sábado, dezembro 30, 2006

São 365 a estrear

Para os meus c(r)aros leitores,
deixo no endereço abaixo (*****) um esquema de distribuição dos 365 dias de 2007 - novinhos em folha, para que possam estudar, desde já, um plano de acção para todos os vossos bons e menos bons propósitos.
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Encerrem bem o ano 2006, este sim, um ano merecedor da compaixão de uma reforma antecipada, de tão velhotinho, cansado e gasto, logo desde principios do último Janeiro... e nem sequer se pode dizer que foi um ano bissexto! Tentei devolver, mas não aceitaram devoluções.

PS - Resolução pessoal, para este blog, para o ano 2007: aperfeiçoar o desempenho da bruxa malévola "do piorio", para todos os que, no meu entendimento, possam de alguma forma atrapalhar a educação terciária em Portugal.
Gosto de coisas planeadas e, assim, os meus c(r)aros leitores podem também cobrar-me o cumprimento da promessa, se bem que,...sabem?,... não me irá custar muito esforço.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

O problema do ensino superior Português é "não ser icterícia por uma unha negra"

Por desfastio ou puro vício, andava eu a peregrinar, pelas notícias "online" e dei de caras com um artigo do Jornal Notícias, subscrito por Alexandra Marques, intitulado "Universidade do Porto é a que produz mais doutorados no país".
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Toda a gente já sabe que, para uma larga banda da nossa comunicação social, muitas instituições de ensino superior fazem tudo de tudo, e de tudo fazem "excessivamente" muito, por isso, não tive qualquer interesse em apurar pormenores sobre a produtividade da referida instituição, mas o mesmo já não digo sobre o seguinte extracto da mencionada notícia:
"Endogamia e mobilidade na universidade portuguesa" foi o tema do debate sobre por que é Portugal o país da Europa com maior índice de endogamia, ou seja, de contratação de docentes da própria instituição em detrimento de candidatos externos - 91% face aos 88% da Espanha, muito longe do 1% da Alemanha.
Um inquérito realizado pela OCES a 3800 doutorados mostra que de, 2000 a 2004, 43,7% ingressaram de imediato na instituição em que obtiveram o grau académico e, quatro anos depois, essa taxa era já de 57,5%. "
Mantendo-se a taxa de formação a nível de doutoramento (porque, na verdade, há um acréscimo médio anual de 315 doutorados desde 2000, e em 2005 já eram 1.177 - ver aqui no Quadro 7) a par das condições descritas no artigo do JN, "o deadlock"* do ensino superior, reforçado por práticas continuadas de endogamia, custará todos os anos aos cofres públicos, mais de 76 Milhões de euros, valor este que crescerá anualmente, duplicando a cada 4 anos.
A pergunta que faço é: se não estaremos nós a produzir doutores, apenas para produzirmos mais doutores que possibilitem a ampliação de maior número de doutores, porque a comprovar-se a informação do artigo, fica demonstrado que os mais do que 50% dos doutorados produzidos pelas nossas universidades não podem aspirar a qualquer outro horizonte profissional, para lá das fronteiras das suas instituições de origem, ou de entidades pouco claras, delas derivadas - caso de parques de base tecnológica e das mais diversas e imaginativas iniciativas embrionárias de pseudo-empreendedorismo estatal - e tudo isto parece ser financeiramente inviável, em países com problemas tão primários, como ainda é o nosso.
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Por causa da lógica ou da falta dela nas políticas de educação em Portugal, que transformaram todo o sistema num paradoxo ingovernável, fui reler uma passagem do Catch-22 de Joseph Heller, que aqui transcrevo:
"....His specialty was alfalfa, and he made a good thing out of not growing any. The government paid him well for every bushel of alfalfa he did not grow. The more alfalfa he did not grow, the more money the government gave him, and he spent every penny he didn't earn on new land to increase the amount of alfalfa he did not produce. Major Major's father worked without rest at not growing alfalfa. On long winter evenings he remained indoors and did not mend harness, and he sprang out of bed at the crack of noon every day just to make certain that the chores would not be done. He invested in land wisely and soon was not growing more alfalfa than any other man in the county. Neighbors sought him out for advice on all subjects, for he had made much money and was therefore wise. "As ye sow, so shall ye reap," he counseled one and all, and everyone said Amen."
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É, é isso mesmo: o ensino superior parece estar a tornar-se num estranhíssimo e intricado problema de saúde organizacional que "só não é icterícia por uma unha negra", porque se fosse icterícia seria tratável, e se o não fosse "o doente" teria rapidamente alta.
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PS 1 - apesar disto tudo, ou talvez por causa disso, estou a ficar totalmente insensível - nem ligo nada para questões de endogamia - porque esta é apenas mais uma das consequências nefastas de opções instituicionais com pouca atração para o arejamento do seu património de saberes/valores, para além dos próprios muros, e que se sentem bem a viver em territórios bem demarcados, preferencialmente, protegidos pelos poderes públicos; pois até "acho muito bem" e têm toda a minha bênção! Isto claro, desde que não argumentem insuficiência de recursos financeiros e que, para ultrapassarem os seus sufocos de "caixa", há que "racionalizar a rede" não explicando a ninguém como, mas deixando depreender aos não iniciados, que a racionalização implica natural e necessariamente "encerrar escolas/cursos" não especificados, podendo ser quaisquer umas/uns desde que nunca as suas/seus próprias/próprios - são os costumazes adeptos de Metodologias NIMBY, tão em voga em Portugal.
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PS 2 -* A imagem do post é um "deadlock" e o assunto está explicado pelo Departamento de Computer Science, do Rensselaer Polytechnic Institute (aqui), onde fundamenta bem situações aplicadas a questões informáticas, mas generalizáveis a outras tais como a descrita para o ensino superior português e a da imagem, por:
"In order for deadlock to occur, four conditions must be true:
  1. Mutual exclusion - Each resource is either currently allocated to exactly one process or it is available. (Two processes cannot simultaneously control the same resource or be in their critical section).
  2. Hold and Wait - processes currently holding resources can request new resources.
  3. No preemption - Once a process holds a resource, it cannot be taken away by another process or the kernel.
  4. Circular wait - Each process is waiting to obtain a resource which is held by another process".
PS 3 - Pois, eu não sei não, mas se não estamos exactamente assim e por "aí", estudando o "mapa da mina", não dá muito para duvidar, sobre as coordenadas do lugar.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Já que ninguém gaba...ponho eu a boca no trombone

Um júri constituído por representantes de cinco continentes seleccionou 94 projectos, de entre cerca de 700 concorrentes, um dos quais um projecto de uma instituição politécnica portuguesa, para lhes atribuir um prémio -"World Award for Sustainability"(7ª edição).

National ENERGY GLOBE WINNER
Country: Portugal
Applicant: Escola Superior Agraria de Coimbra (ESAC)
Title: EMAS@SCHOOL - Environmental Management and Audit Scheme Implementation at a Complex School
Trata-se de um projecto europeu, no valor de 1,5 M€, com financiamento internacional.

Felizmente, que as candidaturas ao financiamento do projecto e também ao prémio foram mesmo internacionais, dispensem-me de explicar porquê.

Por vezes, o subsistema politécnico deveria sentir orgulho e divulgar alto e bom som o que faz e, mais do que isso, o que poderia fazer.
Mas, como ninguém diz nada,.... mesmo de nada valendo e muito poucos sabendo do elogio, gabo eu.
Parabéns ESAC! Não pelo prémio ou pelo projecto, mas pela política estratégica da Escola, que permite estas ambições e as pequenas glórias quase secretas dos seus autores colaboradores, e que traduzem um rumo institucional bem definido, para o sucesso.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Muitos casquilhos, mas pouca luz














Via blog "Que Universidade?", fiquei a saber da publicação num outro blog "Viridiarum" de (mais) uma (outra) entrevista do Senhor Reitor da Universidade de Lisboa, que suponho ser intitulado "Como quem sabe o que diz (e isso é raro)".
Não sei porquê, nem Freud explicaria, quando este Senhor Reitor arenga de sua justiça a respeito do MCTES, acontece-me invariavelmente o seguinte:
- Em primeiro lugar tenho a certeza que desbobina sempre um refrão (deve ser uma pessoa consistentíssima) e como repete as mesmíssimas opiniões, a propósito de tudo e de nada, por umas 4 ou 5 vezes (ou +) no último mês, concordo com a autoria do post que ele é uma raridade. E é uma raridade tão rara, tão rara, que só a posso classificar de raridade em extinção de alta frequência - um quetzal - e, tal como o quetzal, é só procurar no lugar certo e lá 'tá ele; no caso deste reitor, é só procurar um espaço por escrever ou uma orelha para botar discursadura, e aí está o reitor a dizer: "e os pesos, as medidas, os acordos do MIT e etc..., e o dinheiro a menos que irá receber (este decréscimo vai aumentando de dia para dia, e pelos vistos na ULISBOA, no dia 18 de Dezembro já ia em 15%, ....ena pá!...- da próxima vez, eu gostava muito de ver estas suas contas Senhor Reitor).
- E, justo eu, que sempre que penso no MCTES, vou verificar os meus protocolos e stocks de produção de curare (que sei produzir muito bem, por isso, não me tentem!), assim que esse reitor abre a boca, invariavelmente, dá-me ganas de sair a terreiro em defesa do referido ministro - e isto, é que NÃO PODE ACONTECER!
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E foi assim que, depois de ter escrito um cartãozinho da época para dedicar aos meus caros e raros leitores, ao invés de o publicar hoje como tinha pensado, aqui estou eu de madrugada a não me apetecer mesmo nada matar o ministro de cinco em cinco minutos....e, isto é que me incomoda, muito mais do que se imagina.
Senhor Reitor, que também foi ou é professor, explique lá mais uma vez para os que não percebem nunca nada como, por exemplo, eu:
- Diz o Senhor nessa entrevista que o Senhor Ministro deveria fechar escolas, ... 'tá certo, bem lembrado! E, então diga-me lá Senhor Reitor, exactamente, que Escolas o Senhor Reitor fecharia se fosse o ministro, e os critérios com que explicaria o encerramento que propõe, já que se permitiu referir que a rede nacional é um absurdo. Eu sei que o Senhor tem muitos direitos a opiniões porque paga impostos, mas olhe que, para meu azar, eu também...
- Diz o Senhor, nessa entrevista, que o Senhor Ministro "nem sequer explica como é que acha que devemos fazer ou podemos ser." Penso que ele falou, qualquer coisa como ser necessário enveredarmos em Portugal, por um processo de competitividade - se lhe exigirem mecanismos transparentes de garantia dessa competitividade - está tudo dito, ou não?
- Diz o Senhor Reitor, nessa entrevista, que o Senhor Ministro está a criar novas redes científicas, na verdade até está, e a minha pergunta é: O que sugere o Senhor Reitor, que o Senhor Ministro faça, com os laboratórios de estado, os laboratórios associados, uma boa parte (aí cerca de 50%) dos Centros Tecnológicos, e as 466 Unidades de Investigação (com os mais de 17,000 ETIs, aí integrados)? - todos sem uma estratégia definida.
- Diz o Senhor Reitor, nessa entrevista, que as universidades, "são os únicos sítios aonde faz sentido integrar jovens altamente qualificados", a respeito desta sua declaração, não percebo várias coisas mas uma delas é as universidades formarem pessoas cuja única finalidade é integrarem a sua própria ou a universidade da troca, já por si ambas extra-super-lotadas?
É para isso que reivindica financiamento?
Esta seria, hipoteticamente, a sua solução?
Veja lá, se pensa numa solução mais exequível.


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E, na verdade, eu preferiria, como diz a OCDE, resolver o caso da articulação secundário-superior, que permitisse, por exemplo, num prazo de dez anos aceder a cerca de mais 400,000 jovens por ano, a um melhor nível educacional do que aquele que até agora conseguimos - porque diz o povo, e tem razão, o óptimo é inimigo do bom.

É que, se esses 400,000 alunos ingressarem no ensino superior, serão eles a impulsionar o desenvolvimento, visto que é a população em geral que sobe o nível de conhecimento e que pode puxar pelo país - e não os 1,000 doutorados por ano produzidos pelas nossas universidades, sobretudo, se o destino deles for, como depreendo que gostaria, tornarem-se funcionários públicos ou para-públicos. Isso sim, seria um desperdício, sobretudo, para os próprios formandos porque, como sugere, são pessoas realmente entusiasmadas e o funcionalismo público é pouco desafiante e deixa sempre o pessoal à mercê de opiniões de ministros, ou seja, muito desapontado.
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Entretanto, vou dedicar-me a coscorões e filhoses, fiquem bem, logo a seguir ao Natal estou de volta.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Competências e competitividade

É só para lembrar aos meus r(c)aros leitores um artigo subscrito por Pedro Sousa Tavares, publicado no Dário de Notícias online de hoje (18-12-2006) intitulado:
"Portugal precisa de investir mais no ensino superior para ser competitivo", de onde extraí:
"É preciso expandir o número de pessoas que entram no superior, universidades e politécnicos. Para isso, desde logo, há que subir a qualidade no ensino secundário, para que mais pessoas cheguem a este nível.
Depois, é desejável que a maioria destas novas pessoas vá para os politécnicos, porque é aí que se obtêm competências especializadas que faltam no mercado de trabalho. Se o fizerem, a fórmula de financiamento terá de levar isso em conta. A política para o sector deveria ser fortalecida no sentido de promover maior diversidade de cursos, valorizando a capacidade destes para atrair alunos."
Estes excelentes conselhos são de Abrar Hasan - chefe da Equipa da OCDE, que apreciou o ensino superior português, custarão meios financeiros que não parecem nada abundantes e também fortíssimos ajustes de competências de docência, que teríamos que encontrar e, infelizmente, não passam só por pós-graduações ou doutoramentos convencionais - isto é, a experiência de quem ensina as formações, necessárias ao país, não poderá passar exclusivamente por revisões bibliográficas ou por só ouvir dizer a quem, por sua vez, as tenha feito, como a maioria dos nossos docentes dos politécnicos e universidades e também, na melhor das hipóteses, dos políticos-professores que vêm, há décadas, decidindo sobre as questões de formação em Portugal.
Ficam a boa intenção daquelas recomendações, e também a prova irrefutável que os relatores da OCDE pensam muito melhor quando pensam sozinhos.

sábado, dezembro 16, 2006

"Just in case" ou "Just in time?"

Ao contrário do crocodilo da fotografia aqui ao lado, hoje, não estou particularmente bem humorada.
Porquê?
Porque:
As opiniões ou juizos de valor de/sobre qualquer pessoa, entidade ou instituição merecem-me todo o respeito, e são para mim sempre valiosas, mesmo quando não concordo com elas; mas, para me dar ao trabalho de sequer os considerar, é um requisito básico, que críticas discriminatórias positivas ou negativas sejam acompanhadas da sua respectiva justificação - tudo o resto são fuxicos de cafézinho forte e beberrico de água.

Ainda não tive tempo, e não o terei tão depressa, por isso, só passei os olhos sobre o que a OCDE entende à-cerca da educação terciária portuguesa.
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Não sei se a equipa da OCDE entende alguma coisa da educação terciária portuguesa ou não, o que sei é que não estava à espera de ver escritas, num relatório com essa responsabilidade, frases soltas - como esta "Quality also varies across institutions. Universities are more selective than polytechnics and typically provide better quality teaching" - sem a respectiva análise crítica - sobretudo, se forem depreciativas ou, como cheguei a ouvir: esse tipo de afirmações são políticamente assassinas. A ausência de definição do conceito de qualidade usado nesta infeliz expressão do Relatório, do meu ponto de vista, assassinou a qualidade do mesmo.
É que frases como essas são, gratuitamente, lesivas ao não serem imediatamente explicadas as circunstancias relativas das instituições em apreço, no caso, de Universidades e Politécnicos: por exemplo, para os politécnicos, desde logo, porque não têm a mesma autononomia nem margem de manobra, há menos financiamento em Orçamento de Estado para funcionamento unitário-aluno, e para os seus docentes fazerem a formação ao nível de pós graduação e MUITÍSSIMO MENOS FINANCIAMENTO PARA INVESTIGAÇÃO, os docentes dos politécnicos pagam propinas nas suas pós-graduações, os docentes dos politécnicos têm maior carga lectiva, e maior número e diversidade de matérias a leccionar, os politécnicos não contam com cérebros ou mão de obra gratuitos, à força, para melhorarem os seus indicadores de investigação, e o seu financiamento para investigação - este situou-se em apenas 5% dos investimentos públicos do sector.
Assim, sem subtrair responsabilidades ao tudo o que se faça de menos bem nos politécnicos, rejeito liminarmente apreciação qualitativa da OCDE. Na verdade, os politécnicos fizeram o que lhes foi pedido ou autorizado superiormente, e muito mais, com os fracos recursos disponíveis - e isto é uma interpretação possível de Qualidade. Neste específico caso não tenho dúvidas.
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Ainda não sei rigorosamente mais nada quanto ao resto deste relatório, mas vou saber e dir-lhes-ei mas, à primeira leitura de través, o que me parece é que tudo o que a Equipa da OCDE diz dos politécnicos resume-se, exclusivamente, ao que lhe foi soprado para, circunstanciada e selectivamente, aí ser dito - assim, foi instrumentalizada como que uma espécie de pauzinho ideológico de Mao Tse-Tung... o que é lamentável.
E, por favor, não ponham "as informações previlegiadas 'na boca' da Equipa OCDE" como naturalmente deduzíveis a partir do conteúdo do Background Report - porque este, sendo um documento factual é pelo menos sério, e há menções no Relatório da OCDE que referem condições muito recentes e referidas "en passant..." - ou seja, desculpem-me mas houve muito "espírito santo de orelhas" - o que é muito lamentável.
O que se pode constatar em Portugal é que existem muitas formações politécnicas - é só verem-se estatísticas dos locais de trabalho (se são empresas públicas, para-públicas ou privadas) dos seus formandos quando alguém se quizer dar a esse trabalho - que oferecem aos seus formandos, numerosas vantagens competitivas (empregabilidade, que é um conceito diverso de emprego/tacho - este garantido, só para alguns, desde os bancos de escola) e a custos muito inferiores para o país, não porque sejam melhores ou piores que as suas congéneres universitárias mas, tão somente, porque são efectivamente diferentes.
Importaria muito sim avaliar, por formação-instituição, em que percentuais as formações custeadas por fundos públicos, estão a formar profissionais que podem/estão/devem exercer actividades que aumentem ou diminuam a dívida pública. Mas, quem se rala?
Por outras palavras, e para concluir, o que está a acontecer, em Portugal, é que o subsistema politécnico para os políticos, tutela e demais responsáveis não tem sido considerado como um subsistema de ensino superior "just in time", pelo contrário é, permanentemente, desconsiderado como uma opção - plano B ou de "just in case" - e a consequência não vai ser a simples minorização do subsistema mas, tão somente, um prejuízo real para todos - o que é ainda mais lamentável.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Quantos pinguinhos de água tem um tsunami?

Diz-nos hoje de madrugada, Madalena Queirós, no Diário Económico "online" que:
"Representante nacional em Bolonha demite-se em ruptura com Gago.
Portugal deixa de ter representante no grupo de acompanhamento do processo de Bolonha. Pedro Lourtie demitiu-se do cargo devido à falta de uma estratégia para a Presidência portuguesa da UE".
Pois...caríssimo Professor Pedro Lourtie, há gotas de água, ondas de maré e tsunamis... de vez em quando as pessoas são vítimas de uns, mas de vez em quando são outros, que se apanham pela proa.
No seu caso,... bom....
Não há dúvida é que, em qualquer dos casos, é só água,...
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PS - Recebi ontem um email, a perguntar-me o que ando eu a fazer sempre de madrugada na internet?
É assim:
1) Nem todos podem cirandar na internet durante o dia, e o meu turno de internet é meia noite - 8:00 AM.
e
2) Hoje, por acaso, até andava só a tentar perceber bem, o conceito de Qualidade.
Não atinei!
Amanhã, se tiver tempo explico-lhes porquê. Pode ser?
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Então, até amanhã e, provavelmente, de madrugada.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Governo (in/em)directo!!!!!!!!! INOVAÇÃO!

Este MCTES, psicologicamente, é tal qual a minha avó paterna - poupava-se SEMPRE muito tempo, discussões vãs, dinheiro, reclamações e choradeiras, se concordássemos LOGO TODOS com ela.
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Ora vamos lá a demarcar as fronteiras que Sua Excelência o Senhor Ministro tanto queria e, na verdade, todos nós sabemos, que sempre quiz como governante, pelo menos, desde 1995.
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Quem mandou? Ele? ? Não!!!! Foi a OCDE, claro!
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Através do Jornal Público ficou-se a saber em directo do próximo documento que irá servir para a governação indirecta do sector.
"Polytechnics should be specifically tasked to develop employable graduates with advanced technical skills and practical knowhow, underpinned by analytical, problem-solving and communication abilities of a high order....They should be resourced specifically to develop new delivery modes and services to meet the diverse learning needs of an enlarged student body."
.......
A variety of new pathways will need to be opened for learners, including post-secondary and further education diploma courses and short-cycle degrees. For each level of award, the qualifications of university graduates and polytechnic graduates should be defined separately and distinctively. The different roles of universities and polytechnics should be clarified in terms of the different capabilities and attributes expected of graduates who successfully complete a programme of studies leading to the award of a Portuguese qualification. The CCES should have a central role in that regard.
........
Não tive tempo de ver se o relatório também recomenda que as universidades devam ser muito encorajadas a serem politécnicos - a algumas, dáva-lhes um jeitão! O sonho de muitas delas é ainda tornar este país num imenso Politecnicosal

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Enquanto se passeia, por aqui e por ali.

Hoje recebi, por mail, um link para este blog "Por Educar", e Post: "O Custo da Não-Qualidade".
Para mim, valeu a visita, e para todos (os poucos que passeiam por aqui) ficam as "coordenadas de lá":
http://poreducar.blogspot.com/2006/12/o-custo-da-no-qualidade.html - é um nó da rede temática da Educação Terciária - dominantemente, dedicado à Engenharia da Qualidade.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

segredos, apostas e uma futura vida mansa

Para grandes males, remédios óbvios!
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Quando qualquer situação parece ser demasiado complicada, o melhor é discuti-la abertamente, sendo a única regra - jamais incrementar passos de "segredo".

MJMATOS, autor do blog "Que Universidade?" está a centralizar, as declarações de interesse de todos os "bloggers" vocacionados e interessados em discutir, abertamente, quaisquer questões ligadas à Educação Terciária.

A ideia de base é juntarmos, numa data a definir do próximo Janeiro, eventualmente, em Coimbra - só por ser "Central" e por dispormos de apoio logístico - os bloggers dessa temática, empenhados em apresentar e discutir ideias concretas para o sector.
A aposta que faço com os leitores destes blogs é que no Janeiro seguinte (2008), esses bloggers ficarão todos sem assunto ou, quanto muito, circunscritos a divulgar, exclusivamente, boas notícias no domínio do Ensino Superior.
Conseguirão?
Claro, c(r)aro Leitor deste blog! Mas que dúvida.... , olhe, até lhe digo mais, essa incerteza nem parece sua!

terça-feira, dezembro 05, 2006

Fusões e aquisições

Hoje, às 2006-12-05, 00:05, um artigo* de Madalena Queirós do Diário Económico, Edição Impressa - Universidades, intitulado "Mariano Gago admite fechar universidade em Lisboa" dá-nos conta que, desde a 5ª feira passada, "o ministro do Ensino Superior lançou a ideia numa reunião com os reitores. Nova, Clássica, ISCTE e Técnico, uma delas pode fechar.
"Uma das quatro universidades públicas em Lisboa poderá encerrar". "Esta é uma das hipóteses que está a ser ponderada pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, no âmbito da reorganização da rede de estabelecimentos de ensino superior que deverá avançar no próximo ano, seguindo as recomendações do relatório da OCDE que será divulgado na próxima semana".
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Pelos vistos:
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» As Universidades e o Senhor Ministro entraram em época de defeso, por isso, já há quem saiba dos Próximos Milagres...., perdão, dos conteúdos do Relatório da OCDE.
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» Quanto às fusões, aquisições e OPAs, e, já que está com a mão na (em tão pouquita) "massa", faça o favor de continuar, por aí, Senhor Ministro... está a ir muito bem!... Até chegarmos ao "ratio" de 1 Universidade/1 Milhão de Habitantes.
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*ver em:
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/universidades/pt/desarrollo/716188.html

domingo, dezembro 03, 2006

Comprimento de onda da actual censura:~ 440 - 485 nm

Hoje, neste blog, publico o pensamento de Joaquim Sande Silva, escrito por ele próprio, na madrugada de 28 de Novembro de 2006; pensamentos e insónias esses, seguramente, compartilhados por muitos dos seus pares:

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"Escrevo a propósito do programa Prós e Contras da RTP1 de 27 de Novembro dedicado ao ensino superior em Portugal, na esperança de que possa ter algum eco na comunicação social.


O sentimento que me leva a acordar mais cedo para escrever este texto, é de desilusão, e de alguma revolta perante aquilo a que assistimos ao longo das cerca de 3 horas de duração do referido Programa.


Por outro lado, o motivo que me leva a escrever prende-se em boa parte com a necessidade de tentar esclarecer algumas ideias erradas que certamente ficaram na mente dos telespectadores que assistiram ao Programa. Para essas ideias erradas contribuiu não só o próprio planeamento e condução do Programa mas contribuiu também a fraca representação feita pelo senhor presidente do CCISP (Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos).


Na verdade assistimos a um tratamento desigual e a uma subalternização clara do Ensino Politécnico ao vermos a Plateia dividida entre Reitores das Universidades e os "outros". Na primeira fila do lado dos "outros" encontrava-se a figura algo acanhada do presidente do CCISP juntamente com o vice-presidente da PT e vários representantes das Universidades privadas. O tempo de antena foi claramente desfavorável ao único representante do Ensino Politécnico, que apenas pôde intervir uma única vez, quando comparado com o tempo dado ao Ensino Privado e sobretudo com o dado ao Ensino Universitário.


Os telespectadores provavelmente nem sequer se terão apercebido que esse curto tempo de intervenção serviu para representar mais de um terço de todo o universo do ensino superior em Portugal, tal como foi timidamente referido pelo presidente do CCISP.

Durante essa curta intervenção o representante do Ensino Politécnico pouco mais conseguiu que tentar defender-se das admoestações da moderadora questionando insistentemente porque razão não havia iniciativas no sentido de ultrapassar a situação de dispersão de muitas das escolas que foram criadas em zonas menos favorecidas socialmente e que hoje se encontram com poucos alunos e com um corpo docente pouco qualificado. Os espectadores ficaram assim com a noção de que mais de um terço do ensino superior em Portugal é ministrado nessas condições, reflectindo uma má utilização de meios devido ao "deixa andar" de governos anteriores que deixaram criar escolas ao sabor das conveniências locais.

No entanto o que não foi referido foi que na verdade se trava uma guerra surda que poucas vezes tem eco nos meios de comunicação social, entre universidades e politécnicos, dado que ambos os sub-sistemas concorrem, de forma desigual diga-se, pela captação de alunos.

O que não foi dito foi que se tenta, independentemente das competências instaladas em cada instituição, remeter o Ensino Politécnico para um gueto onde apenas possam dar Cursos de Especialização Tecnológica e licenciaturas. Foi essa por exemplo a tónica do protocolo humilhante que foi proposto ao Instituto Politécnico de Coimbra (IPC) pela Universidade de Coimbra de forma a tentar criar nichos de mercado pela captação de alunos que favorecesse claramente a universidade, colocando o IPC em clara subalternidade.

O que os telespectadores não ouviram foi que se tenta a todo o custo dividir o ensino superior em Portugal em ensino de primeira e ensino de segunda, com base exclusivamente no estatuto universidade/politécnico sem atender ao mérito das instituições. Todo este status-quo é resultado da imensa pressão das universidades nesse sentido e vai completamente ao arrepio das indicações de harmonização e de uniformização do espaço europeu do ensino superior dadas pelo Processo de Bolonha. Na verdade o ensino virado para o mercado de trabalho e com um ciclo de 3 anos já era praticado pelas escolas do Ensino Politécnico antes do processo de Bolonha. Por outro lado é por demais evidente que apesar das diferentes condições dadas aos sub-sistemas de ensino, os alunos acabam por competir exactamente no mesmo mercado de trabalho.

Teria sido esclarecedor que o presidente do CCISP pudesse ter referido o inferior financiamento por aluno dado ao Ensino Politécnico, a pesadíssima carga lectiva a que estão sujeitos os docentes, a inferior autonomia no que toca à criação de cursos e a extrema dificuldade dos seus docentes em progredir em termos académicos, devido a estes constrangimentos.

Teria sido interessante que o público soubesse que, apesar de previsto na legislação, o Governo não aprovou até agora uma única proposta de criação de mestrados a cargo do Ensino Politécnico.

Teria sido também interessante que se soubesse que, apesar de inscrito na campanha eleitoral do PS, não foi criado um sistema de funcionamento dos diferentes graus académicos baseado na competência das instituições e não no rótulo universidade/politécnico, estando logo à partida vedada a atribuição do grau de doutor pelos institutos politécnicos, independentemente das competências que tenham. Deste modo a competição entre instituições e o premiar o mérito de quem o tem, tão alardeados pelo ministro, jogam-se assim num campeonato com duas divisões, em que os "clubes" da segunda nunca poderão passar para a primeira por muito que se esforcem. É injusto e é imoral e traduz apenas o imenso lobbie que é exercido pelas universidades junto do Governo.

Do debate não se vislumbrou sequer a indecisão do Governo sobre o que fazer com as instituições do Ensino Politécnico, quer com as que se encontram em dificuldades e que acabaram por fazer a imagem de marca "Politécnico" durante o programa, quer com as que conseguem actualmente captar mais alunos que as instituições universitárias congéneres e que têm competências instaladas que lhes permitiriam, se o sistema o deixasse, ir muito mais além. A única coisa que se percebeu é que se aguardam com ansiedade os resultados do relatório da OCDE sobre o ensino superior.

Mas que ninguém tenha dúvidas sobre os efeitos que a actual clivagem no ensino superior tem em Portugal, mesmo após a recepção do referido relatório.

Iremos de certeza continuar a assistir à guerra surda entre os sub-sistemas de ensino, com clara desvantagem do Ensino Superior Politécnico, face às condições de desigualdade de tratamento impostas pelas universidades, secundadas pelo Governo e, pelos vistos, por alguns jornalistas...

Joaquim Sande Silva"

sábado, dezembro 02, 2006

"Caveat emptor"

O título deste "post" é utilizado no sentido em que as informações que aqui se divulgam detêm exclusivamente o seu valor facial, os eventuais "compradores" não terão acesso a esclarecimentos adicionais ou direito a devoluções; a leitura e ou aceitação do que aqui disser é da inteira responsabilidade do leitor.
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Sabemos todos que tem sido permanentemente incentivado - pelos mais altos níveis académicos e das políticas científicas e tecnológicas do nosso país - a que a opinião pública acredite que somente a educação superior de elite, a investigação avançada ou o conhecimento "de ponta das pontas" são motores exclusivos de desenvolvimento - e este conceito é válido sim, mas quando falamos em algumas áreas do saber e níveis do conhecimento, em alguns processos e ou produtos/serviços mas sobretudo em algumas regiões (países) do globo. Não é esta a realidade do nosso país, pelo menos não da sua maior parte*. O motivo subjacente à forçagem desta ideia é restringir as possibilidades de actuação a um conjunto académico-politico "prosaico, atrasado e estupidamente arianico" muito selectivo de instituições e pessoas, querendo induzir a ideia de que sem esses guetos de "know-how" (ou melhor condomínios fechados e murados do saber - saber que só eles dizem que sabem - e de que o futuro saber, insistem, serão proprietários exclusivos), o país não avançará....

Bah! Meus amigos, é só "Banha da cobra ou chá de casca de cebola", quero dizer.... Balelas!

É meu pensamento (sou só uma cidadã comum) que o país não avança, porque nos está a faltar a preparação colectiva de equipa, e que não ganhará nada com os "pseudo estrelatos", (sobretudo se forem financiados por fundos públicos); isto, até um treinador de futebol "de várzea entre amigos solteiros-e-casados" sabe, mas nós não aprendemos nunca... Sobre este tema, falo-vos de bancada - sou do Sporting (roxinha)!!.

O nosso país, aliás, qualquer país só poderá progredir no seu desenvolvimento quando todos os cidadãos comuns e a iniciativa privada exigirem os avanços e se sentirem compelidos a participarem e a co-responsabilizarem-se no esforço necessário.
Falta ao processo de desenvolvimento português um elemento chave - a confiança de nós todos em todos nós, que induza também a confiança dos outros nas nossas capacidades, mesmo quando vivemos e trabalhamos em Portugal; porque fora das nossas fronteiras, felizmente, os Portugueses são até criaturas muito credíveis e de elevada fiabilidade. Isto tudo sugere que - para ultrapassarmos as nossas dificuldades não precisamos de elites que pensam que pensam mas de simples organização nacional e auto-confiança - o que nos irá consumir ainda muito tempo.
Não me peçam pormenores do presente "post" porque, mesmo que os soubesse - e não é o caso - não os divulgaria, e o motivo é "Caveat emptor"!


Digamos que estou numa de protecção da propriedade intelectual. No caso específico, divulgarei apenas os milagres mas não identificarei os santos, e é assim: Só nesta semana (curtinha), e reportando-me apenas a uma diminuta escola (~1000 alunos) do ensino superior politécnico que lecciona em algumas áreas de engenharia, fiquei a saber o seguinte:

I - Um formando, aluno médio, finalista de uma determinada formação, durante o seu estágio obrigatório de fim de curso de 2º ciclo de uma licenciatura bi-etápica (duração de 6 meses) não só evitou que uma pequena indústria encerrasse as suas portas e lançasse no desemprego uma vintena de trabalhadores, como ainda conseguiu que a mesma empresa já pense em aumentar a carteira de clientes, incremente a produção, e até em diversificar a sua actividade. Quem o disse, publicamente, durante a defesa do trabalho de fim de curso do referido estagiário foi o empresário que o acolheu no estágio, e que acrescentou "depois de saber como é, e o que poderia perder, terei muito mais cuidado na selecção dos meus futuros colaboradores a na origem da sua formação". Escusado será dizer que o estagiário ganhou "o trabalho e muito", e emprego? Sim, pode também até ser, mas duvido! O que é certo, é que irá continuar a trabalhar na empresa, para grande satisfação do patrão.
E, o que é que este estagiário fez? Aplicou, simplesmente, regras e normas adequadas de produção - transferiu tecnologia consolidada. Na mesma circunstância deste estagiário, agora engenheiro, em matéria de trabalho, estão todos os seus colegas de curso.

II - Um presidente de uma associação de largas dezenas de pequenos empresários da indústria de restauração agradeceu vívida, e publicamente, a participação de uma outra estagiária - (colega do primeiro), também aluna média, e finalista de 2º ciclo de uma licenciatura bi-etápica - declarou ele: "nós precisamos muitíssimo da ajuda de pessoas assim como a estagiária X (chamou-lhe engenheira X), por isso agradeço muito à escola que capacita o tipo de pessoas que nos fazem falta, e a oportunidade que nos deram".
O que fez esta aluna estagiária? Ela executou e implementou regras e normas adequadas ao Serviço prestado por esses pequenos empresários - transferiu tecnologia consolidada, adaptada à situação.

III - Um gestor de uma empresa (PRIVADA) acaba de solicitar a colaboração de estagiários e alunos finalistas de 2º ciclo de uma licenciatura bi-etápica para cooperarem no desenvolvimento de uma proposta preliminar de um projecto inovador, a efectuarem no âmbito de uma disciplina de Projecto, disciplina essa que desde sempre integrou o currículo da referida formação e que desde sempre inclui o respectivo plano de negócio detalhado.
Essa empresa, altamente competitiva e inovadora, aliás como muitas outras, está muito bem localizada no ranking de pedidos de colaboradores recem formados dessa escola, mas encontra-se como outras, em fila de espera, mas tem já a certeza de obter cooperação de que precisa, mas que também precisa de aguardar os alunos - só disponíveis para a tarefa a partir de Fevereiro de 2007.
Mais uma vez, o que é pedido, será de certeza assegurado - é que os alunos irão cumprir, como sempre, procedimentos, regras e normas de tecnologia consolidada adequados e adaptados, exactamente, ao que lhes é pedido - isto é, executarão simples transferência de tecnologia.

IV - A pequena instituição de ensino politécnico que aqui é considerada também se tem co-sustentado a 50% com verbas privativas - das quais, a maior parte são oriundas de projectos de I&D&i, com financiamento internacional, caso contrário teria, desde há muito, que dispensar colaboradores e .para o bem ou para o mal, não se pode dar a estes luxos.
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Bem sei que para se ser competitivo no actual e no futuro mercado global é preciso, essencialmente, saber-se como criar necessidades (caso dos telemóveis); mas, digam-me não seria um bom ponto de partida para Portugal, satisfazerem-se primeiro os requisitos reais dos pequenos e médios empregadores existentes* que são muitos mais, para estes poderem posteriormente aderir muito mais facilmente, e até de moto próprio, a ideias novas e arrojadas que venham a ser propostas directamente por eles ou por quem em que até já confiam?

É tal e qual que como diz uma pessoa minha conhecida: "Só conheço um tipo de tarefa que fica mais perfeita e garantida, quando se inicia por cima - a abertura de buracos!"

De qualquer forma "Caveat emptor" - os cidadãos do país é que pagam os impostos e são os clientes, daí que é sua obrigação assumirem também os riscos inerentes às escolhas das formações, que níveis é que querem privilegiar, e a quem querem confiar as responsabilidades de as garantir e gerir.

Uma coisa é certa! Todos teremos responsabilidades no que deixarmos executar - estaremos, por assim dizer, acorrentados e a cadeado, às boas e às más opções que fizermos ou, pior, que deixarmos fazer...
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* Segundo dados fornecidos pelo INE, relativos a 1998, as PME representam 99,5% do tecido empresarial, geram 74,7% do emprego e realizam 59,8% do volume de negócios nacional.