Simplicidades
Ontem "arenguei", neste blog, acerca de um trabalho que foi apresentado, anteontem, durante o encontro dos docentes dos politécnicos com alguns deputados da comissão especializada da Assembleia da República que se dedicarão, na actual legislatura, à apreciação de questões do ensino superior.
Se os meus caros e raros leitores se interessarem pelo assunto, neste link, encontram uma cópia pdf da referida apresentação, e que traduz, com simplicidade, umas quantas das mais gravosas implicações da entrada em vigor (em regime de supetão) do Estatuto da Carreira de Docentes para as instituições politécnicas públicas.
Das duas uma: ou o ministro/governo desconheciam as implicações do diploma, ou sabiam bem demais antecipar as suas consequências.
Prefiro acreditar que não tenha sido uma decisão à toa tomada, levianamente, por preguiça ou ignorância.
Estou convencida é que foi uma opção premeditada e bem consciente e, neste caso, decidida sem as devidas negociações prévias, que suportassem o diploma legal (e respectivo cumprimento) que poderia até ser o único possível. Assim, tal como estão, estes estatutos trataram-se, apenas de uma tenebrosa maldade intencional que se destina, exclusivamente, à inactivação expedita do subsistema politécnico público, em menos de meia dúzia de anos.
12 Comentários:
Estou um "bocadinho" desiludido com os famosos 9 slides. Aposto que um estudante do secundário não faria muito pior.
Eu estava á espera de um estudo, que mostrasse que o novo Estatuto do Ensino Superior Politécnico ia reflectir-se negativamente na competitividade de Portugal.Que ia formar alunos ineptos e que seria ainda responsável por terriveis coisas.
Afinal, na dita apresentação repete-se tudo aquilo que é a cartilha sindicalista.Nada de colocar em risco os postos de trabalho dos sindicalizados, pois doutra forma o Sindicato fica sem verbas.
Ou dito de outra forma, os Sindicatos querem que os contribuintes Portugas paguem por via do Orçamento de Estado e por via do MCTES os serviços dos seus sindicalizados, precisem ou não deles.
Eu pela minha parte como partilho desse "sonho sindical" acho que o Estado deve contratar os Professores do Ensino Superior Politécnico, levando em linha de conta algumas pequenas minudências, a saber:
O contrato deve ser mantido até ao falecimento do Docente, quando essa situação ocorra, o Estado deve continuar a pagar ao conjuge sobrevivo, até que os filhos do dito cujo atinjam eles próprios a idade da aposentação. Se no entanto aquele não tiver filhos, o conjuge sobrevivo receberá a maquia em dobro.
O Docente poderá escolher qual o horário de trabalho que mais lhe convier, desde que apresente uma justificação razoável.
O Docente poderá usufruir de 1 ano de Sabática para actualização de conhecimentos, digam eles respeito á função ou não.
O Docente tem direito a férias pagas, para tal bastará apresentar um comprovativo das desepesas efectuadas a esse titulo.
Caso o Docente não seja Doutorado, terá direito a ser nomeado Especialista, desde que o requeira e pague a taxa prevista em Regulamento próprio.
No caso de já ser Doutorado, terá direito a uma gratificação salarial generosa que premeie o seu desmesurado esforço.
Falta aqui o comentáriozinho que fiz ontem. Espero que neste blog não haja selecção de comentários.
Senhor(a) Anónimo(a) Sex Nov 13, 06:47:00 PM 2009 e Sáb Nov 14, 08:38:00 AM 2009.
1- Contrariamente ao que eu, eventualmente, pudesse gostar muito, não posso prestar assistência contínua a este blog, daí que só vi o seus três comentários hoje. Desculpe-me o atraso.
2- O(a) Senhor(a) Anónimo(a) tem a certeza que, antes de redigir os comentários, leu de facto o trabalho que disponibilizei e, já agora, também, o meu "post"?
Em nenhum lado, penso eu, foi referido como tratar-se de um estudo complexo.
A única coisa que me parece poder concluir-se é que sendo um estudo SIMPLICÍSSIMO (mas já lhe digo, extremamente trabalhoso) é INFELIZMENTE, também, MUITO CONCLUSIVO - estabelece a necessidade de, em 6 anos, fazer-se formação a nível de doutoramento e, também, posteriormente (ou, simultaneamente???, se for para se cumprir a legislação) lançarem-se concursos públicos para cerca de 50% dos docentes do politécnico, actualmente necessários, (o número de docentes nessas condições será, por baixo, por baixo, na ordem de 3000 a 4000 pessoas). Isto, para não falar também NOS OUTROS 3000 concursos para os tais
"especialistas" doutorados ou não
(quantos serão os júris mínimos necessários mobilizar? e como será a organização da movimentação de até 15.000 pessoas? e de mais 3000 candidato(a)s a especialista), isto já, até final do ano que vem(2010).
3- O que está aqui em causa, Senhor(a) Anónimo(a), na minha perspectiva, pode ser TUDO, MENOS REIVINDICAÇÕES SINDICAIS, e sim, a diabólica logística e os custos infernais do processo todo, tal como descrito no diploma legal, sem se perder de vista que, preferencialmente, é imprescindível, neste período, leccionar bem (vá lá,.. benzinho, ou, pronto, assim-assim).
4- Mas, uma vez que, o Anónimo(a) parece que considerou, no mínimo, razoável o conteúdo do referido Decreto-lei e, para esse seu juizo de valor, naturalmente, também pensou no processo, será que não gostaria de me fazer chegar à mão um trabalho também BASTANTE SIMPLES, no qual conste APENAS um rascunho prévio de uma ideia geral (só pela rama) do cronograma viável de implementação (ou seja, da forma como pode o politécnico cumprir legalmente o referido Decreto? e, já agora, diga também qual será a respectiva orçamentação pluri-anual GLOBAL? (pedia-lhe a orçamentação global, só para lhe ser mais simples ainda). Se me fizesse o favor, eu ficaria eternamente grata(e, quem sabe, o país e, principalmente, tenho a certeza, o próprio ministro).
Pensa nisso?
Fica-lhe o desafio!
Cara Regina Nabais,
quer um estudo com cálculo tensorial, ou dispensa-me dessa piquena formalidade ?!?
Se o novo Estatuto traz assim tanto trabalho associado, porque é que os Politécnicos estão tão atrasados na abertura de concursos e desde que o Estatuto foi promulgado não houve nenhum concurso aberto nos termos da nova legislação? A resposta parece-me mais ou menos óbvia e não enaltece a idoneidade dos Politécnicos.
Quem a ouvir falar fica com a ideia que fazer um concurso documental é um procedimento similar a fazer o concurso para o TGV.
Não confunda os leitores. Se os Professores do Politécnico trabalharem um bocadinho que seja, isso resolve-se mais rápido do que pensa.
Não se esqueça que no Secundário se costumam fazer milhares de colocações de uma assentada. Não é a mesma coisa pois não. Mas também não é nada do outro mundo. Até porque se deve estar a esquecer de uma coisa muito importante, não interessa quantos Professores estão no sistema. Interessam sim somente aqueles de que o Politécnico precisa imprescindivelmente.
Eu acho que se está a menosprezar a capacidade de trabalho dos Docentes dos Politécnicos, quando se afirma que eles irão passar o tempo em júris de concursos.E mais do que isso acho que essa afirmação é uma mentira e um embuste.
A um júri de concurso bastam 2 reuniões principais, uma para a fase de admissão de candidatos e uma outra para a sua graduação e eventualmente 2 reuniões secundárias para reclamações dos candidatos. Sendo por isso fácilmente exequivel realizar isso em 2 meses. É claro que se houver má vontade e preguiça á mistura o processo até poderia durar 2 ou 3 anos.Mas vamos rejeitar esse cenário.
Isso quereria dizer que seria assim possivel que um único júri realizasse á vontade 4 concursos num único ano. Se em cada concurso se abrirem 25 vagas, isso significa que um único júri consegue preencher 100 vagas num único ano, ou extrapolando bastam assim 50 júris (250 jurados), para preencher 5000 vagas.Ou seja se tivermos em conta que há 2750 Professores de Quadro somente uma pequena percentagem deles passará o tempo a fazer concursos, contráriamente ao que defendem os Sindicatos e outros opinadores.
Alguém que esteja de má fé pode argumentar que 25 vagas, são um valor elevado para um único concurso. Contudo é preciso termos presente que nas vesperas da promulgação do novo Estatuto, o Politécnico de Lisboa abriu concursos com dezenas de vagas. Mas mesmo que o concurso fosse só para 12 candidatos então precisariamos de 500 jurados, muito longe dos dos 2750 Professores de Quadro.
Apesar de ainda não ter publicado o meu último comentário, permita-me fazer um outro.
Se o prazo é assim tão apertado, então posso presumir que o Politécnico de Coimbra, já enviou para Diário da República os Editais para abertura dos concursos que lhe permitem respeitar a actual legislação ou são assim tantos que não tem jurados, ou estarão antes á espera que chegue 2010, para depois dizerem que não houve tempo ?
Acho que o comentador "fernando" referiu um aspecto importante, com umas contitas dá para perceber que afinal basta apenas uma pequena percentagem dos Professores de Quadro para rápidamente se realizarem os tais Concursos.
Caros comentadores,
Se há qualidades que aprecio são o optimismo, imaginação e desembaraço, e também sou partidária de soluções expeditas, por isso, verifico que posso estar a antecipar complicações sérias num processo, que precisa de avaliar muitos (ou poucos) docentes para mais de 30 áreas de formação, distribuídas aleatoriamente pelas capitais de distrito, e por algumas cidades dos seus arredores.
Não me tinha ocorrido que no mesmo edital pudessem colocar-se a concurso, por exemplo, vagas para Restauração e Hotelaria e, se calhar, para Dinâmica de Sistemas e Estruturas Metálicas, passando por Design e Multimédia, Dança Clássica, Serviço de Acção Social, Educação de Infância, Contabilidade e Língua Gestual.
É seguramente uma falha minha o facto de não estar a perceber como é que esses júris por atacado irão funcionar (e juro que estou a considerar circunscrever o processo ao uso de serviços de vídeo-conferência e, mais prosaicamente, de email), mas eu acredito no poder inventivo das pessoas criativas.
Ainda bem que ninguém me irá mandar organizar um processo dessa natureza, porque o resultado de um concurso multifacetado desses, na minha mão, poderia acabar com um docente de oboé de Faro a ganhar o primeiro lugar da área de Horticultura Biológica de Bragança e o segundo lugar de Investigação Operacional de Castelo Branco, e isto tudo num ápice, sim, porque eu, embora um toco petrificado em criatividade, também sou muito despachadinha.
Acho que está a desconversar.
1º Não respondeu á questão sobre o motivo que leva a que os Politécnicos ainda não tenham começado a abrir os referidos concursos.Se o problema é a falta de tempo, mais estranho se torna essa demora.
2º Parece-me um exercicio pouco sério que alguém na sua posição, entenda misturar alhos com bugalhos. Sabe perfeitamente que quando o ISEL abriu aquelas dezenas de vagas não andou a misturar engenharia civil, com piano nem com horticultura. Pois não? Pelo que se essa instituição o fez e há alguns tempos atrás até achou isso muito correcto, muito se estranharia que agora defendesse o contrário.
Qual é o problema do Departamento de Engenharia Civil do ISEP ou do ISEC, abrir 10 vagas para aquele curso se esse for o número de Equiparados que por lá tem ? Ou a sua ideia era abrir-se um concurso para cada vaga ? Mas que ideia tão original se afinal há tantos lugares de Equiparado em cada curso.
A verdadeira questão é que não é isso que a preocupa a si e aos seus colegas, pois não ? Parece que o que os preocupa verdadeiramente, é simplesmente tentarem (inútilmente)ridicularizarem todo o processo.
P.S - Só para que conste não existe nenhum curso de Investigação Operacional no Politécnico de Castelo Branco
Cara Regina Nabais estou a ver que não gostou das minhas contas. Vou então tentar fazer outras.
De acordo com o novo Estatuto 30% dos futuros docentes são convidados, o que reduz bastante as necessidades de concursos de que tanto fala.
Se um júri de 5 docentes de Quadro puder concluir 4 concursos até ao final de 2010, cada um deles com apenas 4 vagas então isso significa 3200 vagas para 200 júris (1000 jurados), o que representa menos de 50% dos Professores de Quadro.
Contudo se cada júri contar além disso com a contribuição de Docentes do Ensino Universitário, algo que já vem sendo feito há muito tempo, então o panorama torna-se muito menos sombrio do que aquilo que os Sindicatos tem vindo a apregoar.
É claro que se as suas contas forem do genero:
um júri de 9 Professores faz um único concurso de 1 vaga até 2010
....bem então mais vale o MCTES mandar fechar logo o Ensino Superior Politécnico, que os contribuintes não estão para sustentar essa mamata.
Caro fernando,
O problema não é as suas, as minhas ou as contas de qualquer outra pessoa serem divergentes mas, sem querer, o que acabámos de provar é que as contas que qualquer cidadão pode fazer, como são feitas sem balizas ou metodologias previamente assentes, o que resulta é que, mesmo todas tendo um raciocínio de base hipoteticamente certo, redundam em soluções diversas, e algumas podem ser mais lógicas e consistentes do que outras.
Penso, então, que não poderiam ser as suas contas ou as contas de qualquer outra pessoa a estarem em discussão mas que deveria haver um plano de execução, previamente definido, orçamentado e acordado com as instituições, nem que, sendo necessário, «fosse na amarra» (desculpe-me a expressão).
Também sou TOTALMENTE a favor de entidades externas nos júris, por isso, os professores universitários podem/devem integrar os júris para docentes dos politécnicos, se a sua opinião for para valorizar a decisão final a tomar (felizmente, houve muitos casos desses no passado, e espero que assim continue), até porque haverá certamente muitos candidatos, mas já não penso o mesmo se o motivo da sua presença nos júris for só porque politécnico não tem outra opção se quiser cumprir a legislação.
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Senhor Anónimo, vai-me desculpar, mas como cidadã, que paga impostos posso emitir SEMPRE a minha opinião enquanto tivermos a actual constituição, e agora vou emitir duas:
1ª - Concordo com o artigo Artigo 38.º - do DL207 de 2009, Serviço dos docentes:
1 — Cada instituição de ensino superior aprova um regulamento de prestação de serviço dos docentes, o qual deve ter em consideração, designadamente:
a) Os princípios adoptados pela instituição na sua gestão de recursos humanos;
b) O plano de actividades da instituição;
c) O desenvolvimento da actividade científica;
d) Os princípios informadores do Processo de Bolonha.
2ª - Com a ACTUAL legislação, para efeitos de abertura de concursos nos politécnicos, aqueles devem estar previstos em PLANOS DE ACTIVIDADE, devidamente orçamentados, (aprovados no ano civil anterior, pelos conselhos gerais)! Esta circunstância limita, a meu ver BEM, a abertura de concursos que lotem instituições e que, depois, se verá como se pagam os docentes aprovados...
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Já agora, dou uma informação aos comentadores: não tenho quaisquer comentários por publicar.
Assim, se enviaram comentários que não tenham sido publicados, terão que fazer o favor de os voltar a remeter.
Entendido.
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