sábado, abril 25, 2009

Carreira na fritadeira

Pronto, meus caros e raros leitores, dou a minha mão à palmatória, e concedo-vos o meu dito por não dito.
É assim:
Apesar de, até agora, nunca ter tido qualquer prova material, eu rendo-me: O nosso actual Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior é mesmo o maior incentivador conhecido da nossa investigação nacional, e não estou a brincar!
Ei... tenham cuidado, não é nada disso -- a língua portuguesa é muito traiçoeira -- não me estou a referir à investigação-investigação do Manual de Frascati (até porque não parece ser literatura com que o próprio MCTES ocupe muito do seu tempo, como aliás já o tinha dito algures, neste blog), estou a pensar é que ele conseguiu pôr o subsistema politécnico em peso a investigar, exaustivamente, e -- quando há pense que os 10265 docentes que por lá andam a mourejar não são nada empenhados -- até já houve quem conseguiu a façanha de descobrir não, exactamente, o significado da vida (também não exageremos), mas sim os dois maiores pilares-mistério do subsistema politécnico:
O quê?
Pois, é mesmo verdade - quem porfia sempre alcança - já está levantada a ponta do véu dos "verdadeiros significados" de:

1) investigação orientada e
2) especialista.
A mim, estas informações cairam-me no colo, via forward de mail, da SNESUP:

1) O conceito de INVESTIGAÇÃO ORIENTADA (seja lá o que isto seja) no politécnico pode inferir-se daqui (extracto do texto do mail que recebi):

"A este último respeito o Ministro equiparou o estatuto das instituições politécnicas ao dos Laboratórios de Estado, como o Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Ambos os tipos das instituições poderiam apenas fazer "investigação orientada" em que são as direcções das instituições a indicar aos centros de investigação o que devem investigar, ao contrário das universidades, que decidem livremente os objectivos da sua investigação.
Indicou Mariano Gago que esta formulação consta da Lei nº 62/2007, de 10 de Setembro (RJIES). [...]

Agora eu, estou para aqui, na dúvida sobre o significado do conceito Direcções das Instituições; e também estou a imaginar se os docentes, na vez de estabelecerem responsavelmente os planos dos seus trabalhos de investigação incluindo a integração numa equipa adequada e os financiamentos, devem optar, ANTECIPADAMENTE, por perguntar:
Oh mamã, (desculpe lá)...quero dizer: Oh Senhor Director/Presidente/"Dono do Pedaço"(????) dá-me a sua licença para eu investigar isto ou aquilo?
Ah não concorda? 'tá bem, 'tá muito certo, o Senhor como é psicólogo social é que sabe, eu cá não passo de um biomecânico; mas vou magicar então outra coisita qualquer e, depois, volto a perguntar-lhe, para saber se o Senhor Director/Presidente/"Dono do Pedaço" da próxima vez aprova (consegue entender) a minha linha de investigação...., ah...percebo, ponho sempre o seu nome na equipa...

2) Em relação aos ESPECIALISTAS do politécnico também já há uma proposta de Decreto-Lei, com a definição do conceito TÍTULO DE ESPECIALISTA, e é assim:
"O título de especialista comprova a qualidade e a especial relevância do currículo profissional numa determinada área profissional."
Mas atenção, meus amigos, que: "não pode ser atribuído em áreas que já o seja nos termos dos respectivos estatutos, por associações profissionais."

Alguém devia fazer a caridade de explicar a este Senhor Ministro que não é de bom-tom fazerem-se definições pelo conceito a definir...

Mas atenção, que se não houver uma definição de colectividade profissional, quem define as novas áreas de especialidade é nada menos que o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos -- isto é pior que pular da frigideira para a fogueira, mas dizem-me que Deus é grande! E eu tenho fé, e o meu "santo é forte"!
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Este ministro, definitivamente, confunde-me!

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