sábado, agosto 30, 2008

360º de Liberdade

Face ao que escrevi no meu último post intitulado UMA FÉ RACIONAL, vejo-me na obrigação de esclarecer o lado "racional" da minha "fé"...,
Disse eu que nos dizia o Jornal de Negócios que: Ciência e Tecnologia recebe mais 39,9% para funcionamento do que o orçamentado em 2008.
Na verdade, se pensássemos que o Orçamento de Funcionamento da Educação Superior, em 2008, se situava, ao nível do GPEARI, numa ordem de grandeza de 1 Bi de Euros, (1,237 Bi - isto é, aproximadamente igual a um vírgula dois mil milhões de euros- previstos, em 2007) se houvesse um acréscimo de 39,9%, teríamos então para 2009 um acréscimo previzível de cerca 400 M€; por isso, fiquei agora sem perceber exactamente o que é que aconteceu ao Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, mas uma coisa é certa, o tal acréscimo referido não parece ser fiável, porque o Orçamento Inicial para Funcionamento, que está previsto fixar em Orçamento de Estado, para 2009, será exactamente só 1.244,5 M€ (ver Diário Económico de 27/08/2008 - cópia do extracto neste post - clique na imagem para ver melhor).
Dito de outra maneira, o orçamento do MCTES, a fixar para 2009 (1.244,5 M€), será muito próximo mas abaixo do previsto para 2008 pelo mesmo GPEARI (1.373,07 M€) . Por outras palavras, será exactamente, 90,6% do orçamento previsto pelo mesmo GPEARI para 2008. Assim, meus caríssimos e raríssimos leitores, haverá não um acréscimo mas um decréscimo. Mas, enquanto se anunciou um acréscimo e de 40%, possibilitou-se um significativo remanejamento das atribuições financeiras às diferentes instituições, entre as quais serão francamente beneficiadas as candidatas a fundações - UAVEIRO, UPORTO e ISCTE .
A única boa notícia parece então resumir-se ao facto de ter HIPOTETICAMENTE desaparecido o famigerado factor de coesão.
Entretanto, entre as Estatísticas, percentagens, erros, favorecimentos e factos, o que permanece imutável, são os 360º de Liberdade deste Ministério.

Estranho só as choradeiras e mal dizer, sem nunca haver alguém, do CRUP ou do CCISP, a pedir OFICIALMENTE que as contas minesteriais sejam conferidas.

Este Ministério lembra-me sempre a minha avó materna - perguntava magnânima e secretamente a cada um dos netos de quanta mesada precisava, e depois entregava ao mais velho um décimo do que tinha pedido o menos ambicioso de nós, e dizia-lhe para repartir, responsavelmente, esse valor por todos - éramos e, felizmente, ainda somos 5. Nunca soubemos , nesses tempos, nem os planos, nem as dotações nem as execuções financeiras uns dos outros.

segunda-feira, agosto 25, 2008

UMA FÉ RACIONAL

No que diz respeito à Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, talvez se possa dizer que este Agosto tem sido um mês abençoado: notou-se uma ausência dos habituais «diz que não me diz» da comunicação social e dos porta-vozes institucionais, ao que se percebe, as férias estão a correr bem - não se ouviu nada de estarrecer - e acabarão ainda melhor - porque de acordo com a divulgação - do nosso sempre atento blogger J. Cadima Ribeiro, do Blog Universidade Alternativa - de um artigo telegráfico do Jornal de Negócios, parece que os problemas financeiros do sector iniciaram um processo temporário de remissão (naturalmente a termo, até às próximas legislativas) - Ciência e Tecnologia recebe mais 39,9% (ascenderão, no fim e no total, a MAIS qualquer coisa como 400 milhões de euros - frase minha) para funcionamento do que o orçamentado em 2008. No capítulo 50, o financiamento nacional para investimentos passa de 432,5 milhões de euros em 2008, para 490 milhões de euros - o que representa um aumento de 13,3%.
Não percebo nada disso, mas penso que o Capítulo 50 se refere a investimentos nacionais do PIDDAC previstos no "plano" e, como não ouvimos ninguém demasiado triste ou feliz, pressupõe-se que os destinos desse dinheiral, por enquanto, são murmurados apenas pelas vozeszinhas a quem o Senhor Ministro escuta. (Não são essas as vozes a que me refiro!)

Alguém tem receptores nesse comprimento de onda?
Eu explico: Por exemplo, já repararam que:
1) oficialmente, não se sabe ainda nada sobre os resultados das avaliações internacionais dos Centros de investigação, que foram auditados no início deste ano civil?
2) os concursos e editais para as contratações-bolsas de (1000) Doutorados fazem que andam mas não andam?

quarta-feira, agosto 13, 2008

Um pezinho de Nemesis

Já há uns dias, percorrendo a minha blogosfera favorita, li a seguinte informação: Licenciatura pode custar €13 mil - barata a feira, pensei intrigadíssima - mas, anteontem, rececebi por mail uma cópia do texto original, que - sob aboluta consciência de estar a cometer um pecado capital - vos deixo aqui neste post.
Então, quem é amiga?
Se não quiserem tornar-se meus cúmplices, resistam à sua leitura, caso contrário, cliquem na imagem seguinte para ver se conseguem discernir melhorzinho algumas das letras.
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Tal como poucos percebem bem, penso eu e não serei um desses, é dificílimo atinarmos ao que nos estamos a referir quando em Portugal lemos os termos Licenciatura ou Mestrado - porque qualquer destes termos pode ser, literalmente, qualquer coisa que nos passe pela cabeça.
Já custos unitários por estudante-curso-instituição-ano civil, podem ser melhores indicadores, desde que considerados com precauções.
Julgo ser muito interessante a posição publica de alguns responsáveis institucionais que, como sempre não coincide entre eles, para nos explicarem porque é que na realidade os custos são tão variáveis.
Inclino-me, no presente caso, para dar alguma pontinha de razão ao Senhor Presidente de TODOS OS POLITÉCNICOS (incluindo o de Leiria, pois claro, passe a publicidade...), acredito que em algumas destas instituições os custos de docência são mesmo casos de "Oh Senhor Guarda olhe-me lá para isto!"
Quem terá menos razão, para mim, será o Senhor Reitor da UTL, que diz que é por causa da percentagem de Doutorados, isso é que era muito bom... - porque os custos remuneratórios dependem das formas contratuais em uso nas diversas instituições, em que os ditos prestam serviço. Não esquecer que, em muitos casos, os docentes permanecem por tempos imorredoiros, em categorias profissionais de primeiro escalão, apesar da formação académica, tempo de serviço e, sobretudo, da sua qualidade da sua prestação curricular não ser reconhecida e devidamente contemplada; também nos diz o Senhor Reitor da UTL, que depende dos investimentos em equipamentos e laboratórios mas, normalmente, esses custos para a maioria das instituições, - o que pelos vistos não inclui a UTL - provêm de outros financiamentos que não o Orçamento Geral do Estado, e o mais interessante é o facto de em nenhum desses se incluirem custos de manutenção e de amortização de equipamentos, infra-estruturas e instalações - estes custos estão por conta da Protecção Divina, ou de outras protecções quaisquer, que também são muitas.
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Enfim, todos se queixam mas, a meu ver, não é que o financiamento público da educação superior seja pouco, o nosso PIB é que teima em manter-se embrionário - é um PIBZINHO... e a nossa inciativa privada também só pode ser muito limitada, mas concordo com todos que pensem serem difíceis de engolir os resultados de decisões pessoais por votos de extrema pobreza, quando se opta pela frugalidade da vida num Carmelo de Irmã(o)s Descalcinha(o)s...
Há-de melhorar, assim que todos ganharmos mais juízo.





























sábado, agosto 02, 2008

Há salpicos iguais ao litro

Apresento as minhas desculpas aos meus caríssimos e raríssimos leitores, é que não tenho aparecido por cá, só porque pertenço à novíssima classe social do país - os escravos da burocracia - única coisa que cresce por todos os lados a olhos vistos e ouvidos escutados, assumindo proporções nunca antes documentadas. Ainda lhes falarei sobre isto, se puder... escravos não devem comentar as barbaridades de quem (pensa que) "DECIDE"... está escrito nos livros!

Entretanto, só por acompanhar, remotamente, duas ou três das novelas de produção, exclusivamente, nacional para a nossa educação superior, tenho aumentado substancialmente os meus teores em adrenalina - garanto-lhes que estes são uma garantia de dinamismo e estados de alerta pessoais.

São exemplos, dessas obras de autor a que me refiro, os especialistas do politécnico, os financiamentos supostamente anoréticos das instituições de educação superior e as (de)mandas e desmandas das nossas (des)Ordens Profissionais.
As recentes posturas das organizações de classe referem-se dominantemente à disponibilização de um número "excessivo" de vagas, de "facilitismos" e/ou de "tipologias" de formações oferecidas, quase sempre hipoteticamente prejudiciais aos respectivos feudos.
Desculpem, no caso das Ordens não são feudos, são territórios mal demarcados que se pretendem ilimitadamente expansíveis, mas inexpugnáveis..., desculpem não são nada disso, são domínios de interesses privados restritos .., desculpem, representam tão somente um responsável incentivo à consciência, consolidação e desenvolvimento do conhecimento das respectivas profissões (desde que só de poucochinhos e (c)ordeiros), no estrito interesse "do bem comum e da felicidade geral da nação" - são isto, e só isto!

Uma destas organizações de classe - a Ordem dos Engenheiros - então não a percebo mesmo, se é que o seu actual bastonário tem vindo a interpretar correctamente o espírito colectivo dos seus "ordenados".
Começo, desde logo, por me espantar a sua ampla bagagem intelectual eclética, ilimitada e especializada em muitas e desvairadas competências: Diante de plateias de ambito nacional, há sempre vigorosos palpites sobre todas as áreas e ramificações de engenharia - desde a localização dos aeroportos, ao urbanismo territorial, às explicações de acidentes de combóios, ou aos fundamentos de exorbitâncias de prazos e orçamentos de construção de túneis e pontes, passando pela Energia Nuclear, Energia Eólica, Biocombustíveis ou pela Eficiência Energética, e rematando nos riscados em "w" e "ómega" do TGV.
No seu conjunto a classe de engenheiros autorgados emite também juízos espantosos (em defesa de causa própria) sobre o Processo de Bolonha, rematando com explicações incompreensíveis que justificam a cuidadosa selectividade da sua agremiação - não basta para a aceitação da formação académica reunirem-se 300 ECTS na área de formação, tem que ser reunidos numa ordem sequencial aristotélica-socrática, próxima ou melhor exacta dos mestrados integrados, a cujo 1º ano (mestrado)?/4º ano (formação integrada)? se acede de qualquer outra instituição, está bem de ver... (ver AQUI)
É claro que estes mestrados integrados não precisaram de, previamente, colocar formandos no mercado de trabalho nem de compassos de espera próprios à vistoria de uma criteriosa acreditação qualificação, de cerca de 18 meses, porque estes formandos, ou melhor as suas instituições formadoras, estão automaticamente reconhecidos.
Se não, vejamos EXTRACTOS de alguns dos dizeres do Bastonário ou até de requisitos Estatutários da Ordem dos Engenheiros - não bate nunca o lé com o cré:
i - Depois de ensino secundário com formação insuficiente. Ordem dos Engenheiros critica facilitismo para entrar nalguns cursos. (09-07-2008)
ii - Os acessos ao ensino superior por alunos de mais de 23 anos sem o 12º ano é também uma falta de exigência. (-)
iii - Temos hoje no mercado licenciados de três anos, de cinco e de seis. E eu pergunto se acham que as competências de quem tirou de cinco anos ou de seis se são iguais a quem se formou com três anos (-)
iv - Os alunos que concluam o 1º ciclo dos cursos adaptados ao Processo de Bolonha poderão candidatar-se à Ordem dos Engenheiros (OE). Entre as propostas apresentadas ao Governo pelo bastonário da Ordem está ainda a criação de dois graus de engenheiros, (19-07-2007)de aco
19-07-2007
v - " Não significa que nas privadas não haja bons cursos, o que acontece é que há mais doutorados nas públicas, os docentes têm contratos mais estáveis do que nas privadas e o próprio mercado diferencia isso. Ficaria muito satisfeito se todos os cursos de Engenharia estivessem acreditados”, refere o bastonário da OE." (-)
vi - ..."a entrada na Ordem passa por um exame e esse sistema de acreditação não tem mais nenhum objectivo do que estabelecer, de forma criteriosa e pragmática, o modelo que leva a que alunos de determinados cursos possam ser dispensados deste exame". (10-12-2007)
vii - 70% dos engenheiros civis chumbam na Ordem (-)
viii - "Bastonário Fernando Santo, pensa que se deveria diminuir ao numero de vagas (...) nas Universidades" (-)
ix - "Acedi ao site www.acessoensinosuperior.pt e consultei a lista em excel que lá tem". (-)
Em 2007, foram cerca de 540 os candidatos à Ordem que tiveram de realizar um exame e a maioria não passou. (-)
x - Fernando Santo recorda que, em Portugal, cerca de 70% dos actos de engenharia não estão regulados. "Ou seja, é o mercado que escolhe e, nesse contexto, cresce a exigência de qualidade"
(04-09-2007)
xi -"Exige-se uma formação de ensino superior acumulada de 5 anos (ou 300 créditos ECTS, usando a referência de avaliação de trabalho introduzida pelo Processo de Bolonha) para uma formação que confira a capacidade e responsabilidade de intervenção a todos os níveis de actos de engenharia." (18-10-2004)
xii - "A aplicação do Processo de Bolonha alterará profundamente o contexto das formações em Engenharia em Portugal, pelo que trará consequências imediatas no âmbito profissional. Com a reestruturação do sistema de formação na área da engenharia, nascerão vários perfis de formação a que se associam níveis de competência em actividade de engenharia". (18-10-2004)
xiii - Há que reconhecer que estamos numa profissão sem regulamentação profissional. (-)
A acreditação dos cursos consiste na verificação de que estes obedecem a critérios definidos nos termos do nº 2, b) do Artº 7º dos Estatutos: Definir critérios objectivos de dispensa de provas de admissão, a rever periodicamente os quais se basearão nos currículos dos cursos, nos meios de ensino e nos métodos de avaliação. [ REGULAMENTO DE ADMISSÃO E QUALIFICAÇÃO. Versão Aprovada - AR (18-10-2004) ].
xiv - A Ordem dos Engenheiros afirmou hoje estar disposta a admitir todos os alunos licenciados em engenharia após a Reforma de Bolonha desde que os diplomas sejam de cursos reconhecidos pelo Governo e após uma mudança nos estatutos da Ordem (18-07-2007)
xv - Cerca de 70% de todos os licenciados em Engenharia Civil que em Fevereiro deste ano fizeram exame de admissão à Ordem dos Engenheiros (OE), chumbaram, "mesmo com a possibilidade de ir a oral a partir de 6,5 valores". E alguns revelavam um desconhecimento tal que "nem sabiam dizer quantos litros de água cabem num metro cúbico". (10-12-2007)

Tem muita razão o Senhor Bastonário nessa grande máxima sobre mililitros e metros cúbicos.
Sabe Deus como ele se arrepiaria de ouvir (como eu) as confusões reinantes entre kW, kVar (caso de mini padaria só equipada com fornos eléctricos....???) e kWh (estes em que vejo por escrito kW/hora) para assinaturas de contratos em que a energia e potência, esta reactiva ou não, são iguais entre si e iguais ao litro, que também testemunhei RECENTEMENTE - não passaram ainda duas semanas - mas nem lhes conto aonde nem a quem... (Não foi a ele! Graças a Deus!). Nem lhes poderia contar nadinha porque, desde aí, fiquei catatónica.
É por causa disso que eu gostaria que TODOS os formandos em qualquer Engenharia fizessem exame INDIVIDUAL para admissão à Ordem! Penso mesmo que não chegariam aos actuais 30% aprovados na engenharia civil ou de qualquer outra especialidade. Aposto!
E já agora, gostava disso, também por causa disto:
Já que quem se acredita sem prestações de provas, sendo ou não bons profissionais de engenharia, são instituições, então de que instituições de ensino serão provenientes os Engenheiros Projectistas e/ou de Fiscalização FORMALMENTE, só os RESPONSÁVEIS E SIGNATÁRIOS, por exemplo, pelo Túnel do Terreiro do Paço ou pela Ponte Europa?

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PS1 -É também MUITO interessante a Lei n.º 6/2008 de 13 de Fevereiro, sobre o Regime das Associações Públicas Profissionais. Lei esta, só aplicável às novas organizações profissionais? E as outras? É à balda? Sendo ou não à balda, a diferença dos resultados e garantias não há-de ser muita....
PS2 - Por vezes, e para que conste, também há comunicados e expressões de opiniões públicas ou à comunicação social que, por serem só salpicos, são absolutamente iguais ao litro.
PS3 - LISTA DOS CURSOS QUE CONFEREM DISPENSA DE PRESTAÇÃO DE PROVAS DE ADMISSÃO À OE, até 31 de Dezembro de 2010 - estes até antes de o serem já são!