quarta-feira, maio 31, 2006

Ficam para o chá?

Ontem foi um dia em cheio de publicação de notícias interessantíssimas, no Jornal Público online.
Uma chamou-me a atenção - intitulava-se assim: "Grandes Opções do Plano. Conselho Económico e Social considera impossível pronunciar-se sobre medidas do Governo".
O motivo remoto, porque a notícia me mereceu destaque, é que ando em prospecção de documentação nacional fidedigna sobre políticas educativas pós secundárias, e de directivas de desenvolvimento integrado do meu país.
Confesso-lhes, no entanto, que também não deixava de ser estranhíssimo que fosse IMPOSSÍVEL a um Conselho Económico e Social pronunciar-se sobre um documento cujo título oficial é: PORTUGAL. Grandes Opções do Plano. 2005 - 2009.
As minhas duas primeiras reacções, à notícia do jornal, foram em alternativa: "lá estão mais uma vez as versões livres da nossa criativa Comunicação Social", ou "os nossos economistas são mesmo um bando de cria-casos" - sem a existência deles, o nosso o mundo seria tão mais prazeiroso...
Mas, pelo sim pelo não - já não confio nem na minha sombra - decidi ir ver, com os meus olhos, “O PLANO”, e acreditem ou não, quase 10 horas depois de esforçadíssima literatura de 312 páginas de arengas, não era um plano e só encontrei estas iniciativas orçamentadas:
......
a) - Com uma dotação inicial de 30 milhões de euros, será viabilizada a criação de 200 novas empresas de base tecnológica, as quais contarão com apoio especializado à gestão na fase de arranque - Página 9.
......
b) Instituição de uma prestação extraordinária de combate à pobreza dos idosos, que assegure a estes um rendimento mensal de pelo menos 300€ - Página 37.
......
c) Será lançado um programa de grandes investimentos estruturais nas áreas de energia, transportes, ambiente, saneamento e saúde, que mobilizará mais de 20 mil milhões de Euros, durante os próximos 4 anos. Capítulo III, sem página.


Inacreditável, não é? Mas digam-me, só a mim, se a notícia não parecia mesmo impossível.
Confiram vocês mesmos, deixei-lhes os links.

Enquanto consultam os documentos, bebam um chazinho - é de tília e está forte, dizem que aquieta inquietações - Do calibre desta? Ah, mas não acredito mesmo!

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OBSERVAÇÕES:

1º - Desculpem-me, os Senhores Jornalistas e os Senhores Economistas, fui muito injusta com as respectivas classes, e sem nenhuma razão.
2º - Na próxima revisão constitucional, em lugar do Conselho Económico e Social (CES)*, criemos um Conselho de Adivinhos/Feiticeiros/Bruxos, será muitíssimo mais útil. O CES não pode/deve pronunciar-se sobre planos (???) "assim"... Francamente!
3º - *O Conselho Económico e Social, previsto no
artigo 95.º da Constituição, é o órgão de consulta e concertação no domínio das políticas económica e social e participa na elaboração dos planos de desenvolvimento económico e social - na 4ª Revisão Constitucional efectuada pela Lei Constitucional nº 1/97, D.R. I-A, 20 Setembro, o preceito relevante passou a ser o artigo 92º.

segunda-feira, maio 29, 2006

A nossa Matriz de Contradições resolve-se num ....TRIZ, ...

Para sermos justos, teremos que reconhecer ao intrincado Governo Português devotado à Educação Terciária, Ciência e Tecnologia (e derivados) notáveis e permanentes esforços para ultrapassarmos o nosso atraso relativo aos demais países, ditos de referência no sector.
É só consultarmos a nossa comunicação social para, quase todos os dias, nos depararmos com destaques noticiosos sobre: protocolos, visitas, inaugurações, reuniões dispares, minuetos com membros da Ivy League e arredores, inúmeros Decretos e Despachos redundantes (excepto, na minha opinião, Decreto-Lei nº 88/2006 - Regulamenta os cursos de especialização tecnológica (CET) - espantosamente, o mais completo e coerente, com o Processo de Bolonha, mas totalmente - e como é hábito - omisso sobre as competências a requerer da docência para essas formações), avaliações em curso e projectadas, pela totalidade da existência mundial em entidades avaliadoras e certificadoras, projectos e investimentos de várias envergaduras, e em todas as direcções, etc, etc, etc.
Efectivamente, se a Educação Terciária, Ciência e Tecnologia dependessem, em Portugal, apenas da dedicação, do esforço e de dinheiro governamentais (nossos) estávamos conversados; mas como não, todo o sistema está bloqueado, muito confuso e enferrujado.
Tenho-me questionado, porque é que quem nos governa não aproveita o seguinte:
1 - a já muito idosa e sistemática metodologia heurística (amplamente, difundida entre 1950 e 1986, mas só "descoberta", em Portugal, por algumas das nossas universidades, já por volta de 2004/05 - mas isto,... isto bem, é já um outro tema...) que pressupõe a ORGANIZAÇÃO MINUCIOSA DA CRIATIVIDADE para a resolução de problemas - TRIZ - Teoria da solução inventiva de problemas - iniciada há largas dezenas de anos, na Rússia pré-Glasnost, para efeitos de clarificação da origem da criatividade potencial que originaria registos de patentes, largamente aplicada (na indústria, mas não só) a projectos de menor ou maior complexidade de Engenharia da Ciência e Tecnologia e, progressivamente, actualizada e largamente difundida para encontrar a "solução ideal" para outras questões que careçam de "engenharia e, principalmente, de re-engenharia".
Não há dúvida que a nossa Educação Terciária requer sistematização e organização especializadíssimas, muito método e meticulosidade, bem como um grau/nível de "inventividade" (lá para os níveis 4 ou 5) de quem quer que se encarregue (ou venha de facto a encarregar-se e também a assumir) deste dossier, mas temos que começar por algum lado e, pessoalmente, a persistência aleatória da aplicação da Teoria do Caos, seguida até agora, parece-me um tanto casuística, excessiva e demasiado radical.
2 - o facto da TRIZ recomendar a concepção prévia de uma matriz de contradições e a análise de restrições, caso viesse a ser aplicada auferiríamos pelo menos das vantagens de se formularem correctamente os problemas, se encontrarem as funcionalidades úteis, reduzirem efeitos indesejáveis e precaverem falhas das soluções preconizadas e encontradas apenas por uma selecção adequada, simples ou combinada, de entre 40 princípios inventivos. Na verdade, tudo se resumiria a trocar o habitual "Trade-Off" - ou soluções d(a)os conveniências-compromissos, com base no ... ou...ou..., pela plataforma sinergética dos recursos disponíveis com base em ...e....e.
Já agora, poder-se-iam tentar intervenções que evitassem o 2º Principio - Remoção, Eliminação ou Extracção (ex. eliminar um subsistema) conjuntamente com o 13º Principio - Inversão (ex. drifts e ou miscigenação de funcionalidades ou de competências entre os dois subsistemas de ensino).
3 - Se ninguém se habilitar a pôr em prática esta tentativa, acho que acabarei por ter que "arregaçar as mangas", afinal a TRIZ é um bocado trabalhosa (existe software, até gratuito, para efeito de testes de utilização), mas não é complicada - o seu ensino e uso sistémico, assim como o da tal de "CRIATIVIDADE/INOVAÇÃO" não são assuntos exclusivos de Doutorados, para pós dos ditos, para GAPI/OTIC, ou para quejandos, muito antes pelo contrário, devem assegurar-se a todos ....e, .....desde crianças!




















Click na figura se precisar aumentar a escala.

FONTE DA FIGURA: www.triz.org
Principais referências consultadas:
1. http://www.mazur.net/triz/
2. LOPEZ, J., ALMEIDA, R.L. de and ARAUJO-MOREIRA, F.M. TRIZ: creativity
as exact science?. Rev. Bras. Ens. Fis., Apr./June 2005, vol.27, no.2, p.205-209.
5. http://www.altshuller.ru/ (versão em inglês)
6. 2004. Kiatake, Marly.
"Modelo de suporte ao projeto criativo em arquitetura:
uma aplicação da triz - teoria da solução inventiva de problemas".
Dissertação da Escola Politécnica da Universidade de S. Paulo.


quinta-feira, maio 25, 2006

Conselhos bons, vendem-se bem, não se dão!

A maioria de nós (eu por preguiça) concorda com Erica Mann Jong quando diz que "Advice is what we ask for when we already know the answer but wish we didn't", é por isto que eu não dou nem vendo Conselhos, quanto muito, faço apenas a sua Transferência.
Assim, e na sequência dos últimos dois posts insisto, persisto e não desisto de referir conceitos de desenvolvimento integrado - provenientes de entidades internacionais, com vastíssima experiência em domínios de desenvolvimento, como é o caso do Banco Mundial do qual Portugal é apenas um dos 184 países membros. Penso que nós não estamos muito convencidos disso, e desconsiderando a sua vastíssima experiência estamos todos, a perder paciência, tempo e dinheiro que não temos, com o nosso original modelo político de desenvolvimento da Educação Terciária, Ciência e Tecnologia, que a imagem sugere.
Leiam, por favor, o texto seguinte (a azul), ou pelo menos, a última frase a castanho.
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Science, Technology, and Innovation - Key Issues
In devising science, technology and innovation policy, Bank staff and national policy makers will inevitably confront a number of common policy dilemmas. Specifically:

  1. Basic Research vs. Innovation and Technology Upgrading
  2. High Tech Sectors Vs. High Value Added
  3. Production and Sale of Knowledge Produced Locally vs. the Import, Absorption, and Diffusion of Knowledge Produced Elsewhere
  4. SMEs vs. Large Enterprises
  5. Innovation Vs. Everything Else
  6. Scientists vs. Entrepreneurs
  7. Numerical R&D Targets Vs. Structural Reforms
  8. Separation of Education Policy from Economic Growth and Competitiveness Issues

Basic Research vs. Innovation and Technology

Upgrading Basic research and innovation are not synonymous concepts, especially in countries where most enterprises operate far below the technological frontier. Generally, very few of domestic enterprises innovate and most of these firms innovate by importing capital equipment rather than by either conducting basic research themselves or purchasing research services from local or foreign research institutes. In other words, innovation and basic research are often separate, distinct, and discrete activities. Policy makers may be missing an important opportunity to increase employment, wages, and overall standards of living if they focus on basic research to the exclusion of the more "mundane" tasks of technology upgrading -- design and engineering, the ability to acquire technology developed outside the country, and the managerial, organizational and technical capacity simply to utilize more advanced technology - in those core industries which operate far below the technology frontier. It is also important to note that adopting, adapting, and applying the results of basic research requires advanced managerial and organizational capacities. When firms do not have these capacities, it will be futile for governments to finance large amounts of basic research in the hope that this will generate increased levels of innovation and enterprise productivity.

High Tech Sectors Vs. High Value Added

Contrary to popular opinion, high tech is not always synonymous with high value added, high wages and rapid growth. On the contrary, developing and transition economies may get more development "bang for the buck" by helping such "low tech" sectors as forestry and food processing increase value added than by trying to develop a few high tech niche products and industries. Policy makers, however, tend to view high tech as the surest route to competitiveness and prosperity. They mistakenly devote considerable resources to building up a small high tech sector while ignoring the competitive enhancing opportunities available from the much larger non-high tech part of the economy. For example, computers are generally regarded as high-tech activities. However, assembling computers is not a high wage, high tech activity, even though computers are classified as a high tech export in international trade statistics. Similarly, forestry sector exports are classified as a low tech export, although forestry activities can be either high tech or low tech depending on how much skill, knowledge, and research is applied. At a minimum, some balance needs to be restored to the high tech/non-high tech equation. An imbalance could be especially damaging to long run growth and economic stability if government support of high-tech sectors creates a dual economy: on the one hand a low wage, low productivity traditional sector responsible for the bulk of employment, GDP and exports and, on the other hand, a small high-tech sector that is more or less disconnected from the rest of the economy.

Production and Sale of Knowledge Produced Locally vs. the Import, Absorption, and Diffusion of Knowledge Produced Elsewhere

Policy makers should not focus solely on the commercialization of knowledge produced inside the country at the expense of helping firms import innovative technology produced elsewhere and adapting it for local use. Total annual R&D spending in most developing countries from all public, private and foreign sources is about equal to a few weeks of R&D spending by one large US or Japanese corporation. Therefore, most of the economically relevant knowledge that firms from developing countries will need to boost productivity and compete internationally will have already been produced elsewhere. Policy makers and business executives, therefore, need to devote more attention to enhancing their country’s ability to scour the world for knowledge, import it into the country, adapt it for local use, and integrate it into local production processes.

SMEs vs. Large Enterprises

Policy recommendations to improve the functioning of the R&D and innovation systems typically focus on the promotion of high tech SMEs. This is prompted by a desire to replicate the success of Silicon Valley. But it is also based on a misunderstanding of the Silicon Valley phenomenon. True, Silicon Valley is a hotbed of small, high tech startups. But these SMEs did not arise in a vacuum or in isolation from large dynamic enterprises. On the contrary, SMEs which operate without a dense network of linkages to dynamic larger (foreign or domestic) enterprises will most likely not become a source of well paying jobs, economic competitiveness and rapid growth. Instead, they are likely to become little more than low productivity, subsistence operations. Put differently, links to dynamic large enterprises may be a critical pre-requisite for the emergence of dynamic SMEs. If so, policy makers may be making a serious blunder if their SME policies do not pay sufficient attention to helping large enterprises become more dynamic and competitive and helping SMEs become qualified suppliers to dynamic international large enterprises. Developing these supplier relationships through well targeted training policies, supplier development programs, and entrepreneurship education, should become a more prominent feature of SME policy, innovation policy, and competitiveness strategy.

Innovation Vs. Everything Else

Innovation policy covers many issues that at first glance would appear to have little to do with innovation. For example, one influential analysis of factors that influence the "national environment for innovation" refers to such items as "sophisticated and demanding local customers," "home customer needs that anticipate those elsewhere," the "presence of capable local suppliers and related companies," "vigorous competition among locally based rivals," and the "presence of clusters instead of isolated industries" (Michael E. Porter and Scott Stern, "National Innovation Capacity" New York, Oxford University Press, 2002). These business environmental factors help to establish a strong demand for innovation. They give local enterprises the incentive to innovate, the knowledge about what innovation could be most profitable, the capacity to assess technology options. In this respect, they are a critical complement to local R&D capacity. Unfortunately, many developing and transition economies rank rather well on indices of scientists and engineers and perform rather poorly on indices of clusters and linkages. Their major weakness, in other words, is their relative inability to utilize knowledge and human capital effectively and efficiently. This suggests that policy makers will maximize the effectiveness of education, training, and R&D initiatives if they embed them in a broader policy of competitiveness, linkages, cluster formation, and entrepreneurship.

Scientists vs. Entrepreneurs

It is generally accepted that entrepreneurs cannot use their entrepreneurial skills to become good scientists. But the converse is also true. Most good scientists cannot use their scientific skills to become good entrepreneurs. Unfortunately, this truism is often overlooked when policy makers attempt to promote technology commercialization. Policy makers establish incubators and technoparks to nurture new businesses started and operated by scientist-entrepreneurs. These commercialization institutions frequently fail to live up to their founders’ expectations, in part because they tacitly assume that top notch scientists can handle the marketing, sales, financial, legal and overall managerial tasks performed by a top notch entrepreneurs. This is rarely the case. Therefore, if policy makers want to promote technology commercialization, they will need to establish linkages between top notch scientists on the one hand and top notch entrepreneurs on the other hand.

Numerical R&D Targets Vs. Structural Reforms

The Lisbon Strategy calls on EU members to increase average R&D expenditures to 3% of GDP by 2010. Achieving this numerical target would entail a major increase in most of the developing countries annual R&D expenditures. An increase of this magnitude over the next six to seven years is clearly unfeasible and, more importantly, without significant reforms in the structure of R&D spending, would be tantamount to throwing good money after bad. Countries with higher per capita GDP do indeed spend more on R&D (relative to GDP) and there is no doubt that increased R&D spending contributes to higher per capita GDP. But it would be wrong to assume that there is a straight-forward, mechanistic relationship between increased R&D spending and higher per capita GDP. Simply increasing R&D spending will not lead to higher per capita GDP. On the contrary, as per capita incomes increased in Korea, Ireland and Finland, both the volume and composition of R&D changed significantly. For example, the source of R&D financing shifted gradually from the public to the private sector. Perhaps even more importantly, the performance of R&D shifted from public research laboratories to private enterprises. In other words, increased R&D spending and increased per capita GDP went hand in hand with increased private sector R&D. And this in turn entailed a parallel increase in the sophistication of private sector enterprises so that they had the capacity and interest in financing and conducting R&D. All this is currently missing in most of the developing countries. Therefore, merely increasing the volume of R&D spending will do little to remedy their problems unless this increase is preceded by significant institutional reforms.

Separation of Education Policy from Economic Growth and Competitiveness Issues

As the example of the transitional economies demonstrates, the highly educated workforce is not synonymous to prosperity. Despite the abundance of human capital and legacy of science-intensive production, traditional economies’ principal attraction today for foreign investors and its principal comparative advantage is its supply of low wage labor performing relatively unskilled tasks while working in comparatively low productivity, low technology enterprises. Producing knowledge intensive, technologically sophisticated, higher value goods and services is not possible without a labor force with a particular mix of technical, managerial and vocational skills. Vocational, secondary and tertiary education must all contribute to turning out graduates with the necessary skills. Moreover, since the skills required by today’s labor market may not be the same as those that will be required in the future, a process of life long learning must be built into the education system. And at all levels and life-cycle stages, the education system must work with the private sector to understand and respond to its needs.

terça-feira, maio 23, 2006

...Gore does chicken dance.

Continuando, conforme disse que faria no post anterior, a divulgar a maneira como entidades com larguíssima experiência, nas questões de inovação, ciência e tecnologia e a sua inflência no desenvolvimento económico das Nações (desta vez, em abstrato) nos vêem- reproduzo abaixo o seguinte texto publicado na página do Banco Mundial.
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Science, Technology, and Innovation - OVERVIEW
An abundant supply of low wage, unskilled labor is no longer a route to rapid growth and national prosperity. In today’s world, characterized by intense global competition and rapid technological change, the key to prosperity is a well-educated, technically skilled workforce producing high value added, knowledge intensive goods and services and employed in private enterprises that have the managerial capacity to find, adapt, and adopt modern, up-to-date technology and sell sophisticated goods and services in global markets.
The phrase, "knowledge intensive activities" is not synonymous with high tech. Assembling computers for export generates high tech exports, but it is a low wage, unskilled, low value added activity that will probably not lead to national prosperity and rising standards of living. On the other hand, fish farming, aquaculture, and tropical flower cultivation all require knowledge intensive production processes, even though they are traditionally classified as low tech activities.
Specializing in the production of knowledge-intensive, high value added goods and services, irrespective of whether they are in high tech or low tech sectors, will require a concerted effort to augment the Education, Science, Technology and Innovation capacity in the client countries. This capacity involves four critical dimensions:
Education for the knowledge economy. Producing knowledge intensive, technologically sophisticated, higher value goods and services is not possible without a trained management cadre and labor force with the appropriate mix of technical and vocational skills. Among other things, this requires (i) scientists with the skills needed to conduct appropriate R&D, (ii) engineers and skilled craftsmen to evaluate technology and adapt it for use in the enterprise, and (iii) skilled technicians who will actually utilize the technology in the production process. Vocational, secondary and tertiary education must all contribute to turning out graduates with the necessary skills. Moreover, since the skills required by today’s labor market may not be the same as those that will be required in the future, a process of life long learning must be built into the education system. And at all levels and life-cycle stages, the education system must work with the private sector to understand and respond to its needs.
Research & Development (R&D): Producing new, economically relevant knowledge. R&D activities should not place undue emphasis on theoretical, basic research. Nor should they be conducted in an ivory tower, disconnected from the development needs of the economy. Instead, the R&D effort should focus helping the private sector utilize and apply scientific and technological knowledge so that even so-called "low tech" activities become more competitive and generate more domestic value added. The R&D effort, in other words, should have a strong emphasis on applied research and engineering.
Technology Acquisition and Diffusion: Using existing knowledge to improve the competitiveness. Most of the knowledge that developing countries need to boost productivity and value added, in both high tech and traditional sectors, has already been invented. The problem is that this existing knowledge is not always being employed in World Bank client countries. Therefore, a third, related aspect of capacity building involves enhancing the private sector’s ability to acquire existing technology, improve and develop it for particular needs of local enterprises, and incorporate it into local production processes. In other words, this aspect of capacity building would focus on helping the private sector absorb and utilize better technology that is already in use elsewhere in the world.
Science & Technology Policy Making Capacity. National policy makers need to have the capacity to understand the challenges and opportunities flowing from the global economy and to devise appropriate policies.
Meeting these challenges will require concerted action by education institutions, R&D institutes, the private sector and the national government. It will also require close links and cooperation between each of these actors.
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Por curiosidade, tendo um tempinho, leiam o seguinte artigo "Gore does chicken dance" - é que sinto-me, exactamente, como a ave da imagem.
A propósito do processo de Gore - Por favor, não o repitam sozinhos- é o mesmíssimo, que o utilizado, nas fazendas de criação de crocodilos/jacarés, para lhes preparar as refeições (à base de galináceos vivos quando não se podem/devem dopar).
Vão por mim, porque funciona mesmo!
OBS - A maior diferença, entre um jacaré e um crocodilo, é que neste podemos ver os dentes de fora, mesmo quando tem a boca fechada.

domingo, maio 21, 2006

O relógio, o hipnotizador e um (pelo menos o meu) Hipnotismo não autorizado

Ao tentarem encontrar-se similaridades entre as interpretações internacionais para o desenvolvimento de Portugal - Sectores de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação- e o que penso tratar-se da intenção política Nacional, que suponho genericamente transcrita no Documento de Orientação do MCTES, intitulado UM COMPROMISSO COM A CIÊNCIA PARA O FUTURO DE PORTUGAL - Vencer o atraso científico e tecnológico - já mencionado no post anterior, é difícil encontrarem-se coincidências, a não ser em alguns dos elementos estatísticos de referência, que suportam o compromisso.
Porque sei que a pesquisa de documentos é sempre muito maçadora, mas é também indispensável, para formarmos opinião fundamentada, sobre o que os nossos políticos fazem (e deixam por fazer), progressivamente, indicarei extractos e referências de alguns dos que consultei.
No post de hoje transcrevo e sublinho pontos, particularmente, importantes - as recomendações de um extracto (destacadas no original) - do Economic Survey of Portugal, 2006, da Publicação - Economic Survey of Portugal 2006: Economic Performance and Key Challenges da Organisation for Economic Co-operation and Development (OCDE).
Following nearly two decades of strong economic growth, Portugal's performance deteriorated after 2000, and prospects remain subdued....:
  • .....it is important that the authorities remain committed to achieving the projected fiscal consolidation without slippage and that the planned structural reforms on the spending side are launched quickly and implemented forcefully. It is important that action in this area is not delayed. More radical changes should be envisaged, such as adjusting replacement rates and/or the retirement age for changes in life expectancy and limiting the costs of transition by a relatively rapid phasing-in.
  • A tax reform that really simplifies the tax system is needed. In the meantime, refraining from revising the tax legislation from one year to the next, as has happened in recent years, would make the tax system easier to manage and would facilitate long-term decision-making by economic agents. Indeed, re-establishing macroeconomic stability will be the key to ensuring that the necessary structural reforms to improve education, the labour market and the business environment can be successfully pursued.
  • Efficiency gains are being sought by closing very small schools and making better use of teaching staff, but more needs to be done to rationalise the system and achieve better quality without spending more. More needs to be done to address these issues and ensure an effective use of recently devolved autonomy by schools and teachers. Efforts are needed to improve evaluation systems and channel the results to both the providers of educational services (teachers, school principals) and the users (children and parents).
  • Raising the perceived value of schooling for the students and their families is desirable. Revamped education and career guidance services could play an instrumental role by increasing awareness that more schooling can provide high long-term private returns. They could at the same time ensure a better school-to-work transition for those who decide to leave school and inform them of the possibilities to reengage in studies later on.
  • To facilitate the dissemination of knowledge and practices across manufacturing and service sectors and improve the innovation performance overall, specific innovation policies and, more important, framework conditions have to be improved.
  • At the HIGHER EDUCATION LEVELS, policies should focus on increasing success rates. This should be achieved by a diversification of education streams and opportunities and quality improvements gained through enhanced scientific capacity and stronger autonomy and accountability of institutions.
  • RAISING FEES FOR TERTIARY EDUCATION while developing the loan system (perhaps with repayment contingent on post-graduation income) would be more equitable and raise efficiency.
  • Government action should focus on extending the application of the certification system, becoming more involved in quality assurance and stimulating demand for training by improving information and guidance about opportunities.
  • The government should implement its plan to provide funding directly to the demand side, including firms and entrepreneurial associations, rather than the traditional financing of operators (supply), and should target its support to low-opportunity individuals This restructuring has the potential to raise efficiency and improve consumer welfare by reducing prices and should be carried through and accompanied by appropriate measures to facilitate consumer switching.
  • More measures are needed, including easing dismissal rules and simplifying procedures for dismissals which would it make more attractive for employers to offer regular contracts and raise the dynamic efficiency of the economy.
  • On the labour supply side, it would be desirable to review the unemployment and related benefit system – and its interaction with the tax system – to achieve the appropriate balance between providing income support for job seekers and preserving work incentives. This should involve both enhancing the effectiveness of active labour market policies and tightening up benefit programmes and also requires improving the performance of the Public Employment Service (PES).
Tendo em consideração as recomendações económicas (mas não só concerteza) da OCDE, para mim, o referido Compromisso não passa de um instrumento de hipnotização, como poderá ser o Relógio da imagem.
Num post seguinte abordarei a Science, Technology, and Innovation, tendo em consideração apreciações do Banco Mundial, que só acentuarão o gap entre o que precisaríamos de fazer, e aquilo que, os que dizem que mandam, querem porque querem que façamos.
  • Neste país, somente, um estado de hipnose colectiva permanente é que poderá explicar como viabilizamos muitas ideias incoerentes e inconsequentes, e que acabamos todos por pagar.
  • Falando nisto, se contarmos, regressivamente, os inteiros a partir do número 3, conseguiremos nós, para sossego de todos, que desapareçam o Hipnotismo colectivo, o Relógio (é de ouro, mas passo) e, muito, muito principalmente, o Hipnotizador?

sábado, maio 20, 2006

MIAUUU....UUU....UUUUUU!!!!!!

Depois de ter andado mais de uma semana a pensar que tinha visto coisas, afinal não estava com alucinações. Eu explico:
Na página do MCTES no meio de variadíssimos documentos eu tinha visto um documento - ESTE nº. 1 = "Ministério lançou hoje (2006-04-20) um ambicioso programa de orientação: o compromisso com a Ciência - Aumentar o número de investigadores, de doutoramentos e a produção científica são alguns dos objectivos propostos"
No final da semana passada o documento tinha desaparecido, mas existia um outro - ESTE nº 2= Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior UM COMPROMISSO COM A CIÊNCIA PARA O FUTURO DE PORTUGAL Vencer o atraso científico e tecnológico Documento de orientação Abril, 2006 - que também sumiu do seu link na página.
Mas, como os meus "passeios" à referida página, fazem parte de um ritual diário de peregrinações "via-sácriticas", hoje reapareceu ESTE nº. 3 = UM COMPROMISSO COM A CIÊNCIA PARA O FUTURO DE PORTUGAL Vencer o atraso científico e tecnológico Documento de orientação Abril, 2006.
Num ou em todos esses documentos, eu LI qualquer coisa como - "O Instituto Hidrográfico e o Instituto de Meteorologia podem passar ser a base do Laboratório de Previsão dos Riscos Naturais. A par deste laboratório também vai ser criado o Laboratório Internacional de Vulcanologia dos Açores. Já para o ano vai ser instalado o Laboratório Internacional de Nanotecnologia em Braga, que resulta de uma parceria entre Portugal e Espanha".
Na altura juro por todos os juros que, por grosso, o Compromisso custaria mais 250,000,000 de Euros (250 MEuros) - ou seja, cerca de mais 25 Euros per capita e ano, porque o "reforço excepcional" deverá ser estendido a 2008 e 2009. Na verdade, aquele valor per capita até nem é muito elevado, o problema maior é que, para a ambição do compromisso, está muuuuuuiiiito subestimado. Tanto que o nosso Governo prevê que o investimento privado, para cumprimento do tal compromisso, acompanhe a evolução do investimento publico.
Desculpem lá, mas como é que dizem que disseram?
Ainda não tive tempo comparar os conteúdos dos diferentes documentos, mas basta-me o ESTE nº. 3 = UM COMPROMISSO COM A CIÊNCIA PARA O FUTURO DE PORTUGAL, para ficar um pouco preocupada, porque na Comunicação Social, podíamos todos ter lido ontem o seguinte:
Por ocasião da apresentação do «Dia da Libertação dos Impostos» de 2006, Jorge Rocha de Matos, presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), defendeu a redução da carga fiscal sobre as pequenas e médias empresas (PME) portuguesas já em 2007. Citado pelo Jornal de Negócios Online, o dirigente associativo referiu que «é essencial que o Governo dê um sinal positivo às PME em matéria de competitividade fiscal para que possam redimensionar-se, inovar e apostar em mercados externos». A AIP celebra hoje o primeiro dia livre de impostos para os portugueses, este ano em parceria com a Universidade Nova de Lisboa. Segundo dados da AIP e da Universidade Nova, hoje é o primeiro dia em que os portugueses estão a trabalhar para si próprios, tendo completado 137 dias em que o seu rendimento serviu apenas para os pagamentos de IRS, IRC, IVA, contribuições sociais e outros impostos.
Ainda bem, que foi Jorge Rocha de Matos Presidente da Associação Industrial Portuguesa quem fez a afirmação.
Acho é estranhíssimo que ele tivesse que esperar de 24 de Novembro de 2005 a 18 de Maio de 2006, para perceber essa inevitabilidade.
Ninguém me vai convencer que estivemos todos a aguardar as contas da Universidade Nova, para chegarmos a esta máxima (sim, é mesmo uma máxima em citação e tambem em cotação, ou não?). É que Jorge Matos é também uma das 41 notáveis individualidades que integram o Conselho Consultivo do Plano Tecnológico que, perante o que já disse, ainda não percebi para que servem - ambos e dois - o Plano Tecnológico e o Conselho Consultivo, para o dito.
Se alguém entendeu bem aonde se vão buscar e como se gerem os recursos disponíveis para execução da profusão de projectos deste compromisso e do Plano Tecnológico, por favor, não me deixem na ignorância, é que estou a sentir-me a única burra deste país... Pois é....MIAUUU....UUU....UUUUUU!!!!!!

quarta-feira, maio 17, 2006

Deixo uma lembrancinha e uma recomendação...

Por algum motivo, que um dia alguém ainda me há-de explicar, sou tida como uma pessoa muito boazinha. Boazinha, eu? Só nos meus piores pesadelos. Mas lá que posso dar essa impressão, isso posso - mas de saída vou avisando, é só fachada. Vejam já de seguida a expressão máxima da imagem da minha benevolência - apesar da educação terciária ter chegado aonde chegou, resolvi oferecer a todos os responsáveis pela Educação Terciária, o ábaco anexo. Porquê? Eu explico:
Desde 12 de Maio, próximo passado, mas já antes desta data (mesmo ao tempo do Ministro Lynce, ou ainda mais atrás - vejam que éramos todos muito mais novos) que surgiu vindo, rigorosamente, do nada a "aterrorizante" notícia digna dos piores presságios do Monstro das Bolachas (o da Rua Sesamo) - cursos com menos de X alunos (recordo-mo que na altura eram 10 - mas com a inflação...) fecham-se, e atiramos as chaves fora....
Actualmente, e como já tive ocasião de referir, a gestão da educação terciária é muito transparente desde que se encontrem os adequados ângulos e linhas de mira, ou que perguntemos à sempre, excepcionalmente, bem informada comunicação social da nossa praça... - Lembro só, que é mesmo com pequenos vazamentos indevidos, que há navios que vão ao fundo!
Assim, e mais uma vez, foi disseminada, pela comunicação social e graças aos internautas mais eficientes e organizados, circulou também, como sempre, a alta velocidade, pela Blogosfera a fora, a seguinte notícia: "Universidades e Politécnicos com cursos em risco de fechar - O GOVERNO anunciou recentemente que os cursos com menos de 20 alunos deixariam de ser financiados pelos dinheiros públicos. Segundo uma lista a que o EXPRESSO teve acesso são 377 as licenciaturas nessas condições. No entanto, o ministro da tutela, Mariano Gago, garantiu ao EXPRESSO que o número de cursos que não serão financiados «será bastante inferior» graças a um regime de excepções. Excluídos do corte ficam os cursos ligados à arte, os que tenham relevância social, os que sejam únicos e ainda os que funcionam em regime nocturno". A notícia não se ficava por aqui e para a complementar, além de se recordar aos leitores que "Gago salva cursos com falta de alunos" juntava-se ainda a seguinte informação: Faça aqui o download da lista completa dos 377 cursos em risco de Norte a Sul do país.
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1º - Que a rede nacional da educação terciária é um balaio de gatos, lá vão os nossos co-cidadãos desconfiando.
2º - Que atendendo aos sucessivos governos, as coisas andaram de mal a pior, também todos sabemos. Digam lá se, com toda a franqueza, poderíamos esperar melhoras.
3º - Agora que o número mágico 20 fosse o considerado, é que me deixa literalmente sem fôlego. Porquê? Porque em 2005, autorizaram-se na totalidade nada menos, que no Ensino Superior Público, inscrições de 1314 alunos, pela primeira vez, no primeiro ano, das 1614 vagas abertas para 114 cursos propostos (e muito bem) para dimensões iniciais de menos de 20 alunos - ver síntese aqui.
Nem todos são de artes, únicos ou nocturnos e em alguns matricularam-se até bem mais do que as menos que 20 vagas propostas - mas isto são outras contas e não me quero baralhar mais do que tenho direito. Num ano (2005) autorizam-se cursos com menos de 20 alunos, e no ano seguinte (2006) acabam-se, menos os que sejam "salvos".
Além das tipologias de cursos referidas, quais são as demais indulgências plenárias da salvação? Valem "simpatias e quebrantos"?
Bom, ... uma situação destas é muito desnorteante para as instituições que os propuseram (penso que 10 Universidades e 10 Politécncicos) e docentes, mas...e... e os alunos?
Lá de vez em vez podia-se pensar também neles.... Não demais, é claro, para não ficarem mal acostumados.
4º - Porque é que questões como estas não são devida e previamente pensadas, decididas e resolvidas pelos responsáveis pela nossa educação terciária, com a cooperação (nem que seja na amarra) de todas instituições/entidades interessadas-envolvidas e depois, calmamente, anunciam-se publicamente e executam-se as decisões efectivamente já tomadas.
Já era tempo de não nos preocuparmos tanto, em aparecermos tantas vezes na comunicação social, e de nos atermos mais aos problemas que temos, e que são ocupação suficiente.
5º - Assim, a) ou a notícia referida não é exacta, e deveria ter sido clarificada e corrigida - e não me parece que o tenha sido, ou b) estamos numa situação muitíssimo mais complicada e difícil do que todos pensamos - os decisores não estão a fazer bem as contas nem os devidos balanços às decisões tomadas.
É prevenindo o caso de, eventualmente, estarmos perante a segunda hipótese, que deixo aos nossos responsáveis pela educação terciária, como lembrancinha o ábaco (anexo) - permite executar com rigor muitas operações aritméticas e é mais ou menos simples de se aprender, desde que não tenhamos pretensões superiores ás 4 operações de base - mas estas, se usadas com honestidade, já sustêem muitas injustiças e disparates.
6º - O que nos vale, é que não faltará mais de um ano, para a OCDE nos fazer, de certeza, regressar em passo de corrida à Terra, e com uma única recomendação - meus Senhore(a)s vejam se ganham juízo!
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OBS - O que será que se quiz dizer com o aditamento do Expresso, quando refere que ""Gago"(?) salva..."?
Por mim, esperaria que ele governasse a educação terciária, a ciência e a tecnologia e ainda o segmento de inovação que lhe parece também competir e não mais, mas sobretudo, NÃO MENOS do que isso.
"Salvador"?
Mas, "salvador" tivemos pelo menos um e, tanto quanto me lembro, acabou por não ser muito apreciado por nós, mas a minha cabeça não é agora... o que nunca foi...

segunda-feira, maio 15, 2006

Táctica browniana do aranhiço

Relendo com um bocadinho mais de atenção o documento Background Report (Avaliação do Sistema de Educação Terciária) - que é uma versão β - WORKING DOCUMENT: Version 1.1 -"Background Report prepared to support the international assessment of the Portuguese system of tertiary education" fui sucessivamente (não) percebendo aspectos que nos explicam porque é que não ultrapassou uma fase de inventariação.
Apesar de não ter sido aduzido nenhum diagnóstico, passou-se, directamente, em "voo sem escala, com triplo mortal encarpado, em parfuso, aos "'finalmentes' - chapão na água" - isto é, o que é que se propõe executar daqui para a frente.
Para tanto, acrescentou-se uma tabela extraída do plano tecnológico - "Main Government Goals for 2010, as expressed through the Government’s "Technological Plan".
Este documento deveria de facto reflectir como é que se podem/devem executar as devidas transições de nível - nomeadamente, identificar muito bem os recursos humanos e materiais necessários - para o alcance do objectivo de cada um dos indicadores:
1º - Antes de nos concentrarmos nos indicadores, é óbvio que o estrangulamento nacional da Educação Terciária não resulta APENAS de nos confrontarmos com decréscimos populacionais, na faixa etária correspondente, ou porque a Educação Secundária não tem um desempenho suficientemente eficiente.
O que acontece, muito simplesmente, é que a muitas pessoas (alunos e seus responsáveis de educação) não lhes pode ser demonstrado que o reforço educacional lhes assegura uma possível subsistência futura melhorada - e, é assim que cerca de 400,000 jovens abandonam a sua formação sem concluírem o secundário, partindo para um mercado de trabalho nacional pouco ambicioso, em qualificações.
Esta demonstração terá que ser obtida à custa de um sinal inequívoco do nível de formação efectivamente necessário ao tecido económico privado - e isto não foi ainda efectuado. O sector produtivo nacional, de momento, está enfrentando outros problemas prioritários.
No entanto, pensa a Senhora Ministra de Educação muito bem que a intensificação da motivação e sensibilização de professores e alunos e a sociedade em geral - sem perder de vista um rumo norteado pela sustentabilidade de todo o seu sistema, que tantos problemas lhe tem dado - lhe permitirá resolver este estrangulamento.
Tornar-se-á, assim, provável que muitos dos formandos que, agora abandonam o sistema, acabem por concluir, com êxito, a sua Educação Secundária. Eventualmente, uma boa parte destes interessar-se-á por encontrar formas adequadas de prosseguir a sua Educação a nível Terciário, obviamente, sem prejuízo de exercerem, simultaneamente, profissões ainda que pouco diferenciadas, desde que melhor remuneradas - há que envolver, nesta perspectiva, a participação das empresas privadas, de forma a dimensionar e a incentivar a formação secundária deste segmento de jovens - este é um passo essencial do processo.
2º - O indicador 5º - incentivo à formação de adultos - processualmente - orientado para uma população com idades superiores a 23 anos, Decreto-Lei n.º 64/2006 de 21 de Março está, liminarmente, condicionado por um limite de máximo de 20% das vagas anuais dos pares de estabelecimento-curso - o que, em números redondos, situa o benefício do acesso deste segmento a um limite máximo de cerca de 5,000 por ano, em todo o país.
3º - Os indicadores do Plano Tecnológico referentes ao input de recursos humanos dependem da estrutura intrínseca produtiva do país - ECONOMIA.
- Duplicar o investimento público em Investigação Científica, passando de 0,5% para 1,0% do PIB. >> Isto, em EUROS ( € ), significa mais ou menos o seguinte:
passar a comparticipação pública de 1,300,000,000 Euros (2003, e que é 0,61% do PIB e não de 0,5% do PIB), para 1,600,000,000 € (em 2009/2010?),
- A comparticipação do investimento privado passará de cerca de 327, 523,000 € (em 2003) para cerca de 1 152 000 000 € (em 2009/2010?).

Basta, para o efeito de avaliação destes indicadores, comparar-se as origens dos fundos de sustentação financeira dos Recursos Humanos de Portugal com as da Finlândia e da Irlanda (ver duas Tabelas demonstrativas em ficheiros *.ppt, autónomos dest post - AQUI ou clicando em qualquer das figuras seguintes).
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Repare-se, por exemplo, a super-dotação nacional de investigadores custeados ou co-custeados por fundos públicos - organizações privadas com fins não lucrativos, de que são exemplos algumas fundações, centros, associações e institutos (conectadas a entidades públicas - com formatos contabilísticos pouco transparentes), quando comparados com os fundos efectivos destinados à investigação dos outros países, oriundos de empresas e negócios privados.
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Como se depreende, a acentuação prevista aos indicadores de Input dos Recursos Humanos do Background Report e do Compromisso do MCTES tem sentidos diametralmente opostos aos dos que parecem ser possíveis pela estrutura produtiva nacional e da sua evolução de curto/medio prazo. Assim, o incentivo ao emprego científico não pode se assegurado, sem um aumento importante da despesa pública e privada e, provavelmente, muito mais a primeira do que a segunda. Se assim for, o desenvolvimento destes indicadores não passará da perspectiva da expansão da área de "plantação de mais despesas públicas e da colheita de mais impostos" - agravando a debilidade económica do país em, pelo menos, 1,2 a 1,5 biliões de €, desde que não se incluam, nestas contas, o Centro Ibérico de Investigação (previsto para 2007) e de mais outra meia dúzia de iniciativas similares, recorrentemente divulgadas, sem qualquer fundamento de viabilização económico-financeira ou de uma análise de custos-benefícios - é por questões como estas, que alguns empresários nacionais tem muita dificuldade de se solidarizar e cooperar empenhadamente com projectos desta natureza.
4º - Os indicadores previstos para o Output de Recursos Humanos são perfeitamente possíveis, mesmo só com os recursos existentes, desde que se reoriente a prioridade da produção científica pela valorização do conhecimento, passando para um segundo lugar a sua divulgação - por exemplo, é só ver o resultado de um indicador composto - número de publicações científicas/número de patentes (USPTO+EPO):
EU 15 - 2; EU LEADER - 5; ESPANHA - 13; PORTUGAL - 77 (=muita parra e pouca uva).
E ainda, não se devem JAMAIS financiar pedidos de registos de patentes sem que os mesmos detenham uma análise de viabilidade económica/fundamentação de benefício social.
Digo isto, porque o objectivo do financiamento público não pode ser incrementar o número de linhas de currículos pessoais e institucionais, mas sim e unicamente a valorização efectiva do conhecimento económico/social COMUNS. Portugal não tem recursos suficientes para custear fantasias individuais.


Quanto ao Background Report Nacional, pelo facto de excluir a expressão do Diagnóstico e Estratégia, resulta numa faceta incómoda de selecção de opções, que pode dificultar a sua eficácia e que se descreve da forma seguinte:
Alternativa 1 - o documento, eventualmente, teve uma consulta aleatória e isolada aos interessados (INSTRUÇÃO DADA PELO MCTES: o que acha(m) deste relatório? Se quizerem dar uns palpites dêm, caso contrário, isto fica por isto mesmo).
Alternativa 2 - INDUZIR EFECTIVAMENTE TODOS OS INTERESSADOS A DEBRUÇAREM-SE CONJUNTA, RESPONSÁVEL E COLECTIVAMENTE SOBRE UMA ÚNICA ESTRATÉGIA CONSENSUAL COLECTIVA ( INSTRUÇÃO QUE DEVERIA TER SIDO DADA - Façam um documento que aproveite competências e sinergias existentes! Têm X tempo para o concluir! E o cronograma do trabalho é este aqui! Responsabilizem-se solidariamente, como se espera, pela parte do trabalho que vos diz respeito!).
Entre as duas alternativas, pessoalmente, penso que a segunda seria mais eficaz. Tendo-se optado pela primeira, é mesmo provável que a a OCDE comece a receber, directamente, uma chuva de opiniões discordantes com o Relatório e entre si e, muito possivelmente, a maioria, com bastantes razões.






quinta-feira, maio 11, 2006

****NEW***** NEWS!!!!!!! ...HERE IS!.... HERE IS!




















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Na página do MCTES, finalmente, está disponível um documento referido como O Background Report!

Gostei MUITÍSSIMO do Inventário (estatístico) da nossa Educação Superior/Ciência e Tecnologia, lançado hoje sob a marca "Background Report".
Digo isto, com a maior convicção! Um documento destes fazía-nos bastante falta.
Claro que as informações estatísticas do documento são todas públicas, mas coligi-las e organizá-las consome muito tempo e paciência. Ainda bem que tivemos esta oportunidade e a excelente desculpa da OCDE, para estruturar e publicar essa informação.

Sobre o documento em si, a mim, em matéria de "estatística", faltaram-me ainda alguns elementos a saber, pelo menos, nestes tópicos:

1º Por área de formação gostaria muitíssimo de conhecer a preços correntes o investimento público total [OE+PDDAC+INVESTIGAÇÂO+FORMAÇÂO AVANÇADA], por sub- sistema público Universitário e Politécnico - o custo médio por ano e também o acumulado (preços correntes) de cada aluno formado por área, e num e no outro subsistema (desde, digamos de 1995) - de preferência, por cada estabelecimento de ensino.
2º Qual o valor do somatório acumulado do financiamento público TOTAL em I&D nas Universidades e nos Politécnicos (com Projectos INCLUÍDOS - desde que financiados por dinheiros públicos - apreciados FAVORAVELMENTE - OU NÃO - POR EQUIPAS INTERNACIONAIS ) - de preferência por cada centro. Melhor seria, se tivesse sido publicada a série temporal dos financiamentos de cada um dos centros - associada à sua produção?
3º Qual o valor do somatório acumulado (a preços correntes), do financiamento internacional, por ano e também o valor acumulado resultante de candidaturas a Projectos INTERNACIONAIS, em cada um dos referidos centros, por subsistema?
4º Qual a participação da representação/contribuição dos docentes do subsistema Politécnico em cada um dos Centros de Investigação?
5º Qual o valor (dinheiros públicos) anual e acumulado atribuído através de encomendas/estudos/projectos/Relatórios por estabelecimento de ensino/entidade ao longo dos anos?
6º Qual o valor (dinheiros públicos) anual e acumulado atribuído, para instalações e equipamentos, ao longo dos anos, e por estabelecimento?
7º Qual o valor - séries temporais e acumuladas - dos projectos candidatados por docentes do subsistema politécnico?
8º Quanto vale em custos médios (valores correntes) dos ETI, a prestação/colaboração dos docentes dos politécnicos em cada centro, por ano?
9º Quanto vale em custos médios (valores correntes) do financiamento público atribuído a cada centro em resultado da colaboração de docentes Doutorados dos politécnicos?
10º- Qual é a lista dos projectos que propuseram como resultado pedido de registos de patentes? Quantos destes foram recusados, e porquê?
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Afinal, diz-se na página do MCTES, que não houve praticamente quem não desse palpites.
Pode até ser que seja a verdade e só a verdade. Eu acredito!
Só que, se assim foi, porque é que não conseguimos bem um Background Report?
Que se dane!... Este inventário é muito importante.
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O DOCUMENTO PRODUZIDO NÃO É BEM, BEM UM "BACKGROUND REPORT", MAS É MESMO O QUE PRECISÁVAMOS DE FAZER, HÁ ANOS E ANOS - CADA 5 ANOS?
Ainda bem que o Secretário de Estado do MCTES pôde participar no documento - tem felizmente bastante prática destes assuntos (ver http://www.mapinov.net/index.asp).
POR FAVOR, não desistam.
SÓ QUE GOSTAVA TAMBÉM MUITO QUE SE PRODUZISSE UM ADITAMENTO AO DOCUMENTO COM AQUELAS RESPOSTAZINHAS...
Porquê?... Cá, por coisas!
Sei que sabem /(podem saber muito facilmente) todas as respostas.
Até eu sei uma boa porção delas, e sou (quer dizer, estou) muitíssimo mais limitada.
E aqui, só para nós, porque não as havemos também todos de saber?

quarta-feira, maio 10, 2006

"PRECIOUS" - uma parábola

Em 8 e 9 do corrente, respectivamente, por intermédio da página de João Vasconcelos Costa (8/5/2006 Contratos de Doutores) e do Blog de MJMATOS, ("Ensino superior prepara-se para novos desafios", 2006-05-09 06:30) soube de duas intenções/reflexões do MCTES.
Por puro vício, decidi ler os conteúdos dos artigos, a que cada um deles se referia.
Não me digam nada mas, no fim da leitura de cada um dos artigos-documentos originais, desatei-me a rir.
Sendo, ambos os conteúdos, assuntos seríssimos, perguntar-me-ão a troco do quê teria eu caído na risada - coisas de velhos - memórias...
Ri-me, porque em ambos os casos, após a leitura, me relembrei de uma série de Desenhos Animados (hoje cartoon) dos anos sessenta - PRECIOUS.
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O PRECIOUS era um cachorrinho (um anti-cristo) com o carácter psicológico de uma criatura absolutamente malévola - que, quem o conhecesse não adoptava - mas, a quem a sua dona, uma velhinha (também, cinicamente uma crédula) simplesmente idolatrava e, como tal, desculpava-o de todas as atrocidades e desconcertos, enquanto aturava, e ia pagando indemnizações avultadíssimas aos queixosos e afectados pelas tropelias maquiavélicas do seu mimadérrimo cãozinho - "My little PRECIOUS...."
Metódica e sistematicamente, PRECIOUS - na presença da dona - ia mantendo sempre uma simpatia contangiante, um semblante angelical de candura inexcedível (quem não o conhecesse, faria qualquer contraordenação para o arrancar da "carrocinha") - afivelava, perante a sua dona uma fisionomia séria, responsável e tão, mas tão, devotativa, daquelas de desfazer o coração... enquanto isto, nas costas da velhota e à "surralfa" roía o que o rodeava, trincava tudo quanto eram canelas do padeiro, do homem do correio e do leiteiro a domicílio, aterrorizava a vizinhança em peso, afligia, perseguia, triturava e enterrava o que quer que se parecesse com pássaros, gatos, ratos e, especialmente, galinhas perdêses (galinha pedrês, não a comas, não a vendas, não a dês. Galinha pedrês, vale por três) - deixando de fora três das penas delas, para demarcar território e as novas fronteiras de áreas de expansão, para os seus posteriores "prodígios".
A única coisa de que PRECIOUS, genuinamente, gostava era de "snufles" - seja lá o que isto fosse. PRECIOUS fazia, literalmente, de um TUDO, por "snufles"…
PRECIOUS também se caracterizava por uma risada aleatória e irritante, por cada safadez e cafagestagem acrescentada ao seu vastíssimo portfólio - era só preciso a sua dona voltar as costas.
A dona mantinha-se sempre, disfarçada, obstinada e propositadamente, de costas!
Entretanto, os numerosos viventes afectados choravam, reclamavam, queixavam-se, protestavam, faziam passeatas na frente da casa da dona, e moviam-lhe acções aparatosas de perdas e danos, porque de facto os estragos de PRECIOUS iam-se progressivamente agravando, ao ponto do insuportável e irreparável.
A dona mantinha-se impassível - o seu cachorro era um docinho dos legítimos!
Surda a tudo e a todos - insistia nas "evidências" da coragem, do espírito de abnegação, das excelentes ideias e das melhores intenções do seu "bichinho de estimação".
Este, entretanto, ao que me lembre, ganhou sempre todas as paradas, deixando atrás de si, um rasto monumental de estragos e prejuízos, dos quais saia invariavelmente ilibado; e, os outros todos eram perdedores, incluindo a dona desembolsadora das sempre, mas sempre, exorbitantes reparações monetárias.

Com grande pena minha, não encontrei nenhuma referência, àquele desenho animado de que me lembrei.
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(I)moralidades de PRECIOUS - uma parábola:

1 - Psicologicamente, cada um de nós - conjunta ou isoladamente - temos momentos em que somos a velhota, dona do cachorrinho, mas outros em que nos transfiguramos de PRECIOUS. Depois, há ainda pessoas que são PRECIOUS em "Full-Time Job" - destas, só quero e aconselho uma única coisa - DISTÂNCIA!

2 - Concretamente, voltando aos dois primeiros parágrafos do início deste post, a maioria dos cidadãos deste país são quase sempre "a velhotinha".

3 - O PRECIOUS dos dois primeiros parágrafos do post, quem acham que é, atendendo aos artigos originais?
Desculpem-me sim?...eu já volto... no meio tempo, beberriquem um golinho de cerveja geladinha que aqui vos deixo e, se não conseguirem adivinhar, até eu voltar, dou-vos um prémio e identifico!

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Já agora, PRECIOUS, é também o nome de um caniche branquinho de 'Buffalo Bill', do Silêncio dos Inocentes. Deste aqui, já todos se lembram?
Não pretendi comparar ninguém com nada, mas estou agora a lembrar-me do próprio Hannibal. E, de Março a Abril...
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PS - Graças à(o?) Dani, aqui está o PRECIOUS PUPP e a sua dona Granny Sweet.
Obrigada!

terça-feira, maio 09, 2006

Pãozinho fresco (quase) todos os dias.

Num seu post reflectivo, muito bem pensado - Contratos de doutores de ontem, na página de JVC, vi um trecho que me deixou com sentimentos ambivalentes, texto que vou reproduzir:
"O programa implica que só podem concorrer unidades de investigação (centros, laboratórios associados, laboratórios do Estado, empresas) com "capacidade científica instalada e produção científica especialmente relevante nos últimos três anos, especialmente as avaliadas internacionalmente com apreciação muito positiva"."
Penso que a Fundação para Ciência e tecnologia, ou por outras palavras o MCTES, está apenas a tentar cumprir um auto compromisso seu, e espelha a declaração de intenções transcrita para o Plano Tecnológico.
Só que não se percebe bem para quê nem o por quê, porque:
- se for para incentivar a inovação, estaremos a chover no molhado - Portugal já assume um investimento público, acima da média de 33 países que incluem os Estados Unidos e o Japão, e .... a Finândia.
- se os Doutorados forem para empresas privadas, então percebe-se ainda menos. vejam por favor o documento: OECD in Figures - 2005 edition - ISBN 9264013059;




terça-feira, maio 02, 2006

Amestrando numa "rodinha", um carreiro de formigas...

Ultimamente, tenho reparado um interesse vívido e crescente por todas as pessoas, para sustentar os seus raciocínios, opiniões e decisões, em informações quantitativas. Quanto a mim, esta constatação é um sintoma altamente positivo nacional, demonstrando uma predisposição inequívoca para a mudança e aperfeiçoamento de atitudes.
Como temos vivido no país do ..."acho que"..., é formidável constatarmos a nossa própria metamorfose cultural - ao generalizar-se a decorrente justificação objectiva...."porque"
Estou a procurar seguir de muito perto esta salutar tendência, como poderão verificar neste e nos próximos posts e, depois se entenderem, até contrapor.
Vem isto a propósito do facto de vermos/ouvirmos falar de opções políticas estratégicas para obviar indicadores numéricos, mas de nem sempre lhes aferirem os correspondentes significados - mesmo em documentos oficiais - que integram roteiros de referência para a execução de medidas orientativas, caso do Plano Tecnológico.

Assim, o Plano Tecnológico não se detém em considerações explicativas sobre o que se pode esperar dos esforços do país, direccionados para o fomento e valorização da inovação e do empreendedorismo, que se supõe serão seguidos, mas como veremos nem tanto.
Mas, como o termo inovação é recorrente em todo o documento, e se induzem, nessa tónica, fortes expectativas - porque é mencionada como um esteio infalível do desenvolvimento tecnológico, descrito como estratégico - decidi concretizar, para meu gasto e gosto, o significado dos "instrumentos de medida" da inovação.
Reparto aqui, com os eventuais interessados, algumas das minhas reflexões, sobre indicadores do Plano Tecnológico, e o que me ocorre sobre as nossas políticas:

A inovação é um fenómeno complexo - nem sempre exclusivamente atribuído só a humanos - que para a sua avaliação exige uma apreciação multidimensional - de forma a permitir formular tendências para as respostas do poder político, devidamente orientadas para a questão que se queira ver clarificada.

Pela TrendChart European Innovation Scoreboard possibilita-se a interpretação política comparada da capacidade inovativa das Nações, através de um índice composto (CI). Todavia, um índice composto não fornece nehuma informação concreta sobre o sistema de inovação de um país. Trata-se apenas de uma ordenação relativa, de reduzido significado * .


De acordo com o Manual de Oslo, a expressão da inovação é sempre afectada por factores de enquadramento - condições do meio específico (entidades públicas/privadas) em que se possa desenvolver, ficando ainda condicionada a sua maior ou menor força aparente, ao ambiente em que o meio de produção se insere (as políticas e as estratégias governamentais - porque a sua ausência ou inadequação, quando existem, são exemplos de factores condicionantes, a considerarmos).

Tal como o Manual de Oslo, também a TrendChart European Innovation Scoreboard pretende estruturar a análise da inovação através de 3 sistemas de "marcadores" – "scoreboards":

1. European Innovation Scoreboard (EIS) - índice composto (SII) - baseado em 26 indicadores que demonstra seriação relativa, e não uma posição absoluta numa ordenação: "Having an SII twice that of another country does not mean that the absolute innovation performance is also twice as good". Estes indicadores funcionam assim (clique na imagem):


2. Sectoral Innovation Scoreboard (SIS) - índice por clusters de actividade - identifica diferenças estruturais, porque um país que se dedique à indústria farmacêutica pode apresentar um maior índice - valor acrescentado - que um que se dedique à indústria alimentar. Pelo SIS as empresas tecnológicas são classificadas por níveis - exemplos: Elevada Tecnologia: farmacêutica, computadores, telecomunicações, instrumentação e aeroespacial; Média-Elevada Tecnologia: química, mecânica e equipamento de transporte; Média-Baixa Tecnologia: borracha, plásticos; petroleo, siderurgia e metalúgicas); Reduzida-Tecnologia: alimentar, texteis, madeiras, celulose e papel e mobiliário.

3. National Innovation Systems (NIS) - que se baseia em indicadores da forma como se podem/devem intensificar os fluxos de informação/tecnologias disponíveis - entre as pessoas, empresas e instituições - considerando-se que o aperfeiçoamento deste fluxo como a chave da inovação. Há duas vertentes possíveis de apreciação dos indicadores NIS - a) A ESTRUTURA SÓCIO-ECONÓMICA e b) SÓCIO CULTURAL.

Embora não faça, exactamente, parte do Plano Tecnológico vou aqui reproduzir a síntese do pensamento estratégico Organisational Trend Chart of Innovation (2005) e os indicadores SII de dois países - Portugal e, claro, a Finlândia.
Depois, comentaremos as diferenças, e a consistência gasosa de algumas medidas políticas, para nos reordenarmos, em matéria de inovação, numa série de países.
Pode ser?
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Já agora, e se experimentássemos formar uma rodinha (como as formigas da imagem) em torno de objectivos definidos (no caso açúcar), em vez de andarmos uns atrás dos outros a atropelarmo-nos mutuamente? Isto fica também para depois, não é verdade?
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* "Did I get better, or did the world?"