A meu ver, a única coisinha em que a actual equipa governamental da educação superior se distingue com grande mais valia, relativamente, a todas as outras que a precederam, é que sabe mesmo fazer contas, diga-se o que se disser. Não as publicará como DEVERIA - o que é uma pena - mas encontrou com muita perícia, simplicidade e objectividade os valores do financiamento anual específico adaptado ao custo de cada curso - departamento/escola -universidade/politécnico, com base em racios bem conhecidos no número de alunos, inscritos a 31 de Dezembro, de dois anos antes, e devidamente registados em base de dados - DIMAS - "Inquérito Estatístico aos Alunos Diplomados e Matriculados no Ensino Superior", a que todas as instituições têm acesso.
Os valores de finnaciamento encontrados para cada instituição são corrigidos por um factor de coesão demasiado elástico, e dotado de excessiva longevidade.
Precavidamente, até costuma deixar de lado uma reservazinha, um tanto mixuruca, para eventuais imprevistos, e TODA ESTA informação é transmitida às instituições de ensino superior.
O financiamento anual de base, porém, não prevê pagar fantasias ou promessas eleitorais programáticas de senhores reitores ou de senhores presidentes de politécnicos.
Para outros investimentos tais como infraestruras, haverá o depauperadíssimo PIDDAC - a precisar muito de ser reequacionado no que diz respeito à programação de trabalhos de manutenção - e, para a investigação, há as candidaturas a Projectos de Investigação, e ou serviços contratualizados com entidades públicas ou privadas nacionais e estrangeiras.
É por isso, que estranho muito que o CRUP se atreva sequer a anunciar na comunicação social que: "se não houver um reforço de 100 milhões de euros ainda para os orçamentos de 2008, as universidades ficam em grandes dificuldades financeiras que colocam em causa o pagamento de salários"
Diz-nos o Público de 18/07/2008 que:
- "Os reitores e o ministro do Ensino Superior discutiram hoje formas de resolver os problemas financeiros das instituições relativos ao ano de 2008, usando um fundo da tutela que rondará entre os 10 e os 15 milhões de euros". Estes 15 milhões de Euros devem constituir o tal Fundinho de reserva, a que os Senhores reitores pelos vistos resolveram passar a mão, em exclusivo.
Anda bem que o Senhor Ministro da Ciência parece que decidiu fazer só um levantamento - por um controlador financeiro - da situação nas universidades, ou outros dados seja, saber as verbas de que dispõem, que verbas estão em falta, números de alunos, entre outros dados;
Para mim, é claro que não sendo provável, podem existir enganos e, se os houver, precisam de ser corrigidos - deveriam ter sido detectados e corrigidos atempadamente - mas de certeza que não atingem dez dezenas de milhões de Euros - mas, de certeza que o fundinho de reserva mencionado como sendo de 15 milhões de Euros não é um exclusivo das Universidades Públicas.
Por isto, estou inteiramente do lado dos actuais Senhor Ministro da Ciência Tecnologia e Ensino Superior e do Senhor Ministro das Finanças - a excelência dos reitores ou dos presidentes dos politécnicos inclui muita atenção, responsabilidade e cumprimento de principios rigorosos de gestão, e não de pelourinhos aprazíveis ou delegações de pedinchice; estas últimas, são únicas actividades a que a mim me parece se vêm dedicando com afinco, os nossos gestores de topo - e, com ou sem RJIES, exibem comportamentos imutáveis, evidenciando sinais preocupantes de transmissão hereditária.
Sinto muito, mas é o que penso e, como sou esquecida, preciso de registar.
Se não concordarem comigo, paciência, provem-me que estou errada!
Até ver contas são contas!
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Referência:
Fundo de tutela pode chegar aos 15 milhões
Ensino Superior: Reitores e tutela discutiram formas de resolver situação financeira relativa a 2008
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1335923
18.07.2008 - 20h41 Lusa