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Sabemos todos que tem sido permanentemente incentivado - pelos mais altos níveis académicos e das políticas científicas e tecnológicas do nosso país - a que a opinião pública acredite que somente a educação superior de elite, a investigação avançada ou o conhecimento "de ponta das pontas" são motores exclusivos de desenvolvimento - e este conceito é válido sim, mas quando falamos em algumas áreas do saber e níveis do conhecimento, em alguns processos e ou produtos/serviços mas sobretudo em algumas regiões (países) do globo. Não é esta a realidade do nosso país, pelo menos não da sua maior parte*. O motivo subjacente à forçagem desta ideia é restringir as possibilidades de actuação a um conjunto académico-politico "prosaico, atrasado e estupidamente arianico" muito selectivo de instituições e pessoas, querendo induzir a ideia de que sem esses guetos de "know-how" (ou melhor condomínios fechados e murados do saber - saber que só eles dizem que sabem - e de que o futuro saber, insistem, serão proprietários exclusivos), o país não avançará....
Bah! Meus amigos, é só "Banha da cobra ou chá de casca de cebola", quero dizer.... Balelas!
É meu pensamento (sou só uma cidadã comum) que o país não avança, porque nos está a faltar a preparação colectiva de equipa, e que não ganhará nada com os "pseudo estrelatos", (sobretudo se forem financiados por fundos públicos); isto, até um treinador de futebol "de várzea entre amigos solteiros-e-casados" sabe, mas nós não aprendemos nunca... Sobre este tema, falo-vos de bancada - sou do Sporting (roxinha)!!.
O nosso país, aliás, qualquer país só poderá progredir no seu desenvolvimento quando todos os cidadãos comuns e a iniciativa privada exigirem os avanços e se sentirem compelidos a participarem e a co-responsabilizarem-se no esforço necessário.
Falta ao processo de desenvolvimento português um elemento chave - a confiança de nós todos em todos nós, que induza também a confiança dos outros nas nossas capacidades, mesmo quando vivemos e trabalhamos em Portugal; porque fora das nossas fronteiras, felizmente, os Portugueses são até criaturas muito credíveis e de elevada fiabilidade. Isto tudo sugere que - para ultrapassarmos as nossas dificuldades não precisamos de elites que pensam que pensam mas de simples organização nacional e auto-confiança - o que nos irá consumir ainda muito tempo.
Não me peçam pormenores do presente "post" porque, mesmo que os soubesse - e não é o caso - não os divulgaria, e o motivo é "Caveat emptor"!
Digamos que estou numa de protecção da propriedade intelectual. No caso específico, divulgarei apenas os milagres mas não identificarei os santos, e é assim: Só nesta semana (curtinha), e reportando-me apenas a uma diminuta escola (~1000 alunos) do ensino superior politécnico que lecciona em algumas áreas de engenharia, fiquei a saber o seguinte:
I - Um formando, aluno médio, finalista de uma determinada formação, durante o seu estágio obrigatório de fim de curso de 2º ciclo de uma licenciatura bi-etápica (duração de 6 meses) não só evitou que uma pequena indústria encerrasse as suas portas e lançasse no desemprego uma vintena de trabalhadores, como ainda conseguiu que a mesma empresa já pense em aumentar a carteira de clientes, incremente a produção, e até em diversificar a sua actividade. Quem o disse, publicamente, durante a defesa do trabalho de fim de curso do referido estagiário foi o empresário que o acolheu no estágio, e que acrescentou "depois de saber como é, e o que poderia perder, terei muito mais cuidado na selecção dos meus futuros colaboradores a na origem da sua formação". Escusado será dizer que o estagiário ganhou "o trabalho e muito", e emprego? Sim, pode também até ser, mas duvido! O que é certo, é que irá continuar a trabalhar na empresa, para grande satisfação do patrão.
E, o que é que este estagiário fez? Aplicou, simplesmente, regras e normas adequadas de produção - transferiu tecnologia consolidada. Na mesma circunstância deste estagiário, agora engenheiro, em matéria de trabalho, estão todos os seus colegas de curso.
II - Um presidente de uma associação de largas dezenas de pequenos empresários da indústria de restauração agradeceu vívida, e publicamente, a participação de uma outra estagiária - (colega do primeiro), também aluna média, e finalista de 2º ciclo de uma licenciatura bi-etápica - declarou ele: "nós precisamos muitíssimo da ajuda de pessoas assim como a estagiária X (chamou-lhe engenheira X), por isso agradeço muito à escola que capacita o tipo de pessoas que nos fazem falta, e a oportunidade que nos deram".
O que fez esta aluna estagiária? Ela executou e implementou regras e normas adequadas ao Serviço prestado por esses pequenos empresários - transferiu tecnologia consolidada, adaptada à situação.
III - Um gestor de uma empresa (PRIVADA) acaba de solicitar a colaboração de estagiários e alunos finalistas de 2º ciclo de uma licenciatura bi-etápica para cooperarem no desenvolvimento de uma proposta preliminar de um projecto inovador, a efectuarem no âmbito de uma disciplina de Projecto, disciplina essa que desde sempre integrou o currículo da referida formação e que desde sempre inclui o respectivo plano de negócio detalhado.
Essa empresa, altamente competitiva e inovadora, aliás como muitas outras, está muito bem localizada no ranking de pedidos de colaboradores recem formados dessa escola, mas encontra-se como outras, em fila de espera, mas tem já a certeza de obter cooperação de que precisa, mas que também precisa de aguardar os alunos - só disponíveis para a tarefa a partir de Fevereiro de 2007.
Mais uma vez, o que é pedido, será de certeza assegurado - é que os alunos irão cumprir, como sempre, procedimentos, regras e normas de tecnologia consolidada adequados e adaptados, exactamente, ao que lhes é pedido - isto é, executarão simples transferência de tecnologia.
IV - A pequena instituição de ensino politécnico que aqui é considerada também se tem co-sustentado a 50% com verbas privativas - das quais, a maior parte são oriundas de projectos de I&D&i, com financiamento internacional, caso contrário teria, desde há muito, que dispensar colaboradores e .para o bem ou para o mal, não se pode dar a estes luxos.
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Bem sei que para se ser competitivo no actual e no futuro mercado global é preciso, essencialmente, saber-se como criar necessidades (caso dos telemóveis); mas, digam-me não seria um bom ponto de partida para Portugal, satisfazerem-se primeiro os requisitos reais dos pequenos e médios empregadores existentes* que são muitos mais, para estes poderem posteriormente aderir muito mais facilmente, e até de moto próprio, a ideias novas e arrojadas que venham a ser propostas directamente por eles ou por quem em que até já confiam?
É tal e qual que como diz uma pessoa minha conhecida: "Só conheço um tipo de tarefa que fica mais perfeita e garantida, quando se inicia por cima - a abertura de buracos!"
De qualquer forma "Caveat emptor" - os cidadãos do país é que pagam os impostos e são os clientes, daí que é sua obrigação assumirem também os riscos inerentes às escolhas das formações, que níveis é que querem privilegiar, e a quem querem confiar as responsabilidades de as garantir e gerir.
Uma coisa é certa! Todos teremos responsabilidades no que deixarmos executar - estaremos, por assim dizer, acorrentados e a cadeado, às boas e às más opções que fizermos ou, pior, que deixarmos fazer...
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* Segundo dados fornecidos pelo
INE, relativos a 1998, as PME representam 99,5% do tecido empresarial, geram 74,7% do emprego e realizam 59,8% do volume de negócios nacional.