"S" de entropia
Felizmente, para mim, não é frequente ter que guardar uma distância respeitável do que é, publicamente, dado a conhecer sobre o que se passa no ensino superior mas, às vezes, acontece-me, e atraso-me na inventariação das ocorrências...
Só hoje, "blogosferando", encontrei registadas "novas" (e velhas) más e também outras, respeitantes a este sector específico de educação.
Exemplos:
1ª notícia - Foi publicada a Lei nº 62 de 2007 - a tal do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior;
2ª notícia - O Blog de Campus ensino superior e I&D negócios recomeçou a publicação pós-férias enormes - ainda bem, porque faz falta - com o seguinte "post": OE 2008 não cobre salários em mais de metade das universidades.
Contitas feitas - muito por alto e ao de leve - existirá um deficit para pagamento de despesas de pessoal que se cifrará em 8,3 e 3 milhões de euros, respectivamente para as universidades e politécnicos. As instituições deficitárias, no seu conjunto, pelo que percebi, poderão contar com um possível balão de oxigénio - elegantemente, designado por "dotações de saneamento financeiro" - que cobrirá 83,3% do diferencial total necessário; as restantes despesas de pessoal terão que ser resolvidas por propinas de um contingente adicional de alunos, da ordem de 2500 para essas instituições.
Apesar da maioria das instituições deficitárias serem, geograficamente, desfavorecidas, torço para que sim, que consigam ou alunos adicionais e/ou possibilidades extra de contratualizar prestação dos seus serviços ou projectos e, nem é bom pensarmos, por ora, nas despesas de funcionamento destas, bem como das outras instituições todas, pois não?
Uma opção para solucionar questões desta natureza, seria o governo, aproveitar o embalo/inércia, e criar condições para o lançamento, em Portugal, de um sistema de empréstimos para as instituições de ensino superior público, com "spreads" negativos, viabilizando simultaneamente um fundo estatal de socorro mútuo - tudo isto não deve existir, mas não virá grande mal ao mundo se, de repente, todos nós resolvermos insistir em soluções criativas.
Não proponho, desde logo, também um sistema de empréstimo semelhante para os funcionários docentes e não docentes do ensino superior, porque uma boa maioria - nas presentes condições de instabilidade - não pode, sequer, assegurar o pagamento de rezas a santos.
__________________
Frase do dia: "Entropy is related to exergy in the respect that when the exergy diminishes in a system, entropy is increasing" - é uma afirmação instrutiva, e voltarei a este tema mas aplicado, assim que puder.
Só hoje, "blogosferando", encontrei registadas "novas" (e velhas) más e também outras, respeitantes a este sector específico de educação.
Exemplos:
1ª notícia - Foi publicada a Lei nº 62 de 2007 - a tal do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior;
2ª notícia - O Blog de Campus ensino superior e I&D negócios recomeçou a publicação pós-férias enormes - ainda bem, porque faz falta - com o seguinte "post": OE 2008 não cobre salários em mais de metade das universidades.
Contitas feitas - muito por alto e ao de leve - existirá um deficit para pagamento de despesas de pessoal que se cifrará em 8,3 e 3 milhões de euros, respectivamente para as universidades e politécnicos. As instituições deficitárias, no seu conjunto, pelo que percebi, poderão contar com um possível balão de oxigénio - elegantemente, designado por "dotações de saneamento financeiro" - que cobrirá 83,3% do diferencial total necessário; as restantes despesas de pessoal terão que ser resolvidas por propinas de um contingente adicional de alunos, da ordem de 2500 para essas instituições.
Apesar da maioria das instituições deficitárias serem, geograficamente, desfavorecidas, torço para que sim, que consigam ou alunos adicionais e/ou possibilidades extra de contratualizar prestação dos seus serviços ou projectos e, nem é bom pensarmos, por ora, nas despesas de funcionamento destas, bem como das outras instituições todas, pois não?
Uma opção para solucionar questões desta natureza, seria o governo, aproveitar o embalo/inércia, e criar condições para o lançamento, em Portugal, de um sistema de empréstimos para as instituições de ensino superior público, com "spreads" negativos, viabilizando simultaneamente um fundo estatal de socorro mútuo - tudo isto não deve existir, mas não virá grande mal ao mundo se, de repente, todos nós resolvermos insistir em soluções criativas.
Não proponho, desde logo, também um sistema de empréstimo semelhante para os funcionários docentes e não docentes do ensino superior, porque uma boa maioria - nas presentes condições de instabilidade - não pode, sequer, assegurar o pagamento de rezas a santos.
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Frase do dia: "Entropy is related to exergy in the respect that when the exergy diminishes in a system, entropy is increasing" - é uma afirmação instrutiva, e voltarei a este tema mas aplicado, assim que puder.
8 Comentários:
Pois é!
Somos todos espantosamente ingénuos. Li o post da RN no blogue do JVC + comentários do Fernando.
Vou responder aqui, não por caixas encoiradas a favor ou contra o espaço do JVC, mas porque acho interessante poluir este espaço de Montemor-o-Velho, ou já não chegassem as fumaças da minha amiga.
Então vamos lá ao tesouro escrito em euros.
Giro, giro, giro, porque almoçava eu, ontem, no restaurante da UA e à minha mesa tinha de frente e na frente, uma colega, amiga ou até camarada, da administração da UA. Como diria o nosso comum amigo Dr. Watson: Elementar, minha cara RN, falar do chega-não-chega OGE 2008 para esta coisa da educação superior.
Há, uma coisa muita séria que deve ser dita assim à moda de intróito ‘et pour cause de la ignorance’: impossível, absolutamente impossível, tratar as contas internas, digamos da Bosch-Vulcano, tal qual se tratam as contas, por exemplo da UA.
Vamos a factos, que isto de falar em salários, categorias, exclusividade, dinheiros que se ganham ou deixam de ganhar (por exemplo, ver um texto magnífico do Carlos Ramos, no site do SNESUP) é uma coisa muito mais séria, do que o seu leitor Fernando imagina.
Facto 1, 2, 3, …
Estava eu a trabalhar com o ‘duro’ Fernando Teixeira dos Santos, de quem guardo excelente relacionamento e camaradagem, na FEP(UP), quando outro ‘duro’, Alberto de Castro, me convidou para ir dar um jeito numas ‘coisas’ da Universidade Católica (Porto). A minha primeira contrariedade, foi a de ter que explicar, o facto de estar em regime de exclusividade e portanto, blablablablablablablablablabla
Diz o Alberto: - Não há problema, pá! Fazes um requerimento ao reitor e o Alberto Amaral (outro ‘duro’) aprova, pelo que blablablablablablablablablabla
Em 1996, resultado de uma contrariedade com Carlos Pimenta, outro ‘duro’, fui multado pela Universidade do Porto, em MIL CONTOS, a descontar no quinhão da exclusividade, durante não sei quanto tempo. Resultado, meses depois, contratei cama, mesa e pucarinho com o Sistema Cientifico e Tecnológico da Comunidade Autonómica do País Basco e passei a receber uma avença no BBVA que, adicionada ao meu salário tuga, passou a dar mais contos do que aquilo recebido mensalmente pelo Pimenta como primeiro catedrático de Economia.
Estou a contar esta história, que me delicia, porque o Fernando ou é anjinho, ou nunca trabalhou com os ‘duros’ do sistema.
Passemos à frente…
Fui desafiado, anos mais tarde, para ser um dos cabeças, estilo MICAS a máquina perfuradora do Metro do Porto, pelo anterior reitor da UA, para levar esta universidade ancorada entre o mar e a areia, para a estrada nacional 109 /A29 na direcção ao Porto, no sentido contrário à outra rival, IP5/A1 na direcção de Coimbra.
Óbvio, isto estava enquadrado por uma estratégia, vários planos de ataque, tácticas mil, and so one…and so one….
Não resisto a dizer que paramos na borda do rio, mais precisamente no mosteiro da Serra do Pilar, mas isso é estória para outra treta.
Quando saiu o meu contrato no DR, eu, pateta alegre, lá fui ao final do dia, perguntar como era com os outros dinheiros que me caíam na conta, ou nas contas, já nem sei bem como era a coisa. O Homem olhou para mim, naquele olhar durão e disse:
- Alexandre, isso até nos pode ser muito útil!
Ele tinha (tem) um modo de dizer as coisas tão bem rodeado, acompanhado, reforçado, por uma mística e uma crença, que eu, mísero agnóstico nunca fui capaz de contrariar.
Já mais chegado a estes dias, fui criador de um projecto que fomentei, promovi, empurrei, junto dos alunos do 5.º ano do Dept.º Electrónica, Telecomunicações e Informática (UA), que após um ano árduo, de muito design, muito desembrulho, muito puxão à volta de tecnologias proprietárias (norte-americanas), consegui ver discutido no seio da Simoldes – número um da exportação/facturação da indústria de moldes nacional, desde o António Rodrigues, grande senhor daquela aldeia industrial que se chama Oliveira de Azeméis, até ao Manuel Alegria – meu paradigma de Director Geral de uma coisa que seja feita para deitar cá pr’a fora porcas e parafusos – tive quase 30 engenheiros, daqueles de calos nas mãos e noutros sítios que me abstenho de propagandear, conquistados passo a passo, linha a linha, até demonstrar em pleno chão da fábrica que afinal, o gato mia.
Passei um verão, completo, com dois jovens engenheiros, filhos únicos de pais estabelecidos, apartamento pago nas Glicínias e com namoradas em exames de segunda época a preparar o Project Management que, finalmente, num Setembro parecido com este, iria fechar um acordo de investigação entre a UA e 18 empresas do grupo Simoldes. Eu disse 18, não me enganei no numbaro.
No meio da sessão magna, irrompe pela sala um ilustre catedrático, MOD de seu nome de guerra. Pediu as desculpas da praxe, atirou meia dúzia de lavercas para o ar poluído de limalha de ferro e pôs no quadro branco um slide Power Point que aterrorizou tudo quanto era povo à volta da fogueira.
MOD trazia um numbaro a bold no final do slide, em fonte 48 ou até 64, se não me engano. O numbaro era composto pelo algarismo 1 e uma quantidade astronómica de zeros. Dizia ele, MOD, que era a proposta da reitoria para o contrato de investigação.
Manuel Alegria sorrira várias vezes naqueles olhinhos de aldeão cheio de estudos.
Quando o MOD acabou a trapateira, Manuel explicou, calmamente, como se faziam ou contratavam projectos No grupo Simoldes. Havia um pormenor que escapava ao Prof. MOD: - No Project Management da Simoldes até os bicos dos lápis eram importantes. Quantas minas ‘rotring’ 0,5 HB vão ser gastas… quantos apara-lápis, quantos marcadores, e por aí fora, por aí fora…
Sei que o MOD entendeu. Pelo menos, entendeu que não é fácil para a universidade (politécnico) ir ao bolso da Simoldes, ou da Sonae, ou da Martifer. É que aquilo é dinheiro em Euros, tem regras de jogo e sobretudo de troca; não é de perto nem de longe tal qual ir ao bolso do Zé Mariano. O bolso do Zé Mariano é uma espécie de OPA amigável, as outras opções são à moda das tretas hostis. OJO!
Alexandre, é sempre divertidíssimo ler as suas congeminações.
Foi rindo a valer, que eu interpretei que o Alexandre nos diz, aqui, uma coisa em que vale a pena pensarmos:
Se Universidades ou Politécnicos quiserem aproximar-se realmente das empresas terão que pensar e decidir como os seus Conselhos de Administração - é tudo
"giríssimo" mas, contas são contas - e isto é a única coisa na vida que também eu acho, aplicado a finanças ou a outra coisa qualquer.
Para as instituições de ensino superior ganharem dinheiro/recursos à séria e deixarem de pensar, de vez, no Zé Mariano (que ideia tão cativante e mobilizadora) precisam de considerá-lo como uma coisa muito séria(ao dinheiro, não ao Zé Mariano) e não como aqueles míseros escudinhos que brotavam de determinadas panelas de barro lascadas, lá de casa da minha avó, e que alguns dos meus jovens familiares - que chegavam às prateleiras mais altas do aparador porque todos eram muito mais altos do que eu (que raiva!)- utilizavam, em seu proveito exclusivo, para colmatarem os seus permanentes deficits orçamentais, resultantes dos seus intermináveis
"imprevistos". OJO!
PS - Alexandre, o nome da nossa tuneladora do Norte era MICAS? Pensei que fosse Lili Marlene, ou esta(s) eram as da Mancha?
Como mulher autêntica do Norte, só podia chamar-se MICAS.
Lili é um nome muito amaricado!
É verdade nunca trabalhei com os "duros" do sistema. Não sei se sou "anjinho" ou não, pois não alcanço o significado dessa expressão. Sou um cidadão deste país com um voto rigorosamente igual aos "duros" do sistema, desde 1985. Acredito sim que as Instituições do Ensino Superior, tem muito pouco do que se queixar, no que respeita ao financiamento.
É aliás paradigmático que o bolso do Mariano, mereça menos respeito que o da Martifer, Sonae ou Simoldes e é isso que vai mudar neste país, muito embora não pelas boas razões, respeito pelo dinheiro dos contribuintes, mas por condicionalismos de conjuntura orçamental.
Fernando... não se zangue.
Eu participo todos os anos a 15 de Agosto na festa da Senhora da Oliveira; sabe de que vou vestido?
sabe que papel represento?
- O de Super Anjinho.
Fica-me bem e é verdadeiro.
Aquele Abraço
Meus dois caríssimos e raríssimos leitores.
Do ponto de vista do valor do voto, concordo absolutamente, com o que penso ser a ideia do Fernando.
Já os bolsos da pessoa Mariano não me interessam nada, mas o mesmo não digo da transparência e rigor da repartição do orçamento de estado (dinheiros públicos) para a educação superior, ciência e tecnologia, e aqui é que as coisas têm falhado, e não subscrevo o registo de muitas melhoras.
Para concluir, meus amigos,se calhar erradamente, penso que nós os três - acerca do respeito e do valor de recursos/dinheiros para a educação superior - pensamos a mesma coisa; o que aconteceu é que não externalizámos as nossas visões a uma única voz, nem poderíamos, por simples
"conversas" de blog, porque cada um de nós detem referênciais pessoais distintos e não formulámos, conjuntamente, uma plataforma de entendimento.
___________
Como disse antes, a única coisa na vida que eu "acho", é que: contas/estratégias são contas/estratégias, e os resultados terão que ser muito objectivos, não podem ser a gosto. Quanto muito, deveremos operacionalizar contas ou estratégias e publicá-las, sob CRITÉRIOS CONHECIDOS ANTECIPADAMENTE.
Ao contrário do que parece ser aceite, eu não aceito decisões
"politicas", só aceito decisões fundamentadas em lógica dominante, sobre o interesse comum, aqui também falhamos sempre.
OK, não ne digam nada, porque eu já sei que sou a "ingénua de plantão".
Apresento as minhas desculpas pessoais, se o meu comentário traduziu algum azedume, ressentimento ou outro semtimento de igual jaez. Não era essa a minha intenção. O discurso directo escrito, falha na impossibilidade de traduzir, as nuances da conversa falada.
O meu pai, ensinou-nos à mesa, que abençoado era aquele que (diz) corda, um diz cordel, outro fio, outro nagalho, outro diz atilho, também é permitido dizer fita, barbante, guita e ainda…
Abençoado seja ele!
É que nunca me zango com quem não concorda comigo. Não fora assim, viveria no Arquipélago do Alberto João a tomar nota dos instrumentos das Ilhas Desertas.
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