sexta-feira, junho 30, 2006

Quando um "caçador é caçado"

Um jovem professor de uma instituição politécnica, João Noronha, nos últimos 5 anos, disponibilizou na internet, informações pormenorizadas das suas aulas de diversas matérias, entre elas, as de Gestão da Qualidade (4º ano do curso de Engenharia Alimentar).
Deixo-lhes os resultados finais da ficha da avaliação que nos mostra como cada um dos seus alunos o "vê/viu", quando solicitados a identificarem as 3 piores e as 3 melhores qualidades que lhe atribuem, como docente. Ora vejam, aqui.
Este professor é muito estimado pelos seus alunos, apesar de utilizar armas de arremeço quando se zanga com a"rapaziada" - atira-lhes pedacinhos de giz! Uma coisa garanto - os alunos deste professor aprendem MESMO!
Pode ser que seja também por isso, que os empregadores de todos os seus ex alunos implementaram sistemas de HACCP e mantêm Manuais de Boas Práticas em dia!

quarta-feira, junho 28, 2006

Um 13 verdadeiro subiu ao nosso céu?

Recordo - "o céu do vizinho" - um título utilizado por Joelmir Beting [sociólogo e jornalista brasileiro, com artigos de opinião publicados em 48 jornais do seu país, incluindo "O Estado de S. Paulo" (O ESTADÃO)] quando se referiu à Argentina como um elemento comparativo para a economia do Brasil. Essa referência corresponde a uma imagem, também especialmente adequada à comparação entre o que se passa em Portugal e em Espanha, a respeito da Educação Superior- se bem que, por cá, possamos ir muitíssimo mais longe na diversidade justificativa da nossa cobiça do céu do NOSSO vizinho.

Por causa de problemas semelhantes aos nossos, só até há cerca de 5 anos, no seu sistema de Educação Superior, em 19 de Julho de 2002, a Espanha criou a ANECA - AGENCIA NACIONAL DE EVALUACIÓN DE LA CALIDAD Y ACREDITACIÓN, (http://www.aneca.es/present/docs/presentacion_aneca_040406.pdf) tendo publicado, a título de instrumento de reflexão, uma série de Libros Blancos sobre estratégias das formações terciárias no âmbito do espaço europeu, como um referencial para as suas instituições universitárias (Universidades e Universidades Politécnicas, estas organizacionalmente próximas das nossas instituições politécnicas).
Reparto esta informação (gentilmente cedida pelo Engenheiro Fernando Casau, um membro da Ordem dos Engenheiros) com todos os que se interessam, por estratégias de formações superiores em diversas áreas.
Pessoalmente, até agora, só LI o Libro Blanco de los Títulos de Grado en Bioquímica y Biotecnología, mas deu-me muito o que pensar.
Insisto em perguntar quantas das formações propostas e aprovadas, pelo nosso MCTES, arquitectaram os currícula com a devida fundamentação - não duvido que a nossa legislação tenha sido escrupulosamente cumprida...Mas, e tudo o mais?
Será que o nosso céu tem um número 13 dos verdadeiros e aziagos?

terça-feira, junho 27, 2006

Se até as lagartinhas "precisam de brevet" para voarem

Para quem se preocupar com competências nas formações em Engenharia, e quiser considerar a sua expressão nos curricula para conferirem, desde já, maior facilidade e aplicabilidade futura, apara os formandos, considerando o Processo de Bolonha em curso, deixo neste post algumas medidas previsíveis para a mobilidade internacional de engenheiros - uma "novidade já muito antiga" (Maio de 2006):
1) - Les Ingénieurs et EUROCADRES (ficheiro doc - clique na borboleta);
2) - ENGCARD - European Engineer Professional Card ((ficheiro *.pdf - clique na borboleta);

Acreditem se quiserem mas, em alguns países, é conveniente acautelar os créditos, antes de querermos exercer Engenharias, porque nem todas as nações são permissivas como nós - "coração de mãe, em que cabe sempre mais um" - quando toca a possibilidade de exercício profissional não devidamente acreditado.
E, quem disser o contrário não fala verdade!
Observação - a lagarta acima não corresponde à Borboleta de baixo - uma Monarch.

domingo, junho 25, 2006

Um MANTRA, e só para nós?...Mas, que bom!

Uma das minhas resoluções pessoais da passagem do milénio (para mim de 2000/2001) foi que acontecesse o que acontecesse, jamais voltaria a falar ou a escrever o que quer que fosse sobre o Processo de Bolonha*, até a sua concretização em Portugal - tenho testemunhas sobre isso.
Fundamentei-me para essa intenção por à época, ter já decorrido um ano e meio, de excessivas, pretensiosas e superlativas explicações, conversações, comunicações escritas e orais, opiniões e publicações de manuais e guiões, tendo como resultado - O NADA, a não ser muitas especulações sobre financiamento (??).
Apesar de, a isso tudo e até hoje, se terem ainda promovido expedições (Praga, Berlim e Bergen) de ministros europeus, e de excursões e outras romarias a paragens distantes, inóspitas e perigosas, de muitos outros ditos especialistas - que insistem em declarar (sempre), mas nunca a assumir, responsabilidades sobre Educação Europeia - aterrorizou-me que aquela minha decisão a par da dieta da lua cheia, tenham assumido laivos indecorosos de eternidade - assim, a minha declaração pessoal hoje é: parto para a ignorância daqueles dois excelentes propósitos!
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A primeira questão que gostaria que me fosse respondida, e pelos próprios, é: quantos dos 18.915 docentes de educação terciária, em 2004/05 (12.175 - Universidades e 6.740 - Politécnicos) nunca se manifestaram, publicamente, sobre o nosso "etrusco" Processo de Bolonha - estes docentes são concerteza raríssimos, constituem uma espécie em extinção, para preservarmos, a qualquer preço - a meu ver, recusaram-se, e muito bem, a falar sobre o óbvio, e ninguém lhes deu margem para trabalharem.
Com muito menos conversa, o processo estava concluído, tinha-se iniciado, e podia situar-se já nas fases iterativas 2 ou 3, de aperfeiçoamento.
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Um segundo ponto, sobre o Processo de Bolonha nacional, mais especificamente sobre os créditos ECTS - que estão na página da Comissão Europeia - Educação, com descrição imutável, desde 1999, e desta forma - "What is ECTS? The European Credit Transfer and Accumulation System is a student-centred system based on the student workload required to achieve the objectives of a programme, objectives preferably specified in terms of the learning outcomes and competences to be acquired".
Entre nós, o citado processo originou uma proliferação de documentos, folhetos, desdobráveis, e de regulamentos gerais e específicos, de que saliento estes: Lei n.º 49/2005, de 30 de Agosto, que alterou a Lei de Bases do Sistema Educativo e Decreto-Lei 74/2006 - Regime jurídico dos graus e diplomas do Ensino Superiore estes despachos:Adequação de ciclos de estudos (Despacho n.º 7287-B/2006 (2.ª série), de 31 de Março); Novos ciclos de estudos (Despacho n.º 7287-C/2006 (2.ª série), de 31 de Março) e Alterações a ciclos de estudos (Despacho n.º 7287-A/2006 (2.ª série), de 31 de Março).
Em nenhum destes documentos se sugere ou refere a necessidade/conveniência de expressão dos resultados de aprendizagem e, mesmo quando se pedem referências a competências, estas são solicitadas de uma forma tão vaga ou genérica que, aposto em conforme a maioria das instituições irá apresentar, se é que não apresentou já, Adequações, Novos cursos e Alterações sem que os resultados de aprendizagem sejam obrigatoriamente explicitados, para os diferentes módulos tópicos ou disciplinas - mas cumpriram a nossa legislação redundante mas incompleta, e isto é que importa!
Caso essa hipotese provável se concretize, dificultará a muitas instituições o cumprimento dos requisitos expressos no artigo 45º do Decreto-Lei 74/2006, o qual viabiliza já no seu ponto 1, alínea c) aos estabelecimentos de ensino superior: Reconhecerem, através da atribuição de créditos, a experiência profissional e a formação pós-secundária, mas é de tal forma vago - só se requer a explicitação do nível dos créditos e a área científica (seja lá, como esta venha a ser entendida) onde foram obtidos - que muitos de nós duvidam da possibilidade da sua aplicação ou eficácia.
Pessoalmente, duvido só da sua eficácia porque já comprovámos, que o impossível é a nossa especialidade!
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Em instituições que se propõem leccionar engenharias, nomeadamente, seria importantíssimo definirem-se bem os resultados de aprendizagem. Veja-se o que diz a FEANI, sobre o European Engineer Professional Card (ENGCARD): "The delivery of a professional identity card might become in the future the fourth card each EU citizens will have after his IDENTITY CARD, HIS DRIVING LICENCE CARD and HIS SOCIAL SECURITY CARD".
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É por causa destas nossas vacilações que seria útil cada um de nós ir ao Tibete, e deixar lá uma pedra com a inscrição Processo de Bolonha, ou dirigirmos preces à Grande Roda da Compaixão. Haverá financiamento?
Os nossos semelhantes precisariam, efectivamente, a respeito de Bolonha, que todos tenhamos Piedade e Clemência.
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* O Processo de Bolonha, lamentável e inexplicavelmente, foi iniciado só a reboque da "ESIB- the National Unions of Students has existed since 1982 and seeks to promote the social, cultural, political and economic interests of students in Europe towards decision makers and partners at national, European".

quarta-feira, junho 21, 2006

....só tocava isso...

Cá por casa somos devotos convictos do São João, não se resiste a uma fogueira, fogos de artifício e arraial, volto já, já! Fiquem bem!

Para entreter, deixo estes versinhos de quadrilha, (Haroldo Lobo/Geraldo Medeiros:

O baile lá na terra foi até o sol raiar
A casa 'tava cheia mal se podia andar
Estava tão gostoso aquele reboliço
Mas é que o sanfoneiro só tocava isso.

De vez em quando alguém pedia para mudar
O sanfoneiro ria querendo agradar,
Diabo que a sanfona tinha qualquer enguiço
Mais, é que o sanfoneiro só tocava isso.

Ora oiçam

segunda-feira, junho 19, 2006

Em comparação, estilhaços de vidro não são perigosos

Por causa de um alerta num post do blog "Que Universidade?" [1] resolvi ler, os seguintes artigos:
Diário de Notícias:"Alunos copiam mais nos países mais corruptos" de Elsa Costa e Silva André Carrilho e "Europa de Leste no topo da cópia, nórdicos exemplares".
Público:"Ligação entre cábula e corrupção estudada em 21 países. Estudo mostra que maioria dos universitários portugueses admite copiar" 18.06.2006 - 10h26 PUBLICO.PT.

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Mesmo desconhecendo o trabalho original, que penso ter sido subscrito por Aurora Teixeira e Fátima Rocha da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, e circunscrito a alunos de Economia e Gestão, aceito como fiáveis e generalizáveis todas as suas supostas conclusões - no fundo todos sabemos que, de um modo geral, os alunos/humanos têm tendência natural para a batota - mas, esta propensão acaba por não se mostrar rentável, a longo prazo.
Sou talvez demasiado fundamentalista em relação aos valores primeiros que se atribuem, ou não, à Educação a qualquer nível; assim, não me choca, absolutamente nada, o facto da maioria dos alunos admitirem que copiam, o que verdadeiramente me incomoda é vivermos numa sociedade em que sistematicamente se valoriza a esperteza saloia e os "bons" resultados finais derivados (eventualmente, vantajosos do ponto de vista individual), e não a criação de atitudes responsáveis, fortalecimento da ética e da noção do esforço necessário ao real equilíbrio do ser humano.
O que me assusta mesmo é não termos sequer consciência da fragilidade da formação que estamos a proporcionar aos nossos jovens; "chico-espertos", desonestos e "corruptos" não são muito populares em meios verdadeiramente competitivos. A pergunta que deixo, para mim mesma, é se as nossas instituições de ensino, em especial, as que se dedicam à Educação Terciária não se preocupam nem assumem qualquer responsabilidade em garantirem aos seus formandos a aquisição de atitudes de integridade e de auto-controlo; por exemplo, quantas das nossas instituições de formação superior, custeadas por recursos públicos, serão dotadas de Códigos de Ética para formandos e colaboradores?

A nossa indiferença institucional perante demonstrações de tais incompetências transversais, da natureza das descritas nas publicações mencionadas, que nos envergonham a todos, para além de me parecer um flagrante consentimento e incentivo à desonestidade, sugere-me questões de outro nível:
1 - Que andarão os alunos a aprender nas nossas instituições, que lhes possa merecer deles tanto gasto de tempo e de todos nós bastante sacrifício, considerando um investimento público apreciável, para os nossos baixos recursos, quando ninguém se preocupa com requisitos essenciais à dignidade desses mesmos alunos?
2 - Será que se mantêm alunos nas nossas instituições, apenas porque os custos médios unitários anuais da "formação" são inferiores aos da manutenção anual de presidiários de delito comum?
3 - Como escandalizarmo-nos ou reclamarmos da corrupção que campeia, quando consentimos uma formação humana tão despiciente dos nossos jovens?
4 - Que nos valha a globalização porque, comparando os efeitos gravosos de tudo o que não somos capazes de fazer em matéria educativa pelos mais novos, qualquer vampiro é vegetariano.

domingo, junho 18, 2006

LLL para bruxos, adivinhos ou "amigos mais chegados"

Os nossos adivinhos, bruxos e demais agentes de informação privilegiada precisam, urgentemente, de reorientar os seus ramos de negócio ou frequentarem formação avançada (Life Long Learning) para actualização continuada dos seus métodos, processos e procedimentos informativos.
Sob as contingências e auspícios da globalização, (e dispensando inteiramente as bolas de cristal, "inside-trading" ou "conversinhas de pé de orelha daquele NOSSO/MEU amigo lá de casa") decorrerá em Atenas, nos dias 27 e 28 Junho de 2006 uma reunião "MEETING OF OECD EDUCATION MINISTERS Higher Education: Quality, Equity and Efficiency" [1].
Esta reunião, aliás, vem na sequência e fundamenta-se nas conclusões de uma outra - quase nem demos por esta, de tão despercebida e desvalorizada que foi - cujos resultados encontram aqui: "G-8 Ministerial Meeting on Education, Moscow, 1-2 June 2006, Moscow Declaration" [2] - ver síntese, em "Excerpts from Secretary Spellings' Remarks at the Closing Session of the G-8 Education Ministerial" [3].
Agora, sempre que quizermos reclamar contra algumas políticas com que discordemos, é melhor também fazermos uma formação avançada de actualização - deixemos os governantes portugueses em paz, até porque não têm mesmo tempo nem, felizmente, têm quase nada a ver com o que nos vai mesmo acontecer, e que remédio têm eles se não obedecerem também "a instruções lá de mais acima" - e preparemo-nos para reivindicar os "nossos direitos" em outras instâncias, outros níveis e, com argumentos mais sólidos e convincentes ou, o que seria melhor, para prevenirmos em vez de remediarmos. Mas... algum dia, nós tomaremos jeito. Tenho a certeza!
Previamente, e por prevenção, é também prudente fazermos uma lista completa dos "nossos deveres", e verificarmos com algum cuidado se temos, e se também podemos demonstrar que tivemos/temos, igual interesse no seu cumprimento. E aí, ... bom aí, não sei, não....
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sexta-feira, junho 16, 2006

Descasque de mirtilos

Qualquer pessoa que o tenha tentado conhece perfeitamente a enorme dificuldade em descascar mirtilos.
Já experimentaram? Tentem, e depois contem-me as vossas experiências. Em troca, contar-lhes-ei os meus resultados desesperantes das tentativas que fiz. Podem também, perguntar ao MCTES, que começa agora a demonstrar-nos que finalmente se dispõe a descascar mirtilos.
De facto o MCTES parece estar apostado em dominar a resolução dum problema equivalente, a do cubo de Rubik insolúvel que são os nossos inúmeros ca(u)sos - todos com elevadíssima especificidade - da nossa educação terciária.
A continuar assim reformador, um dia destes falarei bem desta entidade/instituição:
Por favor, não me façam isso, para eu mudar de ideias é um descasque mirtilos - tenham lá dó!
Quem tiver curiosidade:
I- Leia a notícia publicada hoje no Público (Público.pt):
PARABÉNS! Muitíssimo boas iniciativas, MCTES!
Refiro-me a estas:
1 - Recolha e divulgação de informação sobre o emprego dos diplomados de cada instituição de Ensino Superior nos últimos anos e, já agora, solicite para que se identifiquem, com precisão, os empregadores. Vai ver, que irá conseguir perceber muitas mais coisas interessantes.
2 - Eliminar condições de acesso "especialíssimas".
A continuar com este desempenho reformista, este ministério/ministro - cuja observação atenta e contínua tem constituído, por assim dizer para mim, um dever ético e obsessivo de quase um ano - terei que diversificar de hobbies. Que seja breve! E, não desista!

quarta-feira, junho 14, 2006

"HTMLÊS" para info-excluídos

Gostaria muitíssimo que todos tivessem oportunidade de ter pessoas amigas, como eu, mas fiquem-se pela muita inveja.
É bom definir-lhes, previamente, o que entendo por amigo - para mim, é alguém que tendo muito mais e muitíssimo melhor para fazer - porque gosta, porque quer ou até porque bem precisaria - é capaz de perder o seu tempo ou vantagens pessoais para dar uma ajuda aos seus amigos, porque sabe que precisam.
Alguém do ciberespaço - Não é incrivel? A realidade virtual tem muitas virtualidades destas... - resolveu que a minha página precisava muito de ser aperfeiçoada - teve a franqueza de apontar logo os erros mais grosseiros, e - percebendo que eu não entendia nadinha de html - meteu pessoalmente mãos à obra, enquanto do outro lado do email, eu entrei em terror, e só reclamei, de cinco em cinco minutos, durante quase uma semana.
Agora, continuo analfabeta em HTMLÊS mas, pelo menos a meu ver, tenho um blog muito mais profissional e elegante e, por isso, estou muitíssimo grata a essa pessoa.
Tenho então uma (talvez mais) pessoa(s) ciberamiga(s), mas não a(s) empresto a ninguém, não identifico, e nem nunca cederei as coordenadas mas expresso-lhe(s) a minha gratidão.
Não mereço pessoas amigas assim, mas todos sabemos que a vida não é justa.
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À pessoa ciberamiga comunico que já devolvi o Airforce One ao Presidente Bush - confira na figura grandona que sei não lhe agradar - veja o reflexo dele, já estacionado no hangar - mas, finalmente, concordará que se fez paz neste galinheiro.
Valeu! Gosto muito mais do meu blog como está, e sei que vai prestar muita atenção aos requisitos de aperfeiçoamento contínuo.

sábado, junho 10, 2006

XOR - (IN)consensos de "comadres" OU dormindo com este barulho

Da leitura de um artigo de Mónica Silvares do Diário Económico, Economia - Empresas e Indústria, de 2006-06-09 06:30 intitulado "Portugal deve apostar em saúde, turismo e informação" extraí e resumo (neste post) as opiniões do Vice-presidente da Comissão Europeia, Günter Verheugen - responsável pela política europeia de Empresas e Indústria que:
I - Apontou duas possibilidades para Portugal:
1. "Proteger as indústrias - só pensar na ideia é ridículo".
2. .....aumentando a competitividade e para tal há que encontrar nichos de mercado.
II - Definiu como prioritários os sectores "saúde devido ao envelhecimento da população, a mobilidade, fruto das tendências da sociedade moderna, mas também as comunicações, informação e entretenimento".
III - Sugere como "inteligente" - "concentrar os esforços horizontais (a aposta na qualificação, no ensino) nestes sectores".
IV - Classifica, entretanto, como "estúpida" a teoria de Olivier Blanchard, "economista do MIT que se dedica a estudar a economia portuguesa," que "defendeu que a solução para Portugal ganhar competitividade passa por um corte nos salários de 10%".
V - Certifica-nos que "Reestruturar a economia cria emprego, mas também cria dor localmente" - (suponho que se quereria referir a uma dor local muito generalizada).
Carlos Zorrinho, que acumula a Coordenação da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico, parece ter concordado com apreciação V, "acrescentando" esta evidência: "É exactamente isso que se passa em Portugal ".
Com mais do que muitos peritíssimos internacionais a formularem caminhos contraditórios para o nosso Desenvolvimento Sustentado (sem sustentação) e um coordenador de estratégia, enredado nas teias do Factor Portugal e, em si mesmo, hesitante perante a escolha da opção certa entre "competir ou morrer", o que resta para fazer, ao cidadão comum?
Alternativa 1 - (nicho de mercado) - Integrar um safari de "caça aos gambozinos" (nas antípodas) até podermos exibir um troféu,
Alternativa 2 - (turismo) - "viajar na mayonnaise".
Qualquer das soluções (dos peritos ou minhas) é uma enxerguinha de faquir!
Façam de conta que a casa é vossa. Os preguinhos estão aí!

quinta-feira, junho 08, 2006

DAN

Hoje amanheci com o firme propósito de me retratar e, para isso, vou "meter o nariz aonde não sou chamada".
Não me digam nada, mas ando há uns quantos dias, com pesos pesados na consciência.
Se me perguntassem a troco de quê, ficariam a saber que estou sinceramente com muita pena de, pelo menos, dois ministros: a da Educação e o da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior, já agora, e de raspão também um pouco com o da Saúde - É que, não há saúde que lhes chegue, aos dois primeiros ministros, para poderem aturar todas as idiossincrasias de todos stakeholders acerca da forma de resolução dos problemas que eles (os ministros) precisam de assumir sozinhos (ou lá perto, como veremos) a inteira responsabilidade - e é bom lembrarmo-nos disto.

A Senhora Ministra da Educação entendeu, a meu ver muitíssimo bem, que era importantíssimo para o aperfeiçoamento do correspondente sector de educação, atender à opinião dos Encarregados da Educação acerca dos Professores. E é!
Efectivamente, em qualquer Sistema de Gestão da Qualidade, a avaliação pelos interessados é sempre um pré requisito para aperfeiçoamento de qualquer produto ou serviço.
Para mim a Educação é um serviço público - os professores são servidores. Como tal, cuidar da melhoria contínua da sua prestação, é uma obrigação de quem a tutela, e para isto é preciso avaliar. Quem avalia são os utilizadores - a sociedade, e desta fazem parte os encarregados de educação.
Eu explico, porque acho muito bem aquela iniciativa de avaliação, ilustrando com uma experiência pessoal - numa formação que concluí, em 1986, no Instituto Superior Técnico - como aluna, no final, fui convidada a avaliar todos os Professores da referida formação.
Na verdade, eu não tinha qualquer qualificação, para apreciar os professores sobre os seus "conhecimentos ou bagagem científica". Mas isto também não me foi pedido!
Mas, certamente, tinha a minha percepção: se eles eram claros nas explicações, se eles se interessavam (ou não) porque nós compreendêssemos os assuntos que tratavam, se prestavam atenção para nos assegurar que os conhecimentos transmitidos eram apreendidos, se demonstravam cuidado e método na preparação e exposição das matérias, se evidenciavam preocupação em esclarecer as nossas dúvidas, se encontravam ou não tempo para escutar as nossas dificuldades, se propunham formas de as superarmos, se podíamos indicar aspectos a melhorar ou se tínhamos alguma ideia para as pessoas se poderem aperfeiçoar, etc., etc. - eram umas 5 ou 6 páginas (frente e verso) de questões para respondermos.
O inquérito estava previsto para respostas anónimas, mas eu identifiquei-me nas cotações que atribuí (notas de 1 a 5). Como resultado, houve professores muitíssimo bem classificados naqueles pontos que analisei (ex. Carlos Ramalho Carlos e Ramôa Ribeiro do IST e Alírio Rodrigues da FEUP), outros não foram tão bem cotados (e eram até muitíssimo mais populares, divertidos e agradáveis, como pessoas). Nunca, os bem classificados me trataram melhor, nem os pior classificados, me trataram pior.
Mais, tenho a certeza que as respostas aquelas perguntas, que me fizeram a mim, teriam sido respondidas aproximadamente da mesma forma, caso tivessem sido dirigidas aos meus familiares mais próximos. Se me perguntarem qual era a minha formação, ou a dos meus familiares, para emitirem opiniões sobre o ofício de professor, eu respondo - NENHUMA, mas o que estava em causa não eram os conhecimentos, o rigor científico e competências técnicas do professor, mas sim e só a forma, o empenho, o cuidado e o interesse como os transmitiam.
Na época, achei aquela ideia tão simples e útil, que ainda hoje não dispenso de segui-la com todas as minhas próprias "vítimas", e ‘tadinh(o)as.. - às vezes, sofrem bastante na minha mão - mas, eles sabem que é para bem del(e)as.
Digo-vos também que não tenho lá muito boas notas mas, sempre que me lembro das piorezinhas, procuro melhorar o meu desempenho - a taxa pessoal de recuperação dos meus defeitos pessoais é muito discutível, mas estejam certos que vou, pelo menos, sendo permanentemente informada se estou a ir ou não, no bom caminho.
Assim, que me perdoem os Senhores Professores, e com o devido respeito pelas suas competências mas, neste particular das questões da avaliação de docentes pelos "pais/encarregados de educação", estou totalmente do lado da Senhora Ministra da Educação, - não resolve nem é decisivo, mas pode até ser muito útil aos próprios professores!
E também não há nada de tão bom num ser humano que a opinião de outro ser humano, não possa ajudar a melhorar.

Em relação ao Senhor Ministro da Ciência e Ensino Superior, também há a dizer que é de uma persistência e transparência inexcedíveis - praticamente, desde a primeira hora que todos sabemos que ele disse que precisa de conseguir uma ideia mais clara, definida e independente sobre o Sistema de Ciência, Tecnologia Educação Superior de Portugal para ele melhor poder delinear as políticas de todo o sistema, incluindo o financiamento e organização de carreiras (infelizmente, ele não é o único a sentir a necessidade de uma organização e a não conseguir esquematizar o sistema - não conheço ninguém que domine suficientemente bem o problema, caso contrário, porque não faz propostas?). Que, para formular uma política mais segura, requer-se, antes de mais, a opinião de avaliadores internacionais. Concordo. Não é o que queremos todos? Quero dizer, não precisamos mesmo de uma política mais segura? Então deixemos que sejam feitas as avaliações, que o MCTES e nós todos precisamos.
Pois, apesar da insistência com que ele vem reiterando a indispensabilidade desse pré-requisito para efeitos de orientação política e de decisões futuras, é com a regularidade de treinos de aeróbica - duas ou três vezes por semana - que vem à liça um (ou mais do que um) alto responsável por instituições de ensino superior, a dizer para a Comunicação Social, ou para quem os possa e queira ouvir, que precisam de mais dinheiro ou, de alguma outra coisa qualquer, muito equivalente. Ainda não ouvi a nenhum desses altos responsáveis oferecer à comunidade uma opinião sistemática e integral sobre a nossa estrutura de ensino superior, ciência e tecnologia, ou adiantar como a organizaria/aperfeiçoaria, com os meios escassos existentes - sem pôr todos os outros de pantanas - ou a oferecer, gratuitamente, os seus préstimos, sem massacrar o Ministro, com pedinchices e reclamações....

Senhor Ministro da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, vale o que vale, porque não faço parte da sua lista de admiradores, mas concordo com a sua prioridade da necessária organização do sistema de educação terciária.
Assim, para os seus habituais "Pidões de plantão" sugiro-lhe que lhes responda, sempre, como me respondia há 30 anos um dos meus patrões, por 3 anos, Daniel Keith Ludwig (Dan)*: com dinheiro, minha senhora, qualquer um resolve todo e qualquer problema, é por termos aprovado ESTE orçamento e ESTE cronograma que preciso de SI, e pode ser-me útil a SUA colaboração.** Assim, guarde para si própria, a lista de recursos que hipoteticamente precisaria, e sugira-me rapida e concretamente, com os meios que tem disponíveis, o que PODE OU DEVE SER FEITO!
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*Ainda vos contarei mais algumas histórias sobre o Dan, e sobre o seu sócio do Brazil (no AMAPÁ e no Rio S. FRANCISCO) - Augusto Trajano de Azevedo Antunes - ambos merecem as minhas memórias.

**Quando o Dan enfezava, e enfazava muito - trocava simplesmente de pessoal/colaboradores - era bom sairmos da frente... até porque, ele mudava de alto abaixo, sem muitas explicações e instantaneamente, as administrações de qualquer das empresas que geria, 3 e 4 vezes por ano.


domingo, junho 04, 2006

OPÇÕES RADICAIS: Φ=Φ(1/2, 2,3) ou O Anarco Capitalismo?

Um artigo de Luís Reis Ribeiro, do Diário Económico - DE online de 2006-06-01 06:30, intitulado "Grupo de Harvard considera Plano Tecnológico insuficiente, refere explicitamente:
"........
Instituições como garantia de inovação
Aghion, de quase 50 anos, é um vulto da teoria moderna do crescimento, tendo reintroduzido o conceito de destruição criativa, originalmente formulado por Joseph Schumpeter - Num processo de destruição criativa bem sucedido, quem inventa (o empreendedor) desencadeia um processo de inovação que acaba por destruir o lucro dos que não inovam.
........"
Impressionou-me muito, e deixou-me... vá lá, também.... um pouco intimidada, aquela expressão "destruição criativa" - proferida por um Francês que integra (chefia, ou lá perto..) uma equipa de economistas do Growth Lab de Harvard - porque me fez recordar o sentimento decorrente de uma máxima utilizada por alguns militantes do MRPP do meu tempo (hoje, respeitabilíssimas pessoas) quando berravam, para uma extasiada plateia de outros miúdos: "quanto pior, melhor!") - e decidi averiguar um pouco mais o tema.
Aquela mesmíssima "destruição criativa" foi também, formalmente, expressa por Sua Excelência, o Senhor Ministro da Economia e da Inovação, durante a sua intervenção no jantar do Harvard Club de Portugal, de 17-03-2006.
Com efeito, a referência até já tem direitos adquiridos de aposentadoria e "patine de antiguidade" - os eminentes economistas limitaram-se a verbalizar os ecos de um conceito de Joseph A. Schumpeter, "Creative Destruction", From Capitalism, Socialism and Democracy (New York: Harper, 1975) [orig. pub. 1942], pp. 82-85: "Can capitalism survive? No. I do not think it can", "[What counts is] competition from the new commodity, the new technology, the new source of supply, the new type of organization... competition which... strikes not at the margins of the profits and the outputs of the existing firms but at their foundations and their very lives"e "Competition from innovations, ..., was [is, and will be] an "ever-present threat"...that "disciplines before it attacks."
Esse conceito parece estar bem estabelecido, e até já teve as suas prováveis consequências estimadas, na ida década de 80, por Charles Handy, Professor da London Business School, por uma função de eficácia (Φt:5), e que pode, grosseiramente, assim resumir-se:
Φt:5=Φ(1/2, 2,3,.......)
A qual significa, mais ou menos, o seguinte:
Num horizonte de 5 anos, as empresas (instituições) vencedoras terão um novo perfil: metade dos empregados, que ganharão o dobro e promovem o triplo da facturação (isto é, trocando em miúdos, em cinco anos terá que sextuplicar a produtividade, hipoteticamente, sem aumento de custos).
Mesmo, inferindo-se que, pelo mesmo artigo, não parece ser muito claro o futuro protagonismo de Harvard no Plano Tecnológico: O DE confrontou a actual tutela do Plano Tecnológico sobre um possível restabelecimento de relações com o Growth Lab. O gabinete da coordenação, liderado por Carlos Zorrinho respondeu apenas que "é do interesse do Plano Tecnológico desenvolver uma colaboração activa com a Universidade de Harvard, tendo em conta o desenvolvimento de projectos concretos", sem especificar quais...
O que é certo é que, com ou sem destruição criativa, os custos públicos estão a ser agora fortemente condicionados - como se depreende, apenas por exemplo, pela Entrevista: António Nóvoa. VER DE online, 2006-05-30. 06:30. "Duvido que um gestor privado aceitasse gerir uma universidade nestas condições".
É mesmo Senhor Reitor? Concordo!
Mas, há-de convir Senhor Reitor, que é também impensável e impossível, que as empresas privadas pudessem alguma vez sonhar na adopção, ou sobretudo manutenção, de modelos e esquemas, desculpas e expedientes de governação, mesmo que só muito vagamente semelhantes a algumas das nossas entidades/instituições públicas - sejam elas universidades ou não.
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Apesar de tudo, reconheço que as consequências da globalização estão irreversivelmente a impor ao Estado Português opções demasiado radicais.
Desta forma, pode ser que a minha opção pessoal se possa radicalizar ainda mais, tornar-se herética e apedrejável mas, para mim, a Lógica precisa estar sempre acima de tudo: da Família, do Estado, da Pátria e de Deus, assim o que deveríamos fazer, em Portugal, é optarmos por uma organização anarco capitalista - porque, pelo menos, evitar-se-iam "privilégios ilegítimos incluindo vários subsídios, financiamentos, condições e regulamentos para 'trabalhadores e 'empregadores' oficiais, proteção particular ou especial, dada e garantida aos e por "contratos"/regras públicos em detrimento de outros contratos/regras públicos/privados, etc..." TUDO ISTO, E SEM ESTADO ou, quanto muito, um ESTADO EM PARCERIA SIM, MAS COM TODOS.




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Algumas referências consultadas:

1 - Governo >Ministérios > Ministério da Economia e da Inovação [MEI] > Comunicação
Plano Tecnológico: fundamentos, modelos e diferenças. 2006-03-17. Intervenção do Ministro da Economia e da Inovação no jantar do Harvard Club de Portugal.
2- http://transcriptions.english.ucsb.edu/archive/courses/
liu/english25/materials/schumpeter.html
Luís Reis Ribeiro, do Diário Económico - DE online de 2006-06-01 06:30, intitulado "Grupo de Harvard considera Plano Tecnológico insuficiente
4 - Diário Económico online > Universidades
Entrevista de Madalena Queirós a António Nóvoa - DE online de 2006-05-30 06:30. "Duvido que um gestor privado aceitasse gerir uma universidade nestas condições. Cativações de verbas, decisões administrativas inesperadas da tutela e penalizações da eficiência dificultam gestão das universidades"

sexta-feira, junho 02, 2006

Reflexos de espelhos

Venho reiterar (já elogiei na página de JVC ), neste meu blog, o elogio a um artigo "Bolonha e a crise das instituições de ensino superior" de Manuela Vaz Velho, da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viana do Castelo - a quem muito agradeço publicamente o re-envio pessoal, do seu artigo - publicado no Jornal Público de 1 de Junho de 2006, que mais não seja, porque provém de uma Escola que está a abordar com muita argúcia e originalidade, as formações politécnicas nas Tecnologias.
Sei que a Mané não lê o meu blog mas isto, para mim, não tem qualquer espécie de importância, fica aqui registado o apreço que lhe tenho, sempre que a minha memória falhar.

Concordei, e subscreveria quase tudo o que ela diz, mas falta o quase...

Discordo, por exemplo, do que a minha amiga Manuela Vaz Velho refere, nos seguintes pontos:

1º - Não é inteiramente correcto: que os actuais bacharéis podem ir para o 2.º ciclo sem quaisquer restrições, excepto a de não terem disciplinas em atraso. Pela legislação aplicável às Licenciaturas Bi-etápicas, só teriam acesso ao 2º Ciclo das Licenciaturas bi-etápicas, os alunos com o 1º ciclo COMPLETO, isto é, Bacharéis diplomados.

2 º - Não há qualquer espécie de dúvida que as formações politécnicas das Engenharias (1º Ciclo - ciências básicas) eram, manifestamente, insuficientes para alguns Actos de Engenharia da Ordem dos Engenheiros, e a maioria dos formandos de 1º ciclo, quando saem para as empresas e regressam para frequentar o 2º ciclo, confirmam deficiências de formação que até gostam de ver colmatadas. É uma obrigação das instituições de ensino corresponder às perspectivas de formação dos seus formandos (e das empresas onde estes trabalham), desde que legítimas - e uma larga maioria dessas aspirações devem ser atendidas - é uma obrigação institucional!
Esta insuficiência das formações em Engenharia - LICENCIATURAS NOVAS - irá manter-se na próxima leva, quer sejam UNIVERSITÁRIAS OU POLITÉCNICAS - ou na vertente profissionalizante ou na faceta mais teórica ou de fundamento, conforme opção da instituição de ensino - daí que as organizações de classe portuguesas da área prevêem acreditações para diversos níveis de formação, tal como em Inglaterra e Irlanda (e demais países do Acordo de Washington) .
Na Finlândia, país muito citado, os cursos de bacharelato em Engenharia dos Politécnicos de Pori, Tempere e Turku, têm uma duração mínima de 4 Anos, e ao 2º Ciclo os alunos nacionais só tem acesso após 3 anos de experiência profissional comprovada. Porquê? Porque a Finlândia tem parcerias de educação/transferência de tecnologia, com a China, e convêm-lhe ser competitiva.

3º - Muitas instituições politécnicas resistiram, tanto quanto puderam, à implementação das licenciaturas bi-etápicas, mas um dos inconvenientes não foi certamente o fim do estágio do 1º ciclo.
Refiro ainda que a manutenção do estágio do 1º ciclo, em algumas instituições politécnicas, foi resultado de pressão de alunos.
Existem instituições politécnicas com formações na área de Engenharias com Estágios inseridos no plano curricular (isto é, obrigatórios) em ambos os Ciclos, se bem que o acompanhamento não seja, devidamente, contabilizado como "Serviço Docente".

4º - O drift entre Universidades e Politécnicos, lamentavelmente, é uma realidade. A sua origem, nos Politécnicos, lamentavelmente também, é muito mais de natureza financeira ou de recursos - porque por exemplo, pela Investigação, permitem-se através de financiamento, nacional ou estrangeiro (mais deste último), suportar melhores formações aos alunos, através da melhor capacidade institucional de actualização equipamentos e técnicas - do que por uma opção filosófica... vamos tirar "a freguesia" das universidades ....ISTO NÃO EXISTE! Com algumas, até há excelente cooperação - e elas, as universidades, sabem muito bem disso! Só que...

5º - Discordo da mudança de nomes - sem alterar tudo o mais. Na Noruega há critérios - e estes é que obrigam/permitem mudanças de designações. Mas, uma rosa é uma rosa, independentemente, do nome porque se designe. Mas, tal como o JVC refere no seu apontamento, no todo, a designação das instituições de formação terciária é, de facto, um problema muito, mas mesmo muito, secundário.

Encontremos UMA PALHA no palheiro!

Pacifica-me muito a ideia que a floresta é um recurso renovável, porque tenho pensado em quantas árvores (larguíssimas centenas senão milhares de hectares de floresta) se teriam poupado, desde 1999, caso o Processo de Bolonha não tivesse sido um móbil/alibi para se consumir, na Europa, tanta tinta e resmas de papel... para as vossas estimativas, se quizerem conferir, podem usar os dados da brochura anexa.
Interessantíssimo também, é o facto de muito poucos de nós se interessarem pela componente mais importante de todo o processo - Competências Adquiridas e Resultados de Aprendizagem dos formandos.
Uma prova desta afirmação, a nível nacional, é que da profusa legislação e documentação produzida, apenas se referem competências como exigência do próprio processo de registo "Artigo 37.º- Instrução do processo de registo, alíneas b) e c), no Decreto-Lei nº 88/2006 - Regulamenta os cursos de especialização tecnológica (CET).
Devo de estar a ser eu a ver mal toda esta problemática, mas como a mim o que me aflige não é tanto o querer ou poder fazer política, mas tão só o de a saber fazer, mantenho desde sempre, quase que por dogma de fé, o raciocínio em loop em torno do essencial: Competências Adquiridas e Resultados de Aprendizagem.
A propósito de Competências, tenho procurado reunir informações sobre Política Educativa em Portugal e, sobretudo, identificar quem dos responsáveis máximos* poderia ter adquirido - por aprendizagem não formal, nos últimos 30 anos, antes de terem exercido as suas funções de ministros - por exemplo, as seguintes competências "...decision-making, organizational behavior, organizational change, strategic planning and restructuring, governance, policy implementation, the sociology of organizations, and culture and the political economy of organizations ". A resposta certa é não tinham/têm/adquiriram, e só isto já explica muita coisa!
Logo, e para começarmos, das largas centenas de cursos oferecidos, não temos nem tivemos, em Portugal nas Universidades ou nos Politécnicos, em 2005/2006, previstas formações públicas sistematizadas e direccionadas à Política ou Gestão de Educação, nem do ponto de vista de organização ou da filosofia comparativas dos sistemas, nem de um ponto de vista, mais prosaico e útil, do planeamento socio-económico ou de gestão de Infra-Estruturas, Recursos Materiais e Humanos.
O facto de não temos competências, e de nem sequer nos preocupamos em as conseguir de forma estruturada, apesar de termos demasiadas formações redundantes em muitas áreas, é muito preocupante, porque temos dificuldade em resistirmos a deixar de fazer o que sabemos bem que não sabemos, e pensarmos que os outros não se apercebem da nossa ignorância.

Os nossos sucessivos governos estatatais* ou das instituições de ensino superior público também não se têm equipado com dirigentes com aquelas competências ou, pelo menos, que sejam dotados de sensibilidade inata e genuína para se empenharem em considerá-las. A Prova em como não dispomos, entre nós, de entidades educacionais adequadas e devidamente documentadas ou de instituições devidamente apetrechadas em recursos humanos (infelizmente, também não em outras áreas) podemos confirmar aqui ou aqui (exemplos de publicações essenciais ao desenvolvimento de políticas bem sucedidas).
No nosso enquadramento, será bom que nos dispunhamos a encontrar rapidamente não uma agulha no palheiro - o que seria simplicíssimo (uma qualquer das sucessivas políticas de que temos sido carrascos-vítimas em simultâneo é um bom ponto de partida) mas sim UMA DETERMINADA PALHA DO PALHEIRO (uma política devidamente bem pensada, consistente e estruturada - POLÍTICA COMPETENTE) - isto, digo-vos, eu gostaria muito de ver.
Teremos sempre uma alternativa - deixarmo-nos de cantigas de mútuo embalo e avançarmos de uma vez, e rapidamente para, a bem dizer, uma qualquer política de organização das formações terciárias - sempre podemos converter-nos numa etapa inicial de um Estudo de Caso (a nível Mundial) num processo de scaling-up do learning by doing (desprovidos de competências iniciais, sem lenço ou documento - Registo tríadico de patente de processo garantido) de um sistema político educativo terciário - afinal, só somos 10,5 milhões de habitantes!
Ainda assim, sobrarão muitos Portugueses para o nosso pós implementação de Bolonha.
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Ministro da Educação e Investigação Científica, Mário Sottomayor Cardia, 1976-1978;
Ministros da Educação e Cultura, Mário Sottomayor Cardia e Carlos Lloyd Braga, 1978;
Ministro de Educação e Investigação Científica, Luís Valente de Oliveira, 1978-1979;
Ministro de Educação e Investigação Científica, Luís Veiga da Cunha, 1979-1980;
Ministro de Educação e Investigação Científica, Vítor Pereira Crespo, 1980-1981;
Ministro da Educação e Ciência, Vitor Pereira Crespo, 1981;
Ministro da Cultura e Coordenação Científica, Francisco Lucas Pires, 1981-1983;
Ministro da Educação e das Universidades, João Fraústo da Silva, 1981-1983; João de Deus Pinheiro, 1983-1985; João de Deus Pinheiro; 1985-1987, Roberto Carneiro 1987-1991; Manuela Ferreira Leite, 1991-1995;
Ministro da Ciência e Tecnologia, Mariano Gago, 1995-1999;
Ministro da Educação, Eduardo Marçal Grilo, 1995-1999 (que subscreu a Declaração de Bolonha); Júlio Pedrosa, 1999-2002;
Ministro da Ciência e da Tecnologia, Mariano Gago, 1999-2002;
Ministro/a da Ciência e do Ensino Superior, Pedro Lynce Faria, 2002-2003; Maria da Graça Carvalho, 2002-2004 e 2004-2005;
Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, 2005-....!

OBS: Já repararam que são quase todos Professores, sem experiência anterior, ao exercício das funções de ministros, na actividade privada? Isto explica muita coisa, não é verdade?