O Quarto 101 do «MInistério dos ESCOLHIDOS por "outros" e BENEFICIADOS por nós»
Na página do MCTES vem sendo publicada, desde a passada quarta feira, documentação que (des)esclarece os eventuais interessados sobre os contornos, cada vez mais difusos, em que se anda a trabalhar nuns quantos protocolos - cujo custo total "estimado" para o OE é de 140 M€ até 2011 - com instituições internacionais (até agora 3); um dos quais com o MIT - super financiado para umas quantas ENGENHARIAS, e uns restitos de financiamento para a GESTÃO.
Outros dois acordos estão já na calha - um com Carnegie Mellon University - CMU, e outro com a University of Texas at Austin - UTA.
Se, inicialmente, tudo parecia logo muito estranho - foram identificadas, para o acordo com o MIT, sete universidades mas os reitores não sabiam - com estes adicionais informativos, agora é que a "estratégia global" para o sector, embrulha de vez!
E, é assim:
Nenhum acordo - mesmo aquele subscrito pelo MIT - envolveu qualquer "assessment" de UNIVERSIDADES/ESCOLAS e sim, quanto muito, apenas o trabalho realizado por ALGUNS quantos DOCENTES (?)/INVESTIGADORES (?) ou, globalmente, o trabalho de ALGUNS CENTROS de investigação SEDIADOS em instituições universitárias e UM POLITÉCNICO (IPPorto), única instituição politécnica que é mencionada, em tudo isto, e incluída no acordo com a UTA.
Assim, e como primeira conclusão importante: não foram as universidades/escolas que reuniram as condições de excelência, e sim tão somente alguns dos seus investigadores/docentes que trabalham em alguns Centros de investigação SEDIADOS, nessas tais universidades/escolas que, desta forma, não passam para o efeito, de "meros senhorios" de sedes de centros de excelência. Seria de muito bom tom, e até eticamente aconselhável, não se aproveitarem do facto de serem simples locatários de espaços dedicados à investigação, para os usarem como publicidade enganosa à sua propria "excelência de ensino-investigação".
Esses protocolos são agora referidos como tendo "outputs" de EXEMPLOS/MODELOS, que podem ser seguidos por outras entidades públicas e privadas. Acharei muito bem, se «o exemplo/modelo» for integral, isto é, se todos forem SEMELHANTEMENTE FINANCIADOS para chegarem aos mesmos resultados.
Esses protocolos são agora referidos como tendo "outputs" de EXEMPLOS/MODELOS, que podem ser seguidos por outras entidades públicas e privadas. Acharei muito bem, se «o exemplo/modelo» for integral, isto é, se todos forem SEMELHANTEMENTE FINANCIADOS para chegarem aos mesmos resultados.
Meus amigos, com dinheiro dos outros para os nossos gastos, qualquer um faz habilidades/flores/festas EXCELENTES...
Todos sabemos que algumas empresas privadas (até agora, 10) se interessam por investigação avançada, e se forem parceiros de protocolos, FINANCIADOS e PAGOS, com instituições de elevado estatuto internacional, tanto melhor - só têm a ganhar com isso.
O que eu gostaria e, se calhar, o resto do país precisaria muito de saber é:
1º - o que devem fazer - e em que condições financeiras:
- as outras 245 564 pequenas e médias empresas (PME), as quais constituíam (1998) 99,5% do tecido empresarial nacional e eram geradoras de cerca de 75% do emprego (1,9 milhões de postos de trabalho) e de 59% do volume total de negócios do país (137,8 mil milhões de euros); afinal são estas que nos sustentam a todos nós e a todas as fantasias governamentais, ou não? (ver aqui)
- os largos milhares de doutorados (já existentes no país) sem sustentação financeira garantida;
- as empresas "altamente lucrativas" e de "base tecnológica" já criadas, e também financiadas, nos parques tecnológicos (são já 140, só no Taguspark, não são?) ;
2º - Para que serviram então os custos anuais suportados até agora, pelo estado, com a Ciência e Tecnologia?
Volta e meia, este meu país origina-me os mesmos pesadelos distópicos de Winston Smith no quarto 101....!
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OS DADOS ESTATÍSTICOS disponíveis, sobre a caracterização da estrutura empresarial nacional são LAMENTAVELMENTE MUITO escassos e antigos (1998), mas podem-se também consultar informações aqui e aqui. De acordo com a Associação Nacional das Pequenas e Médias Empresas, actualmente, a situação é: são 264,000 empresas, 100.000 empresários; 99,9% das empresas portuguesas são PMEs; empregam 75% da população; e representam 70% do PIB.
Para se formar uma opinião comparativa com outros países europeua, vale a pena também consultar "Key figures on European business", Data 1995-2005, Luxembourg: Office for Official Publications of the European Communities, 2006. ISBN 92-79-02576-7, de 2006.
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