terça-feira, maio 01, 2007

Freezing times

Não sei o que os meus caros, raros e bravos leitores pensam sobre a "teoria" das causas antropogénicas do aquecimento global. Pessoalmente, ando a formar a minha opinião desde 1990 e, à conta de muito tempo gasto, concluí que as hipotéticas origens antropogénicas das evidências do aquecimento global são patranhas da cada vez mais popularizada pseudociência - só dão é muito jeitinho para quem vive, exclusivamente, de financiamentos públicos para a "investigação/inovação" do tema, e não só,... por isso...
Questões como esta, recordam-me todos os dias que ainda hei-de escrever e discorrer sobre a abismal diferenciação dos conceitos filosóficos das fraudes sociais, enganos e erros na ciência. Mas, isto ficará para outra oportunidade e espaço próprio.
Voltando ao aquecimento global na sua expressão mais geral, mesmo uma observação muito superficial do que acontece em Portugal, a respeito da implementação do requintadíssimo (?) requentadíssimo(?) Processo de Bolonha, entre nós e ao nível das decisões da tutela, comprova claramente que estamos numa "época glaciar" - fase de "freezing times"!
Discretas notícias de ontem e de hoje dão-nos conta que uma larga maioria dos cursos politécnicos públicos e das universidades privadas (dois chinelos de faquir calçados pelo MCTES) estão literalmente no "congelador das suas decisões" enquanto os responsáveis se entretêm com actividades que deveriam ser objecto, exclusivo, dos deveres das instituições de ensino superior público - as relações internacionais... A este respeito, não sei se notaram, mas subrepticiamente esta função passou, por intermédio de uma "Lei Orgânica" quase clandestina, a fazer parte das atribuições do MCTES (artigo 2º Decreto-Lei n.º 214/2006, de 27 de Outubro). Posto isto, quase sob a calada e perante a contemplação geral, legalizou-se a desculpa estapafúrdia para não se trabalhar eficaz e rapidamente na organização do sistema de ensino superior público e privado em Portugal, como seria necessário e, simultaneamente, deu-se alforria às intromissões abelhudas a que todos temos assistido, e que pagaremos bem caro, para nada!
Solidarizo-me com Miguel Copeto (APESP), quando declara que "a aprovação (das adequações dos cursos ou proposta de criação de ciclos de Bolonha) tem sido mais rápida". "Mesmo assim, as universidades privadas queixam-se da lentidão de todo o processo. Estas instituições defendem que têm perdido no recrutamento de novos alunos, que sem certeza da adaptação dos cursos a Bolonha, optam por não se inscrever". Juntamos ao que acabo de descrever a vermelho todas as instituições politécnicas públicas e temos a maior parte do sistema de ensino superior Português "adequadamente entrevado", para benefício de quem? Não me obriguem a dizer-lhes, mas se for preciso, estou às vossas ordens!
Já um post deste blog, intitulado "Visão Noturna" (3 de Fevereiro de 2007) questionava como deveria uma qualquer escola do ensino politécnico público estabelecer uma estratégia de longo ou de curto prazo, porque toda a apreciação das suas propostas de formação, se encontra praticamente num limbo, e pelo jeito é para se continuar a aguardar - "catch 22". Poucos dias depois, a Direcção Geral de Ensino Superior iniciou o desbloqueamento "relâmpago" das suas apreciações processuais, para este subsistema, no que se refere às formações educativas, ao nível das Licenciaturas "tipo-Bolonha" (3 anos) mas logo regressou, à hibernação conveniente, isto é, aos seus muitos outros e diversificados afazeres, enquanto os alunos, docentes e gestores das escolas foram, estratégicamente, remetidos e devolvidos para um infindável banho-Maria, no caso de gelo picado.
O resultado descrito a vermelho, e respectivas consequências, será apenas um erro? Será um engano? Ou será.... como é mesmo que eu disse que se chamava aquela outra coisa? ...Isto de se ser velho é uma tragédia .... Mas, ser-se voluntariamente enganado, fingindo sempre que não percebemos é o nosso nacional "desastrismo", esta palavra se calhar não existe no nosso léxico, mas oportunismo, existe SIM! Tenham paciência, façam-me o favor: substituam-nas.
Vejam-se, por exemplo, as razões porque o Senhor Presidente da APESP esperneia, enquanto o Senhor Presidente do CCISP impávido, ao que publicamente sabemos, parece achar a geleira dos politécnicos públicos muito normal... mesmo em tempos de "aquecimento global antropogénico"? Estranho, não? Para mim, não é nada estranho! É, simplesmente, o que esperava! - enquanto for tudo farinha do mesmo saco...que mais dá, este(a) ou aquele(a) outro(a) curso e/ou instituição?
Tal como para atenuar os efeitos FINANCEIROS resultantes de aquecimento global antropogénico se pensou (desde 1970, em alguns países) em energias alternativas e nas metodologias de Lifetime Assessment, vão por mim, estamos a precisar muito e de urgência implementar, entre nós, Políticas Alternativas para o Ensino Superior, Ciência e Tecnologia Nacionais!
___________
1 - FRAUDE (a melhor definição que encontrei) - "operating by a standard which prevents truth from being produced". "There are many gimmicks and a highly developed art in misrepresenting a subject through fraud.".
2 - The Definition of Reality.
One of the most basic realities is the definition of reality. All of the rest of philosophy depends upon it. Therefore, philosophy hasn't gotten to the starting point until reality is defined properly. Of course, it never is. The definition of reality has some highly demanding conditions to meet. It must include 1. that which can be perceived, 2. that which can be communicated and 3. that which makes up thoughts.
3- The truth of abstract realities is determined by logical relationships to all surrounding realities. For this reason the test of truth in science is logic, not perception.

4 Comentários:

Blogger Virgílio A. P. Machado disse...

Regina,

Quanto ao chamado «aquecimento global», já há quem tenha a coragem de ser politica(não)mente incorrecto e escrever: «What most commentators – and many scientists (simpático da parte do autor) – seem to miss is that the only thing we can say with certainty about climate is that it changes. Richard S. Lindzen, Alfred P. Sloan Professor of Metereology at the MIT (E esta, hein?). His research has always been funded exclusively by the U.S. government. He receives no funding from any energy companies». Isto para já não falar no famoso documentário The Great Global Warming Swindle.

Já Abraham Lincoln dizia: «You may fool all the people some of the time, you can even fool some of the people all of the time, but you cannot fool all of the people all the time». Ora ainda a propósito desta citação e para seu maior desespero: já leu este artigo «Numerus clausus» desviam mais de 11 mil alunos das escolas com maior procura?

Saudações,

terça mai. 01, 08:32:00 da tarde 2007  
Blogger Regina Nabais disse...

Olá Virgílio, obrigada pela passagem por aqui, e pelas referências.
Foi por ter hoje andado em digressão pelo seu blog
"PorEducar", que lá vi mencionada a sua referência ao artigo sobre "Numerus clausus", vou ler.
Este tema a mim não me desespera nada, porque não penso ser válida a ideia de "numerus clausus" institucionais; o mesmo não digo para numerus clausus regionais/distrito e por formações, para que nem todos os Portugueses que assim queiram, possam decidir-se por estudar, exclusivamente, Nanotecnologia no Terreiro do Paço.
Abraço grande. OBRIGADÍSSIMA.

terça mai. 01, 08:58:00 da tarde 2007  
Blogger J. Cadima Ribeiro disse...

Caros colegas,
Já agora,atrevo-me a alerto-vos para a circunstância da referência do estudo que invocam sobre "numerus clausus" e a ligação para o texto integral estar disponível no meu blogue, desde Domingo, Abril 22, 2007
(“Regulation and marketisation in the Portuguese higher education system”), embora sem comentários.
Um abraço,

J. Cadima Ribeiro

quarta mai. 02, 09:15:00 da manhã 2007  
Blogger Regina Nabais disse...

Obrigadíssima pelo aviso e reparo Cadima.
Foi falha minha ter-me passado depercebida a sua divulgação no seu blog, mas penso que o trabalho em questão até merece bastante atenção, e vou-lhe atribuir toda que eu poder dar.
Um primeiro comentário, é que, independentemente de opiniões-conclusões que precisam de alguma calma para análise e confronto, trata-se de um trabalho útil, o que é muito mais do que é costume poder dizer-se.

Abraço grande,

Regina Nabais

quarta mai. 02, 02:22:00 da tarde 2007  

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