Reflexos de espelhos
Venho reiterar (já elogiei na página de JVC ), neste meu blog, o elogio a um artigo "Bolonha e a crise das instituições de ensino superior" de Manuela Vaz Velho, da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viana do Castelo - a quem muito agradeço publicamente o re-envio pessoal, do seu artigo - publicado no Jornal Público de 1 de Junho de 2006, que mais não seja, porque provém de uma Escola que está a abordar com muita argúcia e originalidade, as formações politécnicas nas Tecnologias.
Sei que a Mané não lê o meu blog mas isto, para mim, não tem qualquer espécie de importância, fica aqui registado o apreço que lhe tenho, sempre que a minha memória falhar.
Concordei, e subscreveria quase tudo o que ela diz, mas falta o quase...
Concordei, e subscreveria quase tudo o que ela diz, mas falta o quase...
Discordo, por exemplo, do que a minha amiga Manuela Vaz Velho refere, nos seguintes pontos:
1º - Não é inteiramente correcto: que os actuais bacharéis podem ir para o 2.º ciclo sem quaisquer restrições, excepto a de não terem disciplinas em atraso. Pela legislação aplicável às Licenciaturas Bi-etápicas, só teriam acesso ao 2º Ciclo das Licenciaturas bi-etápicas, os alunos com o 1º ciclo COMPLETO, isto é, Bacharéis diplomados.
2 º - Não há qualquer espécie de dúvida que as formações politécnicas das Engenharias (1º Ciclo - ciências básicas) eram, manifestamente, insuficientes para alguns Actos de Engenharia da Ordem dos Engenheiros, e a maioria dos formandos de 1º ciclo, quando saem para as empresas e regressam para frequentar o 2º ciclo, confirmam deficiências de formação que até gostam de ver colmatadas. É uma obrigação das instituições de ensino corresponder às perspectivas de formação dos seus formandos (e das empresas onde estes trabalham), desde que legítimas - e uma larga maioria dessas aspirações devem ser atendidas - é uma obrigação institucional!
Esta insuficiência das formações em Engenharia - LICENCIATURAS NOVAS - irá manter-se na próxima leva, quer sejam UNIVERSITÁRIAS OU POLITÉCNICAS - ou na vertente profissionalizante ou na faceta mais teórica ou de fundamento, conforme opção da instituição de ensino - daí que as organizações de classe portuguesas da área prevêem acreditações para diversos níveis de formação, tal como em Inglaterra e Irlanda (e demais países do Acordo de Washington) .
Na Finlândia, país muito citado, os cursos de bacharelato em Engenharia dos Politécnicos de Pori, Tempere e Turku, têm uma duração mínima de 4 Anos, e ao 2º Ciclo os alunos nacionais só tem acesso após 3 anos de experiência profissional comprovada. Porquê? Porque a Finlândia tem parcerias de educação/transferência de tecnologia, com a China, e convêm-lhe ser competitiva.
3º - Muitas instituições politécnicas resistiram, tanto quanto puderam, à implementação das licenciaturas bi-etápicas, mas um dos inconvenientes não foi certamente o fim do estágio do 1º ciclo.
Refiro ainda que a manutenção do estágio do 1º ciclo, em algumas instituições politécnicas, foi resultado de pressão de alunos.
Existem instituições politécnicas com formações na área de Engenharias com Estágios inseridos no plano curricular (isto é, obrigatórios) em ambos os Ciclos, se bem que o acompanhamento não seja, devidamente, contabilizado como "Serviço Docente".
Refiro ainda que a manutenção do estágio do 1º ciclo, em algumas instituições politécnicas, foi resultado de pressão de alunos.
Existem instituições politécnicas com formações na área de Engenharias com Estágios inseridos no plano curricular (isto é, obrigatórios) em ambos os Ciclos, se bem que o acompanhamento não seja, devidamente, contabilizado como "Serviço Docente".
4º - O drift entre Universidades e Politécnicos, lamentavelmente, é uma realidade. A sua origem, nos Politécnicos, lamentavelmente também, é muito mais de natureza financeira ou de recursos - porque por exemplo, pela Investigação, permitem-se através de financiamento, nacional ou estrangeiro (mais deste último), suportar melhores formações aos alunos, através da melhor capacidade institucional de actualização equipamentos e técnicas - do que por uma opção filosófica... vamos tirar "a freguesia" das universidades ....ISTO NÃO EXISTE! Com algumas, até há excelente cooperação - e elas, as universidades, sabem muito bem disso! Só que...
5º - Discordo da mudança de nomes - sem alterar tudo o mais. Na Noruega há critérios - e estes é que obrigam/permitem mudanças de designações. Mas, uma rosa é uma rosa, independentemente, do nome porque se designe. Mas, tal como o JVC refere no seu apontamento, no todo, a designação das instituições de formação terciária é, de facto, um problema muito, mas mesmo muito, secundário.
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