncie, nem que sim, nem que não e, sobretudo, porque não fundamenta os "sim(s)" já emitidos, bem como a ausência de respostas para os restantes? Em compensação, a DGES aprovou alguns CETs sob propostas posteriores, se bem que não esclareçam como será o financiamento destas formações. Limita-se, nestes particulares, a funcionar como um fiel arbitrário, de uma balança desregulada.
Os meus caros e raros leitores querem que eu lhes diga porquê?
É muito simples, tenho a certreza absoluta que algumas propostas de mestrados de alguns politécnicos são mesmo muito boas e, é só por isso - são, verdadeiramente, muito concorrenciais para as instituições ditas concorrentes, e que não aceitam de forma nenhuma uma verdadeira concorrência, quer falemos de um subsistema ou de outro.
Como ando a dizer isto, há uma data de tempo, enquanto o CRUP ou o CCISP insistem em falar de financiamento, dá-me uma vontade louca de abrir a boca,....aaghhh..... desculpem lá... ainda por cima, diz-se que os bocejos são, assim, a modos que ... contagiosos....

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domingo, setembro 16, 2007

Porta de recomeços


O dia de ontem-hoje até que correu bastante bem, para o ensino superior português.
A Direcção Geral de Ensino Superior (DGES) cumpriu os prazos, há muito previstos em calendário, na sua página do acesso ao ensino superior, (aqui) - para a disponibilização de informações sobre os resultados da 1.ª FASE DO CONCURSO NACIONAL DE ACESSO DE 2007, e juntou-lhe uma nota de síntese - (aqui).
Tomara que esta notável proficiência da DGES, demonstrada neste processo, seja para ficar, expandir e generalizar a outras das suas atribuições.

Também foi reconfortante saber-se que algumas instituições se esforçaram por oferecer formações pós-laborais - abrindo hipóteses a alunos trabalhadores - se bem que, a meu ver, não tenham visto o seu esforço, devidamente, recompensado pelo interesse dos candidatos.

As candidaturas, por instituição nesta primeira fase, deram os seguintes resultados, considerando a taxa de aproveitamento das vagas oferecidas:

ESTABELECIMENTOTAXA DE Aproveitamento
(%)
_________________________
ULISBOA_Politécnico
_________________
100.0
UPORTO99.1
UMADEIRA98.3
ISCTE96.1
UNOVALX95.1
UAVEIRO93.5
IPCOIMBRA93.4
UTÉCNICA91.2
IPPORTO89.9
UAVEIROP89.0
UCOIMBRA88.1
UMINHO85.1
UTAD84.8
IPVIANADOCASTELO83.8
IPLISBOA82.8
UÉVORA82.3
IPLEIRIA81.3
UALGARVEP77.7
IPCAVADOAVE77.1
UBI76.3
IPSANTARÉM75.5
ULISBOA73.3
UAÇORES69.9
UALGARVE69.6
IPCASTELOBRANCO68.3
IPGUARDA64.2
IPSETÚBAL63.2
IPVISEU60.9
IPBEJA53.3
IPTOMAR50.5
IPPORTALEGRE44.8
IPBRAGANÇA43.8


ENFERMAGEM E ESCOLAS DE SAÚDE
94.1
Média Geral80.9

______________________________________________

Enfim, até agora, com excepções periféricas, a merecerem cuidado e atenção, está a correr bem! Um brinde aos bons recomeços e melhores acabamentos!
.
.
ADITAMENTO (16-09-2007; 16:40 h) - relacionado com o facto de um leitor deste blog num seu comentário a este post, sobre os resultados do acesso - taxas de aproveitamento de vagas oferecidas na primeira fase de candidatura - ter feito uma observação específica apenas sobre uma das formações superiores, decidi publicar (aqui) uma síntese do que, genericamente, se passou por cada uma das formações, e estabelecimento de ensino, considerando apenas as taxas de aproveitamento das vagas oferecidas em cada uma delas - o que quer dizer que esta minha lista desconsidera questões muitíssimo importantes, de que destaco os diversos regimes de acesso por um lado, e a capacidade e demais requisitos de preparação efectiva das instituições para leccionarem as formações listadas.

terça-feira, setembro 11, 2007

"S" de entropia

Felizmente, para mim, não é frequente ter que guardar uma distância respeitável do que é, publicamente, dado a conhecer sobre o que se passa no ensino superior mas, às vezes, acontece-me, e atraso-me na inventariação das ocorrências...
Só hoje, "blogosferando", encontrei registadas "novas" (e velhas) más e também outras, respeitantes a este sector específico de educação.
Exemplos:
1ª notícia - Foi publicada a Lei nº 62 de 2007 - a tal do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior;
2ª notícia - O Blog de Campus ensino superior e I&D negócios recomeçou a publicação pós-férias enormes - ainda bem, porque faz falta - com o seguinte "post": OE 2008 não cobre salários em mais de metade das universidades.
Contitas feitas - muito por alto e ao de leve - existirá um deficit para pagamento de despesas de pessoal que se cifrará em 8,3 e 3 milhões de euros, respectivamente para as universidades e politécnicos. As instituições deficitárias, no seu conjunto, pelo que percebi, poderão contar com um possível balão de oxigénio - elegantemente, designado por "dotações de saneamento financeiro" - que cobrirá 83,3% do diferencial total necessário; as restantes despesas de pessoal terão que ser resolvidas por propinas de um contingente adicional de alunos, da ordem de 2500 para essas instituições.
Apesar da maioria das instituições deficitárias serem, geograficamente, desfavorecidas, torço para que sim, que consigam ou alunos adicionais e/ou possibilidades extra de contratualizar prestação dos seus serviços ou projectos e, nem é bom pensarmos, por ora, nas despesas de funcionamento destas, bem como das outras instituições todas, pois não?
Uma opção para solucionar questões desta natureza, seria o governo, aproveitar o embalo/inércia, e criar condições para o lançamento, em Portugal, de um sistema de empréstimos para as instituições de ensino superior público, com "spreads" negativos, viabilizando simultaneamente um fundo estatal de socorro mútuo - tudo isto não deve existir, mas não virá grande mal ao mundo se, de repente, todos nós resolvermos insistir em soluções criativas.
Não proponho, desde logo, também um sistema de empréstimo semelhante para os funcionários docentes e não docentes do ensino superior, porque uma boa maioria - nas presentes condições de instabilidade - não pode, sequer, assegurar o pagamento de rezas a santos.
__________________
Frase do dia: "Entropy is related to exergy in the respect that when the exergy diminishes in a system, entropy is increasing" - é uma afirmação instrutiva, e voltarei a este tema mas aplicado, assim que puder.

domingo, setembro 09, 2007

Back-up de segurança e AIE de promessas políticas?

De vez em quando amanheço filosofando sem rede, isto é, com pensamentos muito emaranhados acerca de um qualquer tema.
Hoje, calhou de ser sobre estratégias políticas e medidas de implementação, vantagens e inconvenientes, prazos de execução? custos e benefícios? quem as aplaude? quem as reprova?.... E, meus caros e raros leitores, sempre que isso me acontece, ressuscito os meus defuntos velhos que funcionam como uma espécie de ancoras do pensamento solto - hoje, por exemplo, lembrei-me, de repente e desgarradamente, da seguinte frase de um poema de Walter Scott: Oh! what a tangled web we weave. When first we practice to deceive!.


Todos temos a vaga consciência que, em algumas sociedades, não é nada conveniente usarem-se, conjuntamente na mesma frase, as palavras 'político e mentiroso' porque o par de termos ilustra uma redundância.
Em Portugal, especificamente, esse conceito deveria tornar-se num imprescindível 11º mandamento. É verdade mesmo, vamos nos metendo progressivamente em complicações agravadas, induzidos por vagas promessas de excelência, ou mesmo de simples melhorias futuras para todos.... vamos a ver o que acontece é que todos pagam cada vez mais, e os beneficiados parecem parâmetros - são constantes de qualquer tempo de observação.
.
Tornar-se-ia, assim, desejável imaginarmos um esquema de segurança - uma aplicação específica, às estratégias de todos os nossos políticos (que os pouquitos políticos honestos - eu não conheço, mas devem existir - me perdoem) do Principio da Precaucionaridade - por exemplo: um Relatório AIE - Avaliação de Impacte de Estratégias, enquanto que arquivávamos, em simultâneo, as suas promessas numa base de dados, para conferência futura.
Desta forma, todas as propostas de estratégias políticas, a traduzir em normativos legais, deveriam, OBRIGATORIAMENTE, ser acompanhadas por um relatório pormenorizado, produzido por peritos das áreas-objecto, que registassem, em português corrente, detalhadamente, todos os impactes económico-sociais e as externalidades previstas durante a execução das medidas preconizadas para implementação dessas mesmas estratégias.
Por outras palavras, não existiriam leis ou decretos aprovados sem estarem complementados do seu relatório de AIE, que incluiria forçosamente, as fontes bibliográficas usadas, o estado de arte entre nós e noutros países, metodologias detalhadas de execução e, a título meramente consultivo, incluiria também o parecer de todos os directamente implicados ou seus representantes... Seria assim, como uma espécie de um caderno de encargos que protegeria os incautos dos vivaços. Nada do que não estivesse devidamente especificado nesse AIE seria susceptível de execução, sem a respectiva análise de pormenor.
O cuidado dos políticos redobrava, ou não?

Trata-se de uma ideia louca - foi inspirada por gato escaldado, em telhado (de zinco) quente - por isso, muito susceptível de dar certo.
O que, os meus caros e raros leitores, acham desta ideia?
.....
Bom, podem ter razão....
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PS1: "Every law of the land and canon of the church is subject to “interpretation” by those who look to the Evil One and not to our Blessed God" - não faço a mínima ideia quem disse isto, nem em que contexto, mas ...
PS2: O título deste post, por extenso é: Back-up de segurança e Avaliação de Impacte de Estratégias e «promessas políticas» (leia-se mentiras).
PS3: Aditamento ao presente post (10-Set-2007; 9h:30m) - para exemplificar o que quiz dizer, sobre nossa situação de estratégias políticas de ordem geral, descrita neste post, por favor, atentem à notícia de hoje do Diário de Notícias: "A lei das rendas não funciona e vai ter de ser alterada", de autoria de ANA TOMÁS RIBEIRO E CARLA AGUIAR - http://dn.sapo.pt/2007/09/10/entrevista/a_das_rendas_funciona_e_ter_ser_alte.html - de onde extraí a frase de remate de texto: "Há uma iniciativa nova, a "Portas 65", uma comissão nomeada pelo Governo e constituída pelo arquitecto Portas - o famoso da "Lei Portas" - e o economista Augusto Mateus, que vai fazer o acompanhamento da lei. Fiquei bem impressionado, porque eles têm muita consciência dos problemas e percebem que a lei tem entraves. A comissão prevê a possibilidade de mexidas na lei." São questões como estas, que inviabilizam boas taxas de execução das reformas necessárias, ou que nos são enunciadas como tal - é, Deus está nos detalhes....

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quinta-feira, setembro 06, 2007

1/2 oito cubana

Gostaria de dispor de suficiente arcaboiço psicológico para passar impávida e serena ao largo das intervenções de figuras públicas portuguesas, pesos-pesados organizacionais e da formação da opinião pública. Todavia, pertenço aquele triste agrupamento da natureza humana dotado de pavio curto - não me contenho e, sempre que alguns portentosos ameaçam de abrir a boca...
Olhem, meus caros e raros leitores, detono!
Simples: se me perguntarem se eu não explico porque "mato" gente, digo que não, e mato. Mas hoje vou aperfeiçoar o procedimento - primeiro mato e, depois, digo que não explico nada.
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Por motivos, que não vêm ao caso, a minha explosão de hoje (já lhes conto...) ocorre ao retardador, o que não se constitui num esforço provisório de auto-domínio, mas tão só, de uma falta de oportunidade pessoal da referida explosão ocorrer atempadamente - refiro-me à notícia da Lusa, de 3 de Setembro, publicada pelo Jornal Público, na mesma data, com o título: Bastonário defende redução de 80 por cento nos cursos de engenharia.
.
Concedendo o devido desconto às traduções da comunicação social do que é, verdadeiramente, dito pelas pessoas, não posso deixar de comentar, o que nos dizem que o Senhor Bastonário da Ordem dos Engenheiros disse aos jornalistas, e também não vi, posteriormente, nenhum seu esclarecimento ou desmentido. Por isso, limito-me a registar, aqui, o meu mau humor e os mitos e factos sobre os temas que o Senhor Bastonário decidiu divulgar pelos jornais, que lhe deram atenção:

i)
MITO: os cursos de engenharia em Portugal deveriam ser reduzidos em cerca de 80 por cento, uma vez que muitos dos nomes "são marketing puro".
FACTO - Mesmo tendo lido o texto, e feito umas contitas, não percebi o fundamento desta peculiar afirmação.
ii)
MITO: que, dos actuais 314, "não faz sentido existirem mais de 60/70 cursos de engenharia".
FACTOS - No ano lectivo de 2006/2007, em todo o ensino superior português incluindo os subsistemas público e privado, do Bacharelato aos Doutoramentos passando por preparatórios e mestrados integrados um total de 806 cursos, agrupados ao todo em 116 designações, com um total geral de 69,090 alunos.
Os cursos que eu penso podem ser considerados pela Ordem seriam: Bacharelatos+Licenciaturas: 175; Licenciaturas: 195 e mestrados integrados: 41.; TOTAL: 411.
Desta forma, não percebo de onde virá o valor 314? (o que não terá grande importância), mas o mesmo já não posso dizer dos 70/80 cursos.
Se se tratarem de cursos, a própria Ordem já acreditou 106 formações. Porque é que já acreditou 106 cursos, se não fazem sentido mais de 80?
Estamos aqui a falar de quê? De cursos ou de designações?
iii)
MITO: "Houve já uma vontade dos reitores em uniformizar as designações, que não teve apoio político. Hoje cada um cria o curso com o nome que quiser e as pessoas do mercado não sabem qual é o conteúdo correspondente à designação. É marketing puro".
FACTOS: Essa vontade não foi só dos reitores, a vontade existiu mas incluiu também pelo menos a dos Presidentes dos Politécnicos Públicos, e a proposta dos reitores nem estava mal feita, estava como a minha disposição - péssima! Ou não leu a famigerada proposta dos reitores?
Sobre a referida proposta, inclusivamente, escrevi e justifiquei a minha posição sobre o assunto à Ordem, ao MCTES e a todos que tivessem alguma coisa a ver com o assunto e caixas de correio electrónico, nomeadamente, o Senhor Presidente do CRUP, à época - Leopoldo Guimarães.
iv) FACTO: como há poucos alunos e há mais oferta", assiste-se em Portugal "a uma disputa das escolas para ter alunos socorrendo-se daquilo que tiver à mão".
.... "vai obrigatoriamente acabar por perceber-se que há cursos que deveriam ser fechados, não deveriam existir, porque não têm o mínimo de qualidade".
FACTO - Verdade absoluta. A isto chama-se concorrência - é muito saudável, para os consumidores (empregadores). Assim como é verdade que a oferta e procura constituem o melhor sistema regulador do mercado. Neste particular, o conceito de mercado é também muito discutível.
Estamos a falar de quê, quando falamos de mercado? Do mercado Nacional (10,6 milhões de habitantes), do mercado Europeu (500 milhões de habitantes) ou do mercado Mundial (6,6 bilhões de pessoas)?
v) FACTO: "a entrada na Ordem passa por um exame e esse sistema de acreditação não tem mais nenhum objectivo do que estabelecer, de forma criteriosa e pragmática, o modelo que leva a que alunos de determinados cursos possam ser dispensados deste exame"
FACTOS:
- Se a forma fosse criteriosa, haveria critérios bem definidos e devidamente publicitados. Onde se encontram publicados esses critérios da Ordem dos Engenheiros?
- Se a forma fosse pragmática, a sua execução não ocuparia uma média superior a 18 meses.
- Admito que o modelo leva a que formandos de determinados cursos são dispensados de exames. Mas aqui, eu sublinho o determinados.
vi) FACTOS:
- Pessoalmente, sou INTEIRAMENTE partidária e até fanática de organizações de classe, desde que integrem ou não indivíduos que se habilitem INDIVIDUALMENTE. O que a Ordem, para mim, não pode é afirmar-se como seleccionadora diferencial de instituições, actuando desta forma, como um agente publicitário (o tal marketing que o Senhor Bastonário falava....) favorecendo assim, à prióri - em mercados de banda estreita, como o nosso - agrupamentos e/ou colectividades institucionais.
Para mim, num contexto como o nosso, é inadmissível este procedimento.
- De cada vez que muda o bastonário da Ordem dos Engenheiros, penso sempre esperançosa que vai ser desta vez que se estabelece uma trajectória ascendente na organização das engenharias da nação. Mas, o resultado final, pouco tempo depois do cargo ser assumido, é sempre igual - uma meia oito cubana, só que com aterragem forçada, em queda livre, e na água. E então, é só agora, depois da confusão instalada, é que a Ordem dos Engenheiros parece querer imitar a dos médicos - eliminar a concorrência? E isto, é que nem com Red Bull eu aguento!
Uma das competências básicas da classe de engenharia não será a capacidade de planeamento e consequente antecipação de soluções? Pelos vistos deixou de ser....

terça-feira, setembro 04, 2007

Fantasmas atarantados 2 - UMA CORRECÇÃO IMPORTANTE

Lendo com um pouco de mais atenção o texto final da PROPOSTA DE LEI N.º 148/X do REGIME JURÍDICO DAS INSTITUIÇÕES DO ENSINO SUPERIOR, artigo 49º, registamos o seguinte:

_______________________
Artigo 49.º
Corpo docente das instituições de ensino politécnico
1 - O corpo docente das instituições de ensino politécnico deve satisfazer os seguintes requisitos:
a) Preencher, para cada ciclo de estudos, os requisitos fixados, em lei especial, para a sua acreditação;
b) Dispor, no conjunto dos docentes e investigadores que desenvolvam actividade docente ou de investigação, a qualquer título, na instituição, no mínimo de um detentor do título de especialista ou do grau de doutor por cada 30 estudantes;
c) No conjunto dos docentes e investigadores que desenvolvam actividade docente ou de investigação, a qualquer título, na instituição, pelo menos 15% devem ser doutores em regime de tempo integral e, para além destes, pelo menos 35% devem ser detentores do título de especialista, os quais poderão igualmente ser detentores do grau de doutor.
2 - A maioria dos docentes detentores do título de especialista deve desenvolver uma actividade profissional na área em que foi atribuído o título.
3 - Os docentes e investigadores a que se referem as alíneas b) e c) do n.º 1:
a) Se em regime de tempo integral, só podem ser considerados para esse efeito nessa instituição;
b) Se em regime de tempo parcial, não podem ser considerados para esse efeito em mais de duas instituições.
_________________________________
Assim lida à letra, a situação geral de todas as instituições politécnicas é muitíssimo mais difícil do que enunciei ontem, por isso, hoje efectuei a distribuição dos docentes Doutorados, registados no REBIDES 2006, tendo em atenção os regimes contratuais específicos, ou outra qualquer forma de compromisso institucional e o resultado, para mim, foi este (clique na imagem ou procure o ficheiro aqui: FORMAS CONTRATUAIS DOS DOUTORADOS_POLITÉCNICO.xls).

























Se agora eu estiver a ver/ler bem, significará que está no horizonte deste MCTES uma alteração ao próprio regime contratual dos docentes do politécnico?
Sinceridade? Sim meus caros e raros leitores, apostaria que está sim! Vejam bem os números...
Já viram a dificuldade que poderá resultar para as instituições-docentes cuja área de ensino não tratar de formação de professores, saúde ou tecnologias da saúde (dominantemente, vocacionadas para a preparação de pessoas que irão trabalhar para o estado).
Mas aonde andará o CCISP?
Se assim for, todo o procedimento de Reforma do nosso Ensino Superior, já não é, minimamente, comparável à casa referida no meu post anterior, e descrita em redacções de adolescentes, este já é um caso muitíssimo mais sério - é a própria Winchester House e, pasmem, situada sabem aonde? Em Sillicon Valley [1].
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[1] .......160-room Victorian mansion had modern heating and sewer systems, gas lights that operated by pressing a button, three working elevators, and 47 fireplaces;"
e, ainda 40 escadas e 52 clarabóias.... 17 chaminés (sem saída)....
"....110 of the 160 rooms...
.... a window built into the floor, staircases leading to nowhere, a chimney that rises four floors, doors that open onto blank walls, and upside down posts! No one has been able to explain the mysteries that exist within the Winchester Mansion, or why Sarah Winchester kept the carpenters' hammers pounding 24 hours a day for 38 years. "
.......

segunda-feira, setembro 03, 2007

Fantasmas atarantados

O projecto, os sucessivos planos e os construtores do desenvolvimento do Ensino Superior, em Portugal, inspiraram-se, de certeza, nas directrizes de obra e nos conceitos arquitectónicos de Appleby House [1]. Se os meus caros e raros leitores acham que não, por favor, ajudem-me lá a rever esta minha hipótese [2]:
Por razões que não vêm ao caso, mas que se relacionam com facto de que talvez "mais valha ser rico e com saúde, do que ser pobre e doente" - passei quase um mês, imobilizada, em casa e, para me entreter, decidi verificar a situação da composição do corpo docente, e ratios de docência, do ensino superior em Portugal, das escolas integradas em Institutos Politécnicos públicos.
O objectivo seria verificar quais dos INSTITUTOS/ESCOLAS cumprem o ratio mínimo de 15% de Doutorados, que se presume será objecto do RJIES.
Toda a informação respeitante ao ensino Superior está disponível, pelo Gabinete de Planeamento, Estratégia. Avaliação e relações Internacionais - GPAERI, através da página: 'Registo biográfico de docentes do ensino superior' - 31 de Dezembro de 2006 (REBIDES 2006).
Os alunos das formações iniciais do Ensino Superior, em Portugal, em 2006, distribuíam-se desta forma:
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PARTICULAR e COOPERATIVO
i) Politécnico - 29 639 alunos (9.1%), 393 cursos, 64 escolas;
ii) Universitário - 43 399 alunos (13.3%), 580 cursos, 49 escolas;
PÚBLICO
i) Militar e Policial Politécnico - 236 (0.1%) alunos, 18 cursos, 3 escolas;
ii) Militar e Policial Universitário - 1 341 (0.4%) alunos, 28 cursos, 4 escolas;
iii) Público - Politécnico - 105 571 (32.4%) alunos, 1 364 cursos, 101 escolas, destas, 42 escolas, com um total de 89 758 alunos, são escolas INTEGRADAS, em 15 Institutos Politécnicos Públicos (objecto do inventário);
iv) Universitário - 136 997 (42.0%) alunos, 1 447 cursos e 70 escolas;
UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA
i) Politécnico - 956 (0.3%) alunos, 8 cursos, com 2 escolas politécnicas;
ii) Universitário - 7 994 (2.5%) alunos, 117 cursos e com 26 escolas universitárias.
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Total Geral - 326 133 alunos e 3955 cursos de formação inicial.

Síntese dos resultados que obtive, apenas para 7 das escolas Politécnicas Públicas ( averde na imagem seguinte), que detêm mais do que 5,000 alunos:

1º Tabela de Docentes (base informativa);
Ratios comparativos para as diferentes Escolas (clique na imagem para poder ver melhor):


































3º Síntese da distribuição de Equivalentes em Tempo Integral de Docentes (clique na imagem, para poder ver melhor), para Institutos Politécnicos com mais do que 5000 alunos, para verificação da conformidade do corpo docente dessas instituições com o texto ":No conjunto dos docentes e investigadores que desenvolvam actividade docente ou de investigação, a qualquer título, na instituição, pelo menos 15% devem ser doutores em regime de tempo integral" do Regime jurídico das instituições de ensino superior - Versão final, aprovada pela AR.



























Por favor, caso pretendam, consultem ficheiros aqui (http://www.esnips.com/web/REBIDESRJIES/).

CONCLUSÕES:

Pois, .... pode constatar-se que:
- nem todas as escolas de politécnicos, com mais de 5000 alunos, reuniam em Dezembro de 2006 esse primeiro requisito;
- houve escolas que apostaram fortíssimo na formação académica dos seus docentes (ex.: Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança) mas terão agora que confrontar o seu efectivo de docentes com a segunda parte do texto: para além desses 15% detentores do grau de doutor, "pelo menos 35% devem ser ser detentores do título de especialista, os quais poderão ser detentores do grau de doutor", tomara que sim que todas as escolas, nessas penosas circunstâncias, consigam esses tais "especialistas, felizmente, ainda a definir como der mais jeito"....
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[1] "Years of rumors and unsubstantiated reports have created, in a quiet urban neighborhood, a house of horrors. The dwelling is one Appleby House, a modest dwelling of 36 rooms built over an 8 year period. On interviewing neighbors, who dubbed the owner "strange," one finds that 10 carpenters have been employed to build such oddities as stairways to ceilings, windows on blank walls, and doorways going nowhere. According to reports, these bizarre customizings are intended to confuse ghosts. Maybe the owner will report one day that he has caught one in a dead end hallway! Until then, however, the mystery of the building of Appleby House remains just that -- a mystery."
[2] Em relação à nossa gestão da Educação Superior, a cada passo, estamos em presença de uma alternativa sem saída - Appleby House: presos por mimar cão ou por o abater, ou então continua como sempre tudo, como dantes - é o mais certo!

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