domingo, abril 29, 2007

Dois mapas muito antigos e bússola desmagnetizada

O nosso muito ilustre Alberto João não nos diria melhor, mas é assim mesmo, que também me sinto:
"Eles" estão fartinhos de trabalhar (1) e de me atrapalhar!
Efectivamente, trabalham muito, não sei porquê, trabalham sem pensar ou, muito pior, atrevem-se a pensar que todos os outros são um bando de rematados idiotas só porque, eventualmente, a maioria não é doutorada, mestre, licenciada, bacharel ou outra coisa qualquer que o valha... Refiro-me, naturalmente, ao trabalho incansável da nossa tutela do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia.
Como, tanto quanto se sabe, os trabalhos "projectados" são/serão pagos pelo erário público, senti-me à semelhança dos restantes contribuintes residentes, transformada, à força e de um momento para o outro, em "busines demon" totalmente ileterata e despreprada para opinar sobre o assunto.
Por isso, para não pular para conclusões precipitadas, resolvi averiguar como é que conceituados investidores de risco (dos verdadeiros) seleccionam os seus investimentos e, depois de ler por aqui, por ali, e por todos os lados, descobri que, em síntese, é assim: para um "business angel" investir num empreendedor (aqui o MCTES) e num plano de negócio (coisa mais antiga, que só esta...mas, neste caso, nem isto foi ainda feito) há que acautelar, previamente, as respostas (Re) às seguintes questões:
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1) Existe uma necessidade não satisfeita?
Re: Não me parece! Há já cerca de 12,000 Doutorados, e 10,000 são pagos/as por Orçamento de Estado. Só 250 (serão 250?) estão em empresas privadas (serão empresas privadas?). As empresas em questão precisariam de ser bem analisadas. Para mim, por exemplo, empresas como EDP, REFER, GALP, REN, PT e quejandas não contam! - "jointventures" com mercados garantidos, por monopólios (ou perto disso) até ver, não são empresas PRIVADAS!
Precisamos então de mais doutorados, a custos de MIT/Austin Texas/Harvard/Carnegie Mellon, etc? Penso que não!
2) Têm a solução?
Re: Não me parece, porque se não, não se contratariam serviços avulsos de "subcontractors" tais como do MIT/Austin Texas/Harvard/Carnegie Mellon, etc., etc...
3) Estão qualificados para tal (equipa e tecnologia)
Re: Não me parece, porque caso contrário, não partiriam para "outsourcing" do MIT/Austin Texas/Harvard/Carnegie Mellon, etc., etc...
4) O mercado existe e é vasto?
Re: As nosssas empresas privadas não têm ainda essa capacidade - 99,5% são PME, devotadas à produção de baixo valor acrescentado.
Precisam estas de mudar? Sim e com urgência! Invista-se nestas mudanças, mas não se invista por cima, por baixo e ao lado! (ver também, texto em itálico, deste post).
5) Têm vantagens competitivas?
Re: Aqui sim, a equipa (MCTES) faz só o que lhe apetece, quando lhe apetece, como lhe apetece! Vive em MBO (Management buy-out) absoluta, sem precisarem de assegurar "Liability".
6) Têm uma boa estratégia de desenvolvimento?
Re: Não publicitaram nenhum planeamento, por isso, desconheço a eventual existência de um plano estratégico! O badalado Plano Tecnológico não vale! Para mim, está muitíssimo mal feito, e isto qualquer um pode provar - trata-se de uma mera piedosa descrição de intenções políticas de outra tutela (ou, vai-se a ver, pode ser da mesma tutela=origem).
7) Irão criar valor para o accionista?
Re: Sendo eu co-accionista, embora me contente só com valores intangíveis desde que pormenorizadamente descritos, verifico que, tirando alguns poucos beneficiados a título individual, e ainda por cima a prazo (quantos, no total, e em números redondos? Uns 5.000?), penso que não eu nem os co-financiadores (restantes cidadãos), beneficiarão de qualquer valor, até me provaram o contrário, desta "inoperative" metodologia de "head-hunters do futuro".
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Pergunta adicional: Garantem, com estas medidas/investimentos um lucro líquido anual MÍNIMO de, pelo menos, € 12.500.000,00?
Re: Demonstrem! Pelo menos demonstrem, como ao menos pensaram nisto!
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Para mim, é insuficiente a seguinte opinião (que transcrevo) - em tempos não devidamente datados, como é de uso - emitida por um conhecido director de um centro de investigação, quando assim questionado "E qual o papel que os privados podem desempenhar? É necessário estreitar as relações entre as empresas e a I&D, com um aumento do esforço financeiro, como sucede noutros países? ":
"É um assunto muito recorrente a ligação às empresas, mas não podemos exigir mais às empresas do que lhe podemos pedir. Diria que o mercado é inteligente; se as empresas não investem mais é porque não sentem essa necessidade.
O que observamos no mundo ocidental, norte da Europa e EUA é que o esforço considerável em ciência não vem das empresas, continua a vir do domínio público. Não nos iludamos - as universidade não são financiadas pelas empresas. Temos dois grandes sistemas e os EUA mostram que o crescimento do sistema privado foi construído à base de um sistema público muito forte que se solidificou durante várias décadas. Mas não pensemos que há uma grande transitabilidade de fundos ou de bens entre eles; os sistemas são cada vez mais diversos e isso é muito importante.
O grande erro é dizer que não é preciso aumentar mais o público, o que é preciso é aumentar o privado. São coisas completamente diferentes. o que se financia pelo sector público não tem nada a ver com o sector privado. O tipo de investigação e a forma de fazer investigação são cada vez mais diferentes e um não substitui o outro; temos que actuar nos dois e sabemos que de um modo geral o privado vem sempre atrás do público. A questão das empresas é crítica mas não pode ser usada como desculpa para reduzir o investimento público porque são assuntos radicalmente diferentes e têm que ser tratados de forma diferente. O que os empresários precisam é de uma estrutura de incentivos que lhes permita evoluir da actual estrutura de produção para uma estrutura de inovação".
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Posto isto, sem muito mais informações, ou explicações, vejo o futuro deste "Plano de Negócio" assim:
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Confesso que não estou nada motivada para um investimento de risco nacional, a prazo, com uma visão destas! Não me vejo como "stokeholder" de um empreendimento nestes moldes; é certo que o "shareholder value" é muito pequenininho; mas a mim, e a uma larga maioria de contribuintes portugueses custa-nos muito a ganhar sequer a própria subsistência básica, sobretudo - quando em permanente regime de "troubleshooting" e até essa também pode estar ameaçada de "outplacement"!
Nestas condições, de "overspending", acreditem-me, não passo voluntariamente, cheques em branco, a ninguém!
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(1) Governo lança Concurso Internacional para a contratação de 1000 investigadores doutorados (20 de Abril); Valorização económica do conhecimento científico - cooperação com a Sociedade Fraunhofer (18 de Abril); Portugal inicia colaboração com Harvard na área dos conteúdos médicos (16 de Abril); Participação de Portugal nos Programas Europeus de I&D (7º PQ) (16 e 17 de Abril); Encontro com os Laboratórios Associados (12 e 13 de Abril), etc., etc.

sábado, abril 28, 2007

Ser uma excepção pode ser a regra

Este post é só para me lembrar a mim e divulgar, aos meus caros e raros leitores (que sejam um pouco mais distraídos do que eu - quase impossível), interessados em questões de ensino superior, mais um utilíssimo e informativo trabalho do Observatório do Ensino Superior (OCES): Sucesso Escolar no Ensino Superior: Diplomados em 2004-2005.
Felizmente que, entre nós, o OCES continua a ser a valiosa excepção, que tanta falta nos faz, para sabermos como é a nossa realidade.
Disse isto, porque que as restantes entidades, e são demasiadas - por onde se espalham as variegadas e sortidas informações importantes para o sector - parecem orgulhar-se que ninguém perceba nada do que se passa.
Têm razão, é melhor para os próprios a manutenção da ignorância dos restantes, deve tratar-se de auto-preservação...

quarta-feira, abril 25, 2007

Com o olhar vítreo da "Python"

Só tenho podido acompanhar muito de viés - por controlo remoto da Comunicação Social, e com a acuidade vidrada da visão encapsulada própria de uma cobra python - as notícias fantásticas do que se passa na Educação Superior, Ciência e Tecnologia em Portugal.
De informação em informação, cheguei à Página do MCTES, aonde podemos consultar o conteúdo de Ciência 2007, de 20 de Abril de 2007: Governo lança Concurso Internacional para a contratação de 1000 investigadores doutorados.
Não deixaria de ser uma excelente notícia, potencialmente, muito interesante se não fosse sabermos bem os resultados do seguinte e detalhado documento "Science, technology and innovation in Europe"(1), ISSN 1725-5821, publicado pelo EUROSTAT, e que o Observatório da Ciência e Ensino Superior nos disponibiliza para consulta aqui.
Esta medida de "mais doutorados" é apenas mais uma das, habitualmente, variadas e descontextualizadas, com que o(s) ministério(s) que tutela(m) esses assuntos nos brindam.
Enfim, mesmo assim será, razoavelmente, bom para cada um dos felizes 1000 bafejados pelos protecionismos governamentais, tantas vezes descritos neste blog. Desta vez, vai-nos custar no mínimo mais cerca de € 35,000,000/ano, e continuamos a não saber para que serve essa despesa adicional.
Dizem-me algumas pessoas, mas isso são só tostões!!.... e são!
Só que os bolsos deste país parecem estar rotos, e todos os dias, literalmente, lexiviamos tostões aqui, tostões ali, tostões por todo lado, sem objectivos definidos, mensuráveis e consequentes. No final das empreitadas, gastamos milhões e milhões, para nada! Nem para ganharmos juízo. Querem comprovar?:
Na Edição impressa do Diário Económico - Universidades, podemos ler:
"Mais de 20 cursos com nota negativa" - exactamente quanto nos custou, em recursos financeiros e tempo gasto, o primeiro surto da avaliação da qualidade de ensino superior? No que deu? Pouco menos que nada!
Parece que, do MCTES, sobre esse tema, só se sabe que essas avaliações foram no tempo do anterior governo,.... e que agora o filme* já é outro...
A este respeito ainda, e espantosamente (por ser totalmente inédito), concordo em género, número e grau com a opinião do actual Presidente do CRUP (Entrevista a Seabra Santos, Presidente do Conselho de Reitores (CRUP) 2007-04-24 00:05): "É inadmissível que o Governo não aplique consequências da avaliação".
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*Esperemos que o filme actual, não se torne numa longuíssima, chatíssima e ruinosa (kilo)metragem!
(1) Science, technology and innovation in Europe"(1), ISSN 1725-5821, publicado pelo EUROSTAT, no Cat. No. KS-AE-07-001-EN-N. (Cat. No. printed publication KS-AE-07-001-EN-C). Theme: Science and Technology. Collection: Pocketbooks"

sábado, abril 21, 2007

Em Portugal há Business Angels em toda a parte!

1 - Recebi hoje, por mail uma informação que pode ser muito interessante - o extracto de um comunicado de imprensa, sobre o desenvolvimento tecnológico do país - que divulga o seguinte: "Portugal organizou Congresso Europeu de Business Angels mais participado de sempre".
Como nos recorda o próprio comunicado, os Business Angels são: "Investidores individuais, normalmente, empresários ou directores de empresas, que aplicam, a titulo particular, o seu capital, conhecimentos e experiência, em projectos liderados por empreendedores que se encontram em início de actividade. O objectivo deste investimento é a sua valorização a médio prazo, na expectativa de uma alienação posterior a outros interessados".
Não há dúvida que este facto constitui um sinal inequívoco do interesse crescente em investimentos em novas empresas de base tecnológica. Tomara que a afluência de participantes ao evento seja, efectivamente, oriunda de potenciais financiadores privados e não dos interessados em financiamento.


2 - Aproveito para divulgar também mais uma boa notícia de financiamento para Politécnicos, também por Business Angels mas estes com fundos PÚBLICOS mas, mais uma vez, tendo por base da decisão, a transparência do gesso. Recordo-lhes aqui dois "posts" deste mesmo blog intitulados, respectivamente de: "Get Your Gun and come along" de 1 de Abril de 2006 e "Sem nome" de 17 de Março de 2006.

Neste último, divulguei os nomes das instituições de ensino beneficiárias de um Concurso Público para OFICINAS DE TRANSFERÊNCIA DE INOVAÇÃO E CONHECIMENTO - OTIC, por volta de 15 de Março de 2006, no site da ADI (à época): Universidade de Lisboa, Universidade de Aveiro, Instituto Politécnico de Setúbal, Universidade do Porto, Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Politécnico de Leiria, Universidade do AlgarveUniversidade Católica Portuguesa, Escola Superior de Biotecnologia, Universidade do Minho, Universidade de Coimbra, Instituto Politécnico do Porto, Universidade da Madeira, Universidade Nova de Lisboa, Universidade da Beira Interior, Instituto Politécnico de Beja e Universidade de Évora. Estas com um financiamento total de € 3.068.059,56.

Mas ontem, literalmente, tropecei numa página do MCTES neste destaque: "Ciência 2007 -valorização económica do conhecimento científico - cooperação com a Sociedade Fraunhofer, 18 de Abril", pelo qual se era informado:"Esta acção no âmbito do ciclo de iniciativas Ciência 2007 compreende ainda a apresentação de uma centena de novas empresas de base tecnológica com apoio da Agência de Inovação (AdI) e o lançamento das Iniciativas CiênciaVALOR, para apoio ao registo internacional de patentes e à valorização económica do conhecimento científico." Andando atrás da AdI e das das Iniciativas CiênciaVALOR, cheguei a uma ""OUTRA NOVA"" lista de instituições com OTIC aprovadas, que às anteriores acrescenta, sem explicações, estas outras: Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Universidade Lusíada de V. N. Famalicão, Instituto Politécnico de Portalegre, Instituto Politécnico de Tomar, Instituto Politécnico de Castelo Branco, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o que representa € 1.048.784,78 - ver, simultaneamente, aqui e aqui.

Estes dois financiamentos que referi, não se destinam a empresas de base tecnológica, mas ajuda PREVILEGIADA E DISCRIMINADAMENTE, COM DINHEIROS PÚBLICOS, INSTITUIÇÕES BENEFICIADÍSSIMAS, sem se percebermos muito bem porquê.

Não deixa de ser uma boa notícia para o subsistema politécnico, mas como todo esse Processo de OTIC foi muito estranho, e pelo jeito continua esquisito, não penso que essas instituições mereçam parabéns, muito pelo contrário e até prova em contrário!

Ver síntese: aqui e aqui desta "coisa diferenciada só para alguns" das OTIC/Valorização do Conhecimento/GAPI aqui e aqui

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É por esta (nº 2) e por outras que me sinto cada vez mais como o Donkey daquele filme Shrek, quando diz qualquer coisa como "I just know, before this all thing is over, I'm gonna need a whole lot of serious therapy"

domingo, abril 15, 2007

"Some bargains are Faustian, and some horses are Trojan"

Dois ou três leitores deste blog reconhecem e dizem-me (via mail) que as minhas arengas até podem ser pertinentes, mas questionam o motivo porque não acrescento, aos meus "posts", ideias que pudessem contribuir para correcção dos rumos até agora tomados, no nosso ensino superior, ciência e tecnologia (ESCT).


Já me disseram até que, criticar é sempre muito fácil... De facto, os que assim dizem têm toda a razão, porque até eu, sem ver de quê, percebo... os...as...chamemos-lhe...inconsistências! Nestas circunstâncias, criticar não é fácil, é facílimo!
Os motivos que me levam a, definitivamente, não propor os milagres que precisaríamos, são muito simples: i) as estratégias pertinentes aos domínios de ESCT deixaram, há muito, de ser problemas domésticos, com soluções a gosto pessoal, ou que permitam atender às especificidades dos nossos embróglios e respectivas soluções simplistas, (actualmente, de preferência, compradas para alguns), cujos resultados relativos estão bem patentes em "Science, Technology and Innovation in Europe 2007" e ii) não disponho nem de tempo nem de competências, que me permitissem sistematizar o assunto, da forma como penso que seria necessário.


A meu ver, as questões e soluções de ESCT, de há muito deixaram de ter fronteiras - são globais. Assim, há muitíssimas pessoas, entidades, instituições e especialistas internacionais dedicados, que se debruçam, exclusivamente, e estudam, há décadas, estes temas, divulgam e publicam as suas ideias e, fundamentadamente, preconizam propostas, caminhos ou aconselham rumos e metodologias adequados. Quanto a mim, essas ideias são via de regra bem estudadas, testadas e já avaliadas, precisariam apenas de serem postas em prática entre nós, com larga economia de recursos e tempo - e isto nós não queremos!

Claro que, embora correndo o risco de ser irrelevante ou redundante, tal como já aconteceu uma vez ou outra (ex. post de 1 de Abril de 2007) segue-se esquemática, e sinteticamente, o que eu penso sobre a investigação e inovação:
1. Parece-me DESPROPOSITADA e totalmente injustificada a nossa insistência actual, no conceito que vingou na grécia antiga e se prolongou até ao final da idade média - separação entre filosofia/ciência pura (exercida pelos senhores, depois Universidades, com U) e artes práticas (exercidas pelos escravos e, mais tarde, pelos artífices e dispenso-me de identificar a actual etnia pertinente ao agrupamento).
"...Generally speaking, the scientific agencies of Government are not so concerned with immediate practical objectives as are the laboratories of industry nor, on the other hand, are they as free to explore any natural phenomena without regard to possible economic applications as are the educational and private research institutions. Government scientific agencies have splendid records of achievement, but they are limited in function."
2. De há muito tempo (mais especificamente, e por exemplo, com os japonezes, na indústria automobilística e fotográfica, das décadas de 60 e 70) que a investigação e inovação deixaram de seguir um modelo linear, persistente em alguns países europeus, e que é o seguinte:
Investigação fundamental>Investigação aplicada>Desenvolvimento tecnológico>Inovação da produção, processos e produtos.
3. "Novo modelo de ESCT: Plano conceitual bi-dimensional (Stokes, 1997), com Visão da importância da pesquisa estratégica ('Use-inspired basic research') e do desenvolvimento tecnológico e a ampliação das fronteiras do conhecimento."
4. "Uma inovação tecnológica de produto é a implementação/comercialização de um produto com características de desempenho aperfeiçoadas capazes de proporcionar novos ou melhores serviços ao consumidor. Uma inovação tecnológica de processo é a implementação/adoção de novos ou significativamente melhores métodos de produção ou de distribuição. Isto pode envolver mudanças em equipamentos, recursos humanos, métodos de trabalho ou uma combinação destes." (Manual de Oslo)
5. O financiamento do sistema deveria ser efectuado, exclusivamente, por candidatura de projectos apresentados por empresas PRIVADAS (e não mistelas de gestão-administração duvidosas), a financiamento público, num quadro estratégico plurianual.

"Some bargains are Faustian, and some horses are Trojan.
Dance carefully with the porcupine, and know in advance the price of intimacy"*
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Clique na imagem para poder ver melhor.
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Tudo o que saia muito do esquema anterior, e que implique a mais remota intromissão do governo ou a sua decisão descriminatória - não sufragada pelos 2 subsistemas educacionais de educação superior e empresas - para além de um simples papel de regulador, para mim, prejudica muitíssimo o desempenho e eficácia da inovação nacional.
Alguém sabe qual é o papel do MCTES ou das instituições, nestas cooperações? Prefiro, que as instituições tivessem sido as forças-motrizes destas iniciativas. Mas,...não acredito!
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Fontes e referências
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- IMAGEM: heidas60's photos http://www.flickr.com/photo_zoom.gne?id=435155376&size=o
- BRANSCOMB, Lewis M., and Richard Florida [1998], AChallenges to Technology Policy in a Changing World Economy,@ in L. M. Branscomb and J. H. Keller, eds., Investing in Innovation: Creating a Research and Innovation Policy that Works (Cambridge: MIT Press).
- Science The Endless Frontier. A Report to the President by Vannevar Bush, Director of the Office of Scientific Research and Development, July 1945. (United States Government Printing Office, Washington: 1945).
http://www.nsf.gov/about/history/vbush1945.htm "… Generally speaking, the scientific agencies of Government are not so concerned with immediate practical objectives as are the laboratories of industry nor, on the other hand, are they as free to explore any natural phenomena without regard to possible economic applications as are the educational and private research institutions. Government scientific agencies have splendid records of achievement, but they are limited in function."
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http://www.sonoma.edu/aa/policy/Higher_Ed_21st.ppt#257,3,Education in the 21st Century
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http://www.sonoma.edu/aa/policy/Higher_Ed_21st.ppt#256,1,Diapositivo 1
- AEA/CES Think TankOperating in Pasteur’s Quadrant: Use Inspired Basic Research* -
http://www.wren-network.net/resources/2005AEA_CES/Think.Tank-Operating.in.Pasteurs.Quadrant/Lal.and.Messeri.ppt
- http://nanoandsociety.com/ourlibrary/documents/bsts-nano.pdf
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http://www.cspo.org/products/conferences/bush/Stokes.pdf

sexta-feira, abril 13, 2007

Fora de todas as horas

Ontem, via Blog de Campus, acedi ao seguinte texto: "Ranking" científico sem escolas portuguesas no "top" 700 mundial, (que podem consultar de forma mais completa aqui) e, por coincidência, tinha lido opiniões sobre o tema em dois posts sucessivos dedicados à "Lei da Avaliação", no blog de JVC, http://jvc-apontamentos.blogspot.com/, o que me levou a voltar a pensar neste assunto.
Ao longo do tempo, tenho-me dado conta do nível de controvérsia que surje do nada, sempre que se mencionam, mesmo que só muito remotamente, questões de classificação ou ordenação de instituições de ensino superior (em Portugal, só desde 1994).

Por outro lado, os altos responsáveis de instituições de ensino, parece que não se opõem a nenhum procedimento de classificação-ordenação desde que as suas instituições captem lugares de topo nos rankings, quaisquer que estes sejam.
Compreendo muito bem os fundamentos de opiniões que se opõem, de formas mais ou menos enérgicas à aplicação de sistemas de classificações e ordenações de instituições de ensino, superior ou não, no entanto, entendo que estes sistemas têm a virtualidade de poderem circunscrever e descrever as potencialidades relativas da oferta de formação educativa superior, sem que se convertam em instrumentos de exclusão.
Pessoalmente, identifico-me com "... o tema é polémico, na medida em que a classificação e a ordenação de Instituições e/ou de serviços envolvem critérios objectivos, nem sempre fáceis de definir e quantificar, os quais, se usados incorrectamente, podem originar injustiças graves, e prejuízos significativos, tantos para os utilizadores, como para as Instituições ...".
No mundo da moda é muito conhecida a ideia de que o modelo único para todos não serve a ninguém. Por isto mesmo, um sistema de classificação-ordenação de instituições de ensino, seja este de que nível for, terá que forçosamente enquadrar-se em metodologias um pouco mais sofisticadas do que um simples gerador automático de números aleatórios, até que surja um que possa ser considerado "o tal, o da nossa sorte".
Pode não ser fácil de se concretizar (dará trabalho e a gente sua) mas, na minha perspectiva, é perfeitamente possível utilizar um sistema de classificação parametrizável, suportado por, metodologias transparentes, com base em linhas de orientação já definidas - por ex., "Berlin Principles on Ranking of Higher Education Institutions" - definir critérios transversais à oferta de formação (muito trabalho já foi feito, neste sentido, desde o tempo da Ministra Maria da Graça Carvalho) e critérios diferenciadores ajustados às missões das instituições, torna-se na ferramenta indispensável à pacificação, modernização e ao aperfeiçoamento de todo o ensino superior português, ao ajuste do ensino ao mercado de trabalho efectivo, e não o mercado de trabalho imaginado, à transparência necessária aos formandos e candidatos a formandos, ao espírito verdadeiramente competitivo que precisamos de ADQUIRIR e desenvolver, porque senão NÃO!
Concordo, assim, com a necessidade absoluta de publicitarmos classificações e "rankings", mas também penso, é que para executar este trabalho, seria só preciso fazê-lo, ou melhor tê-lo feito desde 1994. A ausência da concretização desta tarefa foi, para mim, a grande omissão do CNAVES, e continua a ser "O" motivo para a actual tutela do sector continuar a perder tempo, e a esbanjar recursos que não temos.


quinta-feira, abril 12, 2007

Vamos fazer uma barrela às nossas "gralhas" até ficarem brancas?

Ora pois, muito bem, grandes notícias, depois de ontem, quase nos podemos conciliar todos e uns com os outros!
Sintetizando:
Provavelmente, só eu e apenas mais cerca de outros 10.499.999 Portugueses recebemos, por mail, um "convite", subscrito por estratosféricas esferas, para participar numa sessão pública da Ciência em Portugal - Ciência 2007. Encontro com os Laboratórios Associados, como me pedem textualmente e com muita consideração, para divulgar o evento (não se vá concretizar a impossibilidade absoluta de existir alguém ainda mais despassarado que eu mesma), emocionadamente, estou a divulgar o acontecimento aos meus caros e raros leitores!
Resolvi ir conferir a evolução geral no sector:
1 - À data de apresentação do Plano Tecnológico (lembram-se? - se se lembrarem, têm memórias notáveis, parabéns!), tínhamos 121 centros; actualmente, já vamos em 125.
2 - Atingimos em 31 de Dezembro de 2006, e nestes Laboratórios, a colaboração de 5889 investigadores e 2508 Doutorados, que representam acréscimos de novos postos de trabalho científicos, de 41 e 43 %, respectivamente; pelas minhas contas, os custos destes centros, só em pessoal subiram em um ano, no mínimo, de 50 milhões de Euros anuais. Os custos públicos adicionais em dinheiro são poucos, mas também a descrição oficial das actuais mais valias da maioria desses mesmos Laboratórios é muitíssimo vaga.
3 - Não devo ter prestado atenção suficiente, mas estimo em mais de meia dúzia de laboratórios, dedicados, é claro, às nanotecnologias, estas aplicadas a tudo!!!!
Descontando, assim, eventuais "gralhas" melhorámos muitíssimo, a organização do sistema!

Falando em "gralhas", fiquei muito contente que o Senhor Primeiro Ministro tenha esclarecido o povo todo, porque (penso) que 5, dos seus 7,5 anos da sua carreira académica, se tenha passado no subsistema politécnico. Poderá isto ser apenas e só mais uma gralha*?
Não é extraordinário?
Nem imaginam como fiquei "babadíssima" com esta surpreendente e "bombástica" revelação; durante muitos anos foi um segredo muito bem guardado, não acham? E logo o subsistema a precisar tanto de lhe serem reconhecidas competências educativas. Se soubessemos disto, com alguma antecedência, a informação era um argumento de negociação. Vejam bem, que este senhor é frequentemente elogiado por cabeçalhos de toda a comunicação social Europeia.
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(*Em off: Digam-me que sim! Por favor, digam-me que sim!)
Não pensem coisas, tenho VERDADEIRA ADMIRAÇÃO por Gralhas-Gralhas, porque estas sim, são bicharocos espertíssimos! e inovadores, como precisaríamos todos de ser!

domingo, abril 08, 2007

Cohortes? Como as de sardinhas ou atuns? Não me digam isso!

Por razões que não são para aqui chamadas, nesta semana pouco santa, tenho sido accionada por controlo remoto, e a ideia que vou fazendo cá da nossa terra resulta da interpretação indirecta e expedita, de outros sensores que não os meus próprios.
Sintetizo:
1º - Dizia-me, na última 4ª feira, uma pessoa muito novinha, docente do subsistema politécnico, um ex-futuro doutorando na amarra --- digo ex-futuro e na amarra, já que ele não foi um dos "felizes contemplados pelas selectivas dádivas da FCT, para o efeito" vai-se lá perceber porquê, até porque mesmo que se pergunte NÃO DIZEM! --- e que, há um par de anos, faz o favor de ser um dos meus bons amigos mais jovens - disse-me ele, mais ou menos isto:
"Sabe, estou a ficar particularmente preocupado! O que eu realmente gosto, e que sempre gostei muito, é de estar rodeado dos meus alunos, fico felicíssimo quando eles captam a minha mensagem, comprendem o valorizam meu esforço, para que entendam bem, aprendam e se fascinem como eu, pelos os meandros da matéria Y. Não penso que o meu doutoramento vá de alguma forma poder aperfeiçoar, nem um pouco, as minhas capacidades em benefício do que posso oferecer aos meus alunos, mas o pior é que estou realmente a gostar, e muito, do meu trabalho de doutoramento, no domínio Y. E continuou: Receio --- dizia-me muito convicto --- que este meu gostar vá suplantar aquele outro a que dediquei esta minha última meia dúzia de anos.... É que, não gosto mesmo nada de estar a gostar tanto! O que será dos meus alunos actuais e futuros e também de mim, se eu acabar por mudar mesmo o meu foco de interesse?"
- O que pensei disto?: Ainda não acabei de engolir e digerir, esta informação, no entanto, temo muito pelo futuro dos actuais e alunos seguintes do meu amigo, e temo muito pelo meu amigo, em si, por causa do seu entusiasmo.

2º - Na mesma 4ª feira, pude ler no Blog de Campus o seguinte: "Volume de negócios do INEGI ultrapassa pela primeira vez os 4 milhões de euros", do qual extraí o seguinte: "Depois dos cerca de 3,84 milhões de euros de 2005, os valores subiram para cerca de 4,27 milhões no ano passado.Pouco mais de dois terços do volume de negócios tem por base actividades financiadas por clientes -- mais 12% que em 2005. Destes, 29,4% são referentes a projectos de I&D, 30,5% a serviços de consultoria e 7,3% a serviços de formação. Os projectos de I&D com empresas e apoiados pelo PRIME são responsáveis por 26,3% do volume de negócios de 2006 e 6,5% provêm de projectos de investigação financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. No capítulo da prestação de serviços, as acções de consultoria cresceram 18,2% -- passaram de cerca de 2,15 milhões para perto de 2,55 milhões. Os contratos de I&D desceram 8,1%, ficando assim a rondar os 1,4 milhões de euros. Segundo os responsáveis do INEGI, a redução dos serviços de I&D prestados ao exterior deve-se essencialmente aos regulamento do PRIME: como a instituição assinou, em 2005, um contrato de apoio à construção de novas instalações (as obras terminam em Dezembro deste ano), não se podia candidatar, em 2006, à medida "5.1 Acção A" do PRIME (representa cerca de 600 mil euros por ano)."

- O que pensei disto?: Não percebi nada das contas que mencionam a esmo "lucros", financiamentos e menções de parcerias pouco definidas. Para mim, são tudo coisas que não se articulam assim tão facilmente. Como sempre, os números e as "contas prestadas" é para ninguem entender, a começar pelos próprios. Mas,...fico feliz, porque parece que estão felizes mas, no computo geral, não percebo, como direi? O seu entusiasmo? Na verdade, temo por quem pertence a este instituto, e a outros semelhantes.

3º - Agora, em toda a nossa amordaçada comunicação social e também na blogosfera (HÁ PELO MENOS DOIS ANOS) não se fala noutra coisa se não nos desaires da Universidade Independente e seus derivados.

- O que penso disto?: Ninguém pára para pensar que pode muito bem ser que a maioria dos seus perto de 3000 diplomados possam ser pessoas realmente entusiasmadas com o que por lá aprenderam e hoje honestamente fazem? Afinal cafejestagem ainda é a excepção, entre nós, ou também já não?

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O que penso eu de tudo isto?

Meus amigos, caros, raros e bravos leitores, primeiro pensei, com toda a legitimidade, que EU estava a ser apenas a expressão viva de "gaps" geracionais causados por diferenciação de classes etárias, o que é normal e muito grave, mas só para mim! Agora, estou em pânico! Penso mesmo que estamos todos, novos, os nem tanto, e os restantes mesmo os podres, a ser "catch-selvagem" de choque de civilizações, as dos outros e a falta da nossa, como resultado de regimes de pesca permanente em Tonelagem de Arqueação Bruta (TAB).

Piedade e clemência! Porque hoje é Domingo, e é de Páscoa!


quarta-feira, abril 04, 2007

Takeover


Bom descanso!


Enquanto eu fico bem por aqui, durante este curto espaço-tempo, a tomar conta de todos os pertences e demais apetrechos de estimação de alguém,... Cacao

PS (6 de Abril, 2007)

Apesar de aplicadíssimas tentativas, não consegui fabricar ovos de Páscoa, nem sequer para os raros leitores deste blog. Vou esperar que "a MINHA pet" regresse, de onde eu a enviei. Mas como dizem, o que conta é a intenção, e aqui lhes deixo o resultado dos meus "porfiadíssimos" esforços:

A propósito, e de propósito, têm alguma ideia, de como se reconstroi um cesto de verga roído?

Cacao,

mas com muitas birras.

terça-feira, abril 03, 2007

Prosumers

Por vezes, os meus caros e raros leitores enfrentam sérias dificuldades em remeterem os seus comentários a este "blog".
Alguns queixam-se, outros nem tanto, mas acabam por me contactar, exclusivamente, por mail.
Sendo poucos os meus leitores, na maior parte das vezes, respondo-lhes aos "mails" e, invariavelmente, pergunto-lhes se gostariam de divulgar as suas opiniões no "blog"; quando, eventualmente, me respondem e me autorizam por escrito, faço a mais absoluta questão de divulgar as suas opiniões. Este "post" é o exemplo de um leitor que se subscreveu Henrique Santos, e que nos junta uma referência bibliográfica, muito interessante, que reparto com os visitantes deste espaço:

"......
a propósito do seu post "Moonshine" do craqueamento educativo terciário" junto envio extrato de documento que julgo talvez a possa interessar, e a que pode aceder na totalidade em http://www.iff.dk/creativeman/CreativeMan.pdf (aqui ou aqui).
Não sei se posso concordar com a sua visão industrializada de linhas de produção de almas operativamente formatadas, em produto chave-na-mão para uso de agentes empresariais... O politécnico está em óptima posição para ajudar a potenciar os futuros "prosumers" que irão moldar a vida neste nosso planeta, assim o queira fazer e muito melhor que a universidade.
........."
Sabe Henrique Santos, perante a inversão de percentuais de oferta de formações superiores a que este nosso país se deixou conduzir, e a tendência distorcida para o agravamento desta situação, face às medidas políticas até agora tomadas - refiro-me ao "gap" entre as formações necessárias ao mercado e as disponíveis (ou a disponibilizar) quer a nível qualitativo quer a nível quantitativo, sinceramente, e perante a permanência do sistema binário - devemos, para o bem de todos nós, exigir de imediato barreiras bem definidas - a própria OCDE assim nos recomendou e, pessoalmente, concordo - já que nenhum dos subsistemas educativos parece convencido a garantir as respectivas funcionalidades que, efectivamente, fazem falta ao país.
Se não o fizermos, acabaremos por pagar exorbitâncias (que não temos) para serem executadas formações a nível de CET, licenciaturas de 3 anos, e a transferência de tecnologia básica por docentes/investigadores universitários; os politécnicos ficarão condicionados à insistência em oferecer doutoramentos (por enquanto, claramente, desnecessários ao país) e a executarem investigação fundamental (alguém vai ter que se encarregar desta vertente, porque as Universidades não parecem nada entusiasmadas, em assumir este desígnio) enquanto se torna patente, aos olhos de todos nós, que ambos os subsistemas estão francamente desprovidos de competências e requisitos suficientes, para alcançar os seus auto-ideais conflituantes - os polos executivos, estão mesmo trocados e, naturalmente, entram em choque entre si - o que só nos conduz a desperdícios de energias e tempo, de que não dispomos. Além de tudo o mais, o nosso país não pode continuar, indefinidamente, a aguardar uma acomodação natural de tarefas.
Assim, até prova em contrário, penso que uma separação efectiva de tarefas será importante, até que ambos os subsistemas, aprendam a trabalhar em equipa; sim, porque numa visão optimista seria só disso que se devia ter tratado mas, infelizmente, não foi essa a política (espinha dorsal de decisões) seguida, até agora, por esta ou por qualquer outra tutela antecedente.
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Obrigada pela a achega bibliográfica porque, como diz, é mesmo interessante.


PS - A meu ver o equilíbrio da oferta de formações terciárias pode garantir o rápido acréscimo da população de "prosumers", que tanta falta nos fazem.

domingo, abril 01, 2007

"Moonshine" do craqueamento educativo terciário

A destilação fraccionada é um processo de separação dos componentes de misturas homogêneas ou heterogêneas. De uma forma simplificada, podemos dizer que quanto mais próximos forem os pontos de ebulição dos componentes, menor o grau de pureza das frações destiladas.

A destilação fracionada é usada, entre outras aplicações, na obtenção das diversas frações do crude - cracking, processo industrial complexo, que se mantém em aperfeiçoamento contínuo e tem beneficiado de sofisticados planeamento e controlo. Não lembra a ninguém que se dedique à indústria do petróleo, valorizar em si mesmo mais um produto de cracking do que outro, porque cada um dos produtos têm a sua indispensabilidade e utilizações bem definidas e, naturalmente, também os seus custos de produção.

Na destilação fraccionada são utilizadas torres, constituídas internamente por sucessivos "andares", separados por "bandejas/pratos" perfurados, cujas perfurações são cobertas por "bujões", como estes das duas figuras seguintes, ou outros funcionalmente equivalentes:









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O vapor de cada componente é produzido no andar pertinente ao seu ponto de ebulição, ou que com acesso a um determinado andar passa para o andar superior, e o condensado nos "bujões" fica retido no prato do andar de referência, ou retorna ao andar inferior pelas perfurações, que por estar a temperatura mais elevada, lhe pode proporcionar re/vaporização.

A cota da torre, em que deve ser feita a sua alimentação depende apenas do estado físico da mistura multicomponente (por exemplo se for dominantemente vapor - a alimentação deve ser localizada mais abaixo na coluna, enquanto que se for dominantemente líquida - deve aceder à coluna, a cotas mais elevadas).

Por outro lado, os custos do processo dependem do que se pretende (ver, por exemplo, mais alguns pormenores aqui).

Um decréscimo do valor de Refluxo = L/D, implica um aumento de número de pratos (aumenta a altura da coluna), enquanto que um acréscimo de Refluxo torna a coluna mais atarracada, e com diametro maior. Uma vez mais o que comanda o processo é o que se pretende, a nível da pureza e e as especificações dos produtos de "cracking".
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Juntando tudo isto que lhes disse, e uma representação que vi num post do Blog Co-Labor, pessoalmente, vejo assim a nossa educação terciária, inclusivamente, com mobilidade, e com Refluxo, utópica e tendencialmente, nulo:
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Formações Universiárias:
Reduzido número de alunos (inferior a 30%)
Custo elevado por aluno
Associação do sistema de Educação à Investigação Fundamental e à Criação de Conhecimento
Graus/Diplomas - Mestrado e Doutoramento ligados exclusivamente à Investigação e à inovação teórica
Formações Politécnicas:
Elevado número de alunos (acima de 70% dos formandos)
Custo de formação por aluno mais baixo
Associação da Educação à Transferência de Tecnologia, Investigação Aplicada e contratualizada com empresas, e à inovação aplicada
Graus/Diplomas - Formações pós-secundárias não conferentes de grau, atendimento e preparação de públicos especiais, Licenciaturas e Mestrados Ligados à Produção/Manufactura.
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A especificidade de objectivos de formação em ambos os sub-sistemas obrigaria a que as formações oferecidas em qualquer deles, obedecessem a critérios - BEM DEFINIDOS - e expressos em:
Descrição Pormenorizada do Perfil do Formando, Competências Gerais e Específicas a garantir, descrição pormenorizada dos Resultados de Aprendizagem (RA), Respectivos Métodos de Ensino-Aprendizagem, Sistemas/Métodos de Avaliação, para assegurar os RA e ainda os níveis previstos para a aprendizagem - é este passo do processo que traduz a aplicação da transparência e rigor preconizados, pelo paradigma de Bolonha, que exige APRENDIZAGEM dos formandos, e não débito avulso dos conhecimentos de formadores (vulgo: simples elencos de conteúdos programáticos).
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O resto,....bom,... o resta fica para outro dia, nomeadamente, as difíceis questões de azeotropia que, infelizmente, também têm que ver com a nossa educação terciária.
Pode ser?
No entanto, para mim, tudo o que saia muito de um esquema destes, é serviçozinho manhoso e trapalhão de "moonshines", e vale só o que vale.... ou seja, não vale!
Aqui cá para nós, porque somos muito poucochinhos... na clandestinidade, no que diz respeito à destilação propriamente dita (mas não fraccionada) - sou "moonshine"!!!, isto é, produzo, para o gasto, umas aguardentezinhas na candonga,... não é imodéstia, mas sei do que vos falo.
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