quinta-feira, agosto 31, 2006

A "altitude" do voo dos outros nossos potenciais Belmiros

O que separa a dignidade de Belmirinho - o papagaiozinho ainda depenado, à esquerda, da dignidade do Belmiro - o belíssimo papagaiozão que se lhe segue? É apenas a idade, experiência, o número e densidade de penas, e a altitude dos seus voos.
Nesta época de globalização, em que o que interessa é a Economia com Base no Conhecimento -- atente-se no pormenor das palavras « economia» e «conhecimento» se encontrarem na mesma frase e expressarem um único conceito -- depois da alta-costura, alta-cozinha, alto-calçado, alta -"cabeleireiria" (???)" -- a estratégia política vigente, à-quem e além-mar, é valorizar a alta-transferência de tecnologia, a alta-investigação, alta-inovação e o alto-empresariado -- para serem desenvolvidas por um "verdadeiro Esquadrão de Elite".
Se não, vejamos:
Como se não bastassem as condições e capacidades nanotecnologicamente pulverizadas à ínfima dimensão, a que se reduziram a nossa "investigação" e "inovação" - o que se comprova pelos nossos resultados, comparativamente com outros países, "sempre esquisitos" - pede-se agora aos nossos jovens investigadores, do que quer que seja que, competitivamente, ultrapassem de sopetão as qualidades pessoais, competências, níveis de conhecimento e recursos reunidos a "penosas" penas por essa espécie em extinção do empresariado nacional -- um hino à Resistência & Sustentabilidade em "mares, permanentemente, encapelados" política e ecomicamente -- formada pelos nossos "belmiros", "amorins" e "nabeiros", etc ......???? - se duvidam de mim, perguntem-lhes a eles, se lhes foi fácil...
Para quê? - Porque temos muito poucochinhos empresários que possam manobrar e pilotar, nas actuais condições competitivas globalizadas;
Porquê? - Porque, gostámos tanto dos fantásticos efeitos na nossa estrutura económica, resultantes de 40 anos de intervenção estatal (Estado Novo) pela qual estoirámos a fibra imprescindível à nossa iniciativa privada, que nos dedicámos de corpo e alma a aperfeiçoar esse trabalho nos 30 anos seguintes; mais grave, estamos a demonstrar que, politicamente, não queremos ficar por aqui - o nosso objectivo é a Perfeição.
Afinal, já dizia Murphy, não há nada de tão mau que não possa ser agravado!
Como? - É muito simples!
O mundo dos negócios não só se diversificou como se globalizou, a tecnologia transfigura-se exponencial e instantâneamente, a clientela e os consumidores exibem uma taxa de exigência selectiva crescente e que se agrava a olhos vistos, de dia para dia, e hoje até já parece amanhã....
Assim, no nosso país, opta-se agora por se incentivar e encorajar seres mitológicos - os nossos jovens investigadores - que reúnam os predicados de dedicação, raciocínio lógico, persistencia e genialidade pioneira de um Thomas Alva Edison; a perspicácia, argúcia e agilidade mental - adquiridas e polidas, ao longo de séculos - pela etnia cigana; a humildade, capacidade de liderança, auto-sacrifício, anulação pessoal, resistência psicológica, e obstinação de Mahatma Ghandi; a agressividade, o arrojo de marketing comercial de um Andy Warhol; o domínio das técnicas de previsão estratégica, racionalmente, fundamentada de um Michael Porter; a audácia, aventureismo e inconsciência de um Rambo e a frieza de um Terminator; além disso, recomenda-se que a família deles "mais chegada", obrigatoriamente, seja dotada de espírito de abenegação maligno, com a fé cega, esperança de "sportingista" e vocação inabalável de "carmelitas descalcinhas", padrinhos abastados e disponíveis ou conhecidos vagamente influentes, mas, sobretudo, que disponham, eles próprios, de um "pezinho de meia" considerável - a esta criatura excepcional chamamos agora, entre nós, "investigador/empreendedor".
Ora confiram aqui no slide em *.ppt (agora, é o que está a dar...) - que intitulei de "Valley of Death" (não pensem coisas.. do estilo, lá está esta..., é assim mesmo que se chama o conceito, em "economês anglo-saxónico") - o que, em síntese, o jovem "investigador/empreendedor" precisa fazer praticamente sozinho e, que se tudo lhe correr de feição, lhe ocupará 5-10 anos de vida.
Em Portugal, chega-se assim a empreendedor-"flash", apenas frequentando cursos ditos de "empreendedorismo" [um, dois, três... já está!] que se organizam (e pagam) por eles próprios ou por todos nós, em todos os lados e "em pencas" - "simplinho" e cristalino como a água deuterada, não?.
Estas seres míticos existem? - Ah! Eles propriamente ditos não, mas existem muitos percursores!
Mas o problema não é saber se eles existem ou não, o problema é sabermos quantos precisaríamos PRONTOS A USAR, e para quando - por alto, por alto, eu estimo em 0,25 Milhão de pessoas! (para substituirem, com vantagem, cerca de 10% das nossas actuais PMEs convencionais) - de forma que, mais ou menos, o produto do trabalho de cada um deles, pudesse garantir o sustento a cerca de 40 de outros nós. E tudo deveria estar pronto, afinadinho, e em navegação de cruzeiro, mais ou menos até ao ano, ... digamos ... retrasado!?
Quanto custa a inovação protegida pela Economia de Conhecimento aos nossos jovens "investigadores/empreendedores"? Depende do investimento necessário até ao "break even point", mas em percentagem do total pode ter, aproximadamente, a seguinte composição:
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Fases do Plano de Negócio--------------------------------------------% Custo total
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1. Definição do Produto, Desenvolvimento do Modelo e Prototipo -----------------0,59
2. Produção do Prototipo--------------------------------------------------------------16,57
3. Pré-Capital Venture (capital de risco)-----------------------------------------------35,50
4. Capital Venture (capital de risco)-----------------------------------------------------47,34
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OBSERVAÇÃO: façam as contas se o investimento total for, por exemplo, de 0,25 Milhão de Euros - o que não é quase nada!
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- Normalmente, o investigador/empresário só deve custear, pessoalmente, o ponto 1.
- O restante são "dívidas" --- a contratualizar com beneméritos, bancos ou outros credores: ex. "business angels", --- e assumidas pelo ainda candidato a investigador/empresário, enquanto aperfeiçoa e desenvolve o produto ou o processo (inova) ou o cria de raiz (inventa) e se descabela para cumprir etapas-fases e compromissos do seu plano de negócios;
- Para que o nosso heroi (ou a sua "angelical" parceria de risco) não perca dinheiro, precisará ainda de garantir um lucro líquido anual, não inferior a 3% do valor investido (se o "anjo" for nosso);
- Não podemos esquecer que, entretanto, o tempo decorre, e há que permanecer (em contínuo) a Inovar/Investir, para garantir ou diversificar, oportuna e atempadamente, o negócio - nunca fez tanto sentido aquela coisa de...."Alice ser obrigada a correr duas vezes mais depressa para não regredir"...
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i-Moral da estória:
Não é nada fácil, pois não? Sobretudo - se considerarmos que o actual contexto de negócios é mesmo "concorrencial à séria" - e nós enclausurados num ambiente estatal "abelhudo e intrometido", com uma legislação laboral de eficácia muito duvidosa, e um sistema judicial, como o que todos conhecemos (e.... que sempre assim foram)!
Mas, também é, justamente por isso, que temos muito poucochinhos "Belmiros" que podem só AGORA "voar um pouco mais alto".
A nossa política de investigação e de transferência de tecnologia nacional --- transcrita em numerosíssimos e inacreditáveis planos estratégicos, muito pouco direccionados e detalhados para a resolução efectiva destes e de outros constrangimentos graves ---- faz-me sentir tal qual como uma minha parente - diante da banca de compra do pescado, quando o dono lhe disse: "esse salmãozinho que aí leva, foi pescado, hoje mesmo de manhãzinha!" - ao que ela, após uma pausa para se refazer do absoluto desconcerto, lhe respondeu: "... pois"!
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REFERÊNCIAS:
- "FROM INVENTION TO INNOVATION"; U.S. DEPARTMENT OF ENERGY
INVENTIONS & INNOVATION PROGRAM - OFFICE OF ENERGY EFFICIENCY
AND RENEWABLE ENERGY U.S. DEPARTMENT OF ENERGY. DOE/GO-10099-810
AUGUST 1999.

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