segunda-feira, julho 31, 2006

Doninhas, mas "das bem lavadinhas de fresco"

Como é que num conjunto total de 25,836 vagas disponibilizadas pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, em 2005/2006, para as UNIVERSIDADES públicas, acabam por se conseguir matricular, nestes mesmos estabelecimentos e ano lectivo, um total de 32,609 alunos - se descontarmos mestrados e doutoramentos - no 1º ANO, PELA 1ª VEZ? Assim distribuídos:
__________________________________
Bacharelato --355
Complemento de formação --99
Doutoramento --1,627
Especialização pós-bacharelato --104 (o que é isto, e como se financia?)
Especialização pós-licenciatura -- 2,650 (o que é isto, e como se financia?)
Licenciatura -- 28,654
Licenciatura (parte terminal) --496 (o que é isto, e como se financia?)
Mestrado -- 8,024
Outros cursos de Compl de Formação -- 99
Preparatórios de licenciatura --152
Favor conferir abaixo, como se chega à dúvida descrita.
A) Se for gralha deve ser corigida;
B) Se não for gralha, precisaria ser tudo muito bem explicado!
Nomeadamente como se articulam as formações referidas, com as formações regulares, e com os requisitos, "numerus clausus" e limites de acesso - ao ensino superior.
_____________________________________
Gostos são gostos, jamais os discuto.
Eu gosto muito de "cangambás". Poucos os apreciam.
Penso que entre nós, os bichinhos são conhecidos por "doninhas fedorentas listadas". Para mim, elas são absolutamente adoráveis mas têm um cheiro forte almiscarado que, para a maioria doas pessoas, é muito desagradável, mesmo repugnante. Mas, como o meu nariz é só tamanho...
Esse cheiro característico das doninhas só atenua - dizem os entendidos (porque penso que é um inconveniente insolúvel dos bicharocos) - quando lavados "copiosa e cuidadosamente" com sumo de tomate.
Está bem, tal como apreciação de odores, há muitas outras consequências de múltiplas outras situações, com resultados bons e maus de classificação subjectiva!
Pessoalmente, por exemplo, incomoda-me muito mais que se disponibilizem informações atrapalhadas e parciais do que a ausência total de informações - é que conhecer parte das questões, deixa-me sempre uma vaga sensação de insegurança, de estarem a tornar-me numa vítima estúpida e ingénua, de manipulação fácil, a par de me provocarem uma remanescente total desconfiança sobre as mensagens que os seus autores queiram transmitir, se não pelos próprios autores em si - quer estes se tratem de cidadãos comuns, governantes ou distintos profissionais da comunicação social.
Resumindo: Para mim, "meias verdades e meios translúcidos de informação ou de comunicação" são sempre classificados como rematadas e descaradas mentiras.
Efectivamente, com base em informações truncadas, nunca pode haver uma tomada de posição bem intencionada, decisões ou traçados de políticas estratégicas, verdadeiramente honestos.
Se for para se ser discricionário, façam-me a mim as vontades e concedam-me caprichos, porque sou velha e mimada.
Considero, ser preferível discordar total e abertamente da opinião/decisão de uma pessoa ou instituição, que até posso estimar, respeitar e admirar muito como excelentes entidades ou pessoas, do que desconfiar delas - a desconfiança provoca-me um sentimento de perda que, para mim, se torna indelével e intolerável.
A única desconfiança, para qual disponho de tolerância, é a relativa à minha própria pessoa, tudo o mais terá um efeito irreversível - as pessoas ou entidades das quais passo a desconfiar, é como se eu tivesse testemunhado "a sua missa de corpo presente". Morrem!
É pena, mas é assim mesmo.
Querem um exemplo? Aí vai:
__________________________________________
Do Portal do Governo, extraí dos endereços abaixo:
1º - Vagas de acesso ao Ensino Superior Privado em 2006-2007, em 2006-07-26
[www.portugal.gov.pt/Portal/Print.aspx?guid=%7BF08FF6F3-F14C-4F1A-9865-4376B8D5EF99%7D ]
__________________________________________
2º - Vagas de acesso ao Ensino Superior em 2006-2007, em 2006-07-14
[www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais
/GC17/Ministerios/MCTES/Comunicacao/Notas_de_Imprensa/
20060713_MCTES_Com_Acesso_Ens_Sup_2006_2007.htm ]


__________________________________________
OBSERVAÇÃO - para verem melhor o conteúdo das imagens cliquem nas figuras, vão a este endereço: http://www.esnips.com/web/VAGAS2006ENSINOSUPERIOR, ou consultem directamente as referências, do fim do post.
__________________________________________
3º - Basta consultar os dois ficheiros nos respectivos "sites" (estranhamente, são dois endereços! Porquê dois endereços** para o mesmo tema?) para vermos que os critérios a base de apreciações variam:
- Os Estabelecimentos Privados e Cooperativos, tem um elemento de apreciação - até mais correcto - o número de alunos inscritos pela primeira vez no primeiro ano, enquanto que as vagas do Ensino Superior Público tem um elemento de apreciação discutível - "o número de alunos colocados";
- Os ficheiros excel, que se podem consultar não estão completos e são dispersos, vejam-se os originais:
a)http://www.portugal.gov.pt/NR/rdonlyres/0206D79E-C12E-47AB-8B23-7A32A1871487/0/Vagas_Ens_Sup_06.xls (público)
b) http://www.acessoensinosuperior.pt/pdfs/vag06/vag06priv.xls (privado e cooperativo);
Os conteúdos destes mesmos ficheiros não batem certo com as informações disponíveis no OCES (instituição mais coerente, consistente e experiente) aqui:
http://www.oces.mctes.pt/docs/ficheiros/Inscritos_1_VEZ_2005_06__Dif_.xls (público+privado e cooperativo+ Militar e policial);
__________________________________________
4º - Extraiem-se deste último documento que, em 2005-2006, se matricularam no 1º ano, pela primeira vez, um total de 82,720 alunos, assim distribuídos:
Número total de alunos inscritos pela primeira vez no primeiro ano:
Politécnicos Privados e Cooperativos - 7,421;
Universidades Privadas e Cooperativas - 8,620;
Politécnicos Militares e Policiais - 76;
Universidades Militares e Policiais - 299;
Politécnicos Públicos - 21,056;
Universidades Públicas - 42,260 (32,609???, se excluirmos mestrandos e doutorandos);
Universidade Católica Portuguesa - 2,988.
Como é que num conjunto total de 25,836 vagas disponibilizadas pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, em 2005/2006, para as UNVERSIDADES públicas, acabam por se conseguir matricular, nestes mesmos estabelecimentos e ano lectivo, um total de 42,260 alunos (32,609, se descontarmos mestrados e doutoramentos), no 1º ANO, PELA 1ª VEZ?
Isto é alguma gralha? Se for um erro, por favor, corrijam.
Se não for erro, há alguma explicação, que consigamos perceber?
Seria muito bom que as bases informativas, destes assuntos polémicos, fossem sistematizadas de modo uniforme, e disponibilizadas num único endereço, e tendo por bases de apreciação os mesmos critérios e referências, se não, os resultados são sempre disparatados e, dizê-los ou não, para quem sabe é a mesma coisa, e para quem não sabe, são muito enganadores.
Fica o tomate para iniciarem as "abluções", apesar de que há procedimentos que, tal como os "aromas de doninhas", nem com molho de tomate lá vai.
** Situação muito anómala, mas entretanto, corrigida - ver "post" deste mesmo "blog" de 5 de Agosto de 2007: "Acabou o malte...mas temos muito gelo!".
____________________________________________________
Referências consultáveis:

--->>> Governos_Constitucionais/GC17/Ministerios/MCTES/Comunicacao/

--->>> Notas_de_Imprensa/20060713_MCTES_Com_Acesso_Ens_Sup_2006_2007.htm

quinta-feira, julho 27, 2006

EFEITO DE COANDA

Foi publicada, esta semana, o que penso irá tornar-se na famosa Resolução do Conselho de Ministros nº 89/2006 de 20 de Julho de 2006, numa página do IAPMEI, pela qual se disponibiliza, formalmente, para consulta pública a "reforma dos laboratórios de Estado", tendo sido mandatado, para o efeito de elaboração de uma proposta, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Toda a documentação, melhor, uma parte dela, está de facto disponível desde a primeira semana de Julho, na página do ministério, a começar por parte de um documento "Report of the International Working Group on the Reform of the State Laboratories. Redesigning the Governance of the State Laboratories’ System" - FALTA NA DOCUMENTAÇÃO FACULTADA, PELO MCTES - O ANEXO MAIS IMPORTANTE - ANEXO V (Appendix 5 - State Laboratories - Status 2005) :
O tema é muitíssimo importante para o país, e não é de hoje, tem sido objecto de apreciações anteriores recorrentes (1997, 1998 e 2001) e quase, quase sempre feitas, pelo mesmo grupo de especialistas, que já devem estar a sentir-se relógios de repetição.
Tal como a Educação Superior conseguimos pulverizar a Ciência e Tecnologia, e queremos agora "re-engenhar" um "puzzle" de milhares de peças e MILHÕES de Euros (em 2003, por exemplo, são 1996.8 investigadores em tempo integral, dos Laboratórios de Estado, num universo de 16,448.1 Investigadores também em tempo integral) começando por uma pequena porção das peças (apenas cerca 12%) do Pessoal em Tempo Integral de TODO O SISTEMA; isto, quando só os investigadores em tempo integral das Universidades Públicas prefazem 52% - e fazem, literalmente, o que muito bem entendem, intervindo e encampando áreas de científicas para as quais podem ou não reunir massa crítica e competências - e de cuja actividade desconhecemos, ao certo, quais são os custos e as mais valias.
Já agora, em 2005, quando se efectuou a estimativa orçamental para 2006, os Laboratórios de Estado representaram apenas 11% do investimento nacional de I&D, enquanto o investimento de I&D nas Universidades Públicas ascendeu a 37,8% do total previsto (1 147 627 412 Euros).
Seria muito bom esclarecer-se, desde já, quem é quem, a respeito dos investimentos estatais em Ciência e Tecnologia nacional, bem como as MISSÕES E RESPONSABILIZAÇÕES, nomeadamente, a quem compete a investigação fundamental, a investigação aplicada, a transferência de tecnologia, a prestação de serviços e assistência, no âmbito da Tecnologia, Ciência e Inovação.
Não adianta nada o Relatório dizer que Portugal investe relativamente pouco na investigação e desenvolvimento - Portugal investe pouco, mas o Estado Português investe demais.
A verdade, é que as nossas despesas estatais totais, rondam cerca de 62% dos investimentos ditos de Investigação e Desenvolvimento Nacional enquanto que na maior parte dos países "europeus", essa comparticipação pública, na Investigação e Desenvolvimento, não sobe além os 40%, tirando o Chipre, Estónia e a Polónia.
A organização deste sector de actividade Nacional - Ciência e Tecnologia - é de facto urgentíssima, mas:
1º- Não deveríamos começar por uma outra ponta da meada - Universidades, Laboratórios Associados, Centros Tecnológicos, Centros e Unidades de Investigação, por exemplo, através da publicação das MAIS VALIAS e das contas pormenorizadas, da actividade de investigação destas entidades - DESPESAS, RECEITAS, E CUSTOS DE INFRAESTRUTURAS E DE FUNCIONAMENTO INCLUÍDOS?
2º - Porque é que não foi sugeito, para apreciação pública, também o conteúdo do Appendix 5 - State Laboratories - Status 2005?
Vai ver comprova-se, que é só difícil aos investigadores destes Laboratórios do Estado trabalharem sem meios materiais e humanos adequados e, sobretudo, sem responsabilização efectiva da orientação estratégica dos sectores em que actuam, se estiverem rodeados por competições organizacional e financeiramente, muito pouco transparentes, e que se multiplicam que nem cogumelos.
Como a Figura de abertura do "post" ilustra o Efeito Coanda - uma metáfora esclarecedora dos efeitos de "POLÍTICA" no curso normal e esperado das organizações, e é igualmente "FEIA" - decidi fechar este "post" com uma fotografia sobre "multiplicação de cogumelos".
Penso que o prazo concedido, para o público se poder manifestar, em relação à "Reforma dos Laboratórios do Estado", está a acabar (29 de Julho de 2006) - embora a RCM 89/2006, tenha sido formalmente decidida apenas há meia dúzia de dias, em 20 de Julho.

domingo, julho 23, 2006

O ano de 1995 mandou perguntar se vimos por aí ...

Habituámo-nos a dispensar orientação estratégica para o que quer que façamos e, por preguiça ou comodidade, optamos por ser superiormente geridos, por pontos de vista de uns quantos "lugar-tenentes do momento".
Assim, depois de nos conformarmos com opções imediatistas de qualquer "voluntarista delegado", só nos restam três opções:
a) confiar na nossa boa estrela guia - para que não tenhamos problemas;
b) esperar por um qualquer milagre - em caso de azar;
c) conseguir laçar um bode expiatório para lhe transferirmos responsabilidades e, à falta de melhor, um qualquer governante em funções, que esteja mais à mão, serve bem para o efeito.
Não assumimos a quota parte de responsabilização pelas nossas omissões - nem nos damos ao trabalho de preparar argumentação fundamentada, para reivindicar os "direitos"; tomamos os maus resultados eventualmente decorrentes, como inerentes ao nosso "fado" conectado às coordenadas geográficas do país quando, bem vistas as coisas, não olhamos de frente os problemas, preferimos enlatar o olhar - na maioria dos casos, só para não sermos vistos...
Se um plano de intervenção, em muitos casos, é um instrumento inútil, já o planeamento é um procedimento indispensável - e neste, devem registar-se formalmente por escrito, respostas inequívocas a múltiplas questões, uma das quais é a identificação formal da responsabilização das decisões tomadas; e aqui está a nossa maior falha de cidadania - não assumimos nem exigimos responsabilização - e as consequências são, via de regra, demolidoras das nossas confiança e esperança no futuro.
De entre muitos exemplos que ilustram o que acabo de dizer, e que todos nós poderemos completar e acrescentar, sintetizam-se nas figuras seguintes (clicando no link anterior podem consultar imagens de melhor qualidade).
Mostra-se bem que, no período de 21 anos de registos, se verifica um decréscimo demográfico, quase constante, da ordem de 23,850 alunos por ano, a frequentarem o Ensino Básico, e mesmo depois de passados os efeitos do prolongamento da educação obrigatória, o número de alunos do Ensino Secundário está também a decrescer cerca de 12,000 estudantes por ano, desde o ano lectivo de 1995/1996.
Paralelamente, sem explicação da tutela ou das entidades envolvidas, exibe-se em simultâneo uma dinâmica positiva do número de cursos, de vagas e naturalmente de recursos humanos dos ensinos politécnico e universitário público/privado (Eixo da direita, séries de cor verde do primeiro gráfico).
As figuras seguintes mostram que a velocidade reactiva de ajuste ao decréscimo de alunos, foi superior nas instituições privadas e nos politécnicos públicos do que a das universidades públicas, no que diz respeito à redução do número de cursos ou do número de vagas. Não admira portanto - nesta perspectiva restrita, desconsiderando que o processo de Bolonha (iniciado em 1999) não vai ser implementado com rigor - que o número de docentes, em alguns pares de formações-instituições se torne excedentário.
Estranha-se muito é que num futuro próximo - com decréscimo de alunos, em plena época de contenção do "déficit público" - sempre pelo lado da despesa pública - se permita que o subsistema afectado seja precisamente o Politécnico Público, por duas ordens de razões - este subsistema de formação está, por enquanto, muito mais próximo do tecido produtivo actual, mas sobretudo porque é muito mais barato (75% para similares "outputs") porque - de acordo com o Background Report do suporte da avaliação do sistema português de educação terciária, pela OCDE - o orçamento de estado destinado à educação terciária, em 2006, reparte-se assim: Institutos Politécnicos Públicos - 3,383 Euros/aluno e 91,496 alunos; Universidades Públicas - 4,403 Euros/aluno e 148,089 alunos.
Esta opção de se concederem mais vagas a universidades, das que saem mais caro ao país, em algumas formações - exemplo TECNOLOGIAS, não se entende. Bastava acertar-se a pirâmide, para a educação terciária custar ao país cerca de 50 Milhões de Euros por ano, mais barata e muito mais eficaz por se reduzir a relação de custos/benefícios.
Ora muito bem, a respeito destas incongruências e inconsistências políticas, o ano de 1995 quer saber aonde estão agora os responsáveis, pelas decisões tomadas, durante perto de uma década, em que ao invés de contenção se constata uma expansão, a esmo, dos recursos humanos necesários à Educação Terciária?
Ninguém sabia? Não me digam!
Se isso fosse verdade, então toda situação seria muitíssimo mais grave, mas certamente que se sabia e, então, trata-se apenas de uma desfaçatez consentida... lá chegaremos. Mas, o que não é aceitável é pensar-se que o montante poupado permitiria fazer face os custos totais/integrais anuais a mais do que 1500 docentes do subsistema politécnico.
Só que os responsáveis de então, tal como os actuais, estão como sempre, "no bem bom" e quem pode ter que "pagar o pato" são, precisamente, os mais adequados às formações necessárias, a quem se criaram expectativas, e que não tiveram nada a ver com a situação grave que lhes pode ser criada, independentemente, do argumento de custos nacionais já apresentado.
Alguém está a pensar em soluções VIÁVEIS E JUSTAS, para se ultrapassarem estas dificuldades, que ajudámos a instituir com o nosso silêncio, minimizando agora os prejuízos de todos? ELAS (as soluções) EXISTEM! Só que ocupam tempo, dão trabalho, e a sua estruturação é cansativa...
Pois é! ....
Parece-me que ninguém quer pensar nisso...
Estamos todos demasiado ocupados em criar, diversificar e a "inovar" o que só podem ser mais valentes encrencas, para o futuro dos outros todos (que o nosso fique bem acautelado,...) - daqui a dez anos teremos uns quaisquer governantes para xingarmos, e para lhes transferir as nossas responsabilidades ....
Se, ao menos, os nossos governantes não fossem Portugueses, teriam a vantagem de não pensarem, como os restantes "patrícios", exclusivamente, nos próprios ego e umbigo.
Presentemente, estamos muito bem encaminhados, para colectivamente pularmos da frigideira para a fogueira.
________________
Referências consultadas:

sexta-feira, julho 21, 2006

TOP Gibberish - SM.[P]PT

O Portal do Governo informa a todo o povo interessado que, em 19 de Julho de 2006, foi efectuada uma Apresentação sobre o Sistema de Monitorização do Plano Tecnológico - SM.PT, ao Conselho Consultivo do Plano Tecnológico (ver composição do Conselho aqui). Identifico sempre os membros desse Conselho Consultivo, porque os seus nomes não estão facilmente disponíveis e, para mim, são co-responsáveis, pelos resultados desse "plano".
Que um sistema de monitorização do Plano Tecnológico até fazia falta já sabíamos, até porque se começou a falar das taxas de execução complexas - porque congregam o acompanhamento de 100 medidas a executar por 16 ministérios, e 66 "actores de inovação", assim distribuídos: Centros de Transferência de Tecnologia de Universidades (19); Centros Tecnológicos (8) Laboratórios Associados (20) Laboratórios de Estado (11) e Parques Tecnológicos (8).
O Plano Tecnológico (PT), como sabem, na opinião do seu actual Coordenador, é um original "Work in Progress" - isto sim, é que se chama de uma verdadeira inovação em matéria de estratégia - possibilita execuções de 100% do que quer que seja o referido PT, ou do que quer que seja venha a transfigurar. Um golpe de génio e de rins político, para "o povo português" engolir e PAGAR.
Agora, por mais outros dois documentos em criptografia quantica (melhor, em Gibberish), comprova-se, por exemplo, a existência de margem de manobra, para a continuação da implementação do já famoso - Instituto de I&D Portugal/Espanha - em plenas épocas de auscultações públicas sobre a Reforma dos Laboratórios do Estado (Prazo: 29 de Julho de 2006 - Ver abaixo PS 4) e da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (ENDS) (Prazo: 15 de Setembro de 2006?).
RECORDO QUE NENHUMA DESTAS DUAS INICIATIVAS - referidas como estratégicas - ESTÁ ORÇAMENTADA, ou sequer mostra CLARAMENTE as capacidades e competências já existentes - isto é as VALÊNCIAS DE RECURSOS HUMANOS JÁ DISPONÍVEIS, para promoção de sinergias, e já se multiplicam intervenções, novas entidades e mais despesas por conta.

Transcrevo, de um dos documentos disponibilizados - "Plano Tecnológico. Uma ideia mobilizadora, uma agenda de prioridades e um compromisso político"- uma frase que me deixa siderada: "Esta agenda tem reflexos determinantes na afectação dos recursos públicos (OGE [Orçamento Geral de Estado - Fundos Nacionais], QREN [Quadro de Referência Estratégico Nacional - Financiamento dominantemente Comunitário]), no desenho das políticas e na formulação das escolhas pelos agentes privados."
Se as vontades de governantes mimados estão já a ser executadas, com todo o àvontade, e à custa de todos, para que servem então os prazos de discussão pública, e os relatórios, pareceres e recomendações de Consultores e/ou Avaliadores Estrangeiros?
_________________
PS 1 - É preciso muita coragem política, costas quentes ou insensibilidade pelo pensamento alheio, para se afirmar - num documento intitulado "Plano tecnológico: Uma ideia mobilizadora, uma agenda de prioridades e um compromisso político" e que, pressupostamente, faz parte da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável - que, entre 2005 e 2006, se proporcionou a 296 (duzentos e noventa e seis) jovens licenciados uma experiência profissional no estrangeiro - inserida no Programa InovContacto, quando no ano lectivo 2004/2005 se diplomaram, ao nível de LICENCIATURA, propriamente dita - 36,324 formandos, por um triz dava-se a oportunidade a todos....; isto, para além, de existirem Programas Comunitários de atribuição de Bolsas para estágios em ambiente profissional (Ex. Leonardo D'Vinci) a que TODOS os Diplomados europeus (e como tal os jovens Portugueses) podem concorrer, por intermédio das Instituições de Ensino Superior que lhes conferem o grau. Ah, mas esqueci-me que, na opinião de alguns dos nossos governantes, estes programas e financiamentos europeus são muito burocratizados e trabalhosos... eu também acho, o que nós todos mais precisamos é de sopas, sossego e saúde, mas o que é mesmo indispensável é termos (muita, mas muita) SORTE!
PS 2 - Já agora, caros leitores, confirmem o que quer dizer "Gibberish". Pessoalmente, usei esta linguagem com outras crianças quando, entre os meus 10 e os 13 anos de idade, não nos apetecia que os "crescidos" percebessem o que dizíamos. Claro que os "crescidos" apanhavam o código logoà 2ª ou 3ª frase, mas nós ficávamos convencidos, que "passávamos a perna" ( o que lhes peço para passar é a expressão, mas é o que me ocorre ao ver a actual metodologia de imposição de caprichos, com "uma embalagem" democrática).
PS 3 - Sobre o QREN pode-se consultar a Resolução do Conselho de Ministros nº25/2006.
PS 4 - Sobre a Reforma dos Laboratórios de Estado consultar - Resolução do Conselho de Ministros nº 89/2006 de 20 de Julho de 2006 DR 139 - Série I, Emitido pela Presidência do Conselho de Ministros - ver documento em http://www.iapmei.pt/iapmei-leg-03p.php?lei=4678.

domingo, julho 16, 2006

Qual é a QUINTA CARTA da "Mão do Morto"?

Um dos atavismos dos Portugueses residentes, que nem Freud se atreveria a explicar, e me deixa sempre MA-RA-VI-LHA-DA, é a completa ingenuidade de cada um de nós ter um EGO (DESTE TAMANHO) propenso ao credo e à auto convicção de ser "O(A) MAIS VIVO(A) E ESPERTO(A) DE TODOS OS RESTANTES MORTAIS". Um outro atavismo é cada um de nós ter um comportamento bipolar - por preguiça ou baixa auto-estima, entendemos simultaneamente que essa ideia, completamente imbecil, é verosímil e, por isto, nada fazemos - tornando-nos cúmplices das variadas desgraças que nos acontecem, pelas quais ao desresponsabilizarmo-nos pelo que impassivelmente deixamos fazer, fazemos um "short-cut" para a "classe das vítimas do terrorismo dos vivaços de plantão".
Vamos assim, por omissão, subscrevendo e autorizando, todos os disparates, e depois dizemos que "a culpa é de outros", por exemplo, do Presidente da República, da Assembleia da República, do Governo - Primeiro e Ministros seguintes, do Papa, da Europa, da Globalização, da Comunicação Social, do Chefe, do Patrão e do Vizinho etc., etc... A RESPONSABILIDADE, definitivamente, JAMAIS É NOSSA!Mas creiam-me, é! É minha e também é uma sua responsabilidade, caro leitor! Gostaria de conferir? Aí vai um exemplo:
__________________________________
Como é sabido, em 2006 estamos a concluir a execução do Quadro Comunitário de Apoio QCA III, e já está - desde 2004, ou talvez de antes - em preparação, em todos os países europeus, o Próximo Quadro Comunitário de Apoio - que representará o esforço conjunto Europeu, de organização e investimento, para os anos de 2007-2013.
Nesta página: http://www.desenvolvimentosustentavel.pt/index.php, para todos os que se interessarem, estão publicados uma OUTRA Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (ENDS) e o que foi designado por Plano de Implementação da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (PIENDS).
É uma página um tanto "clandestina" concordo, até detém domínio próprio não indexado a nada - mas daí a podermos dizer que é secreta... na Internet? É um pensamento distorcido e forçado. Ou não é? Tanto mais, que toda a informação aí publicada, está generosamente disponível para consulta pública (penso eu, mas depois explico esta dúvida*). Pessoalmente, só descobri essa página, por acaso, na terça feira passada - sobre o futuro próximo de Portugal, cheguei aos seguintes pontos:
1º - Identificação da coordenação destes trabalhos: Carlos Zorrinho (será apenas um co-Coordenador ou O Coordenador-mor desta coordenação? - o mesmo do Plano Tecnológico e da Estratégia de Lisboa), José Manuel Delgado Félix Ribeiro e António Gonçalves Henriques.
2º - Abrange todo o país - Continente (Regiões Norte; Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve) e Ilhas, e traduz as previsões estratégicas até 2013 ou 2015?
- Tem sete objectivos, cada um dos quais está organizado numa matriz - descritiva, à qual associam as prioridades e vectores de intervenção - tudo, como manda o figurino - e "coisas" a que chamaram, indiferenciadamente, de Metas e Indicadores (Total: 126 indicadores), assim:
1) Preparar Portugal para a "Sociedade do Conhecimento" (18 metas e indicadores) e CINCO (5) PRIORIDADES ESTRATÉGICAS:
1.consolidação do ensino básico e expansão da educação e formação de nível secundário; garantindo a melhoria da qualificação de base;
2. melhoria da qualidade e estímulo à mobilidade no ensino superior;
3. aceleração do desenvolvimento científico e tecnológico;
4. dinamização da aprendizagem ao longo da vida aumentando os níveis habilitacionais e de qualificação;
5. mobilização da sociedade para uma maior criatividade cultural e artistica.
2) Crescimento Sustentado e Competitividade à Escala Global (35 metas e indicadores) e QUATRO PRIORIDADES ESTRATÉGICAS:
1. um novo impulso à inovação empresarial;
2. uma economia, competitiva á escala global, orientada para actividades de futuro e criadora de emprego;
3. uma sociedade e uma economia preparadas para tirar partido das tecnologias da informação e comunicação;
4. crescimento económico mais eficiente no uso de energia e recursos naturais e com menor impacto no ambiente, designadamente nas alterações climáticas.
3)Melhor Ambiente e Valorização do Património Natural (25 metas e indicadores) e OITO PRIORIDADES ESTRATÉGICAS:
1. combate às alterações climáticas;
2. gestão integrada da água e seu aproveitamento eficiente;
3. gestão integrada do ar;
4. actividades agrícolas e florestais desenvolvidas em base sustentável, compatibilizadas com a conservação da natureza e a valorização da paisagem;
5. conservação da natureza e da biodiversidade articulada com as políticas sectoriais e de combate à desertificação;
6. aproveitamento dos oceanos como factor de diferenciação e desenvolvimento;
7. gestão dos riscos naturais e tecnológicos mobilizando a participação da população interessada
8. gestão integrada de resíduos.
4) Mais Equidade, Igualdade de Oportunidades e Coesão Social (11 metas e indicadores) e QUATRO PRIORIDADES ESTRATÉGICAS:
1. equidade, melhor prestação e sustentabilidade financeira dos sistemas de protecção social;
2. reforço da prevenção e reabilitação orientada para ganhos em saúde;
3. dinâmica de emprego que promova a qualidade de vida no trabalho e a integração social;
4. sociedade inclusiva que promova redes de solidariedade e comunidades dinâmicas.
5) Melhor Conectividade Internacional do País e Valorização Equilibrada do Território (10 metas e indicadores) e QUATRO PRIORIDADES ESTRATÉGCAS:
1. melhor conectividade internacional do país
2. acessibilidades que contribuam para coesão territorial e para um modelo territorial mais policêntrico
3. cidades atractivas, acessíveis e sustentáveis
4. apoios reforçados a regiões com mais graves défices de desenvolvimento
6) Papel Activo de Portugal na Construção Europeia e na Cooperação Internacional (10 metas e indicadores) e CINCO PRIORIDADES ESTRATÉGICAS:
1. fortalecimento da posição de portugal no contexto da cooperação para o desenvolvimento internacional;
2. estruturação de uma rede de relações privilegiadas com a europa;
3. reforço das relações com outras regiões inovadoras e dinâmicas do mundo;
4. fortalecimento dos laços entre os estados de língua portuguesa e reforço da sua intervenção internacional;
5. valorização das comunidades portuguesas.
7) Uma Administração Pública mais Eficiente e Modernizada (17 metas e indicadores) e SEIS PRIORIDADES ESTRATÉGICAS:
1. domínio de informação e reflexão estratégica;
2. reestruturação da administração;
3. reforma dos regimes da função pública;
4. modernização dos sistemas e processos, com uso intensivo das tecnologias de informação e comunicação;
5. qualificação e valorização do serviço público;
6. modernização dos sistemas de educação e de formação profissional, saúde e justiça.
__________________________________
4º - Como primeiras conclusões, sobre a ENDS/o PIENDS - últimas versões:
a) A intervenção antecipada na definição destas políticas ditará as regras que serão seguidas no futuro de todos - dando-nos oportunidade, é melhor pronunciarmo-nos, desde já, enquanto é tempo - "candeia que vai à frente..."
b) Apesar de já se tratar de uma segunda e nova versão de um "Work in Progress" (existe uma outra "ESTRATÉGIA NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ENDS 2005-2015", de 2004 subscrita por Isabel Almeida Mota, Mário Pinto, Jorge Vasconcellos e Sá, Viriato Soromenho Marques e José Félix Ribeiro), à semelhança da versão anterior, a actual "Estratégia":
  • NÃO ESTÁ AINDA ORÇAMENTADA - NÃO MOSTRA A PREVISÃO DA EXECUÇÃO FINANCEIRA! Nem identifica a origem previsível dos recursos financeiros, que é o que interessa. Já que Recursos Humanos sabedores, devidamente, qualificados vamos tendo "às pencas".
  • NÃO REPARTEM OS OBJECTIVOS E METAS, POR REGIÕES GEOGRÁFICAS.
  • NÃO IDENTIFICARAM ENTIDADES/INSTITUIÇÕES/PESSOAS RESPONSÁVEIS PELA EXECUÇÃO, que é uma falha grave - pelo menos a mim cansa-me andar sempre a implicar com ministros qualquer que seja a ordem de grandeza, porque têm o desagradável inconveniente de não serem nem ubíquos, ominipresentes e/ou omniscientes;
  • NÃO FOI BEM DEFINIDA A CALENDARIZAÇÃO FÍSICA;
  • NÃO MOSTRAM - COMO SERIA IMPRESCINDÍVEL NESTA FASE - A INEVITÁVEL MATRIZ DE CONTRADIÇÕES - diz-me a experiência que é dificílimo asssobiar e chupar laranja simultaneamente, sem fazermos grandes estragos; DEVEM, ASSIM, TAMBÉM PRIORIZAR OS PRÓPRIOS OBJECTIVOSXREGIÕES.
5º - Por enquanto o draft da página "clandestina" mostra mais uma outra "estratégia electrónica" INACABADA, tal como o PLANO TECNOLÓGICO - "cabe lá e cá tudo e, ainda, um par de botas, ou coisa nenhuma". Em resumo: AINDA NÃO DEMONSTRA PENSAMENTO ESTRATÉGICO!.
6º - Expressaram nos documentos a ideia geral de irmos cumprir Compromissos/Acordos/Protocolos Internacionais, Regulamentos comunitários e legislação em geral. Grande coisa...Podemos nós afirmar o contrário? Se pudessemos, dava-nos um jeitão! Mas penso que não poderemos. Estas obrigações transfiguram-se numa prioridade das prioridades! Quanto nos vai custar?
7º - Não está muito clara a articulação da outra famosa obra incompleta - Plano Tecnológico - com este cenário estratégico muito mais abrangente - valeria a pena formalizar com pormenor, essa articulação, e demais informações pertinentes.
__________________________
Meus senhores da Coordenação do ENDS e PIENDS - ao contrário do que é dito na página do Gabinete coordenado por vós, PLANOS NÃO SÃO [AMBIGUIDADES] PARA SE IREM CONSTRUINDO [A GOSTO, E CONFORME AS MARÉS] - "Collusions" também são ilegais mesmo no poker e, como sabem, está na altura de "Going All-in!". Por favor, TERMINEM A ESTRATÉGIA! 2007 está aí! Vamos ter que fechar a mesa de jogo!
Depois veremos o que se consegue ou não executar, e porquê.
Aos cidadãos deste país falta-nos saber o valor da 5ª carta da mão de POKER (conhecida por "dead man's hand" e neste post representando o investimentoXorigem) assim, dependendo, estaremos perante um "full house" ou "dois parzitos manhosos" = quanto/quando é estimado gastar por cada um dos objectivos e metas/indicadores, e qual é exactamente a origem pensada do financiamento-investimento.
Pessoalmente, assumirei totalmente o meu papel que pode variar de um 2 de Paus ao Ás de Espadas, nesta ou em qualquer outra estratégia, mas preciso saber se estamos a "jogar limpo, mesmo que seja um Pokerzinho lambido", o que JAMAIS me apanharam/apanham, de certeza, é no papel de "Blank"!
______________________
NOTAS ADICIONAIS
i - * A documentação - Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (ENDS) e o que foi designado por Plano de Implementação da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (PIENDS) - está disponível para consulta pública até 15 de Setembro de ????**. Por isso, apressem-se ou... fiquem parados! É opcional, mas por enquanto podemos ainda dizer alguma coisa, depois só nos resta "choradeira para encharcar os lencinhos de cambraia ou arruinarmos os Persas/Arroiolos".
ii - ** Já reclamei dessa imprecisão de data e de mais uma coisita ou outra, a quem de direito, e se não me atenderem, prontamente, conto qual é a coisita ou outra, publicamente. No Pocker, como sabem, são legítimos ultimatos, coacção e chantagem!
Já agora, esclareço os leitores - porque já houve quem me perguntasse - falo no "blog" destes temas, porque basta lermos bem as metas e indicadores da Estratégia, para percebermos que a Educação, Ciência, Tecnologia "e derivados" se embricam organizacional/financeiramente - que nem escamas de peixe - com tudo isso que falámos neste "post" - para verificação consultem, por favor, os documentos originais, da coordenação, porque o que os seus autores fizeram já foi muito, para os nossos costumes, e não nos convém deixá-los esmorecer.
Todas as metas propostas, a serem concretizadas, vão consumir recursos financeiros importantes - só uma parte será financiada pela Europa, e o resto (quanto?, 25?, 30% ?) teremos que conseguir cá dentro - e tudo o que seja expresso em gastos de euros, dolares ou yenes (agora também em rupias e dinheiro chinês) precisa de ficar muito clarinho, antes de nos metermos em mais embrulhadas financeiras - porque já provámos que quem pode gerir, só porque foi eleito/nomeado, não sabe muito bem como... É que o que for investido a mais num objectivo/meta, deixará outros a descoberto, como bem se depreende das "máximas" de Lavoisier.
____________________
iii - No próximo "post", vou continuar a minha cruzada PT, isto é, vou dedicar a minha atenção a um dos "derivados" da Educação, Ciência, Tecnologia - O Plano Tecnológico - mais especificamente, aos seus "ACTORES de inovação".
Não me digam nada, porque só de pensar no conteúdo do tema, começo a ficar muito inquietada.

sexta-feira, julho 14, 2006

Royal Flush

No Portal do Governo [http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT], nesta madrugada, foi publicado um ficheiro com as Vagas para acesso ao Ensino Superior em 2006.
Em 2006, e em síntese:
1 - Foram disponibilizadas 46,508 Vagas do Concurso Nacional (mais 109, do que em 2005);
2 - Nos concursos Locais de Acesso, o número total de Vagas disponibilizadas, para 2006/2007, foram 540, menos 62 do que em 2005/2006;
3 - 8 Universidades e 6 Instituições Politécnicas viram aprovado um total de 371 vagas, para 31 cursos, com menos de 20 alunos, sendo 9 Cursos - 113 vagas - no subsistema Politécnico).
Afinal de contas tudo parece ter corrido bem, como sempre - ou foi muita sorte ou muito "bluff".
Ver ficheiro aqui
PS - Informação Adicional:
Dos 990 cursos propostos e aprovados no Ensino Superior Público, para o ano lectivo 2006/2007, 424 foram considerados, pela Direcção Geral do Ensino Superior, como tendo cumprido condições adequadas ao Processo de Bolonha, pertencendo 203 (8,726 vagas) ao subsistema Politécnico e 221 (12,253 vagas) ao subsistema Universitário.
Com o devido respeito - porque o trabalho não pode ter sido nada fácil para ninguém, seria útil, disponibilizarem-se também, informações públicas para confirmação das reais condições de adesão das instituições ao Processo de Bolonha.

domingo, julho 09, 2006

Moinhos de "papel-lustro"

O Semanário Económico (7 a 13 de Julho) publicou uma entrevista a Augusto Mateus - ex ministro de António Guterres, cujo título ressalta desde logo a opinião do economista: "O Plano Tecnológico não existe, é um powerpoint" [1].
Pessoalmente, não podia concordar mais com esse economista, só que, vou um pouquinho mais além - mesmo para uma versão β condensada [*.ppt], e divulgada em *.pdf [2], é um trabalho muito, mas mesmo muito, muito fraquinho....
Aquela apreciação sobre o PT, vinda de quem vem, Augusto Mateus, endossa totalmente opiniões e impressões, pouco generosas sobre o Plano Tecnológico, já expressas por muitíssimos cidadãos comuns, e em muitas situações.
Não sendo Augusto Mateus exactamente um leigo na matéria, e não sendo também a única figura nacional de prestígio, a pôr em causa o referido Plano, o que me causa muita perplexidade, é a manutenção em operação-sombra-trevas de uma equipa técnica - penso que de natureza vagamente executiva, mas não tenho a certeza - liderada por Carlos Zorrinho e coadjuvada por um conjunto de 41 consultores/peritos que, supostamente, liderariam a concretização e implementação (???) do referido plano, sem que se vejam quaisquer resultados práticos. Aliás se conseguissem resultados, com o documento original de onde partiram, era caso para espanto e admiração de todos nós.
No entanto, esta equipa e demais consultores que andam "por lá", já há alguns mesitos, até agora, executaram, concretizaram, ou corrigiram exactamente o quê, sob a responsabilidade de quem?
________________
Duas ou três vezes por dia - que nem prescrição médica - são divulgados ou publicados múltiplos devaneios, piedosas intenções, anseios, ideias formidáveis, "únicas" e "inovadoras", em sentidos opostos de eixos de colisão, oriundos de todos os quadrantes políticos-governamentais, sobre o que Portugal poderá ser/fazer ao/do seu futuro, nas várias frentes, e em 360º do Horizonte Espaço-Tempo.
Vejam só, a propósito o que pensava Carlos Zorrinho, em Maio de 2006, a respeito do interesse de Portugal no ESPAÇO [3] aqui, de onde se extrai: "Plano Tecnológico: Zorrinho diz Portugal deve apostar no Espaço para ser competitivo". Uma opinião destas, é impressionante!Digam-me lá a verdade, se isto não parece uma mentira?
Mas, pensando melhor, até para mim, o Espaço está a parecer-me um objectivo irresistível, só não lhes digo é para que finalidade.
________________
Mas, e Preto no Branco,....o que é mesmo, para fazer, por quê, por quem, quando, até quando, quanto nos custa e quem é que paga?
Devo andar distraída....Ou, em alternativa, será que estou certa no que percebi, até agora - poderemos todos a continuar a fazer, como sempre, só o que bem nos apetece? Porque, alguém há-de pagar o prejuízo...
O Povo Português foi promovido (coagido) a Investidor de Altíssimo Risco, é aproveitarmos todos meus senhores!...
Saibem, é que quando até eu já dei por isso... (vejam neste "blog", por exemplo, um "post" de 1 de Maio de 2006) a coisa ultrapassou, há muitas léguas, o "não return point".

Referências:
[1] www.semanarioeconomico.com/entrevista/entrevista_index.html; acesso em 9 de Julho de 2006]
[3] Entrevista com Carlos Zorrinho. Espaço: A oportunidade de Portugal. [xmp.com.pt/espacialnews/junho2006.phtml; acesso em 9 de Julho de 2006]

quinta-feira, julho 06, 2006

Tornando possível o inevitável...

Desde o final da semana que passou - não sei precisar bem a data - foi lançada online na página do Ministério da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior, uma Consulta Pública sobre a Reforma dos Laboratórios de Estado.
Uma vez mais, e com toda a transparência - típica e louvável do ministro tutelar - foi assim exposta e disponibilizada,até 30 de Julho de 2006, para recolha de opiniões de quem se interessar, uma reforma tão importante como a referida - o que, entre nós, quer dizer exactamente o mesmo que ASSUNTO CLASSIFICADO!
A reforma prevista é sustentada num relatorio [1] subscrito por um Grupo Internacional de Trabalho (GIT): Jean-Pierre Contzen (Bélgica) Professor convidado do Instituto Superior Técnico e Chairman of the Board of United Nations University/Institute of Advanced Studies e especialista que presidiu à comissão internacional de avaliação dos Laboratórios do Estado Portugueses, em 1997, e que cita Antoine de Saint-Exupéry:"Le futur ne doit pas être ce que l'on veut prévoir mais bien ce que l'on rend possible"; Elias Fereres Castiel (Espanha) - da Universidade de Cordoba, e reconhecido por trabalhos sobre agricultura sustentável, nomeadamente em regiões áridas; Pierre Papon (França) físico, especialista em física de materiais, Professor de física da 'École Supérieure de Physique et Chimie Industrielles de Paris e Manfred Popp (Alemanha), e quadro superior da Siemens, ligado ao consórcio tecnológico Profibus - sistemas industriais de automação.
A Equipa do GIT é, de facto, irrepreensível e SONANTE mas, para meu gosto, tem um pequenino inconveniente: é demasiado europeia!
É um coletivo tão EUROPEU, tão EUROPEU que, na compilação informativa preliminar efectuada, não expressam indicadores imprescindíveis à medida do interesse nacional da produção científica ou da real transferência de tecnologia actual/anterior efectuadas pelos nossos Laboratórios Associados (que, de acordo com o Observatório da Ciência e Ensino Superior, nos custaram 115 200 000 €, em 2003).
Aliás, nem sequer referem uma estimativa grosseira de custos da reforma que propõem e que, por sinal, se aplaudirmos que mencionam especificamente a imprescibilidade de se efectuar um plano estratégico integrado, é uma proposta excessivamente vaga - uma indecisão decisiva.
Exemplos do que acabo de referir:
O relatório indica como possíveis áreas de investigação com interesse: "energy comes at the forefront; it dominates the concerns of governments, affecting not only the economic operators but also the citizens. Other subjects that might lead to new orientations in current R&D activities would be: the relationship between agro-food, health and environment; land use change and its monitoring; and water scarcity".
O relatório sugere, simultâneamente, como lideranças para investigação, para essa mesma abordagem (?): Information and Communication Technologies, Global Security, Space e Natural Risks and Protection of the Environment.
___________
Palavra de honra, que cheguei a pensar que, entre as hipóteses, ainda acrescentariam ao texto do relatório, no ambito das variegadas possibilidades aventadas, qualquer coisa como... ou isso...
O que é certo é que, da massa de recursos humanos (19 405,7 equivalentes em tempo integral -FTE) da investigação nacional, 16% pertencem a Laboratórios Associados e 57 % a instituições de ensino superior; isto tudo, para lá, de haver atrasos em ressarcimentos de despesas de investigação. Como os próprios relatores nos dizem - é importante a Autonomia Financeira e não a Independência das Instituições.
Não sei o que diga - mas ou, de facto, se sistematiza, seriamente, todo o sistema - coisa que todos sabíamos ser necessária - ou apenas nos esforçaremos todos muitíssimo para "tornamos possível o inevitável".

Referência:
[1] www.mctes.pt/docs/ficheiros/GIA_report_May2006.pdf

domingo, julho 02, 2006

Graduados de educação terciária "chave-na-mão"

Quando pensamos em informações protegidas - "conversações de pé-de-orelha e sob a rosa"- convém lembrarmo-nos que um segredo só estará bem guardado, quando toda a gente o sabe, mas ninguém, intencionalmente ou não, o refere, menciona ou quer discutir.Incluo, nesta categoria, os resultados do "Forum on the future of higher education" dos passados dias 27 e 28 de Junho, de 2006, do qual não se ouve falar, mas de que estão disponíveis, poucas referências. Dos comunicados distribuídos à imprensa internacional, pela sua importância, destacaria dois:1º - Para quem ainda imagine poesia sobre o financiamento da educação superior, leia:Business and Industry Advisory Committee to the OECD (BIAC). "Statement to the 2006 OECD Meeting of the Education Committee at Ministerial Level" [1], de onde extraí:
"We are aware that many institutions have successfully included and developed the provision of training and research activities into their educational systems. However, we believe that there is still more work to be done. BIAC believes that advanced vocational education, i.e. polytechniques and other continued technical education and training, should be actively promoted as a complementary option to traditional higher education systems. Besides e-learning, vocational education is a very useful instrument to achieve higher education for all, especially for those without high levels of traditional academic education..."
2º - Para quem ainda acredite que a globalização imposta a todos os serviços, pelo General Agreement on Trade in Services, exclue a educação, e é apenas uma fantasia já morta, seca, arreganhada, com a boca cheia de formigas, leia: Trade Union Advisory Committee to the OECD (TUAC). "Statement to the 2006 OECD Meeting of Ministers" [2].
Efectivamente, o futuro da nossa educação superior, ciência e tecnologia está a ser, estrategicamente, decidido fora de Portugal há muito tempo (1997), numa lógica de competição sem precedentes, e não adianta nada querermos uma coisa qualquer que nem sequer soubemos/sabemos definir, atempadamente, porque as nossas pretensões não se concretizam mesmo, caso contrariarem o planeamento estratégico global, que nos transcende (eu digo que felizmente) - no caso presente, pela OCDE, mas não está "sozinha" nisso.