Não abram a "caixinha" até...,bom,... até ao dia de juízo
O Sindicato Nacional do Ensino Superior publica uma revista trimestral dedicada a este tema, e chegou à minha mão um exemplar, o de Jan-Março de 2009, aonde, na página 17, consta um artigo intitulado "Ministro Entreabre a Caixa de Pandora".
Este título --- passe a alusão de gosto duvidoso, soou-me a uma réplica de outros eventos --- arrepiou-me, mas não tanto quanto um extracto do texto do documento: Revisão da carreira docente universitária e da carreira docente politécnica de 2009-04-02, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, aonde é também formalmente dito: "No que respeita às universidades, o actual estatuto da carreira docente desde logo contribuiu decisivamente para a criação das condições para o desenvolvimento científico moderno em Portugal, ao inscrever a investigação científica como elemento central da carreira universitária e ao consagrar condições de dedicação exclusiva aos seus docentes".
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Sendo assim, os docentes dos politécnicos que, só hipoteticamente, nesta fase dos acontecimentos, não vindo por hipótese a ser obrigados, por decisão administrativa, a desenvolver investigação mas, sendo também avaliados por isso e pelos mesmíssimos júris, dê por onde der, devem também empenhar-se em I&D (e, aqui, o termo empenhar-se não é meramente literário), não lhes sendo atribuídas condições para o fazer.
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Por coincidência, ou nem tanto, o Público de ontem (07-04-2008) informou que: a Associação de Bolseiros de Investigação Científica exigiu hoje ao Ministério da Ciência um aumento das bolsas, reiterando que os bolseiros não são aumentados há sete anos....o que, para mim, é o mesmo que dizer que, em Portugal, preparamo-nos para consagrar com pompa e circunstância, na legislação, nada menos que duas carreiras de escravatura, a dos bolseiros e a da larga maioria dos docentes do subsistema politécnico.
No que diz respeito ao beneplácito ou contribuição do CCISP, para o desenvolvimento dessa legislação, é minha convicção que os negociadores, nem pouco mais ou menos, reuniam condições semelhantes ao dos "representados", pelo que, a meu ver, não teriam direito a procuração de plenos poderes de muitos milhares que, supostamente, "representaram".
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Por causa disso, lembrei-me de um professor australiano, Brian Marti que, entre vários escritos interessantes, já no ido ano de 1992, dizia que:
The semi-bureaucratic organisation of scientific research is a crucial factor in this process of shaping scientific goals. A relatively small number of scientists and bureaucrats make the crucial decisions about research: setting up and shutting down research programmes, making key appointments, editing journals, allocating grants, awarding prizes. This group can be called the political scientific elite [...]. They have the dominant influence on priorities within science. More than most other scientists, they have regular interactions with equivalent elites within government and industry, and usually share the same basic concerns. On the other hand, they have an interest in maintaining the autonomy of science, preventing it from becoming solely a servant of external power. They have an interest in maintaining some autonomy for scientists within the general ambit of government and corporate interests [...].
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Brian Martin. Scientific fraud and the power structure of science. Prometheus, Vol. 10, No. 1, June 1992, pp. 83-98. How the definition of scientific fraud omits many commonplace forms of misrepretation and bias and serves the interests of scientific elites.
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Já agora, só porque a ideia seguinte é também interessante, e provém do mesmo autor:
Quando foi a ultima vez que os meus caros e raros leitores leram um artigo dito "científico", previamente sujeito ou não a arbitragem de especialistas, que nos desse conta do falhanço experimental de uma hipótese linda de morrer?
Quando foi a ultima vez que os meus caros e raros leitores leram um artigo dito "científico", previamente sujeito ou não a arbitragem de especialistas, que nos desse conta do falhanço experimental de uma hipótese linda de morrer?
2 Comentários:
já nem me lembro.
Mesmo quando quis falar de alguns insucessos na tese de doutoramento fui aconselhado a não lhes fazer publicidade...
Viva Luís.
Também não me recordo, e tenho já "grandes décadas de janela", e uma memória bastamente SELECTIVA, mas perigosa!
:)
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