terça-feira, março 28, 2006

Um molde coquilha da metodologia 6 σ

Está bem, têm razão, eu concordo, há raciocínios tão tortuosos, que mais parecem uma estrada da Birmânia (Myanmar, como hoje se diz) - o meu, do post de hoje, é um exemplo disso.

Tudo começou, porque ando - e, vai-se lá saber porquê… - já há uns tempos, às voltas de conceitos tais como desenvolvimento, economia, "inbreeding", abusos de poder, tráfico de influências, "inside trading", nepotismo, corrupção governativa, corrupção administrativa, corrupção activa, corrupção passiva, e corrupção pura e dura. Resolvi ir consultar as opiniões de dois articulistas brasileiros que são exímios no desenvolvimento destas questões - Joelmir Beting e Stephen Kanitz (este, é um accounting por Harvard). Sugiro-lhes que quando tiverem oportunidade leiam os artigos deles (deixo-lhes os links, para as respectivas páginas).

Um artigo de SK, "O perigo do 7 sigma" inspirou este post.
É que, após a sua leitura, cheguei à seguinte, modesta e brilhante conclusão - a gestão e a política de educação nacional é um molde perfeito da 6 σ.
Como sabem, a 6 σ é uma metodologia de aperfeiçoamento contínuo desenvolvida pela Motorola e que representa - na sua generalização - uma abordagem sistemática a um processo, qualquer que este seja, para redução de defeitos de produção dos seus produtos. A fundamentação desta metodologia (na estatística descritiva) é muito controversa, mas o que também é certo, é que na prática a teoria é outra coisa - assim, o método quando bem utilizado, assenta em conceitos simples de estatística – no desvio padrão, sigma (σ) - e resulta muitíssimo bem - ou seja, pode fazer-se tender o número de defeitos/erros/inadequações/acidentes de fabrico, para qualquer coisa como 3,4 por cada milhão de oportunidades - isto é, quase zero… ou "um zero um pouco maiorzinho", como alguém um dia me disse.

A figura seguinte sintetiza, de forma simplória, uma distribuição normal de defeitos/acidentes resultantes de um sistema de produção.

FONTE: Adaptado de Management and accounting WEB

Porque é que eu digo que a nossa política educativa terciária é um molde coquilha da 6 Sigma?
É, justamente porque, do meu ponto de vista, dessa política é que nunca sai nada que jeito tenha.
Vejam só, e como meros exemplos, dos mais recentes:

1) O já famoso artigo 47 do não menos famoso Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de Março do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que transcrevo em itálico: Professores recrutados através de concursos de provas públicas no âmbito do ensino politécnico - Para efeitos do presente decreto-lei consideram-se, entre outros (???), como «especialistas de reconhecida experiência e competência profissional», os professores-adjuntos e os professores-coordenadores da carreira do ensino superior politécnico recrutados através de concurso de provas públicas nos termos do Estatuto da Carreira do Pessoal Docente do Ensino Superior Politécnico, aprovado pelo Decreto-Lei nº 185/81, de 1 de Julho, alterado pelo Decreto-Lei nº 69/88, de 3 de Março.
- Há por aí alguém com "pós-doc" em cifras herméticas ou linguagem incriptada, que possa explicar aos restantes mortais o que, concrectamente, se pretende dizer com um texto destes?

2) Alguém teve oportunidade de passar os olhos pelas "novas" Normas Técnicas e respectivos formulários que dizem respeito ao famigerado Processo de Bolonha – voltam a redizer o re-dito, e pasmem, em nenhum formulário novo se pede a descrição geral ou específica das competências adquiridas e/ou dos resultados de aprendizagem dos formandos.
Ora pois!Muito bem!
Produziu-se apenas mais um bloco de instruções, que irá obrigar a consumir mais uma resma de papelada, por cada curso, e que não trás absolutamente nada de novo, ao que já todos sabiam.

Aqui só para nós, acham que nenhuma daquelas novas 333 medidas desburocratizadoras, já publicadas, pode conter este manancial de re-criatividade e incontível "veia organizativa"?

OK! Vou acreditar na 6σ, às avessas - um molde coquilha, e aguardar pacientemente que seja publicado um próximo lote de 295,000 diplomas legais, para poder testemunhar a produção de uma instrução isenta de problemas.

sexta-feira, março 24, 2006

Trabalhos de Formigas não são "bocas" de Cigarras

Há uns anitos largos que muitos arengam sobre Bolonha, mas há outros que executam o Processo, devagar e caladinhos - clique na "imagem" a que chamo - Fractal de Desobediência onde se refere já o resultado de 5 anos de trabalho e de esforço de um grupo de 5 instituições de educação superior europeia, - e são politécnicos!
Criaram e mantêm em funcionamento um curso europeu, a nível subgraduado.
Pelo que aqui se diz, têm agora mais um parceiro, país e instituição - Espanha e Escola Politécnica de Burgos - contas redondas, e este curso está a funcionar já, e bem, com um total de 20 alunos por ano, do espaço europeu.
Sem conversa e badalação, executaram simplesmente as recomendações do Processo de Bolonha, incluiram um sistema de aperfeiçoamento contínuo, e fim!
Atrevidos, não? É que nem pediram "conselhos, alvitres e batatinhas" aos peritos de cá ou aos de "lás"...
Que se saiba, todos os alunos, docentes e empresas, têm-se adaptado maravilhosamente, à experiência - com uma excepção - "os de fora que já são de cá" impressionam-se muito que, em Portugal, se coma tranquilamente "peixes fritos com olhos, boca e tudo". Argh!!!

quinta-feira, março 23, 2006

Sessão da tarde e pipocas


Nestes últimos dias tenho precisado de tricotar umas ideias (... falta delas?...) para outros afazeres, mesmo para além de fora de horas...
Por outro lado, com o regresso do inverno - a que ninguém pode apontar nenhum defeito - só me apetecia mesmo era um filmito, chinelos e um balde de pipocas.
Assim, até ao próximo fim de semana, e neste intermezzo forçado, deixo-vos uma imagem pirateada (já nem eu tenho vergonha - na verdade, vergonha até tenho, não tenho é memória, já não sei onde a vi, e acho este fractal uma beleza - e, não resisto ...) e mais um poeminha de Carson Robison. 1890-1957. Oswego, Kansas.
Gostava tanto de poder inserir som neste blog, é que a declamação "no original", vale mesmo ouro.


More and more teejus, ain't it?

The years roll on and your hair gets thin,
Then you start to growin' your second chin;
Democrats are in again
Gets monotonous, don't it?

I've used every tonic in the world, I think
And my head's just as bald as the kitchen sink;
Mosquitoes use it for a skatin' rink
Plum aggravatin' sometimes.

My teeth are gone - all but two -
A lot o' good they're gonna do,
'Cause they don't meet by a mile or two -
Sure makes it hard chawin'.

Gettin' wide in the beam and my stomach dips,
Got no more lap than a snake's got hips,
And when I squat, somethin' rips -
Just more and more teejus, ain't it.

I get up at night to "look at the moon",
It's as dark as the inside of King Tut's tomb;
Stump my toe on the - uh - "spitoon" -
Well, I oughta have modern plumbin'.

They say that I'm lazy and maybe it's true,
But if I wasn't meant to sit down like I do,
Then why was I made to bend where I do?
Sure fit this old rockin' chair.

Some guy tears through life like a blizzard,
Folks point him out and say, "He's a wizard!"
Then he's dead at forty with a burned-out gizzard -
Huh - I'll be eighty-one come April.

Can't help but smile at some of these guys
Who get so big in the public eye
Them six feet of earth make us all one size -
Nope, y' can't take it with you.

Life has many a twist and turn
And we live and die and never learn
If our wings will flap or our tailfeathers burn -
Powerful uncertain, ain't it?

Yet, the years roll on and I try to grin,
To keep things from gettin' under my skin,
But I'm gettin' that (sniff) cold in my nose again -
Life gets tasteless, don't it?

Até...

terça-feira, março 21, 2006

Vírgulas e acentos circunflexos


A imagem mostra-nos lentes de Fresnel (1ª ordem) de um farol costeiro - bem que a Educação Superior em Portugal precisa mesmo de alguma coisa que ilumine o caminho.

Uma versão muito próxima (ou, talvez, até coincidente) do documento final, que regerá os Graus e Diplomas no Ensino Superior, a nível nacional, já promulgado pelo Presidente da República, foi disponibilizada no endereço do Ministério da Ciência e Ensino Superior:
http://www.mctes.pt/docs/ficheiros/DL_graus_diplomas_ES.pdf

Tirando alguns pomenores de vírgulas e/ou de acentos circunflexos, temos finalmente um instrumento que, para o bem ou para o mal, nos orientará o percurso para chegarmos ao Espaço Europeu do Ensino Superior.

sexta-feira, março 17, 2006

SEM NOME!

Emanação piroclástica de um vulcão na nova Zelândia

Num destes dias, uma pessoa amiga dizia-me escandalizadíssima: Para algumas coisas, que se passam actualmente, precisamos inventar novos nomes para se lhes dar... todo vocabulário disponível não consegue traduzir bem a ideia!
Se me perguntarem porque carga de água me lembrei dessa conversa, não lhes sei dizer. Velhices...

O tema, que me trás hoje ao ciberespaço, é um outro concurso público - o da Iniciativa OTIC - Oficinas de Transferência de Tecnologia e de Conhecimento, para cuja elaboração do processo de candidatura foram desafiadas, no comecinho do ano passado, as instituições de ensino superior - saibam que, no principio, foi um verdadeiro desatino para todos, porque ninguém sabia bem, exactamente, traduzir o conceito que estava por trás da iniciativa, mesmo a própria coordenação, o objectivo governamental da época era uma charada ou, melhor, comportou-se como tal.

Confundia-se muito com outras estruturas existentes - Gabinetes de Apoio à Propriedade Industrial - os GAPI, que diversas Universidades e Centros Tecnológicos dispunham - e que tinham sido, recentemente, já co-financiados, numa primeira fase, pelo POE - Programa Operacional da Economia, e, numa segunda fase, pelas Parcerias Empresariais do PRIME - Programa de Incentivos à Modernização da Economia, programas inseridos no III Quadro Comunitário de Apoio - que entrou na recta final.
Os tais GAPI estavam, na época, e estarão ainda por bom tempo, em fase muito incipiente de implantação, e tratam-se de estruturas que, sem se perceber bem o por quê, replicam as funções, tarefas e atribuições que, supostamente, deveriam ser exercidas directamente pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial, que os define assim: Os GAPI - Gabinetes de Apoio à Promoção da Propriedade Industrial - são pequenas estruturas vocacionadas para a prestação de informações e dinamização de acções de promoção da propriedade industrial, visando o reforço da competitividade das empresas portuguesas através do estímulo e protecção da diferença.
Sabia-se, e sabe-se, muito pouco sobre as mais valias de se manterem estruturas destas, mas sabia-se , e sabe-se, bem aonde estavam:


Centros Tecnológicos:
CATIM / AIMMAP - Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal
CENTIMFE - Centro Tecnológico das Indústrias de Moldes e Ferramentas Especiais
CITEVE - Centro Tecnológico das Indústrias Têxteis e do Vestuário de Portugal
CPD - Centro Português de Design
CTC / APICCAPS - Centro Tecnológico do Calçado / Associação Portuguesa da Indústria do Calçado, de Componentes e Artigos de Pele e seus Sucedâneos
CTCOR - Centro Tecnológico da Cortiça
CTCV - Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro

Associações Empresariais:
AEP - Associação Empresarial de Portugal
AIP - Associação Industrial Portuguesa

Parques de Ciência e Tecnologia:
Taguspark - Parque de Ciência e Tecnologia
Madan Park - Parque de Ciência e Tecnologia Almada / Setúbal
Madeira Tecnopolo - Polo Cientifico e Tecnológico

Instituições de Interface Universidade - Empresa:
Instituto Superior Técnico / GALTEC - Gabinete de Apoio ao Licenciamento de Tecnologia
Universidade de Aveiro / GrupUNAVE - Inovação e Serviços
Universidade de Coimbra / IPN - Instituto Pedro Nunes
Universidade do Minho / TecMinho - Associação Universidade Empresa para o Desenvolvimento
Universidade do Porto / FGT - Fundação Gomes Teixeira
Universidade do Algarve (Campus de Gambelas)
Universidade de Évora - Fundação Luís de Molina
Universidade dos Açores (Campus de Ponta Delgada)

Por outro lado era claro que uma estrutura que se dedicasse à transferência de conhecimento (OTIC), mesmo que esse tivesse valor comercial, também não se podia confundir com um sistema de apoio à propriedade intelectual e muito menos com os GAPI, destinados à protecção da propriedade industrial. E foi assim, que a multiplicidade de instituições, interessadas em concorrer ao financiamento para as OTIC, estava um tanto baralhada, porque especulava-se sobre se seriam ou não financiados mais GAPIs e ou os existentes - e, entre todos os colegas, com muito trabalho, muitas reuniões, e até com cooperação e cumplicidades notáveis de ocasião - lá se foram esquematizando as candidaturas de todas as instituições, tendo muitas destas formalizado a submissão das propostas, até 30 de Maio de 2005.
Só as condições de candidatura à iniciativa já davam para escrevermos letra e música de um samba enredo...

Seguiram-se as mudanças do Governo, do gestor da POS Conhecimento e do gestor da AdI - já não sei bem sequer qual foi a ordem, do troca troca de cadeiras... - mas, entretanto, a iniciativa OTIC parecia ter "morrido"! Até porque o III Quadro Comunitário termina em 2006.

Lá para Novembro de 2005, 24 é publicada uma das versões do Plano Tecnológico, que também não distinguia OTIC e GAPI, e a iniciativa OTIC permanecia "mortinha".

Passa-se Dezembro todo, e a iniciativa OTIC era apenas um "pó de alma", em que poucos já assuntavam.

Eis se não quando, na semana passada na AdI, se publicaram os resultados da iniciativa OTIC, com o seguinte esclarecimento: Realizou-se no dia 6 de Dezembro de 2005 o Painel de Avaliação das 31 candidaturas à Iniciativa OTIC - Oficinas de Transferência de Tecnologia e de Conhecimento.

Mas, que raio trabalharam tanto num único dia.... e, depois? de lá para cá, o que aconteceu? Os avaliadores teriam ido a banhos? E "zarparam" sem assinar as actas?


No site da AdI, não se publica, a lista das instituições que se candidataram à iniciativa, e foram muitas, e muito menos se identifica "a equipa de especialistas" que avaliou as candidaturas - isto, a meu ver, foi uma opção ilegítima e de coragem política duvidosa mas, aqui para nós, foi muito sensata - há muitas decisões de transparência que se podem tornar insalubres...

A lista dos contemplados* (Feliz de quem Deus quer bem!) foi:
Universidade de Lisboa
Universidade de Aveiro
Instituto Politécnico de Setúbal
Universidade do Porto
Universidade Técnica de Lisboa
Instituto Politécnico de Leiria
Universidade do Algarve
Universidade Católica Portuguesa - Escola Superior de Biotecnologia
Universidade do Minho
Universidade de Coimbra
Instituto Politécnico do Porto
Universidade da Madeira
Universidade Nova de Lisboa
Universidade da Beira Interior
Instituto Politécnico de Beja
Universidade de Évora

* O montante global da iniciativa, na época da candidatura, eram 3,000,000 €, para 2 anos.

Mais uma vez, ignora-se porque é que os premiados o foram. Sabe-se é que muitos ( a maioria) são os mesmos de sempre, e que os critérios utilizados para a selecção e seriação publicada, devem ter sido também os que por cá se gastam...

Desta vez, porém, façamos justiça, aposto o que quizerem, em como foram considerados pela "equipa de especialistas", pelo menos, dois critérios em alternativa ou cumulativos: i) basta não se ter feito quase nada que demonstre competências ou conhecimentos na área, e/ou ii) já se ter sido financiado - directamente ou por associações de interessados, exactamente para o mesmo fim, sem que essa circunstância tenha importância nenhuma.

O pessoal de Bruxelas deve-se passar com a nossa acrobática gestão de conhecimento, científica e tecnológica. Será que este processo todo não passa de alguma edição especial, para "os apanhados"? É que....
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Lembrei-me, só agora, que o título do post e da fotografia poderá talvez ser o mesmo, e sem imaginação nenhuma, "Poeiritas para os olhos" porque, francamente, não sei que outro nome lhes possa ser dado. Aceito de bom grado outras sugestões.

terça-feira, março 14, 2006

Mudbloods & YOU!

Tal vai a moega...
Na página da Direcção Geral do Ensino Superior, encontra-se publicada a lista de instituições que concorreram ao programa voluntário de avaliação institucional, de âmbito internacional - European University Association (EUA).
Concorreram 42 instituições das quais, 13 Politécnicos públicos e 10 Universidades públicas. Só a preparação de todas as candidaturas ascendeu, se preparada com um mínimo de cuidado, a um custo total da ordem de 50,000 Euros.
Por outro lado, assegurou-se um financiamento estimado em 225,000 Euros (75% de um custo médio unitário de 30,000 Euros) às 10 instituições, que foram seleccionadas por um júri, nomeado pelo MCTES.
Nesta altura, as instituições seleccionadas já foram identificadas, mas o que não se sabe ainda, são os critérios que estiveram na base da sua seleccão mas, tratando-se de um concurso que visa atribuição diferencial de recursos públicos, seria de facto indispensável que fossem divulgados, porque é que descriminam uns em benefícios de outros - e requer-se perceberem-se muito bem as razões de preferência.
Mais, se estes critérios tivessem sido, devidamente, publicados com a necessária e recomendável antecedência, uma grande parte das 32 instituições, que não foram seleccionadas, escusavam de ter ocupado, a troco de nada, meios humanos e materiais, e poderiam ter aplicado muito melhor o seu tempo. Isto, é claro, admitindo que existem critérios....
Embora, pessoalmente, eu esteja em crer que os critérios são os do costume....
O MCTES/DGES também não esclarecem o que acontecerá às instituições não beneficiadas.
Isto é o que se pode chamar de visão, rigor e planeamento... Na verdade, estou à espera que a resposta seja: Logo se vê!
Como é? Uns são favorecidos este ano - alguns, habitualmente, até são SEMPRE "os felizes contemplados" e, sempre, mas sempre, com base na seguinte razão: não faço a mais pequena ideia que o justifique... - mas e, os outros? nunca serão? Passam sempre para trás, porquê? São Mudbloods?
De repente, o MCTES faz-me lembrar o Tom Riddle da Câmara dos Segredos, quando se dirige a Harry Potter, para lhe dizer: "Haven't I already told you that killing Mudbloods doesn't matter to me any more? For many months now, my new target has been... you!"

domingo, março 12, 2006

Desculpem-me sim? Mas, vou dizer um palavrão!

FONTE da IMAGEM: http://www.techiwarehouse.com/gallery/showphoto.php

Ando a fazer uma intensa pesquisa - de registos sobre questões relacionadas com investigação, tecnologia e conhecimento cá da terra, dominantemente, para auto consumo - efectuada apenas nos intervalos das chuvas, das minhas outras vidas que também preciso averiguar.
Enquanto isso, distraio-me lançando de soslaio, “olhadelas-ouvidelas-random” a, entre outras coisas, concertos, mesas-redondas, noticiários e novelas – algumas destas, as de foro político, é que são mesmo de um realismo fantástico... Não acham?

Numa destas noites?/madrugadas? de Março, vi-ouvi-sonhei, de raspão, uma entrevista ao nosso fiscalista Medina Carreira, no programa Negócios da Semana da SIC- pela qual subentendi que cerca de 5,000,000 de Portugueses, do ponto de vista económico-financeiro, em muitas das suas vertentes de subsistência básica, dependem directa, ou indirectamente, do Orçamento de Estado – ou seja, das contribuições e impostos de todos nós, incluindo os dele e os meus - não tendo nós - ele e eu, tal como os outros 5 milhões, feito nada de produtivo, para aumentarmos a riqueza do país.
Se bem que Medina Carreira seja dotado, intrinsecamente, de uma subtileza diplomática que em nada fica a dever à minha própria – e, sobre isso, posso falar de cátedra - que o faz perder a razão mesmo quando só nos está a dizer as suas verdades, a constatação numérica que enunciou, arrepiou-me. Estarreci!
É que, percebi, o motivo pelo qual há tão poucas pessoas a repontar, abertamente, sobre algumas das iniciativas e desempenhos governamentais (habilidades circenses?) – é que não é, de facto, estrategicamente vantajoso “cuspir no nosso prato” – as coisas não se dizem, porque de alguma forma próxima ou remota, entram directo em rota de colisão com interesses e regalias pessoais para as quais, obviamente, não temos mesmo legitimidade nenhuma. Então… e aquele meu tachinho tão jeitoso, aquela chefiazita, o favor e o jeitinho, que me fizeram?
Assim, o bom mesmo é o silêncio – é que enquanto não abrirmos a boca, mesmo que as pessoas pensem que somos intelectualmente desfavorecidos, ninguém nos põe em “preventiva sob residência vigiada” ou, sequer, exercem represálias...... Logo que desatamos a vociferar...., na melhor da hipóteses, as dúvidas desaparecem...

Por outro lado, a minha total ignorância acerca de anatomia e de biofísica humana, faz-me imaginar que o ouvido humano tem, algures em pontos bem definidos, uns sensores específicos para os diferentes sons e seus agrupamentos.
Digo isto, porque há umas quantas palavras produzidas por governantes, e agora já, infelizmente, não só eles – jargões e chavões – que pela sua repetição permanente, monótona e incansável, honestamente, provocam-me já dores lancinantes no tímpano, seguindo-se uma hiper sensibilidade e reactividade generalizada notáveis, associadas a uma profunda irritação.

Se bem que as definições de jargão e chavão sejam bem distintas, as palavras sobre as quais estou a pensar são utilizadas, em Portugal, indiferentemente, com diversos sentidos.
As pessoas, individualmente, ou as suas corporações usam essas palavras, a esmo, atribuindo-lhes significados totalmente diferentes, adaptando-os à defesa das suas próprias opiniões mimetizando-as e camaleando-as, oportunisticamente, à ocasião e à audiência em que as proferem, acabando por lhes fazer perder relevância ou sentido transformando-as em simples “palavrões”- e isto é que me cansa, me irrita e que me faz perder o controlo.

Querem exemplos? Não seja por isso!

Inovação
O imaginário popular associa inovação com genialidade, e genialidade com individualidade e com a riqueza intelectual do indivíduo. Para uma empresa ou instituição, requerer-se-iam esforços humanos e materiais incalculáveis, em persistência e investimentos dirigidos à sua diferenciação dos demais competidores. A inovação empresarial ou institucional é o fruto de muito trabalho, de hábitos de equipa, de pessoal capacitado e do envolvimento global das organizações.

Nunca é claro a qual dos significados usam, quer o governo, quer as instituições, quer as empresas quer o nosso batalhão de iluminados da pátria se referem quando falam em “inovação”. O que se detecta, é que todos gostam demasiado se colarem, ao primeiro conceito, e vangloriar-se desmerecidamente - para auferirem vantagens sobre todos os outros, sem jamais garantirem a segunda parte da interpretação real associada à segunda ideia, que penso ser muito mais próxima da realidade, nas perspectivas civilizadas.

A gestão de informação em Portugal é a gosto do cliente, e qualquer coisa de hilariante - vou falar-vos disto, um destes dias...
Assim, são mato (mais propriamente, ervas daninhas) os lotes de numerosas criaturas, pretensamente, inovadoras porque simplesmente copiam e exibem ideias alheias, como suas, aos que apenas as desconhecem, mas que se encontram em posição de as classificar como “inovação” e também de as compensar, esperando futuras retribuições na contramão. Esta má-prática, que grassa entre nós, destrói qualquer eventual esforço genuíno de inovação, desde a sua génese – e os resultados decorrentes estão, permanecerão e agravar-se-ão, à vista de todos, enquanto abanamos a cabeça – horizontalmente, em dúvida controlada, ou verticalmente, esperançosos que absolutamente mais ninguém dê conta, de que também estamos “vendidos” apesar de não sermos "compráveis". Isso é que nunca, cruz credo!

Competitividade
A competitividade é um outro “chavão-jargão”.
Nem me atrevo a iniciar qualquer apreciação à confusão reinante sobre a interpretação dada a este conceito. Li algures – nem sei precisar quando, ou onde – qualquer coisa como “a complexidade do assunto (competitividade) obriga-nos à análise, do seu contexto, senão podemos incorrer no equívoco de utilizar o termo num sentido tão genérico que perde o seu significado ou relevância”.

Bem me parecia, os comuns mortais, como eu, usam o termo para convencer as criancinhas a “vencerem na vida ou os seus medos” ou os jogadores do clube favorito a serem “campeões, nem que seja moralmente”, etc., etc.
O que importa, actualmente, é que sejamos competitivos – e transformar todos os outros em desclassificados, perdedores e subalternos. Assim, propaga-se a ideia, que o “NOSSO ÊXITO implica, necessariamente, o fracasso e a exclusão dos outros”.

Claro que é bem mais difícil e exigente em “Competências”, optar-se por Concertação, Cooperação e Organização – mas estes conceitos já não são “in”, nem “fixes”, nem “baris” e muito menos “cool” - aliás, fiquei a saber estes dias, que esses termos são todos antiquados. O tempo passa muito rápido, não?
A minha avó paterna - não sei se por causa do ambiente lisboeta ou da época em que viveu (ela nasceu na última década do século XIX) – era dotada de temperamento muito reservado e contido. Essa qualidade estava longe de ser inata à personalidade dela, era apenas o resultado invariável, de um poderosíssimo rigor educacional, na família, e de um sistema adquirido de auto-controlo pessoal, treinado em regime de austeridade permanente, de que muito ela se orgulhava e gabava – “uma Senhora, quanto muito”, insistia ela, “é para ser vista, jamais pode ser ouvida”!
Assim, na única vez em que a vi perder a paciência, em meados do século passado, ela declarou, em surdina - mas num tom e expressão tão exasperados, que não deixavam margem para dúvidas, sobre a eminência de ir espetar os incisivos na jugular da causa da sua “fúria” - “Olhe sabe de uma coisa? Vai desculpar-me, sim? Mas, eu não me vou poder calar. Vou dizer um palavrão!...”.
Os presentes, outros familiares e convidados, entreolharam-se aturdidos do espanto, aterrorizados, suspensos e incrédulos para, após uma breve pausa, a ouvirem murmurar, num tom ainda mais baixo do que o seu próprio aviso (eu diria ameaça?): “Oh! Céus!”. E foi tudo!.

De tanto falar em irritação, agora sou eu que fiquei “fora de mim”.
Desculpem-me sim? Mas, vou dizer um palavrão:
EMPREENDEDORISMO!

sábado, março 11, 2006

Ressuscitando defuntos velhos

Enquanto eu ando, para aqui, feita naquela tuneladora do "Chunnel" - canal da Mancha - (a própria tunnel boring machine), em escavações tão interessantes, quanto difíceis - darei conta dos meus valiosos achados, oportunamente - recordem-se lá do que arenguei, uma vez... num artigo "Grey Goo", e que foi generosamente publicado, na página de João Vasconcelos Costa, que reproduzo abaixo.
É que o Background Report aí mencionado, ainda não apareceu.
Mas todos iremos ver como o famigerado relatório vai aparecer - só tenho muito receio, é do timming e do estado (conteúdos), em que esse relatório se irá materializar.
Depois, não digam que eu não avisei (esta frase é mesmo arrogante, mas agora deu-me para aqui! São os tais maus exemplos, que não devemos seguir...).
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"Grey goo"
1. Introdução
Neste texto, a designação de Grey Goo (conceito mítico dos efeitos imprevisíveis, perversos e indesejáveis da nanotecnologia) é aplicada à Política de Educação Terciária em Portugal, por várias razões:
1.1. Grey Goo é uma alegoria generalizável aos pesadelos e consequências perniciosas e descontroladas, que podem resultar da desadequação de procedimentos adoptados para melhoria de qualquer processo, quando incorrecta e descuidadamente seleccionados, num quadro de excelentes oportunidades e de grandes expectativas.
1.2. Entre nós, campeia outra vez a total confusão entre a nossa realidade nacional, para a qual se devia planear todo um o sistema de educação terciária e o desenvolvimento científico e tecnológico, e a realidade virtual que parece nortear a concretização das medidas, até agora, preconizadas.
1.3. A actual política (melhor, a sua ausência) de gestão nacional da educação terciária, da ciência e da tecnologia, sem a devida consideração do pensamento de todos os interessados ou do meio envolvente que a enquadra, irá conduzir o país a um caos de consequências avulsas, muito provavelmente, nefastas - resultantes do desenvolvimento de conceitos pessoais de ficção científica - agudizando os nossos já reais e muito graves problemas sociais e económico-financeiros ao ponto de "não retorno" - com claro prejuízo de todos os cidadãos.
1.4. A "estratégia" actual da nossa educação terciária segue a mesma visão política redutora, estritamente pessoal, e já utilizada, anteriormente entre os anos 1986-1989 e 1995-2002, na gestão da ciência e tecnologia. A referida estratégia, objectivamente, atrasou o desenvolvimento e a consolidação desejáveis para a cultura da Autonomia Científica e Tecnológica em Portugal - quando se desbarataram, anualmente, dezenas de milhões de contos, para se promover e financiar a produção à tonelada de milhares de "papers", desenvolver "projectos" inconsequentes, proporcionar viagens científicas sem mais-valias aparentes, ampliar e multiplicar profusamente, sem qualquer planeamento estratégico, centros, laboratórios e unidades de investigação (a maioria, ainda hoje, subsídio-dependentes) - sem que o esforço de todos, que aí foi investido, se traduzisse num Bem Colectivo evidente ou que, pragmaticamente, produzisse apenas benefícios financeiros - como até deveria ter sido, desde logo, exigido a todos quem beneficiassem de financiamento público, num país que, também nessa época, já exibia fortes debilidades estruturais e económicas - lembro-me que, na época, também existiam registos (internacionais) de patentes, direitos de autor e todo um vasto sector produtivo e de serviços, tecnologicamente, muito carenciado e atrasado.
1.5. A desadequação estratégica recente, que tem orientado a nossa Educação Terciária, é facilmente provada, também por outras intervenções com igual rasgo visionário e, curiosamente, todas com a mesma origem - exemplos: Participação Portuguesa na vertente Científica e Tecnológica da Cimeira Luso Espanhola, o controverso Plano Tecnológico, as pseudo dificuldades imaginárias e os atrasos na implementação do Processo de Bolonha - porém, aqui, estas questões não se comentarão.
O objectivo deste contributo é sugerir um pequeno exercício mais atento da "avaliação do ensino superior, pela OCDE", que evidencia até onde nos pode conduzir a distorção da sequência de acções e políticas mais recentes, com forte impacte em todo sector educativo superior nacional e, consequentemente, em todos os portugueses.
2. A "Avaliação" da OCDE
Pela redacção do Despacho do MCTES, pertinente à Avaliação da Educação Superior [1], deduz-se que foram/serão solicitadas diversas tarefas à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), à Rede Europeia para a Garantia da Qualidade no Ensino Superior (ENQA), à Associação Europeia das Universidades (AEU) e à Associação Europeia de Instituições de Ensino Superior (EURASHE).
São indiscutíveis a importância, o respeito e o interesse nacionais, que merecem de todos nós quaisquer opiniões de instituições internacionais, sobre as nossas opções políticas que visem a globalização da educação/formação, desde que se assegurem informações fidedignas, que suportem apreciações objectivas. Assim, se pecam por alguma coisa iniciativas de coligir apreciações independentes, só pecam por serem tardias.
Devemos, então, recorrer ao princípio da precaucionaridade, para não transformar o elevadíssimo potencial das excelentes ideias e experiências alheias, em mais catástrofes de âmbito nacional, por isso mesmo, veja-se como podia funcionar melhor um ínfimo aspecto que deveria preceder o processo de "Avaliação" da OCDE - a preparação cuidada e a conscientização nacional.
Sucede que, é o próprio Director para a Educação da OCDE, Barry McGaw que, num artigo de divulgação, intitulado "OECD’s Policy Review Process" [2], explica que a "Revisão de Políticas de Educação da OCDE" [3] se inicia por um documento, Background Report, produzido pelos próprios países que pretendam submeter-se à apreciação dos peritos, nomeados pela organização.
Os Background Reports de diversos países [4-6], para os quais existe até um guião também disponibilizado pela OCDE [3], foram elaborados cuidadosamente com larga antecedência temporal do processo de revisão, e ampla participação dos stakeholders (partes interessadas). Mas, muito para além de promover a partilha efectiva, a discussão alargada sobre as preocupações, ideias e preconização de soluções, os Background Reports são documentos oficiais, usualmente subscritos pelas entidades nacionais com maior nível de responsabilidade sobre o "state of art" dos respectivos sistemas educativos. Esses relatórios descrevem aspectos específicos do país, tais como, "the main objectives of higher education policy" caso do exemplo, recorrentemente citado, da Irlanda. Também, mesmo qualquer "avaliação" (apesar desta da OCDE, verdadeiramente, não o ser) como a prevista para Portugal - pressupõe saber-se com precisão e, antecipadamente, o objecto a rever, isto é as metas previstas e o contexto de desenvolvimento das linhas estratégicas de implementação de um verdadeiro Plano de Acção. Este, como tal, impõe uma mobilização geral de cidadania. No caso em discussão, tal como nos outros países, esse objecto de revisão não pode ser outra coisa se não uma descrição da Estratégia Política de Educação Terciária Nacional, face à sua inserção sócio-político-económica, aos meios disponíveis para sua execução, e considerando as metas que se pretendem atingir.
É assim indispensável, a identificação da(s) autoria(s) do "nosso Background Report" e, tratando-se de documento eventualmente já produzido, todas as partes interessadas têm o direito a ser, pelo menos, informados sobre o rigor, cuidado e atenção prestados ao seu conteúdo porque assim, pelo menos, garantia-se que os referees da OCDE poderiam compreender quais são os objectivos estratégicos das políticas nacionais do sector, bem como, o ambiente em que se inserem, ao invés de se verem obrigados a "ler folhas de chá e a interpretar lançamento de búzios" ou, muito mais grave ainda, a generalizar ou assumir, como suas, induções de interpretações meramente pessoais, auto-permitidas, ilegítimas e anónimas, que lhes podem ser, casual ou indevidamente, incutidas.
3. Conclusões
Claro que, ninguém espera que nenhum cidadão seja super dotado cumulativamente de sensibilidade intrínseca, interesse genuíno e da vivência pessoal, em todo o ambiente público e privado, bem como as envolventes pertinentes ao sistema Educação Superior. Mas, de quem detenha funções ministeriais, a posse de, pelo menos, uma dessas qualidades torna-se num requisito mínimo expectável.
Se o meu entendimento pessoal - sobre não estarem ainda reunidas as condições necessárias para efeitos da referida revisão da OCDE - estiver certo, e, se ninguém demonstrar o contrário, alguma coisa precisa e deve ser feita, urgentemente. O que não pode mesmo é um país inteiro e o seu futuro permanecer, na linha de fogo de total desorientação política, sujeito a decisões precipitadas assumidas unilateralmente e, perante a complacência da Assembleia da República, ir consumindo recursos em torno de implementação constante de medidas inconsistentes, regulamentação de legislação indispensável, produzida em fascículos de publicação aleatória, sobre as nossos complexos sistemas de educação terciária, ciência e da tecnologia que, pressupostamente, deveriam tornar-se rapidamente competitivos, num contexto globalizado.
É patente a necessidade interromper o ciclo que se perspectiva - franquia absoluta, carta quase branca para o dispêndio de recursos - de permissão incondicional para o trespasse de responsabilização devida aos Portugueses, para instituições de elevadíssima credibilidade e ética irrepreensível mas que, objectivamente, não nos podem conhecer sem disporem de todos os elementos necessários para nos apreciarem com independência. Obviamente, que lhes podem até ser veiculadas meras opiniões pessoais parciais e ilegítimas, levando os referees a pensar tratarem-se de informações participadas e fidedignas - isto é, na prática, obrigando-os a dizer e, inadvertidamente até a responsabilizarem-se sobre o que, eventualmente, se pretenda que digam para salvaguardar e justificar, oportunistamente, o que se pode ter a tentação de fazer a qualquer custo.
É tempo de reavaliarmos o nosso habitual e costumeiro método iterativo de aprendizagem "a asneira e o bofetão" - evitemos, então, desperdiçar também esta oportunidade, para ajustarmos uma evolução segura para a nossa educação terciária em vez de andarmos, outra vez por aí, a materializar em factos o mito dos Grey Goos.
É impensável prosseguirmos com a Revisão da OCDE sem primeiro aparecerem e divulgarem às partes interessadas as condições de produção e os conteúdos do nosso próprio Background Report de Educação Terciária.

Referências:
acesso em 3 de Dezembro de 2005).
[2] Barry McGraw. OECD´s Policy Review Process.
Conference to Launch Evaluation. Lisboa, 21 de Novembro de 2005.
acesso em 3 de Dezembro de 2005).
[3] Guidelines for Country Participation in the Review. OECD Thematic Review.
2004. (www.oecd.org/dataoecd/24/15/35581914.pdf – acesso em 3 de Dezembro de 2005).
[4] "Background Report" da Irlanda. 2003. (http://www.nqai.ie/oecdreport.pdf - acesso em 3 de Dezembro de 2005).
[5] "Background Report" da Islândia. 2005. (www.oecd.org/dataoecd/22/32/35584923.pdf - acesso em 3 de Dezembro de 2005).
[6] "Background Report" da Noruega. 2005. (www.oecd.org/dataoecd/22/55/35585126.pdf – acesso em 3 de Dezembro de 2005).

terça-feira, março 07, 2006

Volto já! já ...

LIFE GETS “TEEJUS”, “DON'T” IT?
Carson Robison. 1890-1957. Oswego, Kansas

Oiça a declamação aqui


The sun comes up and the sun goes down,
The hands on the clock keep goin' around,
I just get up and it's time to lay down,
Life gets teejus', don't it?

My shoe's untied, but I don't care,
I ain't a-figure' on goin' nowhere.
I have to wash and comb my hair,
That's just wasted effort.

Water in the well gets lower and lower,
Can't had a bath for six months 'r more,
But I've heard it said, and it's true, I'm sure,
That too much bathing'll weaken you.



I open the door and the flies swarm in,
I shut the door and I'm sweatin' agin.
And in the process I crack my shin,
Just one damn thing after another.

My old brown mule, he must be sick,
I jabbed him in the rump with a pin on a stick.
He humped his back, but he wouldn't kick,
There's somethin' cock-eyed somewhere.

There's a mouse chawin' at the pantry door,
He's been at it, now for a month or more.
When he gets through he'll sure be sore.
There ain't a darn thing in there..

Hound dog howlin' so forelorn,
Laziest dog that ever was born.
He's howlin' 'cause he's settin' on a thorn,
And just too tired to move over.

The tin roof leaks and the chimney leans,
There's a hole in the seat of my old blue jeans,
And I've et the last of them pork and beans,
Just cain't depend on nothin'.

Cow's gone dry and the hens won't lay,
Fish quit bitin' last Saturday,
Troubles pile up day by day,
And now I'm gettin' dandruff.

Grief and mis'ry, pains and woes,
Debts and the taxes, and so it goes.
I think I'm gettin' a cold in the nose,
Life gets tasteless, don't it?

domingo, março 05, 2006

Nem tudo anda mal, cá pelo reino....

FONTE: Tenho interesses sortidos nas áreas das aplicações de matemática (das mais facilzinhas) - um é o dos "Nós" (sem ser no sentido egocêntrico). O nó da figura é uma das milhares de configurações gráficas que aprecio, e que na prática se podem obter. Ando já há uns dias a ver se o consigo encontrar, não só pela figura interessante, mas sobretudo pela formulação que o governa. Tão logo o encontre, corrigirei esta grave infracção contra os direitos de autor, e diminuirei um pouquito a ignorância pessoal, que abrange este sector.

Há sectores públicos que funcionam bem cá no burgo, eu diria que até muitíssimo bem, e de maneira exemplar, atendendo às circunstâncias - mas não se pode elogiar muito, não é verdade? - por exemplo, o Observatório da Ciência e do Ensino Superior - OCES, do Ministério da Ciência e do Ensino Superior.

Depreende-se que os meios que por lá se dispõem não serão muitos, são dispersos e que lhes pode ser tremendamente dificil a recolha e o tratamento dos dados que disponibilizam, mas demonstram preocupação com a transparência e o rigor, que dão à disponibilização fácil das informações que vão compilando. Vale o que vale, mas a meu ver, o OCES merece todo o nosso respeito.


É graças a este Observatório que, com um pouco de paciência, se consegue uma primeira aproximação do entendimento correcto, sobre que se tem passado na Educação Superior e na Ciência nacionais.

Os Registos do OCES permitem extrair informação que complementa aquela, já iniciada no post de 6ª feira, dia 3 de Março deste blog - a tabela seguinte sintetiza os números (ano lectivo de 2003/2004) relativos aos graduados em todo o nosso sistema nacional de Educação Superior.

  • Dos 67.773 graduados em 2003/2004, 63,216 não beneficiam de directivas europeias específicas que lhes permitam ter a sua formação automáticamente reconhecida nos diferentes países europeus.
  • Cerca de 12,500 pessoas por ano, poderão vir a enfrentar questões de acreditação profissional, por se verem nas circuntâncias de virem a exercer a profissão fora do espaço nacional.
  • Concluiram os seus cursos em "engenharia a nível undergraduate" 9,583 pessoas, assim distribuídos: Bacharelato - 207: Bacharelato+Licenciatura - 4,898; Especialização pós-licenciatura - 107; Licenciatura - 4,371 e Mestrados - 227.
  • O número total de designações, em engenharia, destes graduados foram de 150.
  • Receio assim, e tendo em conta o que se referiu, no post anterior "Que esperança...", já mencionado que, pelo menos cerca de 1,900 graduados em cursos de "engenharia", em Portugal, em cada ano, possam vir a enfrentar obstáculos consideráveis à legalização da sua vida profissional, se se virem obrigados a trabalhar no estrangeiro, caso não se tomem, rapidamente, medidas de precaução eficazes.

É por questões como estas que me identifico com a ideia de globalização - mesmo a que radicalmente englobasse a educação como um Serviço - serviço esse, sujeito a critérios rigorosíssimos de qualidade e a regras inflexíveis de defesa dos direitos dos consumidores - neste caso, dos graduados, dos seus potenciais empregadores, da imagem do país no exterior e da sociedade em geral.

sexta-feira, março 03, 2006

Que esperança...

À laia de uma filosofia de concepção própria da arquitectura - a construção evolutiva - este post e a polémica Directiva "Bolkestein" são para se irem fazendo...

Se tivéssemos prestado mais atenção teríamos lido (20 de Fevereiro de 2006) no Newropeans Magazine, o seguinte artigo: Bolkesteine directive approval: pros and cons, pela qual se conclui que o Parlamento Eurupeu aprovou, com 391 votos a favor, 213 contra e 34 abstenções, um vasto conjunto de emendas, à proposta da Comissão Europeia - Draft Directive on Services in the internal market - de onde se extrai:
Let's face the current situation: the Bolkestein directive was adopted as part of the Lisbon strategy, designed to help Europe become the "Worlds most dynamic and competitive economy by 2010". Halfway thorough the deadline, Europe is nowhere near there".

Muito poucas políticas Europeias poderão afectar tanto, tudo e todos, incluindo a Educação Europeia a todos os níveis, quanto o que possa vir a ser decidido como Documento final, que virá a ser aprovado lá para...2010, ou só depois?
O texto da proposta da Comissão e as respectivas emendas encontram-se "camuflados" com esta identificação: European Parliament legislative resolution on the proposal for a directive of the European Parliament and of the Council on services in the internal market, com a ID P6_TA-PROV(2006)0061, acedendo-se por intermédio do seguinte endereço [*].
O que acho interessante, nisto tudo, é que - enquanto cidadãos - quem se tem interessado, pública e genuinamente, com o assunto no âmbito da educação, a nível europeu, são só os alunos, a começar pela ESIB - the National Unions of Students in Europe - que se tem manifestado, desde 2004, e têm ideias claras sobre o tema.

Discordo da maior parte das opiniões deles, mas isso...e tentarei explicar, simplificadamente, o por quê:
Desde o principio os estudantes se insurgiram com a perspectiva de se poder considerar a Educação como um "Serviço". Mas, a maior reserva que faço a este projecto de diploma é o facto de ainda ser demasiado complicado no reconhecimento das qualificações profissionais - excluindo-se as seguintes: Médicos, Enfermeiros, Parteiras, Veterinários, Dentistas, Farmaceuticos e Arquitectos, beneficiadas pelas "automatic recognition directives".
A dificuldade de mobilidade é demonstrável para a profissão de Engenheiro de uma qualquer nacionalidade europeia mesmo considerando-se apenas outros países europeus.
Explicando com mais pormenor - ao abrigo do Acordo de Washington, um engenheiro reconhecido, em qualquer dos seguintes pares de países-organização profissional:
____________________________
1.Australia - Institution of Engineers
2.Canada - Canadian Engineering Accreditation Board of the Canadian Council of Professional Engineers
3.Hong Kong - Hong Kong Institution of Engineers
4.Ireland - Engineers Ireland
5.Japan - Japan Accreditation Board for Engineering Education
6.New Zealand - Institution of Professional Engineers New Zealand
7.South Africa - Engineering Council of South Africa
8.United Kingdom - Engineering Council
9.United States - Accreditation Board for Engineering and Technology
____________________________
pode exercer a sua profissão, com estatuto identico em qualquer dos outros 8 pares de país- organização profissional correspondente.
Todavia, um engenheiro europeu de um par país-organização de classe - mesmo após aprovação da Directiva "Bolkestein", cuja versão definitiva não ocorrerá em menos de 3 anos - terá ainda que se submeter ao processo de acreditação de cada um dos outros pares de país-organização de classe. Desta forma, o Engenheiro "Europeu" (à parte os Irlandeses e Ingleses) está em clara desvantagem de oportunidades e de campo de acção, sobretudo, se considerarmos a expectativa de mobilidade, que se vislumbra como alternativa de realização profissional, para todos os jovens formandos.
O próprio Projecto EUR-ACE, que pretende poder contribuir para uma melhor compreensão e facilitar a acreditação de programas, está a ser ainda estudado por um conjunto muito alargado e heterogéneo de parceiros, dos quais se destacam os seguintes membros formais:
____________________________
1.FEANI - Fédération Européenne d'Associations Nationales d'Ingénieurs
2.SEFI - Société Européenne pour la Formation d'Ingénieurs
3.CESAER - Conference of European Schools for Advanced Engineering Education and Research
4.EUROCADRES - Conseil des Cadres Européens
5.ENQHEEI - European Network for Quality of Higher Engineering Education for Industry
6.ASIIN - Accreditation Agency for Study Programs in Engineering, Informatics, Natural Sciences and Mathematics - Alemanha
7.CTI - Commission des Titres d'Ingénieurs - França
8.IEI - Institutions of Engineers in Ireland - Irlanda
9.CoPI - Conference of Italian Engineering Deans - Itália
10.UNIFI - University of Florence - Itália
11.OE - Portuguese Institution of Engineers - Portugal
12.UAICR - Union of Associations of Civil Engineers of Romania – Roménia (Civis)
13.RAEE - Russian Association for Engineering Education - Rússia
14.ECuk - Engineering Council UK – Inglaterra
____________________________
Não há dúvida, que o processo de concertação europeu, no que concerne à mobilidade de engenheiros, será muitíssimo moroso e difícil, mesmo que se pretenda apenas congregar consensos.
Por tudo isso, é que penso que a Directiva "Bolkestein", com o actual texto e na actual fase, está muito longe de se revelar um instrumento de efectiva liberalização ou facilitador da mobilidade dos engenheiros e talvez que outras limitações, como a exemplificada, sejam extensíveis à maioria dos outros profissionais, exceptuando-se as atrás especificadas. A liberalização afecta-nos a todos, mas precisáva-mos de ter ido já, muito mais além.
Lembrando-nos que, anualmente, a emigração nacional de formandos com educação terciária ascende a mais de 20%**, impõe-se uma elevadíssima responsabilidade institucional, na concepção dos conteúdos curriculares, na previsão das competências que devem assegurar aos seus alunos e na garantia de resultados de aprendizagem adequados às formações que conferem.
________________________
** Ver no Jornal de Notícias, 28 de Outubro de 2005, um artigo de Ivete Carneiro, intitulado:

quinta-feira, março 02, 2006

"Looping"? ou "rafting" de águas bravias?

Hoje, decidi fazer um “zapping”, tendo em vista um reconhecimento sobre o que se diz que não se disse, acerca da nossa estratégia educativa do superior.
vi a seguinte afirmação, datada de 28 de Fevereiro de 2006:
Processo de Bolonha Ministério enviará formulários [ ??? ] às escolas após a promulgação do decreto pelo PR (Presidente da República - já agora, o actual ou o eleito?)
Escapou-me, a mim, algum passo deste processo, ou estamos a voltar ao principio?
Formulários? Estes não constam já do Despacho n.º 10543/2005 (2º série) de 11 de Maio de 2005? São outros Formulários?
Se assim for, a nossa criatividade é de facto abismal, mesmo para padrões europeus de excelência!
Ou, entrámos agora, num whirpool? E daqui, já não saímos.....