domingo, abril 15, 2007

"Some bargains are Faustian, and some horses are Trojan"

Dois ou três leitores deste blog reconhecem e dizem-me (via mail) que as minhas arengas até podem ser pertinentes, mas questionam o motivo porque não acrescento, aos meus "posts", ideias que pudessem contribuir para correcção dos rumos até agora tomados, no nosso ensino superior, ciência e tecnologia (ESCT).


Já me disseram até que, criticar é sempre muito fácil... De facto, os que assim dizem têm toda a razão, porque até eu, sem ver de quê, percebo... os...as...chamemos-lhe...inconsistências! Nestas circunstâncias, criticar não é fácil, é facílimo!
Os motivos que me levam a, definitivamente, não propor os milagres que precisaríamos, são muito simples: i) as estratégias pertinentes aos domínios de ESCT deixaram, há muito, de ser problemas domésticos, com soluções a gosto pessoal, ou que permitam atender às especificidades dos nossos embróglios e respectivas soluções simplistas, (actualmente, de preferência, compradas para alguns), cujos resultados relativos estão bem patentes em "Science, Technology and Innovation in Europe 2007" e ii) não disponho nem de tempo nem de competências, que me permitissem sistematizar o assunto, da forma como penso que seria necessário.


A meu ver, as questões e soluções de ESCT, de há muito deixaram de ter fronteiras - são globais. Assim, há muitíssimas pessoas, entidades, instituições e especialistas internacionais dedicados, que se debruçam, exclusivamente, e estudam, há décadas, estes temas, divulgam e publicam as suas ideias e, fundamentadamente, preconizam propostas, caminhos ou aconselham rumos e metodologias adequados. Quanto a mim, essas ideias são via de regra bem estudadas, testadas e já avaliadas, precisariam apenas de serem postas em prática entre nós, com larga economia de recursos e tempo - e isto nós não queremos!

Claro que, embora correndo o risco de ser irrelevante ou redundante, tal como já aconteceu uma vez ou outra (ex. post de 1 de Abril de 2007) segue-se esquemática, e sinteticamente, o que eu penso sobre a investigação e inovação:
1. Parece-me DESPROPOSITADA e totalmente injustificada a nossa insistência actual, no conceito que vingou na grécia antiga e se prolongou até ao final da idade média - separação entre filosofia/ciência pura (exercida pelos senhores, depois Universidades, com U) e artes práticas (exercidas pelos escravos e, mais tarde, pelos artífices e dispenso-me de identificar a actual etnia pertinente ao agrupamento).
"...Generally speaking, the scientific agencies of Government are not so concerned with immediate practical objectives as are the laboratories of industry nor, on the other hand, are they as free to explore any natural phenomena without regard to possible economic applications as are the educational and private research institutions. Government scientific agencies have splendid records of achievement, but they are limited in function."
2. De há muito tempo (mais especificamente, e por exemplo, com os japonezes, na indústria automobilística e fotográfica, das décadas de 60 e 70) que a investigação e inovação deixaram de seguir um modelo linear, persistente em alguns países europeus, e que é o seguinte:
Investigação fundamental>Investigação aplicada>Desenvolvimento tecnológico>Inovação da produção, processos e produtos.
3. "Novo modelo de ESCT: Plano conceitual bi-dimensional (Stokes, 1997), com Visão da importância da pesquisa estratégica ('Use-inspired basic research') e do desenvolvimento tecnológico e a ampliação das fronteiras do conhecimento."
4. "Uma inovação tecnológica de produto é a implementação/comercialização de um produto com características de desempenho aperfeiçoadas capazes de proporcionar novos ou melhores serviços ao consumidor. Uma inovação tecnológica de processo é a implementação/adoção de novos ou significativamente melhores métodos de produção ou de distribuição. Isto pode envolver mudanças em equipamentos, recursos humanos, métodos de trabalho ou uma combinação destes." (Manual de Oslo)
5. O financiamento do sistema deveria ser efectuado, exclusivamente, por candidatura de projectos apresentados por empresas PRIVADAS (e não mistelas de gestão-administração duvidosas), a financiamento público, num quadro estratégico plurianual.

"Some bargains are Faustian, and some horses are Trojan.
Dance carefully with the porcupine, and know in advance the price of intimacy"*
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Clique na imagem para poder ver melhor.
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Tudo o que saia muito do esquema anterior, e que implique a mais remota intromissão do governo ou a sua decisão descriminatória - não sufragada pelos 2 subsistemas educacionais de educação superior e empresas - para além de um simples papel de regulador, para mim, prejudica muitíssimo o desempenho e eficácia da inovação nacional.
Alguém sabe qual é o papel do MCTES ou das instituições, nestas cooperações? Prefiro, que as instituições tivessem sido as forças-motrizes destas iniciativas. Mas,...não acredito!
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Fontes e referências
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- IMAGEM: heidas60's photos http://www.flickr.com/photo_zoom.gne?id=435155376&size=o
- BRANSCOMB, Lewis M., and Richard Florida [1998], AChallenges to Technology Policy in a Changing World Economy,@ in L. M. Branscomb and J. H. Keller, eds., Investing in Innovation: Creating a Research and Innovation Policy that Works (Cambridge: MIT Press).
- Science The Endless Frontier. A Report to the President by Vannevar Bush, Director of the Office of Scientific Research and Development, July 1945. (United States Government Printing Office, Washington: 1945).
http://www.nsf.gov/about/history/vbush1945.htm "… Generally speaking, the scientific agencies of Government are not so concerned with immediate practical objectives as are the laboratories of industry nor, on the other hand, are they as free to explore any natural phenomena without regard to possible economic applications as are the educational and private research institutions. Government scientific agencies have splendid records of achievement, but they are limited in function."
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http://www.sonoma.edu/aa/policy/Higher_Ed_21st.ppt#257,3,Education in the 21st Century
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http://www.sonoma.edu/aa/policy/Higher_Ed_21st.ppt#256,1,Diapositivo 1
- AEA/CES Think TankOperating in Pasteur’s Quadrant: Use Inspired Basic Research* -
http://www.wren-network.net/resources/2005AEA_CES/Think.Tank-Operating.in.Pasteurs.Quadrant/Lal.and.Messeri.ppt
- http://nanoandsociety.com/ourlibrary/documents/bsts-nano.pdf
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http://www.cspo.org/products/conferences/bush/Stokes.pdf

5 Comentários:

Blogger Virgílio A. P. Machado disse...

Bravo Regina,

Desta vez, o reactor contínuo da «reacção». Grande engenharia alimentar. Faltam só, por baixo, uns bacorinhos a mamar nas tetas da CTES (note-se a ordenação) e o Zé Povinho (não deixar de ler a ligação) boquiaberto, a coçar a cebeça, indeciso entre a resignação e o manguito.

À parte a realidade, que se tem de levar assim com bom humor (figuras tristes vêm-se todos os dias) o seu texto está excelente.

Quanto aos seus «questionadores» (M/F) lembre sempre que é normal sentir-se que a roupa não está à medida, mesmo que não se saiba nada de costura (sim, porque o corte é sempre muito mais fácil).

Como cada vez vejo pior (por causa do ADN), tive que olhar bem a figura para perceber de que lado do cavalo se tratava, não fosse mais alguma «indirecta».

Um abraço cheio de boa disposição.

domingo abr. 15, 11:58:00 da tarde 2007  
Blogger Regina Nabais disse...

Olá Virgílio, obrigadíssim pela sua visita a este beco, pelo incentivo que vai dando e, sobretudo, porque me ri a valer, com a sua observação àcerca do NARIZ do cavalo. Para a próxima, ponho legendas.

segunda abr. 16, 12:21:00 da manhã 2007  
Anonymous Anónimo disse...

Ora viva...

Por acaso, mas só por acaso, MFTV Heitor, apanhou este comboio em andamento e terá lido correio do correligionário Luís Magalhães que até faltou às reuniões para onde tinha sido solicitado, colocando-se assim – mais ou menos – com uma ideia de raspão sobre o que vem para aqui fazer esta malta do Fraunhofer mais os estrangeirados que com eles vão apertando uns parafusos.
Vamos a ver: - quem cozinhou isto foram Fraunhofer + ISQ + UA + SUCH+…

Depois & só depois, MFTV Heitor, apanhou o comboio em Stª Apolónia, fez com que ele parasse em vários outros apeadeiros e vai estar presente sob os holofotes das TVs.
A seguir… bom a seguir regressa ao IST e à sua contabilidade.

1 abr

segunda abr. 16, 02:15:00 da tarde 2007  
Blogger Regina Nabais disse...

Ora bem Alexandre,
AO QUE INTERESSA: OS MEUS SINCEROS PARABÉNS A QUEM TEVE, DE FACTO, A INICIATIVA!
Depois deste seu comentário, ficou demonstrado o que eu queria dizer, desde o principio. Alguém estava muito a mais neste processo; no caso, e ainda bem que assim é, o papel do MCTES acabou por se tornar apenas o "papagaio de Crusoé", ficaria muito bem, em pano de fundo, sobre o ombro, e a sorrir para a fotografia; mas parece-me que empurrou os Robinsons para fora da objectiva?
Já agora, uma vez que houve PESSOAS/entidades a liderarem o início do processo, será que sem querer publicitaram "castings"
para figurantes? Para a próxima tenham outros cuidados.
Fique bem!
Abr.

segunda abr. 16, 02:43:00 da tarde 2007  
Anonymous Anónimo disse...

Tal como em Holivolde, um filme não é apenas feito por actores que recebem 'oscares'; tb entram realizadores, produtores, músicos, sonoplastas, etc.etc.etc.
Confiemos que o filme, no seu todo, vai ser agradável de ver, mesmo com a ajuda de um DVD.

segunda abr. 16, 05:55:00 da tarde 2007  

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