quinta-feira, agosto 31, 2006

A "altitude" do voo dos outros nossos potenciais Belmiros

O que separa a dignidade de Belmirinho - o papagaiozinho ainda depenado, à esquerda, da dignidade do Belmiro - o belíssimo papagaiozão que se lhe segue? É apenas a idade, experiência, o número e densidade de penas, e a altitude dos seus voos.
Nesta época de globalização, em que o que interessa é a Economia com Base no Conhecimento -- atente-se no pormenor das palavras « economia» e «conhecimento» se encontrarem na mesma frase e expressarem um único conceito -- depois da alta-costura, alta-cozinha, alto-calçado, alta -"cabeleireiria" (???)" -- a estratégia política vigente, à-quem e além-mar, é valorizar a alta-transferência de tecnologia, a alta-investigação, alta-inovação e o alto-empresariado -- para serem desenvolvidas por um "verdadeiro Esquadrão de Elite".
Se não, vejamos:
Como se não bastassem as condições e capacidades nanotecnologicamente pulverizadas à ínfima dimensão, a que se reduziram a nossa "investigação" e "inovação" - o que se comprova pelos nossos resultados, comparativamente com outros países, "sempre esquisitos" - pede-se agora aos nossos jovens investigadores, do que quer que seja que, competitivamente, ultrapassem de sopetão as qualidades pessoais, competências, níveis de conhecimento e recursos reunidos a "penosas" penas por essa espécie em extinção do empresariado nacional -- um hino à Resistência & Sustentabilidade em "mares, permanentemente, encapelados" política e ecomicamente -- formada pelos nossos "belmiros", "amorins" e "nabeiros", etc ......???? - se duvidam de mim, perguntem-lhes a eles, se lhes foi fácil...
Para quê? - Porque temos muito poucochinhos empresários que possam manobrar e pilotar, nas actuais condições competitivas globalizadas;
Porquê? - Porque, gostámos tanto dos fantásticos efeitos na nossa estrutura económica, resultantes de 40 anos de intervenção estatal (Estado Novo) pela qual estoirámos a fibra imprescindível à nossa iniciativa privada, que nos dedicámos de corpo e alma a aperfeiçoar esse trabalho nos 30 anos seguintes; mais grave, estamos a demonstrar que, politicamente, não queremos ficar por aqui - o nosso objectivo é a Perfeição.
Afinal, já dizia Murphy, não há nada de tão mau que não possa ser agravado!
Como? - É muito simples!
O mundo dos negócios não só se diversificou como se globalizou, a tecnologia transfigura-se exponencial e instantâneamente, a clientela e os consumidores exibem uma taxa de exigência selectiva crescente e que se agrava a olhos vistos, de dia para dia, e hoje até já parece amanhã....
Assim, no nosso país, opta-se agora por se incentivar e encorajar seres mitológicos - os nossos jovens investigadores - que reúnam os predicados de dedicação, raciocínio lógico, persistencia e genialidade pioneira de um Thomas Alva Edison; a perspicácia, argúcia e agilidade mental - adquiridas e polidas, ao longo de séculos - pela etnia cigana; a humildade, capacidade de liderança, auto-sacrifício, anulação pessoal, resistência psicológica, e obstinação de Mahatma Ghandi; a agressividade, o arrojo de marketing comercial de um Andy Warhol; o domínio das técnicas de previsão estratégica, racionalmente, fundamentada de um Michael Porter; a audácia, aventureismo e inconsciência de um Rambo e a frieza de um Terminator; além disso, recomenda-se que a família deles "mais chegada", obrigatoriamente, seja dotada de espírito de abenegação maligno, com a fé cega, esperança de "sportingista" e vocação inabalável de "carmelitas descalcinhas", padrinhos abastados e disponíveis ou conhecidos vagamente influentes, mas, sobretudo, que disponham, eles próprios, de um "pezinho de meia" considerável - a esta criatura excepcional chamamos agora, entre nós, "investigador/empreendedor".
Ora confiram aqui no slide em *.ppt (agora, é o que está a dar...) - que intitulei de "Valley of Death" (não pensem coisas.. do estilo, lá está esta..., é assim mesmo que se chama o conceito, em "economês anglo-saxónico") - o que, em síntese, o jovem "investigador/empreendedor" precisa fazer praticamente sozinho e, que se tudo lhe correr de feição, lhe ocupará 5-10 anos de vida.
Em Portugal, chega-se assim a empreendedor-"flash", apenas frequentando cursos ditos de "empreendedorismo" [um, dois, três... já está!] que se organizam (e pagam) por eles próprios ou por todos nós, em todos os lados e "em pencas" - "simplinho" e cristalino como a água deuterada, não?.
Estas seres míticos existem? - Ah! Eles propriamente ditos não, mas existem muitos percursores!
Mas o problema não é saber se eles existem ou não, o problema é sabermos quantos precisaríamos PRONTOS A USAR, e para quando - por alto, por alto, eu estimo em 0,25 Milhão de pessoas! (para substituirem, com vantagem, cerca de 10% das nossas actuais PMEs convencionais) - de forma que, mais ou menos, o produto do trabalho de cada um deles, pudesse garantir o sustento a cerca de 40 de outros nós. E tudo deveria estar pronto, afinadinho, e em navegação de cruzeiro, mais ou menos até ao ano, ... digamos ... retrasado!?
Quanto custa a inovação protegida pela Economia de Conhecimento aos nossos jovens "investigadores/empreendedores"? Depende do investimento necessário até ao "break even point", mas em percentagem do total pode ter, aproximadamente, a seguinte composição:
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Fases do Plano de Negócio--------------------------------------------% Custo total
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1. Definição do Produto, Desenvolvimento do Modelo e Prototipo -----------------0,59
2. Produção do Prototipo--------------------------------------------------------------16,57
3. Pré-Capital Venture (capital de risco)-----------------------------------------------35,50
4. Capital Venture (capital de risco)-----------------------------------------------------47,34
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OBSERVAÇÃO: façam as contas se o investimento total for, por exemplo, de 0,25 Milhão de Euros - o que não é quase nada!
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- Normalmente, o investigador/empresário só deve custear, pessoalmente, o ponto 1.
- O restante são "dívidas" --- a contratualizar com beneméritos, bancos ou outros credores: ex. "business angels", --- e assumidas pelo ainda candidato a investigador/empresário, enquanto aperfeiçoa e desenvolve o produto ou o processo (inova) ou o cria de raiz (inventa) e se descabela para cumprir etapas-fases e compromissos do seu plano de negócios;
- Para que o nosso heroi (ou a sua "angelical" parceria de risco) não perca dinheiro, precisará ainda de garantir um lucro líquido anual, não inferior a 3% do valor investido (se o "anjo" for nosso);
- Não podemos esquecer que, entretanto, o tempo decorre, e há que permanecer (em contínuo) a Inovar/Investir, para garantir ou diversificar, oportuna e atempadamente, o negócio - nunca fez tanto sentido aquela coisa de...."Alice ser obrigada a correr duas vezes mais depressa para não regredir"...
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i-Moral da estória:
Não é nada fácil, pois não? Sobretudo - se considerarmos que o actual contexto de negócios é mesmo "concorrencial à séria" - e nós enclausurados num ambiente estatal "abelhudo e intrometido", com uma legislação laboral de eficácia muito duvidosa, e um sistema judicial, como o que todos conhecemos (e.... que sempre assim foram)!
Mas, também é, justamente por isso, que temos muito poucochinhos "Belmiros" que podem só AGORA "voar um pouco mais alto".
A nossa política de investigação e de transferência de tecnologia nacional --- transcrita em numerosíssimos e inacreditáveis planos estratégicos, muito pouco direccionados e detalhados para a resolução efectiva destes e de outros constrangimentos graves ---- faz-me sentir tal qual como uma minha parente - diante da banca de compra do pescado, quando o dono lhe disse: "esse salmãozinho que aí leva, foi pescado, hoje mesmo de manhãzinha!" - ao que ela, após uma pausa para se refazer do absoluto desconcerto, lhe respondeu: "... pois"!
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REFERÊNCIAS:
- "FROM INVENTION TO INNOVATION"; U.S. DEPARTMENT OF ENERGY
INVENTIONS & INNOVATION PROGRAM - OFFICE OF ENERGY EFFICIENCY
AND RENEWABLE ENERGY U.S. DEPARTMENT OF ENERGY. DOE/GO-10099-810
AUGUST 1999.

quarta-feira, agosto 30, 2006

Thinkers, "Doozers" & "Muggles"

Na página de João Vasconcelos Costa foi publicado (28 e 29 de Agosto de 2006) um artigo de sua autoria - "O financiamento público da educação superior". Este artigo dá-nos conta apenas de mais um dos seus brilhantes e preciosos testemunhos e opiniões - de leitura obrigatória, mesmo os que forem divergentes dos seus leitores, porque fundamenta as suas opções - para todos os que se interessem por questões de educação terciária.

PS - Para simplificar, classifico todas as pessoas apenas em três grupos - os "thinkers" (pensam e planeiam, estrategicamente, com cuidado e rigor questões complicadas), os "doozers" (são os que dominam bem os pormenores de execução dos planos dos "thinkers") e os "muggles" (conceito desenvolvido por Joanne Kathleen Rowling [Harry Potter], e que significa mais ou menos ... todos os outros) - JVC é um dos nossos raríssimos e genuínos "thinkers" da educação superior.

domingo, agosto 27, 2006

Excelente Notícia para Portugal

Via Diário As Beiras "online" (25 de Agosto de 2006)
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São notícias, como esta, infelizmente pouco divulgadas na imprensa nacional, que nos dão esperança no futuro e alento:
Com o sua tese de doutoramento: "Consolidação de partículas compósitas de matriz Ti - Al e Ti - Si obtidas por síntese mecânica e modificadas superficialmente por pulverização catódica", com base no trabalho desenvolvido no Instituto de Ciência e Engenharia de Materiais e Superfícies - polo de Coimbra, sob a orientação de Miguel Quelhas de Sacadura Cabral Trindade da FCTUC, Fernando António Gaspar Simões, docente do Departamento de Engenharia Mecânica do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC) - subsistema politécnico - venceu o prémio para a melhor tese de doutoramento EUROPEIA (2006), atribuído pela associação internacional EPMA (Eupopean Powder Mettallurgy Association), com 92 membros entre empresas e instituições, da qual também participam entidades do Brasil, Canadá e Estados Unidos (mas não Portugal).
A notícia adianta ainda que, "na atribuição deste prémio, o júri internacional teve em conta a excelente qualidade científica do trabalho e as implicações práticas e industriais do assunto abordado na referida dissertação".
A atribuição deste prémio a um docente Português do politécnico, só nos demonstra a importância e a vantagem estratégica em se adoptarem políticas que reforcem e incentivem laços de cooperação entre os subsistemas politécnico-universitário na investigação, desenvolvimento e inovação, como uma forma de aperfeiçoar, continuamente, a imagem internacional do desempenho do país, e o respectivo posicionamento nos "rankings" destes contextos.

sábado, agosto 26, 2006

Trefilar os "atrapalhos" causadores da NOSSA curvatura da luz

Tal como em todas as actividades humanas, em todo o mundo - mas, muito particularmente, em Portugal (porque poucos de nós se interessam ou importam) - existem instituições e pessoas que procuram, com isenção, justiça e lógica equilibrar procedimentos que afectam as vidas das pessoas, mas muitas outras entidades há, apostadas em converter, em lema a inscrever na sua Missão "...se podemos sempre complicar.... porque não? Estamos disponíveis!".
A razão, a lógica e a justiça das decisões, em acordo com a interpretação dessas entidades, devem ser acrescentadas à "F-list" de resíduos perigosos (industriais ou não), e também conforme as lusas "boas práticas" devem seguir, exactamente, a mesma disposição final - « exportam-se » para bem longe, porque aqui isto incomoda-nos muito! "Qué?,.. Qué isso da convenção de Basileia?"
Foi assim que no ano passado aconteceu, durante os meses de Julho ou Agosto - quando se estabelecerem as condições de atribuição de Orçamento de Estado, para 2006, às instituições de ensino superior (Universidades e Politécnicos) - que vieram a ser transpostas em "letra e força de lei" dos MINISTÉRIOS DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR, pela Portaria (conjunta) nº 231/2006 (2.a série). - Considerando que a Lei nº 37/2003, de 22 de Agosto, estabelece as bases do financiamento do ensino superior.
Especificamente, e cito: "Nos estabelecimentos de ensino universitário com unidades orgânicas de ensino politécnico, trata-se em separado o pessoal das unidades orgânicas de ensino universitário e de ensino politécnico, calculando - se valores separados de docentes, não docentes, remunerações médias e custos médios".
Para o efeito, "com criatividade e expediente saloios" de que todos nos orgulhamos, separaram os cursos (com as MESMAS designações) de um e de outro subsistema em "CLASSES INVENTADAS SEM JUSTIFICAÇÃO" - as Classes U (universidades) e Classes P (politécnicos) - com ratios diferentes para necessidades de recursos humanos, que procedem à formação de alunos em áreas similares.
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Consequências desta ridícula "xico-espertice"
- Baralhação na classificação dos cursos contra a Classificação ISCED (internacional), a Classificação CNAEF (uma cópia nacional) e os requisitos básicos do Processo de Bolonha.
Ex: uma formação inicial em Engenharia Civil do subsistema politécnico tinha o código 1245 e pertencia à classe P4, enquanto que a do subsistema universitário tinha o código 223 e pertencia à classe U4; podendo acontecer estar a falar-se de cursos com acreditação na Ordem dos Engenheiros, em ambos os subsistemas;
- Diferença de custos e de ORÇAMENTO unitários para formações similares de um e de outro subsistema, excluindo desta estimativa global, todos os cursos leccionados, exclusivamente, num ou no outro subsistema - valor diferencial = ~400 Euros por aluno (mais caro nas universidades). Como explicar então o prodígio (do subsistema politécnico) de ser mais em conta (~400 Euros/aluno e ano) formar alunos com piores formações à entrada do nível terciário (digo eu, apenas, por causa das notas diferenciais à entrada, mas isto não é certo!) e mais desmotivados (as instituições e cursos que acabam por frequentar não seriam os da sua inicial eleição); Se é mais barato, e acaba por dar exactamente no mesmo, porque se dá preferência aos processos de formação mais caros?
- Se todas as formações similares tivessem o mesmo custo unitário, e se optasse por custeá-las pelo valor mais baixo: 3288 Euros por aluno, do subsistema politécnico a despesa pública com essas formações (e deixem-se de poesias - os formandos mais caros não são mais valorizados pelo mercado de trabalho, e há muito boas e fundamentadas razões para isso!) teria decrescido em cerca de 50,000,000 de Euros (~5%); Esta economia seria reforçada todos os anos, podendo chegar a uma economia de 10 a 15%, à medida que os custos das formações se fossem consolidando, no tempo - já que os cursos terão uma duração míninima de 3 anos.
Mas claro, entre nós, "a Ordem é rica e os «frades» são todos ateus" e a Deco tem muitas outras ralações!;
- Como não podia deixar de ser, foi só agora (há questão de dias - não sei precisar a data) publicada, pelo Observatório da Ciência e do Ensino Superior, a lista dos códigos e a classificação por áreas científicas dos ciclos de estudos resultantes do processo de adequação dos cursos criados e autorizados antes da entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 74/2006, de 24 de Março e, é claro, que cursos com iguais designações têm exactamente o mesmo código; ex. A Engenharia Civil dos cursos iniciais "adequados a Bolonha", tem o código 582 do ISCED/CNAEF, para ambos os subsistemas.
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Agravante da "xico-espertice"
E "arengam" especificamente, no texto da Portaria, o seguinte: "Estes valores são objecto de um procedimento de validação técnica realizado pela Direcção-Geral do Ensino Superior em articulação com os estabelecimentos de ensino.".
Têm a certeza que foi assim mesmo?
Pode ser que algumas não se tenham dado conta, mas todas? Todas NÃO!
Pessoalmente, desculpem-me, mas é que não acredito mesmo!
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"Follow-up " da "xico-espertice" - é para continuar?
Já agora, e o Orçamento de Estado de 2007, pelo menos, para os cursos com iguais designações e hipoteticamente "adequados ao «Espaço Europeu do Ensino Superior» - que dizem ser o mesmo que o preconizado pelo processo de Bolonha" de um e de outro subsistema - vão ter este ano o mesmo "Quid pro quo"?.
Isto é, com "os atrapalhos" do costume, continuaremos, nós a ser obrigados a ver duas imagens exactamente da mesma coisa? Esta situação pode ser uma síndrome de ocorrências psicosomáticas sempre pouco lisongeiras, não acham?
Ou, em alternativa, vamos todos criar juizo e respeito institucional e pela inteligência/burrice dos outros, que são para mal de todos iguaizinhas às nossas? - Nas siderurgias "os atrapalhos" costumam trefilar-se facilmente, com um "bafo bem quente" (= responso sério e intransigente)!

quarta-feira, agosto 23, 2006

Um GPS para a nossa Educação Terciária, Ciência e Tecnologia

Se a Educação Terciária, Ciência e Tecnologia de Portugal dependessem apenas da transparência e rapidez com que se transfere a informação pertinente, nós estaríamos muito mais para lá, do que sediarmos o Silicon Valley...
Reparem bem, em pleno Agosto (férias ENORMES da maioria dos Portugueses) disponibilizou-se, para quem precise ou se interesse por todos aqueles assuntos, na página do Observatório da Ciência e Ensino Superior (OCES), entre outros, quatro importantíssimos documentos informativos, muito trabalhosos para se compilarem e organizar:

1º - Registo Biográfico de Docentes do Ensino Superior em 2005 (REBIDES 2005): AQUI (ainda em versão provisória para eventuais correcções) com Lista de Pessoal Docente ao abrigo do Decreto-Lei n.º 15/96, de 6 de Março; Informação relativa a 31/12/2005; Estas informações são essenciais para as instituições poderem estimar o OE de referência para 2007. Sugiria apenas uma disponibilização em plataforma mais amigável - esta que usam há uns anos, ainda é de difícil consulta integrada, implicando desnecessariamente trabalho adicional, para se saber alguma coisa efectivamente útil, ex. - em cada instituição, incluíndo os do subsistema politécnico, há ainda muito que fazer para apurar o número de ETI totais, número de ETI com formação máxima a nível de Doutoramento e/ou com mestrado, etc., etc..

Como sempre o OCES trabalha muitíssimo bem, para mim, é um verdadeiro GPS da nossa Educação Terciária, Ciência e Tecnologia.


2º - As Infra-Estruturas Tecnológicas no Sistema Nacional de Inovação Evolução 1996-2005. Estudo realizado pela Agência Portuguesa de Inovação sintetizado desta forma:

  • "Relação das Universidades com as Empresas (Participação das Universidades em Projectos de I&D Financiados pelo Estado ou União Europeia)", 2005, OCES/MCTES - AQUI
  • "Levantamento e Caraterização das Relações entre as Empresas e as Instituições de I&D do Sistema Científico e Tecnológico Português". AQUI - "Este documento constitui um resumo do relatório final do trabalho desenvolvido no âmbito do projecto de investigação previsto no Protocolo assinado entre o INESC Porto e o Observatório das Ciências e do Ensino Superior".
  • Estudos sobre as Infra-estruturas Tecnológicas:
    "As Infra-estruturas Tecnológicas no Sistema Nacional de Inovação - Evolução 1996-2005", 2006, Agência Portuguesa de Inovação: AQUI (Estudo - 5.986 Kb) e respectivos ANEXOS: AQUI (Quadros Anexos - 440 Kb), que descreve apenas três tipos de infra-estruturas de interface do Sistema Tecnológico - Centros Tecnológicos, Centros de Transferência de Tecnologia e Institutos de Novas Tecnologias.

Ainda não tive oportunidade de ver bem os conteúdos deste 2º conjunto informativo, mas deixo já sinceros parabéns a todos os envolvidos, e também uma sugestão - toda a informação disponibilizada seria valorizada se facilitasse a compreensão, sendo organizada e estruturada num trabalho mais abrangente, INTEGRATIVO e ARTICULANTE de todo o nosso sistema de Investigação-Desenvolvimento-Inovação-Transferência de Tecnologia. Para a próxima oportunidade, terão de certeza mais esse cuidado adicional.

Sabemos todos que não é um trabalho nada fácil, por isso, não desanimem.

terça-feira, agosto 22, 2006

Quilómetros de "ligas de cuco" e hectares de ponto pé de flor

A concepção implacável de uma das minhas avós (a Vó), àcerca do controlo de temperamento e das boas maneiras devidos por qualquer criança (4 anos) a seu cuidado, está para os padrões da OCDE e da Comissão Europeia, como o meu desempenho e comportamento, com aquela idade e ainda hoje, estão para Portugal, e igualmente requer-se a demonstração mensurável do progresso e do aperfeiçoamento alcançados, mediante o uso de indicadores.
Assim, no caso dessa minha avó, o meu às vezes hipotético incumprimento escrupuloso de algum dos seus requisitos, que ELA definia como indispensáveis, era a razão mais do que suficiente, para me remeter ao sossego, horas a fio, sentada num banquinho com o "riscado" de um desenho "tirado" de uma revista qualquer de sua eleição (salvo erro, era a "Modas e Bordados", "Fada do Lar" ou qualquer coisa que o valha) - para eu reproduzir o rebuscado traçado - a duras penas, altos choros e muitas picadelas de agulhas - num bordado execessivamente "empetecado", coloridíssimo e interminável, executado com milhões e milhões de pontos pé de flor, num paninho (sem fronteiras) imaculado que se tornaria, invariavelmente, irreconhecível e encardido depois da minha laboriosa, contrafeita e carpidíssima intervenção. Após a tarefa executada (sempre a difícil contento da Vó), a ordem do universo, imposta no seu entender, ficava reposta.
Também, quando eu queria muito qualquer coisa, lá vinha a Vó absoltamente impassível, com uma sua "proposta irrecusável e irresistível" - vulgo chantagem pura e dura - reclamando em compensação, a umperiosa necessidade de eu lhe apresentar, antecipadamente e em contrapartida, uma tira de "tricot" com, uns 5 cm de largura e X metros de comprimento (o comprimento X variava, exponencialmente em "muuuuiiiitos" metros, com as insistências e ou sucessões dos meus diversos quereres). Esta tira quilométrica, a que ela intitulava "as ligas do cuco", era também tricotada manualmente com restos de lãs coloridas, que ela amontoava cuidadosamente num cesto, para os devidos efeitos. As "ligas de cuco" produzidas, tinham uma aplicação bem curiosa e bem imaginada, que um dia lhes contarei.
No meio tempo, ela dizia-me sempre ao ouvido e em segredo, muito baixinho, qualquer coisa como "no pain no gain", até a obrigação estar totalmente concluída! Cumprida a chatíssima e quilométrica tarefa, invariavlmente, vinha a minha recompensa, que era o só o que EU queria.
Os "standards comportamentais" no entender da Vó (tal como os da OCDE e os da Comissão Europeia, etc., etc.,) jamais podiam ser sujeitos a discussão, negociação ou argumentação, eram os dela e isso bastava.
Eu, ou pegava ou largava os instrumentos de troca ou de ressarcimento, e FIM! A opção muitíssimo conveniente seria nunca "largar" porque, caso contrário, as tarefas recrudesciam, multiplicavam-se e dificultavam-se....
Do meu lado foi assim, da pior maneira possível que aprendi, a bordar em ponto pé de flor e a tricotar a malha simples... para não falar, já hoje, na famigerada Tabuada dos 7, mas isto é uma outra estória.
Depois da Vó, não aprendi rigorasamente mais nada, que mereça realmente a pena saber! Sobreviverei muito bem, e sempre, apenas com os ensinamentos dela.
Esta sequência de procedimentose e metodologia duvidosos, mal comparadas, ilustram muito bem o jogo de forças e de vontades desiguais entre a da OCDE, da Comissão Europeia, da UNESCO, da Globalização, etc, quando confrontadas com a inapetência endémica de Portugal, para o que deve fazer (não falo do que Portugal gosta ou do que quer ou não fazer, por ser perfeitamente irrelevante).
Tal como dizia, hoje, Bruno Proença, no assunto Economia, da Edição Impressa do Diário Económico sobre a Taxa de desemprego, 2006-08-21 06:30 :
"....Para isto, precisa de recursos humanos qualificados que são precisamente os que mais sofrem neste momento com o desemprego.Isto mostra dois fenómenos: os empresários ainda têm muito para mudar na concepção dos seus negócios e o sistema de ensino nacional tem que ser reconvertido.
Muitos dos licenciados que enfrentam o flagelo social do desemprego vêm de cursos superiores que não interessam a ninguém ou então de áreas saturadas."
Eu diria que se Portugal não for a bem, irá bem a mal! A reconversão não é fácil de executar-se, mas é fácílimo conseguir-se:
Para todos os Sectores do País deve ser pormenorizado um Plano (rigorosíssimo, plurianual e efectivamente) Estratégico de acção-responsabilização-execução-orçamentação - é muito laborioso ("ligas do cuco"), mas custa menos do que parece.
Na plano PORMENORIZADO (não listas de coisas vagas ou imperceptíveis) e orçamentado devem ser contempladas e expressas, as exigências e os critérios de financiamento/subsídios/custos, que por sua vez devem ser implacávelmente cumpridos porque, se não, NÃO!
Quem se aguentar no balanço, continua porque é imprescindível, quem entender que não quer cumprir, deve saltar rápido fora da carroça, passe a expressão, porque só atrapalha e atrasa o processo de sobrevida de todos os outros.
Não espero de nenhum dirigente político que seja milagreiro, mas exijo de todos coerência, lógica, transparência de decisões, contenção absoluta de proteccionismos ou favoritismos de conveniência, e muita, mas mesmo muita intransigência - Portugal está muito afastado do perfil que lhe seria conveniente em matéria "de boas maneiras" necessárias à sua sobrevivencia, nos tempos actuais e, à cautela, deve mandar só quem pode, e obedecerem todos os que têm juízo!
Tenho a certeza que Portugal precisa e fará "Quilómetros de «ligas de cuco» e hectares de ponto pé de flor"e, no fim, só ganhará com isso! Por isso, quanto mais depressa melhor!! Tenho até a desfaçatez de ter a certeza que ninguém ganhará nada com troca-tintas, golpadas e trapalhices a que nos acostumámos - já todos nos "topam de gingeira e à légua".
Tal como a minha Vó dizia, todos ganhariam muitíssimo tempo e poupariam esforços inúteis, se concordassem imediatamente com ela. Podem crer, tinha razão!
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"Nós e os outros" - vejam por vós se, mal ou bem comparados, podemos continuar com este padrão:

sábado, agosto 19, 2006

"Semper Augustus"*

A Revista Exame Informática, nº 135, Setembro, 2006, através de um artigo "UM IMENSO MICROCOSMOS", subscrito por Hugo Séneca e Isabel Infante, desvenda para todos quantos não sabiam que afinal Portugal é um prodígio do saber em Nanotecnologia, e já todos, sem excepção, vinham a desenvolver investigação, aplicações e trabalhos confidenciais e sigilosos no sector; ex.: INESC-MN (UL), AS UNIVERSIDADES DE AVEIRO, DE COIMBRA, DO MINHO E DO PORTO; INEB, FCT (UNL), CITEVE e até o BIOCANT - estes deram-se agora conta que nunca fizeram outra coisa se não na área da "nanotecnologia". Se me esqueci de referir alguém lamento e desculpem-me, foi apenas lapso ou desatenção porque, para que conste, por precaução, acrescento a esta lista, o nome de cada um e de todos os cidadãos portugueses e também, porque não, o de todos os residentes legais ou clandestinos em Portugal!
O milagre - para o repentino florescer de tal número e de tão portentosas capacidades nanotecnológicas - foi desencadeado pelo Senhor Ministro da Ciência Tecnologia e Ensino Superior quando, em 8 de Fevereiro de 2006, em Madrid, anunciou que "... Nanotecnologias e a computação avançada serão prioridades do Instituto Ibérico de Investigação" - recordar o tema em http://www.cienciahoje.pt/1757) de onde extraí o seguinte texto - "As nanotecnologias e a computação avançada serão as principais prioridades do novo Instituto Ibérico de Investigação e Desenvolvimento, um projecto conjunto de Portugal e Espanha que estará a "produzir ciência" em 2008.
Afinal, já reunimos ou não competências na área? Se evidenciamos já tanta experiência e interesse em micro e nanosistemas e, dando crédito às palavras atribuídas aos investigadores da área, até temos bons resultados, porquê investirmos em mais um Instituto?
Se não temos de facto experiência reconhecida e credibilizada e cientificamente independente, no sector, então, porquê mais um Instituto a crescentar às dezenas de institutos ou centenas de outras entidades de investigação do país? Reestruturemos tudo e muito bem em primeiro lugar, para avançarmos de seguida, em segurança.
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Na mesma revista, Exame Informática, menciona-se que já existe uma empresa privada com interesses nanotecnológicos - a Haloris - que quer criar um produto protegido por 5 patentes, mas precisam de encontrar investidores para que corram o risco. Não percebi que modelo de empresa é esta, ou sequer como tem sobrevivido materialmente até agora. Mas não é, exactamente, a capacidade de "correr riscos" o "core d'art & business" das empresas privadas? Ou esta Haloris é mais uma empresa de gestão financeira "universitária", com subsídios/financiamentos públicos?
No entanto, acho muito bem, que a Haloris não queira correr riscos porque, como todos nós sabemos, no máximo só até 3% das patentes registadas resultam em produtos/processos economicamente interessantes.
Se a Haloris apesar de poder tratar-se de uma empresa privada (pela postura descrita, não me parece poder ser) receia correr riscos, além de achar que os processos são morosos, será que a) pensaria que inovação era uma coisa de natureza fácil e rápida? ou b) só se interessa mesmo pelo assunto/produto, se e quando for rentável? E até lá quem sustenta? O Estado (nós)?
Então e se, num golpe de MUITA sorte, os trabalhos da Haloris, e ou das outras empresas em igualdade de circunstâncias, acabassem por se tornar patentes interessantes, e for o Estado (nós todos) a correr(mos) os riscos e a pagar a tempo necessário à rentabilizção do tal produto/processos, como é contratualizada a repartição dos valores acrescentados da inovação da(s) empresa(s), pelo Estado (nós todos)?
Ou, o Estado (nós) só é chamado para as empresas de nanotecnologia, ou de investigação-invenção-inovação, para enfrentar, exclusivamente, os prejuízos?
Uma descrição destas, não é um tanto parecida com aquela... outra iniciativa da AFINSA? >> "Se a coisa der lucros, estes são só nossos! Mas, dando prejuízo é só Vosso!"
Só que desta vez, seria tudo muito autorizado, "à cabeça"?
Muito bem!
Até eu, que sou muito mais ignorante, também só gosto da parte lucrativa dos negócios, o resto é sempre uma maçada, morosa e arriscada- e a despesa dos riscos divididos por todos não custa nada, e torna-se difícil ressarcir o Estado (nós todos) em caso de prováveis custas e prejuízos.... Bom,... mesmo assim, desejo do coração, à Haloris, que encontre um ou mais accionistas que, por eles, corram os riscos, se macem e gastem tempo - e, há falta de melhor, "topando a parada", pode muito bem ser o Estado Português - os cidadãos não estão cá mesmo para outra coisa, senão para correr riscos e cobrir despesas! Estamos todos já acostumados aos "números no arame, e sem rede"...
Para que não se duvide do que penso de empresas "pseudo-privadas"=fardos públicos, com custos na investigação na inovação neste ou noutro domínio, é que considero que estamos muito longe de dispormos, em Portugal, capacidade empresarial efectiva, com recursos materiais e humanos, que se possa responsabilizar por iniciativas do género; enquanto o sector público necessita de forte restruturação para poder, eventualmente um dia, enfrentar eficazmente essa área do conhecimento.
O que quero dizer com isto, é que a meu ver Portugal não tem a menor condição para continuar a suportar ou a imiscuir-se em empresas "privadas" que, efectivamente, não o sejam!
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Actualmente, enquanto se mantiver, entre nós, a ideia que a Nanotecnologia é que é o caminho (financiável), seremos nada menos que 10, 5 milhões de nanotecnólogos ajuramentados e de "papel passado", "viajando na mayonnaise".
O pior, é que uns sem serem consultados financiam sempre, enquanto outros (sempre os mesmos) gastam o que é de todos, no que lhes aprover, sem análises de viabilidade económica ou de responsabilidade cívica.
E ainda dizemos nós que Portugal não é um país bom para o empreendedorismo.
Que injustiça!
Portugal não é bom não... Portugal é ÓPTIMO para algum empreendedorismo - pelo menos para o de alguns! À primeira dificuldade, o Estado (nós) financia(mos) sem preparação, sem estratégia, sem responsabilização, e sem respaldo - mas financia(mos) toda e qualquer fantasia, desde que não seja planeada ou responsabilizada!
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Ah! Já me esquecia, mas a mesma revista, Exame Informática, não me identificou a mim, como uma expert de nanotecnologia. Deve ter sido distração.... Ora vejam - melhor, ora oiçam - se tenho ou não razão, aqui (1). Quem disse isto foi um Professor de Food Science da Cornell University também muito considerada por muitos de nós, portanto, sou também uma nanotecnóloga encartada, há muitos mais anos (décadas) do que gosto de me lembrar... Por isso, Senhor Editor da Revista Exame Informática peça lá aos redactores do artigo que aqui identifiquei, para acrescentarem também o meu nome à lista... Obrigada!
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Gostaria muito de comprovar que efeito surtiria na estratégia das "autonomias" científicas dos nossos múltiplos e prolíficos institutos, centros, unidades, meios e entidades de investigação e de desenvolvimento, se o Senhor Ministro da Ciência Tecnologia e Ensino Superior resolvesse declarar que, em Portugal - por causa do clima excepcionalmente favorável e da depressão em que entrou o sector nacional de produção primária - iria priorizar e incentivar a implementação de um Banco de Produção/Manutenção e Entreposto Internacional de Plantas Raras e dos seus Derivados (já que "Aves Raras" vamos tendo com muita fartura... ) usando ou não Nanotecnologia - atenção! que a ideia é "minha" - © Regina Nabais, 2006!
Ora o Senhor Ministro não disse já isto mesmo, em qualquer lado? Apostaria que a ideia poderia ser sua!
Não???? Não mesmo? Por favor, pense lá bem! Olhe, que disse...! Não disse? Mas, a mim dáva-me jeito que tivesse dito... E, sabem de uma coisa?, eu também não estive para me maçar a encontrar um investidor(es)/empresa(s) privados que corra(m) o risco para viabilizar essa "minha, mais que excelente" formidável ideia "tão inovadora" - quase inventiva... de forma que ...
Além disso, a "minha/sua/vossa(??) ideia" de colecionar e vender plantas raras e seus derivados é "mêmo muita boa", acima de tudo, porque muitas plantas raras, seus GMOs e respectivos derivados são mesmo patenteáveis (só na USPTO e JPO - na EPO é que não! Mas, também não tem a menor importância; quem se importa com patentes europeias?!)
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PS1 - Ora, comprovem lá o valor potencial da "MINHA" RICA IDEIA. É ou não catita?
PS2 - *A túlipa "Semper Augustus", por exemplo, deixou de existir por volta de 1634 mas, podemos sempre "nano-biotecnolizar" uma, se não a própria, outra planta qualquer tão valiosa quanto, ou ainda mais.... e, atenção, foi com a produção de tulipas raras que se iniciou na Flandres a corretagem internacional "no mercado de futuros" - Foram rudimentos de procedimentos comerciais europeus, como estes, que evoluiram nos "States" para estruturas de transações mundiais de "Commodities", tão importantes como a Bolsa de Chicago - 'tão a ver?;
PS3 - Se alguém me conseguir provar que existe mesmo viabilidade económica, ou pelo menos necessidade, para acrescentarmos mais outra entidade "para-pública" - o Instituto Ibérico de Investigação e Desenvolvimento - ao nosso claramente excessivo Parque de I&D, eu estarei na primeira fila a aplaudir a ideia; Lembro a todos que, em 24 de Fevereiro de 2006, num "post" deste mesmo "blog", que intitulei "menor que 100nm" afirmei e sustenho que sou totalmente a favor da co-incineração, dos alimentos e produtos geneticamente manipulados, da energia nuclear e, acima de tudo, da nanotecnologia - E ISTO É A PURA VERDADE;
PS4 - Para efeitos de comparação de procedimentos - nossos/europeus e os dos "States" - sugiro que vejam exemplos de como como se deviam estudar, planear e divulgar iniciativas, como estas, em: www.nano.gov/NNI_06Budget.pdf
PS5 -Tal como nos dizia Richard P. Feynman - que foi quem primeiro descreveu o conceito de nanotecnologia, logo no início da segunda metade do século passado - "o infinitamente pequeno é igualzinho ao infinitamente grande, só que com dimensões muito mais reduzidas"!
PS6 - Já não se usa, nem é necessária a simbologia que usei para efeitos de proteccão de direitos de autor da MINHA "Designação Banco de Produção/Manutenção e Entreposto Internacional de Plantas Raras e dos seus Derivados" - todos os países signatários da Convenção de Berne dispensam qualquer formalidade e protege a autoria até 50 anos após a morte do autor (olhem que eu sou demasiado durável) - mas dizem os entendidos que a simbologia é dissuasora de plágios, por isso ela fica e não se atrevam sequer a "pensar em copiar".
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A pergunta que me ocorre é: Haverá ainda alguma entidade ou alguém, em Portugal, que diga que faz investigação com financiamento público, sem declarar que tudo o que tem feito está "obviamente" correlacionado com a Nanotecnologia, depois de ter sido admitido, publicamente, que esse domínio é prioritário - leia-se susceptível de remota e hipoteticamente ter financiamento preferencial?
Claro que mesmo que o Ministro tutelar jamais tenha, de alguma forma, expressado esta preferência - subsiste, nas mentes dos nossos "investigadores/empresários", um Wishful thinking !
(1) - REF- Program #4421 of the Earth & Sky Radio Series, with hosts Deborah Byrd and Joel Block. Carl Batt, Liberty Hyde Bailey Professor of Food Science at Cornell University, Director of Cornell University’s Ludwig Institute for Cancer Researchand Co-Founder, Main Street Science. Ithaca, New York

quarta-feira, agosto 16, 2006

Faltava uma pluma ao nosso dardo

No Diário Económico, Ensino Superior de 2006-08-16 06:30, Mário Baptista e Susana Represas publicaram um artigo intitulado “OCDE defende aumento do valor das propinas. Especialistas da OCDE defendem que o valor das propinas devia ser aumentado. O diagnóstico sobre a Educação é pessimista” [1]. Este artigo foi desenvolvido tendo por base, um documento da OCDE, subscrito por Stéphanie Guichard and Bénédicte Larre. August 2006 nº 505. "Enhancing Portugal's human capital".
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O documento da OCDE faz parte de um vasto, volumoso e bastante antigo, conjunto de Relatórios do “Economics Department Working Papers”, que podem ser consultados em
http://www.oecd.org/dataoecd/49/29/20686301.HTM.
O original daquele a que o DE se reportou é datado de 4 de Agosto de 2006, e pode ser consultado em
http://www.olis.oecd.org/olis/2006doc.nsf/linkto/ECO-WKP(2006)33, e - passando por cima da pouquíssimo criativa ideia da conveniência em se "aumentarem" as Propinas - é especialmente importante nos pontos 52 e seguintes, onde se discute a "Reforming tertiary education financing" porque este é mesmo um dos maiores, se não o maior, constrangimento da organização da formação terciária do nosso país.
Também as questões do subsistema politécnico são largamente descritas em diferentes pontos do Relatório, não parecendo ser muito clara a percepção dos redactores sobre o facto dos Politécnicos também poderem conferir grau de mestre. Neste contexto, pelo contrário, parecem sugerir a orientação do subsistema politécnico para as formações ao longo da vida, formação de adultos e especializações de âmbito regional e de amplitude de aplicação.
São pensamentos discutíveis - AINDA NÃO SE TRATA DO RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO TERCIÁRIA PORTUGUESA do Directorate for Education - mas não deixam de alertar, a quem se interesse pelo assunto, sobre qual é o pensamento "dos outros" (e se calhar não tão "de outros " quanto isso...) sobre as nossas políticas educativas.
Vale mesmo a pena ler o relatório Original, e com muita atenção, porque tece uma análise crítica fundamental e, porque não dizer, até muito bem observada do contexto da nossa educação terciária, à luz da globalização - seria difícil fundamentarem posicionamentos e opiniões distintos.
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Num próximo "post", vou transferir passo a passo a tecnologia de envenamento de pontas de flechas... já que não hão-de estar a faltar muitas mais penas a este nosso dardo.
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quarta-feira, agosto 09, 2006

VITÓRIA DO BOM SENSO - Podem ser multados por excesso de velocidade de mudança cultural

É assim: se descontarmos raríssimas e felizes excepções, andamos todos muito distraídos, relativamente às questões sérias de educação terciária - em especial, e infelizmente, a nossa comunicação social.
Querem uma prova?
Nem demos conta dos indícios de uma verdadeira revolução de cultura institucional - a da Direcção Geral de Ensino Superior (DGES) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES).
O que é certo, é que o MCTES é das raras estruturas governamentais que demonstram a sua adesão ao Principio da Transparência de Informação e Comunicação (o Observatório da Ciência e Ensino Superior - OCES foi, a este respeito, uma entidade pioneira, desde 2001/2002) - desta vez, mais uma outra unidade estrutural desse ministério demonstra adesão à ideia - Direcção Geral do Ensino Superior, na 3ª feira, dia 8 de Agosto de 2006, numa sua página AQUI, publicou e divulgou, a quem quer que se interessasse, informação que esclarece bem a política governamental, sobre:
Este meu blog não é nada concorrido, mas deixo aqui o registo escrito dos meus sinceros parabéns.
Estão no bom caminho: Política à séria é assim mesmo - os cidadãos podem concordar ou não com o que se decide e executa, mas precisam de saber o que é feito, como e porquê. Só a divulgação dos registos escritos, sobre políticas e decisões, por parte das instituições públicas, é que permite aos cidadãos cooperar, expressar as suas dúvidas, questões, preocupações e o seu aplauso ou discordância - por outro lado, viabilizam o efectivo exercício de cidadania e de participação alargada, com claro benefício de todos.
É pena que uma parte importante do documento da DGES não tenha um formato de apresentação mais amigável - tenho a certeza que nos próximos documentos haverá mais esse cuidado - por isso, extraí e complementei a informação disponível (aqui: http://www.esnips.com/web/Cursoscommenosde20alunos).
Acresce dizer, que:
1) Os cursos escolhidos para financiamento foram, na sua maioria, seleccionados com bastante critério;
2) Para os politécnicos, o esforço de garantir as formações é cerca de quatro vezes superior, visto que considerando como tampão a totalidade das vagas oferecidas e como índice as vagas dos cursos "raros ou de baixa procura", pelas entidades que as propuseram representa cerca de 12,3 % do total das vagas, enquanto nas universidades essa proporção não chega a 2,5% - ou seja o financiamento de 88 alunos cobre as despesas de 12 alunos não financiaddos no politécnico, enquanto que o racio sobe para que o financiamento de cerca 98 alunos da universidade pague o diferencial de 2 alunos que frequente cursos não financiados;
3) De qualquer forma, todas as escolas que oferecem formações efectivamente "raras e/ou únicas ou pouco requisistadas" não financiadas evidenciam não só real estratégia, como Responsabilidade Social, pelas: formações que efectivamente gostariam de franquear, pelas Regiões em que se inserem e pelo respeito à potencial estabilidade acrescida, devida ao seu corpo docente e não docente que, exclusivamente para essas formações, estimo poder ascender a cerca de 16/18 ETI Docentes no Politécnico e a 33/35 ETI Docentes na Universidade, pelo menos, em 2006/2007.
Essas escolas são: UNIVERSIDADE DOS AÇORES (1 curso); UNIVERSIDADE DE AVEIRO (1 curso); UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR (1 curso); UNIVERSIDADE DE COIMBRA (3 cursos); UNIVERSIDADE DE ÉVORA (5 cursos); UNIVERSIDADE DO PORTO (3 cursos); UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA (2 cursos); UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA (2 cursos); UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO (4 cursos) INSTITUTO POLITÉCNICO DE BRAGANÇA (4 cursos); INSTITUTO POLITÉCNICO DE BRAGANÇA (3 cursos); INSTITUTO POLITÉCNICO DE CASTELO BRANCO, INSTITUTO POLITÉCNICO DE VISEU e UNIVERSIDADE DE AVEIRO - subsistema politécnico (cada instituição com 1 curso) .
4) Tomara que os futuros alunos destes cursos saibam reconhecer, valorizar e honrar o esforço do país mas, sobretudo, o das suas escolas, que lhes proporcionarão a formação, porque desses formandos, certamente, que todos nós precisamos.
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Falei no início deste post na "distração" da nossa comunicação social, porque é sempre tão solícita e apressadinha em espalhar notícias e conversas de "abobrinha, cebolinha e cenourinha" [sem nenhum desprimor para os legumes] sobre a educação portuguesa, mas quando se trata de divulgar assuntos de repercursões nacionais, como é o caso --- trata-se do financiamento por esforço colectivo e institucional das Escolas que as oferecem, que irá proporcionar formações efectivamente raras, para não dizer únicas; isto, para além de ter sido demonstrada uma mudança, para muito melhor, da postura de uma instituição governamental tradicional e usualmente, e até agora, hermética (DGES), que agora iniciou uma política transgénica de transparência, a bem dizer, parece aspirar a ser uma melancia sem sementes --- e, é precisamente neste quadro de ViITÓRIA DO BOM SENSO, que a nossa comunicação social se remete em copas, nem toma sequer conhecimento, quanto mais divulgá-lo...
Que pena! Aqui está identificada mais uma outra actividade nacional - a comunicação social, genericamente, a precisar de forte aperfeiçoamento cultural... para se tornar uma verdadeira parceira do país.

sábado, agosto 05, 2006

Acabou o malte...mas temos muito gelo!

Enquanto eu tiro uns diazitos para reagrupar as minhas tropas, tinha pensado convidar os meus poucos mas bravos leitores, para rodarem umas pedritas de gelo num copo com maltezinho legítimo, mas até o "blendezito da casa", como vêem, acabou...
Fiquem por aí! Não se afastem muito, porque eu vou estar de volta, já, já! E, os meus estimadíssimos leitores fazem-me muita falta.
Para a minha freguesia tão especial ver o tempo passar distraindo-se do seu desgosto pela minha ausência [:)))], deixo-lhe um texto de Mark Twain (Samuel Langhorne Clemens, 1835-1910) - "On The Decay Of The Art Of Lying", com muita actualidade e indiscutível utilidade - é que nos dá pistas interessantes para a inovação cientifica dos conteúdos das nossas formações.
Notem bem que é ele, e não eu, que diz:
"No fact is more firmly established than that lying is a necessity of ourcircumstances--the deduction that it is then a Virtue goes without saying. No virtue can reach its highest usefulness without careful and diligent cultivation--therefore, it goes without saying that this one ought to be taught in the public schools--even in the newspapers.
Judicious lying is what the world needs.
I sometimes think it were even better and safer not to lie at all than to lie injudiciously. An awkward, unscientific lie is often as ineffectual as the truth."
Mais à frente, ainda acrescenta esta passagem:
"Among other common lies, we have the silent lie the deception which one conveys by simply keeping still and concealing the truth. Many obstinate truth-mongers indulge in this dissipation, imagining that if they speak no lie, they lie not at all"...
Como curiosidade adicional, Mark Twain ofereceu esse ensaio em hasta pública, por trinta dollares, durante um encontro do HISTORICAL AND ANTIQUARIAN CLUB OF HARTFORD, mas parece que ninguém o licitou.
Porque acham que seria?
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PS - Encontram-se já reunidos no mesmo endereço (http://www.acessoensinosuperior.pt/vagas_pc.asp) os ficheiros com as vagas de acesso ao ensino superior (2006/2007) para os sistemas público e privado, tendo sido corrigida uma das falhas apontadas no "post" anterior deste mesmo "blog"- segunda feira, 31 de Julho de 2006: Doninhas, mas "das bem lavadinhas de fresco".
Penso que, assim, se tornou muito mais simples a consulta da informação, importante, sensível e sempre polémica, sobre as vagas disponíveis para acesso ao ensino superior (2006), e afinal ambos os sistemas contribuem para a educação terciária do país.
Da minha parte, agradeço muito. Prefiro pensar que nenhum sistema ou subsistema da Educação Terciária Portuguesa depende de uma progenitora com o perfil da imagem à esquerda, e com identicos resultados potenciais.
Tornar-se-ia ainda tudo mais correcto, se para ambos os sistemas e ficheiros fossem usados os mesmos critérios de apreciação. Haverá que ir verificando se também são corrigidos ou explicados os restantes reparos, descritos nesse mesmo "post" - nomeadamente, critérios de apreciação dos sistemas - um (privado - através do número de inscritos no primeiro ano pela primeira vez) e o outro (público - através do número de colocados, que não chegaram a ser inseridos no ficheiro excel correspondente).
Quando não é possível equidade (o que acontece muitas vezes em situações complicadas, como é o presente caso), a inequidade de opções deve ser sempre muito bem explicada, bem como a(s) solução(ões) adoptada(s) - em Portugal, não é tanto o que se decide fazer, mas como se tomam e se divulgam decisões, que põe em causa a credibilidade e boa fé das entidades e instituições.

quinta-feira, agosto 03, 2006

A minha SOENGA é também uma raridade

Pois é, temos então no país duas raridades que aprecio - a soenga e, pelo menos, um reitor com juízo, que pensa e emite uma opinião inequívoca e acertada.
Por isto, é que eu não estava à espera!
Fiquei tão entusiasmada, que decidi registar o momento.
Há cerca de uma hora atrás, estava eu coberta de peira e de fumos da minha soenga, enquanto ouvia as notícias do dia, num radiozinho de pilhas, e, eis senão quando, oiço dizer ao ACTUAL PRESIDENTE do CRUP - SENHOR REITOR Lopes da Silva - que para as injusticas não se expandirem, era melhor não se aperfeiçoarem as correcções, das rectificações, das emendas dos exames de acesso ao ensino superior, por exemplo, com um aumento de vagas no ensino superior, tal como tinha sugerido o Senhor Provedor.
Senhor Reitor, vale o que vale, mas tiro-lhe o meu chapéu. Não me recordo de testemunhar, em Portugal, tanto bom senso e coragem numa pessoa só, a respeito de assuntos de educação.
Tomara que alguém mais tenha ESCUTADO, E COM ATENÇÃO, as suas palavras, e que todo o assunto morra de facto já, por aqui, acautelando dentro do máximo possível a justiça.
Sendo o Senhor Reitor Lopes da Silva, quem é, vai-nos deixando uma réstea de esperança que nem todos estejamos a endoidar de uma vez, com a educação superior.
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Que fique muito claro, que compreendi, perfeitamente, as boas intenções da actual equipa de Ministério da Educação que teve que decidir - em contra-relógio e inacreditáveis condições de sobrepressão - sobre alternativas para emendar situações dúbias, erros ou "acontecimentos criados". Também compreendo a opinião, eventualmente, muito legal, mas totalmente precipitada e despropositada do Senhor Provedor, para que se aumentasse o número de vagas ... da qual só se poderia discordar. Mas, felizmente, a maioria dos professores não é jurista, e a maioria dos juristas não são professores. Graças à nossa boa estrela, que ainda assim vai sendo!
Seria bom que os cidadãos deste país se lembrem, de vez enquando, que "só não erra nunca, quem nunca fizer nada, ou que só faz qualquer coisita quando dá um jeitão *aparecer*", e é só destas gentes que, definitivamente, me fartei. Quando me esquecer disso - a minha cabeça já não é, o que nunca foi...- por favor, lembrem-me!
PS - Senhor Reitor Lopes da Silva, muito obrigada!
Não vá perder agora esta sua embalagem de boas e oportunas intervenções.
Não se aflija, por mim, pode errar à vontade! O que, a meu ver, não pode - nem o senhor nem ninguém - é ser um oportunista ou fingir que não existem problemas (ou pior ainda inventar, intencionalmente, berbicachos "inovadores") como a maioria dos nossos decisores e de todos nós portugueses.