quinta-feira, abril 30, 2009

MOÇÃO

Venho pedir aos meus caros e raros leitores um pouco de compreensão para as minhas incongruências.

Não sou sindicalizada por motivos diversos que não vêm ao caso, também porque estas organizações nem sempre adoptam posturas reivindicativas, com que me possa identificar e, principalmente, porque só gosto de começar a pensar as soluções, se forem lógicas e abrangentes para a resolução integrada dos problemas que me afligem - quero dizer, o que os Estatutos de Carreira do Ensino Superior nos dizem hoje, estava implícito, desde o principio, em todos os diplomas legais que foram sendo sucessivamente publicados para este nível de ensino, sem que eu me tenha apercebido de interesse genuíno em discutir-se seriamente toda a problemática.
No entanto, subscrevi já esta moção da FENPROF:
_________________
[POR FAVOR]
"ASSINE A MOÇÃO E DIVULGUE-A!
http://www.fenprof.pt/AbaixoAssinado/ECPDESP/"
_________________

Neste caso específico, também subscrevi a moção, porque discordo muito mais com tudo (de alto a baixo) o que aconteceu, está a acontecer e continuará a acontecer, com o subsistema politécnico, do que discordo com qualquer sindicato... e, para vos falar a verdade, nesta altura dos acontecimentos, eu também não saberia muito bem, por onde começar uma intervenção, que pudesse surtir algum efeito útil, por isso, fica a divulgação e a intenção solidária com todas as pessoas potencialmente prejudicadas.

Danou-se!

"MIT e Governo português decidem reforçar e dirigir investigação conjunta contra a crise financeira mundial."

Pior, algumas pessoas do MIT foram devidamente informadas disto e, claro, riem.

Não vou falar neste governo --- equipado com uma cuidada gestão de comunicação à base de bolhas e pingas coloridas; não costumavam usar-se espelhos e contas para maravilhar os indígenas? --- mas, estou preocupada porque, pelo menos, com este approach, a crise global parece que está para durar.

Já que lhes falei até aqui, da componente comunicacional bolhas, vejam agora um exemplar da componente pinga ( pinga não,... ) é mais para o gota a gota.

terça-feira, abril 28, 2009

green ON green

Advances do "acompanhamento" nacional, de uma dúzia de fantasias cromáticas, no comprimento de onda dos verdes, ao Processo de Bolonha:

2009 Stocktaking report
Bologna process stocktaking Leuven/Louvain-la-Neuve (Extracto e adaptação)

"Portugal was a signatory to the Bologna Declaration.
Key developments since 2007 include:

1. legal reform regarding the framework for quality assurance of tertiary education, for the recognition of foreign tertiary degrees;
2. HE Evaluation and Accreditation Agency;
3. Diploma Supplement ;
4. simplification of procedures and flexibility in access to tertiary education;
5. additional requirements for HEIs to demonstrate the methods and practices in curriculum development;
6. use of ECTS and cooperation with society with a view to extending the recruitment base and increasing the number of students;
7. fostering the internationalization of research universities and their specialization;
8. promoting the binary system, with polytechnic education concentrating on professionally oriented and vocational training;
9. a move has started towards universities as public foundations governed by private law, strengthening university autonomy under independent legal status;
10. National Agency for Accreditation and Evaluation of HE has been established;
11. introducing the Bologna three-cycle system is progressing and will be completed before the end of 2009;
12. system of student loans with mutual guarantee underwritten by the State has been established, which improves access to tertiary education.
_____________
Future challenges include:
.
i) establishing policies considering long term approaches to changing environments; (???)
ii) need to foster advanced human resources and knowledge-integrated communities; (???)
iii) broadening the social basis of tertiary education." (???)
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Duvidazitas:
1ª-Que é feito da "tal" Agência de Acreditação nacional, mencionada na listinha, por duas vezes? Isso existe mesmo?
2ª-Temos research universities? Quais são? O que fazem e o que não fazem elas, que as diferencia de todas as outras IES? É só uma internacionalização paga à parte, e iniciada por outros?
3º-Pobre da autonomia das "universidades fundacionais"; ou então os estatutos delas não descrevem o que realmente são --- refiro-me às formas do financiamento extra, fora das receitas privativas.
4º-O que querem dizer, na prática, os 3 desafios de futuro?


BOLONHA BOAS NOTÍCIAS - "Scavenging something..."



Tenho para mim, que é sempre muito melhor ser "bem visto" pelos outros do que por nós próprios.
Digo isto porque, ontem, pelo site do MCTES, ficámos a saber de uma EXCELENTE notícia, cá para o nosso burgo, esta:
"Processo de Bolonha: Portugal no grupo dos 5 países que melhor concretizaram as novas regras":

[...]
Juntamente com a Dinamarca, Suécia, Irlanda e Escócia, Portugal foi avaliado como tendo respondido positivamente a todos os 10 critérios que integram o relatório bianual do Grupo de Acompanhamento do Processo de Bolonha (Bologna Follow-up Group - BFUG), que vai ser apresentado terça-feira (28 Abril) na reunião ministerial de Lovaina (Bélgica) de acompanhamento do Processo de Bolonha.
Os 10 critérios considerados pelo BFUG, valorizados em 5 níveis (do verde ao vermelho), mostram Portugal dentro da classificação verde. Estes critérios caracterizam a adopção do sistema de graus e ciclos de ensino, a implementação de sistemas de garantia de qualidade e o nível de reconhecimento de graus e a mobilidade internacional.
[...]

Achei tudo isto intrigante, e não serei só eu, porque o nosso BFUG (Bologna Follow-up Group) - Grupo de Acompanhamento do Processo de Bolonha, (lembram-se das cenas deste filme desde o tempo do Professor Pedro Lourtie?) trabalha que me farta, mas quase sob segredo de estado, esquecendo-se de um pequeno pormenor, o da internacionalização europeia que, felizmente, implica muita transparência de procedimentos -- quase tudo o que é informação que nos diga directamente respeito se acha, desde que se procure por entre os OUTROS restantes 45 países...
Desta forma, qualquer cidadão que se interesse por estes temas encontra, numa penada, os 10 INDICADORES (não são critérios como se diz no site do MCTES) a serem considerados, e os dois relatórios nacionais produzidos entrementes (London, 2007 e Lovaina, 2009): BOLOGNA PROCESS NATIONAL REPORT FROM PORTUGAL, de 2005-2007 e 2007-2009 que são os relatórios suporte de informações para o Stocktaking Report de 2009, [...] to be presented to Ministers when they meet in April 2009 [...] (penso que hoje mesmo), aonde também, provavelmente, se anunciará o tal bom comportamento de Portugal nestas andanças.

Dou inteira razão ao nosso follow-up group de Bolonha -- o que interessa é que os outros nos vejam com bons olhos, mesmo que os visados, o sejam apenas por tele-objectivas paparazzi, estrategicamente, colocadas e aditivadas com filtros especiais, por isso, a visão dos outros sobre nós, não traduz, a meu ver, a nossa realidade... e entendo bem, a quase clandestinidade que já referi - vejam a página de Portugal - o ensino politécnico, formalmente, nesta página, não existe! (Aonde está e, já agora, por onde andou o CCISP?).

Assim, se calhar, aos olhos dos outros, somos dos melhores, mas só porque não lhes relatamos, como deveríamos, todas as tropelias que por aqui, permanentemente, insistimos e também deixamos fazer.... mas, adiante!

segunda-feira, abril 27, 2009

Encontre as diferenças


Via página Reformar A Educação Superior de João Vasconcelos Costa ficámos a saber que foram publicados os decretos das instituições fundacionais - ISCTE, Universidade do Porto e da Universidade de Aveiro.
Gostava tanto que alguém -- que entendesse bem destes temas -- fizesse uma análise às vantagens (para além de se poderem transitar saldos entre anos civis) e dos inconvenientes deste tão badalado regime institucional....
Ver os textos, por aqui:<http://jvasccosta.planetaclix.pt/res.html>

sábado, abril 25, 2009

Forçar o equilíbrio - ainda não mais do que zoeira, mas...

Hoje, depois de ler o alerta do atento Blog "Que Universidade?", sobre o endurecimento de regras para o Ensino Superior, andei assuntando aqui e ali e, a concretizarem-se os zunzuns, vejo pela primeira vez sugerida, pela actual tutela (ainda que para "reflexão") uma hipótese de medida legislativa que muito dignificará o ensino superior nacional -- a homogeneização das provas de acesso a cursos superiores que pertençam à mesma área de educação formação, já para o ano lectivo 2010/2011.
Dizem-me algumas pessoas que, após entrada em vigor de uma medida tão drástica (???), não haverá candidaturas de alunos para os cursos de engenharia, que exigirão provas de específicas de matemática. Pode ser que os incrédulos tenham alguma razão, mas será apenas uma eventual condicionante e só temporária.

Ao aprovar-se esta ideia que é efectivamente boa, embora muito tardia --- caso não venham a ser concedidas NENHUMAS excepções, como é nosso péssimo hábito, esse contratempo será rapidamente atenuado e ultrapassado, e o resultado final beneficia os alunos dessa área de formação e, por isso mesmo, acabará a curto prazo, com o nosso ridículo papão da matemática, ganhando todo o país autoconfiança.

O que, na minha perspectiva, é absolutamente inadmissível manter-se é o tradicional forrobodó promovido pelas actuais sortidas formas de candidatura - vejam, por favor, se têm propósito as disparidades das condições de Acesso ao Ensino Superior deste ano (2009/2010), para a área de Tecnologias, que inclui as Engenharias (aqui).

Carreira na fritadeira

Pronto, meus caros e raros leitores, dou a minha mão à palmatória, e concedo-vos o meu dito por não dito.
É assim:
Apesar de, até agora, nunca ter tido qualquer prova material, eu rendo-me: O nosso actual Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior é mesmo o maior incentivador conhecido da nossa investigação nacional, e não estou a brincar!
Ei... tenham cuidado, não é nada disso -- a língua portuguesa é muito traiçoeira -- não me estou a referir à investigação-investigação do Manual de Frascati (até porque não parece ser literatura com que o próprio MCTES ocupe muito do seu tempo, como aliás já o tinha dito algures, neste blog), estou a pensar é que ele conseguiu pôr o subsistema politécnico em peso a investigar, exaustivamente, e -- quando há pense que os 10265 docentes que por lá andam a mourejar não são nada empenhados -- até já houve quem conseguiu a façanha de descobrir não, exactamente, o significado da vida (também não exageremos), mas sim os dois maiores pilares-mistério do subsistema politécnico:
O quê?
Pois, é mesmo verdade - quem porfia sempre alcança - já está levantada a ponta do véu dos "verdadeiros significados" de:

1) investigação orientada e
2) especialista.
A mim, estas informações cairam-me no colo, via forward de mail, da SNESUP:

1) O conceito de INVESTIGAÇÃO ORIENTADA (seja lá o que isto seja) no politécnico pode inferir-se daqui (extracto do texto do mail que recebi):

"A este último respeito o Ministro equiparou o estatuto das instituições politécnicas ao dos Laboratórios de Estado, como o Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Ambos os tipos das instituições poderiam apenas fazer "investigação orientada" em que são as direcções das instituições a indicar aos centros de investigação o que devem investigar, ao contrário das universidades, que decidem livremente os objectivos da sua investigação.
Indicou Mariano Gago que esta formulação consta da Lei nº 62/2007, de 10 de Setembro (RJIES). [...]

Agora eu, estou para aqui, na dúvida sobre o significado do conceito Direcções das Instituições; e também estou a imaginar se os docentes, na vez de estabelecerem responsavelmente os planos dos seus trabalhos de investigação incluindo a integração numa equipa adequada e os financiamentos, devem optar, ANTECIPADAMENTE, por perguntar:
Oh mamã, (desculpe lá)...quero dizer: Oh Senhor Director/Presidente/"Dono do Pedaço"(????) dá-me a sua licença para eu investigar isto ou aquilo?
Ah não concorda? 'tá bem, 'tá muito certo, o Senhor como é psicólogo social é que sabe, eu cá não passo de um biomecânico; mas vou magicar então outra coisita qualquer e, depois, volto a perguntar-lhe, para saber se o Senhor Director/Presidente/"Dono do Pedaço" da próxima vez aprova (consegue entender) a minha linha de investigação...., ah...percebo, ponho sempre o seu nome na equipa...

2) Em relação aos ESPECIALISTAS do politécnico também já há uma proposta de Decreto-Lei, com a definição do conceito TÍTULO DE ESPECIALISTA, e é assim:
"O título de especialista comprova a qualidade e a especial relevância do currículo profissional numa determinada área profissional."
Mas atenção, meus amigos, que: "não pode ser atribuído em áreas que já o seja nos termos dos respectivos estatutos, por associações profissionais."

Alguém devia fazer a caridade de explicar a este Senhor Ministro que não é de bom-tom fazerem-se definições pelo conceito a definir...

Mas atenção, que se não houver uma definição de colectividade profissional, quem define as novas áreas de especialidade é nada menos que o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos -- isto é pior que pular da frigideira para a fogueira, mas dizem-me que Deus é grande! E eu tenho fé, e o meu "santo é forte"!
_____________________
Este ministro, definitivamente, confunde-me!

quinta-feira, abril 23, 2009

A minha cabeça é que já não é o que nunca foi

Para termos uma base de apreciação das propostas de carreira docente universitária ou politécnica - 1ª versão e/ou seguintes, deixo-vos este estudozinho do nosso sempre indispensável e atento - GPEARI.
Docentes do Ensino Superior - 2001 a 2007-->EXCEL PDF

Eu já o tinha visto publicado ontem mas que querem, meus caros e raros leitores, esqueci-me de o divulgar e faz muita falta para apreciarmos melhor as propostas do MCTES iniciais ou, eventualmente, outras.

Quando a cabeça está convencida...

"Quando a cabeça está convencida de que ela é a oitava maravilha..."
Amanheci a ouvir o refrão que intitula este post, e penso que se ajusta bem à proposta de estatutos da carreira docente do politécnico.
Como não poderia deixar de ser, em menos de uma semana da divulgação pública da referida proposta, já há assuntos para o MCTES considerar que vai rever...
Já que está com a mão na massa (e isto, embora não o pareça, é que tem sido o fulcro das desveladas atenções) reveja tudo o mais e, ao rever, aproveite o balanço, publique também uma análise de impacte dos Decretos-Lei de ambas as carreiras (universitária e politécnica); penso que, como se impõe, todos os cidadãos como tal, e não exclusivamente os docentes afectados, lhe agradeceriam.
Aliás, a minha proposta vai um bom palminho mais longe: em Portugal não se devia autorizar a publicação de novos diplomas legais, quaisquer que sejam, sem que se incluissem, conjuntamente, estes dois passos:
a) Análise detalhada de impacte;
b) Consolidação de toda a legislação e respectiva documentação anterior, num único documento final.
O que se pouparia, posteriormente, em tempo e especulações, com estes adicionais daria para pagar, anualmente, alguns "TGV"...
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Porque eu também estava, com os meus neurónios residuais para aqui, laboriosamente, entretida a fazer uma análise comparativa ao antes e ao depois dos referidos diplomas (só para o politécnico), acabei por tropeçar, entre outros, nestes dois valiosíssimos documentos que estão prontinhos: "COMPARAÇÃO DOS ARTICULADOS ECPDESP e ECDU", procedentes da FENPROF (aqui).

sábado, abril 18, 2009

Kirigami avançado

Tenho tido a sorte de apreciar vistosos trabalhos artisticos, habilmente, estruturados em papel recortado e colado mas nunca, nesse domínio, vi nada que se assemelhe de tão magnífico, como são as recentemente publicadas propostas dos Estatutos de Carreiras de ensino superior português - estas sim, são obras-primas de kirigami legislativo.

Já me acostumei, e acho naturalíssima a confusão de ideias desta equipa do Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior; mas, a quantidade de trapalhices exibidas pelos rascunhos (esboços e drafts) do último pacote de propostas legislativas da educação superior é realmente, soberba - (ECDU e ECPDESP) - deixou-me com ganas súbitas de arrancar a cavilha com os dentes! E atirar em qualquer direcção com... como é que aquilo se chama?... Os meus caros e raros leitores sabem do que falo...
Pelo tempo da urdidura, e pelas individualidades que nos documentos se afirma terem sido consultadas, as minhas expectativas pessoais já não eram elevadas, porque duvido muito que, qualquer uma das figuras de proa a quem se diz ter-se pedido opinião para a manufactura das propostas saiba seja o que for do que efectivamente se passa nos seus subsistemas - simplesmente, e para mal de todos os implicados, essas figuras não representam sequer os dirigentes mais efectivos e muito menos representam ou reunem as condições mínimas de poderem representar as sensibilidades das duas comunidades; mas, depois de tentar perceber e deslindar a arte de corta-e-cola da papelada produzida, a baralhação total que, por esses documentos, se instala é elevadíssima.
Felizmente, entretanto, petrifiquei e até encontrei aspectos positivos, de entre uma montoeira sem-fim de medidas que, a meu ver, em nada acrescentam ao sistema superior de educação português antes, pelo contrário, penso que só irão agravar o actual estado das coisas.
Dos poucos aspectos positivos salientaria estes pouquitos:
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PONTOS POSITIVOS (ou, na maioria dos casos, nem por isso)

1º) A instituição da obrigatoriedade de avaliação, na admissão e na progressão nas carreiras, por júris que incluam membros externos às instituições é, de facto, um ponto positivo desses documentos, se bem que, esse procedimento pudesse ser, nas instituições melhorzinhas, já uma prática corrente.
2º)
[...] 1 - Cada instituição de ensino superior aprova um regulamento de prestação de serviço dos docentes o qual deve ter em consideração, designadamente:
a) Os princípios informadores do processo de Bolonha, designadamente no que se refere à passagem de um ensino baseado na transmissão de conhecimentos para um ensino baseado no desenvolvimento de competências;
b) Os princípios adoptados pela instituição de ensino superior na sua gestão de recursos humanos;
c) o plano de actividades e orçamento da instituição [...]
Esta exigência legislativa penso ser, absolutamente, indispensável; aliás, nem percebo, como podem agir as instituições --- que, instintivamente, por questões de sobrevivência --- não a tenham já implementado, e que não estejam simultaneamente em manifesta extinção. Mas que há, ainda, instituições que se dão ao luxo anual de happenings e verdadeiras batalhas campais nos órgãos, institucionalmente, incumbidos da distribuição dos orçamentos e de serviço docente; dessas aberrações, acreditem-me, embora em vias de extinção, ainda as há!
3º) Houve também, nesses documentos, a expressão de terem intenção de reforçarem a diferenciação dos dois subsistemas de ensino. Pois..., se foi intenção --- que, na minha perspectiva seria desejável, só que de boas intenções está o inferno a abarrotar --- essa também ficou-se por isso mesmo, e foi bem entregue nas mãos do demo... Se bem que tenha sido uma intenção, desta só resultou uma ferramenta de terrorismo institucional para um dos subsistemas. Lá iremos pormenorizar este aspecto...
4º) É manifesta a preocupação dos documentos com os professores reformados -- esta ideia é muito bonita, e parece muito bem; mas isto será só mais um «pavilhão de conveniência» ou é para levar a sério?
É que se for para levar a sério, não haverá uma forma mais benéfica para os próprios, e muito mais útil para toda a sociedade, para ocuparem as pessoas que se reformam, do que leccionarem? Sobretudo, actualmente, com tanta gente jovem com ânimo e preparação para aceitarem desafios e responsabilidades de futuro, e estes com tão poucas hipoteses de ocupação...
A título de meros exemplos do que entendo por uma ocupação interessante, meritória e exigente em experiência de ensino poderiam ser: i) a produção, organização, manutenção, avaliação e selecção de uma base de materiais didáticos da sua especialidade; ii) a tutoria e supervisão de alunos e docentes nas fases iniciais das suas actividades. iii) a compilação e organização de documentação e materiais museológicos que possam servir de base à elaboração da História dos estabelecimentos de ensino a que estiveram ligados. Os exemplos não se me acabaram, eu é que me cansei...
_________
Vou agora tentar exemplificar, aos meus caros e raros leitores, primeiro (hoje) algumas das minhas certezas e, em seguida (amanhã ou depois...), também descreverei umas quantas das minhas dúvidas:
,
CERTEZAS

1ª certeza - Os conteúdos dos referidos papeis espelham bem os múltiplos "cut-copy-pastes" a esmo e decalcados sobre papelada, com pouco uso e préstimo, diga-se, mas já muito idosa (30 anos para o Universitário e 27 para o Politécnico). Os seus autores nem sequer se deram ao trabalho de apresentar as suas sugestões em versões consolidadas, como se imporia numa legislação que, hipoteticamente, suportará nas próximas décadas a gestão de recursos docentes das nossas instituições de ensino superior.
PROVA - No penúltimo artigo de ambas propostas de estatutos, sobre Republicação, diz-se o seguinte: 1 - É republicado, em anexo ao presente decreto-lei, do qual faz parte integrante, o Estatuto da Carreira .... , aprovado pelo.... ; de facto, a vingarem as propostas apresentadas trarão consigo sempre a reboque um regresso ao século passado durante o primeiro lustre, bem medido, deste século.

2ª certeza - Os conteúdos da proposta do Politécnico foram remanejamentos pouco atentos dos textos da proposta do Universitário.
PROVA - Artigo 35.º-B dos estatutos do politécnico, sobre Efeitos da avaliação de desempenho - diz-nos que esta é uma das condições que deve ser satisfeita para:
a) A contratação por tempo indeterminado dos professores auxiliares.
Professores auxiliares? no Politécnico? ou esta será mais uma «banda» de colaboradores a serem considerados no politécnico.

3ª certeza - nestas versões de estatutos observa-se a insistência nas diferenciações "redondinhas" nas duas carreiras, de uma forma tal que, vão-me desculpar, mas nem eu conseguiria ser tão.... Não Digo!
EXEMPLO: Repararam que reincarnou aquele o epítoto qualificativo da investigação "orientada" para o caso do politécnico, e também uma desajeitada troca de ordem do mesmíssimo número de alíneas do texto em tudo semelhante com que se descrevem as funções dos docentes em ambos os subsistemas?
Todos ensinam o que podem, todos investigam o que sabem, e todos fazem trabalhinhos de gestão institucional, enquanto esticam uma perninha no desenvolvimento cultural e das populações, etc., etc., isto é, todos têm oportunidade de se tornarem, funcionalmente em canivetes-suiços, com aplicações multi-usos.
Farão todos, por assim dizer, de tudo um pouquinho... ou, o que será mais provável, CONTINUARÃO todos a ser avaliados por fazerem de tudo em coisa nenhuma.

4ª certeza - a serem aprovadas estas propostas, é a primeira vez que vejo, por escrito, mediante a conservação de todos os deveres, uma autorização legislativa para se trabalhar de graça.
PROVAS: "Os professores convidados podem, por acordo com a instituição de ensino superior, prescindir de remuneração mediante celebração de um contrato pelo qual mantêm todos os restantes direitos e obrigações", esqueceram-se de lhe acrescentar frase: [...] olhem, e não digam que vão daqui...
Fica a sugestão, e também a recomendação que os proponentes destes geniais textos, também considerem o aperfeiçoamento da ideia de que se pode começar a exigir o pagamento, à cabeça e em dinheiro vivo, de emolumentos substanciais, não só para os que implorarem de joelhos para poderem trabalhar por um muito obrigada em regime de voluntariado -- mas a todos os docentes "convidados". Que tal?

___________________
(Seguir-se-ão, se não ainda mais certezas, as minhas duvidazinhas,...)

terça-feira, abril 14, 2009

ESTATUTOS DE CARREIRAS DE ENSINO SUPERIOR



Propostas divulgadas Via SNESUP:
ECDU e ECPDESP.

segunda-feira, abril 13, 2009

Obviamente, mas não poderá ser ao custo de mais zeros menos zeros.

Refiro-me à crise.
Diante da circunstância em que uns nos dizem que não há crise, e que só estamos na continuação da mesma que vivemos desde os tempos pós-D. João II, e em que outros nos garantem não só a existência de uma crise-crise, sem tamanho, como ainda nos adiantam resoluções chave-na mão; com o devido respeito, opto por estes últimos opinadores. Mais, também sou favorável a soluções internacionais globais, pela maior confiança que inspiram, por isso, fiquei com um fraquinho muito especial pela solução Declaração de Praga, 2009, da European University Association.
Por outro lado, sendo uma patriota legítima, sinto-me no dever de prestigiar os ideais nacionais e também me identifico com o Novo aeroporto de Lisboa, nos arredores de Alcochete (?) e também com a Rede de alta velocidade que ligará, na ponta da unha, uma qualquer povoação a outra qualquer, podendo quem sabe até passar, só com um desviozonho, num dos seus percursos, pelo apeadeiro próximo da aldeia onde vivo.
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Estas duas últimas soluções para a crise-crise são muito atractivas porque permitem emigração de urgência; just in case, vistas deste ângulo, podem ser ideias muito interessantes.
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Ora bem, por dever de cidadania, decidi contribuir, com as minhas poupanças para a melhor ideia, e ando já, desde 2005, a separar as excedências monetárias - e já coleccionei dois quilitos e tal de moedas, que investirei na melhor cenerazição de investimento em que devo optar.
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Em relação à solução da crise-crise proposta pela EUA: para vencer a crise-crise, Portugal e os restantes países (43?) devem investir nas suas 791 Universidades (quais?), 3% do PIB para I&D e 2% do PIB para o ensino superior - eu apurei e sistematizei a informação sobre as necessidades e acréscimos de Orçamento anual para a concretização da solução da crise-crise, de acordo com a proposta da EUA. Um tanto salgadinha esta ideia, não é?
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Dando ouvidos ao nosso Ministro das Obras Públicas Transportes e comunicações, parece que, para os próximos anos (exactamente, quantos?):
"O Novo Aeroporto de Lisboa, representará um investimento total, entre público e privado, de cerca de € 3 Mil Milhões no espaço de 8 anos, na zona do Campo de Tiro de Alcochete"; ou de € 6 Mil Milhões como se refere (aqui)
Quanto à rede de alta velocidade:"Total investment of € 7.7 billion [7.7 Mil Milhões de Euros], including 20% to 25% contingency buffer".

Confiram, por favor, todas estas contas está bem?, porque isto do ensino superior e a investigação precisarem de um investimento nacional de quase dois novos aeroportos para Lisboa (Alcochete?), ou de 65% de "um TGV", mas permanentemente e todos os anos, tem alguma coisa que se diga, ou estou a ver mal?

Perante estas cenerazições "tão bem fundamentadas e explicadinhas" estou hesitante sobre as minhas opções de investimento para a salvação nacional, por uma comparticipação de cidadania.
Que é que os meus caros e raros leitores acham?

Pronto, 'tá bem, concordo, o melhor mesmo é encontrar a chave do Euromilhões - em semana de prémio acumulado, pois claro!


sexta-feira, abril 10, 2009

€UA - 10 key $ucc€$$ factors

Via Primeiro de Janeiro, fiquei a saber mas, como sempre, fui à fonte:

"EUA Prague Declaration outlines 10 key success factors for European universities:

1. widening opportunities for participation in, and successful completion of, higher education
2. improving researcher careers
3. providing relevant and innovative study programmes
4. developing distinctive institutional research profiles
5. shaping, reinforcing and implementing autonomy
6. increasing and diversifying income
7. enhancing quality and transparency
8. promoting internationalisation
9. increasing and improving the quality of mobility
10. developing partnerships."

São de facto 10 os Caminhos de Sucesso, e mais uns tostões de PIB --- no total:3% para a investigação e 2% para o ensino superior.
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Assim, são só 10, e mais que falta.
Os meus caros e raros leitores podem fazer-me o favor de apurar o valor do que nos falta?
Vá lá... vão por aqui: ‘OECD Factbook 2009’ - Expenditure on educational institutions; Expenditure on R&D
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Só 10? Certezinha?
Nesta questões de blood, sweat and beers... oh! faz favor, para mim, eu queria mais uma e geladinha.

quinta-feira, abril 09, 2009

Olhe bem nos meus olhos! Está sob o meu controlo. Dê-me JÁ os MEUS "Friskies"!

Hesitei muito em escrever este post, e depois também para o baptizar.
Mas,...
O título inicial do post era para ser Conversas de Abobrinha, ou talvez Eternas conversações, mediações, negociações e, OBVIAMENTE, irresoluções...
.
O certo é que estava suposto eu retomar o tema da minha entrada anterior - por causa do que disse ontem àcerca das conversas de pé de orelha e da representatividade do discurso e argumentação dos negociadores das IES - tão bem corroboradas por este artigo, subscrito por Luciano de Almeida, ex presidente do CCISP, publicado ontem no Jornal de Negócios e, hoje, também divulgado, pelo Blog "Universidade Alternativa".
A questão que coloco é: como pode ser possível que - depois da abertura coloquial do Primeiro Ministro para duas arengas com o CCISP - a única coisa que se pode afiançar, e já passados três meses, para o subsistema politécnico é: "Duas conclusões se podem desde já retirar, uma do que já se sabe, e a outra do que ainda não se sabe"?
E, o que se sabe, já toda a gente sabe, é que o Governo decidiu, unilateralmente, não cumprir ABSOLUTAMENTE NADA do programa que apresentou para o Ensino Superior e o que não se sabe (que se precisaria de saber, e que ninguém sabe) é o que, em alternativa, este governo decidiu fazer.
:
Esclareço que não me estou a referir só às carreiras, estou também, por exemplo, a pensar no que se esperaria e que responsabilidades deviam ser assumidas pelo subsistema politécnico e também quais outras estariam muito melhor fora do seu raio de intervenção.
Para mim, não é a carreira do politécnico que está em causa, e ao país também pouco lhe importará o prestígio ou a falta dele nos lugares de topo da mesma, e se o acesso à carreira é ao nível de doutoramento, ou com qualquer outro nível; o que importaria muito é tão, somente, sabermos o que o politécnico precisaria de fazer, qual a garantia das condições justas de trabalho para todos os que tiverem o dever da sua execução, e como seria o controlo da execução das suas tarefas.
A salganhada que se insistiu instituir de que todos são iguais não o sendo e, se calhar, não podendo e nem o devendo ser, só serve para beneficiar os oportunistas e escravizar os restantes e, quanto a isto, ficámos e estamos todos em muito bom caminho.

Mudei o título do post porque, na minha perspectiva, perante o rudimento e incoerência dos discursos, e a predictibilidade dos argumentos, em toda cadeia tutelar do nosso ensino superior recorda-me o personagem Puss 'N Boots... e, com franqueza, ao contrário de prozaicos coelhos, gatos não servem nem para um bom guisado.

quarta-feira, abril 08, 2009

Não abram a "caixinha" até...,bom,... até ao dia de juízo

O Sindicato Nacional do Ensino Superior publica uma revista trimestral dedicada a este tema, e chegou à minha mão um exemplar, o de Jan-Março de 2009, aonde, na página 17, consta um artigo intitulado "Ministro Entreabre a Caixa de Pandora".
Este título --- passe a alusão de gosto duvidoso, soou-me a uma réplica de outros eventos --- arrepiou-me, mas não tanto quanto um extracto do texto do documento: Revisão da carreira docente universitária e da carreira docente politécnica de 2009-04-02, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, aonde é também formalmente dito: "No que respeita às universidades, o actual estatuto da carreira docente desde logo contribuiu decisivamente para a criação das condições para o desenvolvimento científico moderno em Portugal, ao inscrever a investigação científica como elemento central da carreira universitária e ao consagrar condições de dedicação exclusiva aos seus docentes".
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Sendo assim, os docentes dos politécnicos que, só hipoteticamente, nesta fase dos acontecimentos, não vindo por hipótese a ser obrigados, por decisão administrativa, a desenvolver investigação mas, sendo também avaliados por isso e pelos mesmíssimos júris, dê por onde der, devem também empenhar-se em I&D (e, aqui, o termo empenhar-se não é meramente literário), não lhes sendo atribuídas condições para o fazer.
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Por coincidência, ou nem tanto, o Público de ontem (07-04-2008) informou que: a Associação de Bolseiros de Investigação Científica exigiu hoje ao Ministério da Ciência um aumento das bolsas, reiterando que os bolseiros não são aumentados há sete anos....o que, para mim, é o mesmo que dizer que, em Portugal, preparamo-nos para consagrar com pompa e circunstância, na legislação, nada menos que duas carreiras de escravatura, a dos bolseiros e a da larga maioria dos docentes do subsistema politécnico.
No que diz respeito ao beneplácito ou contribuição do CCISP, para o desenvolvimento dessa legislação, é minha convicção que os negociadores, nem pouco mais ou menos, reuniam condições semelhantes ao dos "representados", pelo que, a meu ver, não teriam direito a procuração de plenos poderes de muitos milhares que, supostamente, "representaram".
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Por causa disso, lembrei-me de um professor australiano, Brian Marti que, entre vários escritos interessantes, já no ido ano de 1992, dizia que:
The semi-bureaucratic organisation of scientific research is a crucial factor in this process of shaping scientific goals. A relatively small number of scientists and bureaucrats make the crucial decisions about research: setting up and shutting down research programmes, making key appointments, editing journals, allocating grants, awarding prizes. This group can be called the political scientific elite [...]. They have the dominant influence on priorities within science. More than most other scientists, they have regular interactions with equivalent elites within government and industry, and usually share the same basic concerns. On the other hand, they have an interest in maintaining the autonomy of science, preventing it from becoming solely a servant of external power. They have an interest in maintaining some autonomy for scientists within the general ambit of government and corporate interests [...].
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Brian Martin. Scientific fraud and the power structure of science. Prometheus, Vol. 10, No. 1, June 1992, pp. 83-98. How the definition of scientific fraud omits many commonplace forms of misrepretation and bias and serves the interests of scientific elites.
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Já agora, só porque a ideia seguinte é também interessante, e provém do mesmo autor:
Quando foi a ultima vez que os meus caros e raros leitores leram um artigo dito "científico", previamente sujeito ou não a arbitragem de especialistas, que nos desse conta do falhanço experimental de uma hipótese linda de morrer?

quinta-feira, abril 02, 2009

Coisas do tetraespaço

Se hoje fosse ontem, eu poderia
pensar que era uma mentira.
Mas...
....incluindo a variável tempo, no puzzle 3D do "nosso edifício" de ensino superior, por enquanto ainda vagamente, parece poderem-se ganhar novas dimensões ... afinal os docentes, que nunca foram tidos nem achados para o revamping da referida construção podem, quem sabe um dia, vir a ter vida, e até própria, ora vejam:

Conferência de Imprensa
I. O Conselho de Ministros, reunido hoje na Presidência do Conselho de Ministros, aprovou os seguintes diplomas:
1. Decreto-Lei que procede à revisão do Estatuto da Carreira Docente Universitária
2. Decreto-Lei que procede à revisão do Estatuto da Carreira do Pessoal Docente do Ensino Superior Politécnico
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" ....
1 - São fascinantes as possibilidades quando se inclui nas observações curriqueiras uma quarta dimensão - o tempo.
....
2 - A quarta dimensão permite a montagem de mecanismos complexos e o surgimento de formas diversificadas e inovadoras.
3 - Os objectos podem fluir e trocar muito mais facilmente entre si de posições relativas.
4 - A compactação das "coisas" reduz os espaços ocupados.
5 - A energia dissipa-se mais rapidamente com as distâncias, por isso a luz e o som têm propagação mais "lenta" - é o que se chama a complexidade das simplificações.
6 - De uma forma geral as coisas ocupam menos espaço, tudo é mais fácil e possível, mas há o perigo de nos perdermos.
[...]"
n - Incluindo a 4ª dimensão também no edifício puzzle 3D do ensino superior:
Facilita-se a colaboração entre universidades e outras instituições e definem-se mecanismos de rejuvenescimento do corpo docente que permitam a todos, designadamente aos mais novos, ou aos que estão fora da universidade portuguesa, concorrer aos lugares de topo com base exclusivamente no seu mérito próprio.
Amen!
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Ah! E esqueci-me de dizer que troco o meu "reino" por uma caixa de correio de um sindicato. Só depois da entrega dos Decretos-lei aos sindicatos é que todos os docentes ficam a saber, o que realmente lá está escrito.
ADITAMENTO - explicação para quem me indagou: os conteúdos do Portal do Conselho de Ministros, para a divulgação do que planearam em matéria de carreiras para ambos os subsistemas são iguaizinhos, mas acho muito bem que estejam em páginas diferentes - é uma espécie de fronteira traçada no fundo da panela, cujos conteúdos se querem repartir pelos potenciais rapadores de tacho de doce (este termo "tacho" não tem qualquer intenção!).