segunda-feira, janeiro 30, 2006

Ele há silêncios que espalham mentiras...

Figura: Raio X de cogumelos - serão VENENOSOS?

Fonte:
No Jornal Expresso, edição de 28 de Janeiro de 2006, pode ler-se uma notícia intitulada "Conselho Coordenador critica o ante projecto do Ministério da Ciência e Ensino Superior Politécnicos sem doutores". O meu sentimento, quando li este artigo, foi inteiramente desconcertante, porque até concordei genericamente com a crítica do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) - pelo qual identificaram um critério muito penalizador para os estabelecimentos do Politécnico Público - incluído no Anteprojecto de Decreto-Lei: Graus académicos e diplomas do ensino superior - penso que se referiam ao seguinte articulado:

Só podem conferir o grau de mestre numa determinada especialidade os estabelecimentos de ensino superior que, nas áreas científicas integrantes da formação a ele conducente:
a) Disponham de um corpo docente próprio qualificado, cuja maioria seja constituída por titulares do grau de doutor ou especialistas de elevada competência profissional;
b) Disponham dos recursos humanos e materiais indispensáveis a garantir o nível e a qualidade da formação adquirida;
c) Desenvolvam actividade reconhecida de formação, de investigaçãoou de desenvolvimento de natureza profissional de alto nível.

Actualmente, não sei o que podem representar esses requisitos em termos concretos de exigência, para as formações universitárias mas, em certas formações politécnicas, parece obviamente ser um inoportuno excesso de zelo, e de eficácia discutível, daí a minha concordância genérica, com a preocupação do Conselho Coordenador. Todavia, foram propostos esses critérios, eles são de facto objectivos, e não afectam exclusivamente os politécnicos (áreas e ou formações), são também restritivos para algumas universidades (áreas e ou formações), algumas das quais mereciam até uma atenção especial pela sua localização geográfica, muito penalizante.

Pessoalmente, em questões decisórias, prefiro sempre que se assentem em regras e critérios conhecidos e objectivos - restritivos ou não - do que ficarmos dependentes do sabor dos acasos, dos humores ou dos tráficos de influências. Por isso, mal por mal, usem-se critérios! O ministério da tutela, a meu ver, neste particular, está de parabéns, por ter arrojado essa tentativa, concordando-se ou não com ela.

Por outro lado, não entendi nem o propósito nem o objectivo da fundamentação utilizada, pelo Senhor Presidente do CCISP, para se referir, sem ninguém perceber o por quê, à qualificação do corpo docente, em 2004, em termos de vantagem do percentual de doutorados, do Instituto Politécnico de Leiria, que hipoteticamente seria 41%, porque além do mais, este número está incorrecto!
A notícia parece mostrar que ele utilizou uma argumentação imprópria para comentar o problema efectivamente enunciado, e por ser inadequado ao contexto que disse querer defender - o diploma refere-se a áreas específicas das instituições e não à generalidade qualitativa dos recursos humanos das instituições - mas pior do que isso, como é uma informação errada, engana as pessoas mais desprevenidas. Se foi lapso de notícia, deve ser corrigida.

Na verdade, a consulta do Registo Biográfico de Docentes do Ensino Superior (REBIDES) referente aos registos aferidos a 31 de Dezembro de 2004 (http://www.rebides.oces.mces.pt/, acesso em 30 de Janeiro, 2006) tal como para todas as instituições de ensino superior, para essa instituição também, permite calcular com precisão o indicador do Instituto Politécnico de Leiria, que reportando-se ao ano de 2004, registos da data atrás referida - 31 de Dezembro de 2004 é sim, apenas 8,4% (isto é, 49 doutorados num total de 581 docentes). E também não é verdade, para mal de todos nós, que a instituição seja a melhor posicionada nesse indicador - antes pelo contrário, encontra-se a abaixo do valor médio, referido na notícia como sendo de 10,0%, para os politécnicos.
Aliás, uma outra instituição de um distrito vizinho - Instituto Politécnico de Coimbra demonstrou - às informações padronizadas, a 31 de Dezembro de 2004, pelas mesmas bases de dados REBIDES - para o ano de 2004, ter uma posição relativa muito mais favorável (90 doutorados em 663 docentes) do que a supra citada de Leiria, sobretudo, se nos dermos ao trabalho, de ir mais além no pormenor, e considerarmos também áreas de formação, tal como sugere o a proposta de diploma.
Os indicadores aqui referidos são obrigatoriamente aferidos no tempo e relativos, e têm apenas a importância que têm, mas - quando e sempre que precisem de ser utilizados - é prudente referir-se-lhes com todo o rigor, para não se difundirem ideias falsas ou induzirem-se valorizações ou desvalorizações totalmente imerecidas.

Assim, e para que não restem duvidas sintetizo:
Registo Biográfico de Docentes do Ensino Superior (REBIDES)
31 de Dezembro de 2004 - % Doutorados
___________________________________
Instituto Politécnico de Tomar .........................19,2
Instituto Politécnico de Castelo Branco ...........14,3
Instituto Politécnico de Viana do Castelo ........13,8
Instituto Politécnico de Coimbra* ...................13,6
Instituto Politécnico do Porto* ...........................12,0
Instituto Politécnico de Setúbal.........................10,4
Instituto Politécnico de Lisboa*...........................10,0
Instituto Politécnico da Guarda ..........................9,7
Instituto Politécnico de Viseu ............................ 9,7
Instituto Politécnico de Santarém ......................9,0
Instituto Politécnico de Portalegre .....................8,8
Instituto Politécnico de Leiria .............................8,4
Instituto Politécnico de Beja................................ 8,2
Universidade do Algarve (politécnico)................8,0
Instituto Politécnico de Bragança* .....................7,0
Universidade de Aveiro (politécnico)..................5,2
Instituto Politécnico do Cávado e do Ave ...........5,1
_______________________________________
MÉDIA 10,1

_______________________________________
* Politécnicos com centros de investigação acreditados pela Fundação de Ciência e Tecnologia
No mínimo, em intervenções públicas, de quem tenha obrigações de uma representação institucional de Educação superior politécnica, espera-se total rigor nas informações veiculadas, bem como isenção e contenção de opiniões diferenciadoras, se elas se reverterem em defesa infundada de causas próprias, especialmente, numa época difícil para todos, mas em especial para a Educação Superior portuguesa.

domingo, janeiro 29, 2006

Fractal & Fractais















Benoit Mandelbrot*demonstrou, entre de 1975-1980, que fractais são objectos ou fenómenos de caos, extremamente complexos e irregulares que podem ser criados, descritos e desenvolvidos por simples regras repetidas, já que são dotados de um padrão estrutural irregular em todas as suas possíveis escalas – se este conceito puder ser generalizável, é assim toda a política nacional de educação, em todos os seus níveis, sistemas e subsistemas, e também a sua reverberação nas vidas dos cidadãos.

Citação de Benoit Mandelbrot*
"Clouds are not spheres, mountains are not cones, coastlines are not circles, and bark is not smooth, nor does lightning travel in a straight line"


Fractal de Julia Embrace group http://www.art.net/~stowe/3d5.htm

Zeros e Uns….Um sistema binário, em auto-gestão, é só confusão!

Resolvi reeditar neste blog algumas das minhas escrevinhadelas, começo por esta, com uma versão revista:

“To retain respect for sausages and organization one must not watch them in the making”. Iron Chancellor. Otto Bismark (1815-1898)

Não se podia esperar que o documento (20 papelitos…) pomposamente intitulado Ensino Superior Consolidação [?] da Oferta Educativa (Versão final), subscrito por 14 individualidades que integram a “Comissão Especializada do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, para a Educação e Formação Inicial, Pós Graduada e Permanente”, pudesse de alguma forma contribuir mesmo que, remotamente, para a pretensa consolidação - uma vez, que esta pressupõe, indubitavelmente, o estabelecimento e a aceitação, por parte de todos os envolvidos, de uma estrutura efectivamente organizada e coordenada, que ainda não existe e que o referido documento não propõe.

Se a oferta de formação superior que existe, em Portugal como dizem os autores, apenas com base em designações dispersas e inconsistentes já pode, eventualmente, ser preocupante para o domínio público então, digo eu, após a divulgação do mencionado estudo, na sua versão final, com a eminência depreendida de ser adoptado como regra geral, então, aquela preocupação passa à certeza do total desnorte no sector.
Digo isto, porque a vigorar a generalização dessa versão “tal e qual”- constata-se que qualquer punhado de pessoas deste país pode, sem suporte legal ou legitimidade representativa, impor os seus pontos de vista sobre qualquer problema da nação, bastando, para o efeito - no caso do Ordenamento do Ensino Superior - escrevinhar nove páginas de “arengas, em circuito fechado, sobre os seus próprios pensamentos e reminiscências, e mais umas outras quantas páginas de listas de cursos e os respectivos acessos”– entraríamos, definitivamente, numa nova era – na qual, as opiniões avulsas, deficientemente estruturadas, por uma qualquer “oligarquia auto-organizacional ad-hoc” se pode tornar numa “lei geral”! Esta constatação, por si, é inadmissível em qualquer estado de direito. Mas, como entre nós tudo parece ser possível é, por isso mesmo, que se trata de uma ideia aterrorizante.

O documento produzido não pode passar daquilo que efectivamente é - apenas uma iniciativa sem fundamento de auto-regulação EXCLUSIVA do subsistema Universitário, embora os seus subscritores, arrogante e abusivamente, se tenham permitido emitir opiniões sobre o subsistema politécnico, que parecem desconhecer, pelo menos na sua totalidade, sem sequer se darem ao trabalho de auscultar a forma de sentir desse outro subsistema o qual, tanto quanto se sabe, é autónomo.

Ter-lhes-ia até sido útil, com essa consulta ou recolha de contributos, permitir que o seu “desmedidamente ambicioso” documento “final sobre consolidação” pudesse, eventualmente passar, desde já, de uma lista rudimentar, sobre designações e acessos, veiculada a coberto de uma redacção imperceptível, opaca em estratégia e objectivos, separatista, ambígua e dúbia - que, obviamente e sem desprimor, só pode prestar-se ao auto-consumo – e, neste contexto, não o comento. No entanto, tratando-se de um documento para consumo parcial deviam, pelo menos, ter tido a sensatez de nos poupar a todos, ao alarido que tem sido promovido, em torno da sua hipotética genialidade e importância.

Devo esclarecer que, inicialmente, depois de uma leitura superficial, subentendi que o citado documento visava apenas uma proposta genérica de racionalização de designações e de regimes de acesso aos cursos do “ensino superior” e, no que diz respeito, exclusivamente às engenharias, soava genericamente bem - pese embora, os autores terem criado e utilizado, por conta própria, mais uma nova classificação, sem lhe aduzirem qualquer fundamento. O que pode escapar ao leitor desavisado, como eu fui, é que a reboque, e a coberto das listas de designações e acessos vinha, sub-repticiamente, uma suposta consolidação, inteiramente arbitrária, que foi assumida e divulgada, na comunicação social, como “O” ordenamento do ensino superior.
Pela análise do documento, não se percebe como é que uma Consolidação da Oferta Educativa no Ensino Superior se pôde destacar do ambiente do mercado para a Procura Educativa do mesmo “Ensino Superior”, assim como, também não se percebe que a Consolidação da Oferta Educativa no Ensino Superior se possa desvincular das formações de montante e dos seus resultados. Todavia, espelha o facto que, do ponto de vista da referida Comissão do CRUP, questões como estas e muitas outras, são totalmente irrelevantes no processo.

Como, entretanto, se torna patente que qualquer um se pode arrogar ao direito de ditar regras aos outros, permito-me também a fazer uma contra-proposta de ordenamento da oferta educativa terciária, muito mais simples, devidamente fundamentada e, pelo menos, com muitíssimo mais interesse, para todos os Portugueses:
Como o subsistema politécnico é, via de regra, mais barato, em cerca de 350 Euros por aluno e por ano, talvez valesse a pena pensarmos repartir a distribuição dos alunos - não por cursos, hipotética, inexplicável, e, “preferencialmente, mais vocacionados” a um ou a outro subsistema, como refere a proposta da Comissão CRUP - e sim, por exemplo:
· A Totalidade das formações até ao final do 1º Ciclo – exclusivamente, leccionadas no Subsistema Politécnico;
· A Totalidade das formações do 2º Ciclo, em diante – exclusivamente leccionadas, no Subsistema Universitário.
Desta repartição horizontal das formações resulta, comprovadamente, uma Redução da Despesa Pública Nacional – no mínimo de 50,000,000 de Euros anuais – que representa aproximadamente 5% do Orçamento de Estado para o Sector.
Esse montante é diminuto mas podia, muito mais inteligentemente, com critérios, ser aplicado com utilidade efectiva em benefício da Educação Superior, em vez de contribuir para sustentar remunerações e tempo disponível, destinados a elaborações de opúsculos, tal como é o Ensino Superior Consolidação da Oferta Educativa (versão final) – extemporâneo, incompleto, interesseiro, enviesado, oportunista e, consequentemente, com eficácia muito discutível.
A presente contra-proposta teria ainda a enormíssima vantagem de separar de vez as águas da formação, entre os dois subsistemas, bem como, inclui de facto um elemento novo, que é a possibilidade de aperfeiçoamento organizativo essencial para que, de uma vez por todas, em Portugal, se projecte uma pirâmide correcta, em custos e número de formandos da Educação Terciária, efectivamente, adaptados e necessários ao país e com clara mais-valia ao nosso parco Orçamento de Estado - como tal – bom, para nós todos.
Nestas condições, a presente contra-proposta pode não agradar a muitos de um e do outro subsistema, pelas mais variadas razões mas é, comprovadamente, muito mais eficaz, racional e lógica – Zeros e Uns!

sábado, janeiro 28, 2006

Fractal

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Ten little indians

Sou tecnicamente viciada nos livros de Agatha Christie, que penso ser uma autora imbatível, no género mistério-suspense. O título do post de hoje, que lhe faz referência, ocorreu-me porque fiquei muito entusiasmada ao ler, no Jornal de Negócios on-line (http://www.negocios.pt/), que 10 “clusters” da nossa nacional burocracia irão ser assassinados. Que seja ledo e breve!

É uma pena que ainda seja uma previsão para o futuro, só que agora tem data, pelo menos, o mês anunciado - Março. Torço para que as iniciativas concretas que estejam previstas, da ordem de centenas, resultem em morte súbita e não em doença prolongada das vítimas.

Ten little Indians going out to dine

1. As escrituras públicas sobre actos relativos à vida das empresas serão facultativas.
2. O regime da fusão e da cisão de sociedades será simplificado.
3. Criação de uma modalidade de «dissolução e liquidação na hora» das sociedades.
4. De todos os livros de escrituração mercantil, só permanece o livro de actas.
5. Simplificação de autenticação e reconhecimento presencial de assinaturas.
6. Criação de um novo regime de prestação única de contas.
7. Criação de prestação única de informação à Segurança Social.
8. Eliminação da obrigatoriedade das certidões de inexistência de dívidas à Segurança Social e às Finanças.
9. Criação de “Marca” na hora.
10. Simplificação da prestação de informações pelas empresas industriais.


One went and choked his little self and then there were nine;
Nine little Indian boys sat up very late;
One overslept himself and then there were eight.
Eight little Indian boys traveling to Devon;
One got left behind and then there were seven.
Seven little Indian boys gathering up sticks;
One chopped himself in half and then there were six.
Six little Indian boys playing with a hive;
A bumblebee stung one and then there were five.
Five little Indian boys going in for law;
One got in chancery and
Then there were four.
Four little Indian boys going out to sea;
A red herring swallowed one and then there were three.
Three little Indian boys walking to the zoo;
A big bear hugged one and then there were two.
Two little Indians playing with a gun;
One shot the other and then there was one.

One little Indian boy left all alone;
He went and hanged himself
...and then there were none.

Só de imaginar a “caveira” da nossa burocracia com duas tibiazinhas cruzadas por baixo, fez-me ganhar o dia. No momento em que conseguirmos banir de vez os enleies burocráticos e os nossos “cria-casos ajuramentados” talvez possamos, de facto, começar a pensar em planos de desenvolvimento, em inovação em tecnologia e até em termos esperança de futuro.

Já iniciei a contagem regressiva...

quinta-feira, janeiro 26, 2006

A imprensa escrita é convertível em teclados dos governos

Não tenho bem a certeza, mas penso que quem disse qualquer coisa parecida com o título deste post foi Ministro da Propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels. Longe de mim querer recordar este pensamento, como referência a um nazi, mas antes porque só muito recentemente me dei conta, que essa ideia tenebrosa é uma realidade absoluta nos nossos dias, e em Portugal, mesmo aplicável em textos de opinião em páginas de internet.

Já tinha visto expressa uma preocupação parecida num outro blog UBIVERSIDADE, e até já tinha concordado com o blogger mas, estava muito longe de imaginar que podia ser extensível a blogs.
Fiquei chocadíssima por isso e ainda perante uma outra realidade, de natureza pessoal, que é o facto de ter que dar razão às pessoas que, volta não volta, me acham ingénua.


Tudo tem o seu lado bom, neste caso foi excelente, é que por causa de sentir que o meu pensamento podia ser de facto riscado por "lápis azuis virtuais", hoje resolvi criar este blog, sem lenço e sem documento.

Agora, resta-me pedir aos eventuais leitores, comentaristas ou bloggers sem alojamento - como eu até hoje, que tenham um pouco de paciência porque sou uma estreante nestas ferramentas, e tenho "os dedos gagos", mas daqui a uns quantos anos prometo ser perita.

Neste blog, opiniões são opiniões, e elas serão publicadas, mesmo que, pessoalmente, discorde delas e, se for este o caso e a discordância for muita, comentarei também ao vivo e a cores os comentários

Caso algum blogger queira ver um texto seu num post deste blog, é só remeter a sua proposta, para o endereço de mail abaixo.