quarta-feira, outubro 18, 2006

*INOVAÇÃO na ARITMÉTICA*: 5=5, mas pode ser que 5≠(3+2) porque (3+2) =3

Tornou-se, para mim, agora evidente a razão porque as classificações das provas específicas de matemática no acesso ao ensino superior conferem cotações positivas apenas a 25% dos estudantes.
Na verdade, a matemática e até a aritmética são sujeitas actualmente a avanços "tecnológicos notáveis" dificílimos de acompanhar.
Os meus poucos e valorosíssimos leitores exigem-me, naturalmente, uma justicação para esta minha afirmação tão peremtória e também para o título deste "post"?
Aqui vai:
Por razões que não vêm ao caso - e que não se trata de nenhuma situação de "inside trading" - tive acesso a uma proposta de uma adequação - à luz ao Decreto-Lei n.º 74/2006 de 24 de Março (o tal do Espaço Europeu de Ensino Superior) - de uma licenciatura bitápica (5 anos) numa determinada engenharia do subsistema politécnico, que se supõe venha a ser "convertida" em 2007/2008 numa licenciatura de 3 anos.
Como o DL Decreto-Lei n.º 74/2006 exige em cada passo/palavra/letra do seu articulado, que o politécnico forneça como produtos de formação "profissionais" - subentendendo, os mais desavisados e distraídos, do principio que, a Universidade fornecerá como produtos da sua formação "académicos/investigadores"- também àquela equipa, proponente da adequação (já muito batida nestas andanças da profissão da referida engenharia), causou bastante preocupação (eu diria obcessão) em continuar a atender aos requisitos profissionais dos futuros licenciados de 3 anos na especialidade dessa engenharia politécnica.

A proposta de formação a que chegaram fundamentou-se então numa análise detalhadíssima dos resultados de aprendizagem, para ambas formações - a da pré Bolonha "lusa" (Licenciatura bi-etápica) e a da futura pós Bolonha "lusa" (Licenciatura, eventualmente, seguida de uma proposta de um "novo" mestrado profissional, exactamente no mesmo ramo de actividade) - que conferissem todas as competências exigíveis, àquela especialidade de engenharia, a nível de organizações profissionais nacionais e estrangeiras.
Ao contrário do previsível pelas versões mais avançadas da "actual" aritmética (ir)racional pertinente à nossa Bolonha, e apesar de todos os esforços desenvolvidos, os proponentes não conseguiram "encaixotar" as competências e os resultados de aprendizagem da actual Licenciatura bi-etápica, nas competências e resultados de aprendizagem da nova Licenciatura - ora vejam aqui ao que eles chegaram - uma matriz que cruza os RESULTADOS DE APRENDIZAGEM* de uma e de outra licenciatura: os quadrados verdes significam que o transporte/convergência/fusão de resultados de aprendizagem são pacíficos e até desejáveis, enquanto que os quadrados vermelhos significam que, no processo de adequação da bietápica à Licenciatura de 3 anos, serão expulsos da anterior formação bietápica diversos resultados de aprendizagem académica, imprescindíveis a um profissional de engenharia....
* Aqueles RESULTADOS DE APRENDIZAGEM (RAi) foram definidos e analisados à luz de competências (definidas em Novembro de 2005) pelo projecto Europeu EUR-ACE, dos actos de Engenharia, ainda pouco definidos, pela Ordem dos Engenheiros (compreendo só agora porque ainda não os definiu) e dos Perfis de Formação já expressos, para Bolonha, pela Associação Nacional de Engenheiros Técnicos, e ainda dos critérios de acreditação utilizados até agora, pela Accreditation Board of Engineering and Technology dos Estados Unidos.


Conclusões que tirei dos esforços da frustrada equipa:

1ª - estes proponentes oriundos do subsistema politécnico ignoram as regras básicas da nova aritmética, pela qual 5=3;

2ª - a maioria dos proponentes do subsistema universitário também não atinou com a mesma regra da nova aritmética - daí que até surgiram, em algumas instituições universitárias porque o podem fazer, propostas mono-bloco de mestrados integrados (5=5);

3ª - as instituições universitárias andaram muito bem porque se na verdade não cumprem o Processo de Bolonha - "a system essentially based on two cycles : a first cycle geared to the employment market and lasting at least three years and a second cycle (Master) conditional upon the completion of the first cycle" - estão a alinhar-se pela permissividade específica (e potencialmente remunerada) que lhes foi conferida, pelo Decreto Lei 74-2006, mas sobretudo pela posição da ABET para garantia da acreditação internacional futura de profissionais de engenharias "Specifically, the reports recommend that the bachelor’s degree "be considered as a pre-engineering or ‘engineer in training’ degree," rather than the first professional degree, as the bachelor’s is widely considered now " - posição essa (datada de 1 de Setembro de 2006) que, a concretizar-se a curto prazo, irá influenciar os 8 países signatários do Acordo de Washington e, claro que rapidamente, também a própria posição europeia sobre o tema "exercício legal" da profissão de engenheiro no espaço europeu e no mundo.

4ª - Se às instituições politécnicas portuguesas, que cumprem e reunem as condições legais para leccionarem a nível de mestrados, não lhes for também rapidamente autorizada a leccionação a nível de mestrado, a breve trecho deixarão de ter alunos por se verem impedidos, por caprichos de um Decreto, de poderem cumprir critérios básicos de formação profissional efectivamente acreditada, nas áreas de engenharia, aonde quer que seja utilizada a aritmética tradional: 5=5 ou 5=3+2, mas nunca 5=3, isto é, só em todo o resto do mundo.

5ª - Se muitas pessoas e instituições respeitáveis de ensino superior nacional - todas muitíssimo responsáveis e algumas de elevado gabarito intelectual e pessoal - não conseguem ainda compreender que 5 pode ser igual a 5 ou igual 3 (dependendo dos "interesses" do sujeito observador e do seu raio pessoal de manobra política), como é que que podemos esperar que os nossos alunos do ensino secundário possam alcançar bons resultados de aprendizagem em matemática?


Por favor digam-me. rapidamente, que eu estou errada! OBRIGADA!

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