Metodologia de 3 penas, ou desenterrando defuntos velhos
O acervo disponível, em sistemas de aquisição de competências, é espantoso e, asseguro-vos que estas se podem adquirir através das mais diversas origens e de instrutores impensáveis.
Desculpem citar-me como exemplo, mas as minhas persistência, incansabilidade e agilidade com que enterro/desenterro os "meus defuntos velhos" foram totalmente aprendidas com um meu cão - "fox-terrier", de nome Tinker (Amolador de Facas). De facto, ele mesmo que afivelado com açaime, e de trela que rebentava, num piscar de olhos, obstinadamente, perseguia, aterrorizava, matava de terror (e não só), e arrematava o seu prodigioso trabalho, enterrando TODOS os galináceos da vizinhança (mas só os que tivessem penas, na gama de cor cinzenta) deixando as improvisadas "campas", invariavelmente, assinaladas com 3 penas de fora - penso que se tratava de uma forma de "flag" personalizada. Quando os donos das vítimas apareciam em minha casa, entre desgostosos-ameaçadores, era só dizermos para o Tinker: 3 penas!!! E lá ia ele, desafiante, a correr mostrar-nos "as sepulturas", desenterrar "os despojos" e exibir os troféus. Tal e qual assim, estou eu, e está bem de ver, porquê:
Lembram-se, os meus caros e raros leitores, daquele documento "(Esclarecimento). Formações anteriores ao Processo de Bolonha são creditadas para a obtenção de novos graus", subscrito pelo MCTES, em 29 de Janeiro? Pois... esse mesmo!
Já não me recordo se, na altura, lhes disse ou não alguma coisa, sobre esse texto. Mas sei que pensei para comigo, em penas de cor cinzenta, e "arquivei-o", nos cafundós do meu "micro" num ficheiro que tenho baptizado de "3 Penas_MCTES_IMPORTANTES" e que, no susto, fui desenterrar um destes dias!
Lembram-se, os meus caros e raros leitores, daquele documento "(Esclarecimento). Formações anteriores ao Processo de Bolonha são creditadas para a obtenção de novos graus", subscrito pelo MCTES, em 29 de Janeiro? Pois... esse mesmo!
Já não me recordo se, na altura, lhes disse ou não alguma coisa, sobre esse texto. Mas sei que pensei para comigo, em penas de cor cinzenta, e "arquivei-o", nos cafundós do meu "micro" num ficheiro que tenho baptizado de "3 Penas_MCTES_IMPORTANTES" e que, no susto, fui desenterrar um destes dias!
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Palavra de honra que me passei!
Palavra de honra que me passei!
E passei-me, porque fiquei a saber que as instituições de ensino superior - mesmo as que já trabalhavam com configurações de formação que cumpriam todas as determinações do Processo de Bolonha (coisa mais antiga, que só esta) - são, praticamente, induzidas a procedimentos mirambolantes...
Assim, um qualquer bacharel (3 anos) que conclua o seu curso no ano i, auferirá de um diploma que inclue mais ou menos os seguintes dizeres "Bacharel em No Que Quer Que Seja". Isto, mesmo que a filosofia da sua formação só possa ser em tudo semelhante ao curso sucedâneo (também de três anos, mas que passo a chamar de Licenciatura "Bolonha") e que, formalmente, só entra em funcionamento no ano i+1; um seu colega de curso, que conclua a sua formação, no ano i+1, à custa de equivalências inevitáveis auferirá, de uma formação absolutamente semelhante (menos tempo de aulas presenciais, e mais tempo de trabalho individual) ao do outro formando, mas o título do seu diploma atestará "Licenciado em No Que Quer Que Seja".
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Apesar de já todos sabermos dessa "coisa" Kafkiana em Portugal, o que eu não sabia, era que o hipotético bacharel (ano i) da nossa estória, se assim o desejar, terá que custear (custo estimado: 300 a 500 Euros), perder tempo e aturar as estopinhas de um processo de equivalência de formações, para aceder a um comprovante institucional de equivalência à Licenciatura de Bolonha; ou, pior, e conforme reza o "esclarecimento", terá que pedir reingresso, "benevolentemente" sem numerus clausus, matricular-se, pagar propinas (custo estimado 700 a 800 Euros), e também perder tempo e aturar as estopinhas de um processo de equivalências - de desfecho, à partida conhecido - se quiser, legitimamente, aceder ao título de formação Licenciatura de Bolonha porque em tudo, as formações são, na prática e na teoria, coincidentes.
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Eu explico, só porque é muito simples: nem todas as instituições portuguesas levaram quase 18 anos, para se aperceberem das vantagens do Processo de Bolonha, o que não se dispunham era a enfrentarem as consequências, absolutamente, desviantes que o mesmo teve, em Portugal.
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Digo isto, porque, felizmente, na maior parte das instituições politécnicas ainda consideram o escalar 3 igual ao escalar 3, mas à conta de birras de PNVNFI [pessoas nunca voadoras (de espírito) e nunca, formalmente, identificadas, mas que todos sabem quem são] o 3 também passou a ser igual a 5 ou vice-versa.
E agora todos os que, perante as condições a que foram confinados, queiram natural e legitimamente, chamar ao seu ex-3 o mesmo nome do actual ex-5, têm que pagar o quê? e porquê? Impostos?
Penso que o MCTES devia cobrar estes custos às brilhantes pessoas que tiveram a ideia, totalmente PEREGRINA, e o coagiram a chamar a cursos de 3 anos de Licenciaturas; quando afinal as formações de 3 anos, das suas próprias instituições, nem sequer ficaram com a configuração determinada pelo Processo de Bolonha.
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Quando falo nisto, os meus caros e raros leitores vão desculpar-me a franqueza, mas começo a ver o UNIVERSO todo cinzento, e não apenas algumas das excelentes produções e realizações do MCTES.
Dizem-me que todas estas situações serão, naturalmente, clarificadas por legislação a publicar.
Ah! Sim?! E, acreditam nisso? Eu não!
Por mim, prefiro ir já enterrar qualquer coisa!
Só ainda não escolhi é QUEM! Ideias?
O meu Tinker, na rapidez de decisão, sobre a selecção das vítimas, era magistral, nunca chegarei "aos calcanhares (?)" do meu mestre.
1 Comentários:
Um leitor perguntou-me, por mail, se eu saberia qual era a representatividade dos báchareis, que poderiam estar a ser afectados, por este problema.
Já lhe respondi, mas penso que a pergunta é muito pertinente, e merece resposta para todos.
Números certos, efectivamente não sei, porque ignoro o que pensa a maioria dos bachareis, que não pretendem prosseguir estudos. Mas, atendendo a que o número de diplomados pelos politécnicos PÚBLICOS, em 2004/2005, publicado pelo OCES foi de 23826, estimo que, pelo menos, 10.000 profissionais destes, em cada ano -pelo menos em cada um dos últimos 5 anos - stão a ser afectados - por esta situação, efectivamente, muito confusa, e não acautelada.
Mais estranho ainda, é verificar que como dizia o leitor, parece que ninguém se interessa...
Não parece não. Ninguém se importa!
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