Abraçar os cactos
A grande maioria das pessoas que dedicam o todo ou parte do seu tempo à investigação foram, simpaticamente, convidadas a assistirem, ontem, na Universidade de Aveiro, ao lançamento do Program Ciência 2008.
Mesmo quem não compareceu ao evento, pode encontrar uma cópia do discurso bastante positivo e incentivador proferido pelo Senhor Presidente da Fundação para Ciência e Tecnologia. Por outras palavras, se o senhor disse isso, ninguém o leva preso porque, estatisticamente, parece que a actuação do MCTES/FCT tem sido bastante favorável à Ciência; basta, para o efeito, contarmos a palavra MAIS no discurso.
Temos e teremos, então, pessoas mais qualificadas e prontas para serem cientistas, mas que têm também o direito a expectativas de futuro.
Temos e teremos, então, pessoas mais qualificadas e prontas para serem cientistas, mas que têm também o direito a expectativas de futuro.
Pergunta: sem ser através do Orçamento Geral de Estado, essas pessoas têm futuro?
Do discurso, gostei particularmente da frase que se segue, sobretudo, das palavras a que darei relevância:(....)
Mas se este balanço é muito importante, para avaliar a justeza das políticas executadas é-o também para devolver aos cidadãos portugueses os resultados do investimento que todos fizeram, e dos quais se devem orgulhar.
Mas se este balanço é muito importante, para avaliar a justeza das políticas executadas é-o também para devolver aos cidadãos portugueses os resultados do investimento que todos fizeram, e dos quais se devem orgulhar.
Não sei se durante a cerimónia do lançamento do Programa Ciência 2008, do dia de ontem, se esclareceu bem esse ponto: isto é, se os Portugueses querem ter mais cientistas, só porque querem, ou se querem como povo, no seu conjunto, viver melhor.
Por outro lado, na medida em que o nosso PIB é o nosso PIB (ver Tabela), e este não cresceu proporcionalmente ao crescimento da dotação da Ciência (46,5%), entre os anos de 2005 e 2007, fica-se sem se perceber esta generosa opção.
É verdade que o financiamento da ciência é "peanuts", se comparado com o PIB, mas, não temos outras prioridades, e também outras pessoas com expectativas?
Tudo estaria bem, se na própria página do MCTES para a divulgação pública do citado programa, não se tivesse falado também em "Financiamento competitivo", referência que já ouvi em outras ocasiões**...
Tudo estaria bem, se na própria página do MCTES para a divulgação pública do citado programa, não se tivesse falado também em "Financiamento competitivo", referência que já ouvi em outras ocasiões**...
Assim, o que eu gostaria de vislumbrar, no meio disto tudo, é:
- quem é que perde e quem ganha competitividade?
- qual é o futuro efectivo dos cientistas nacionais que agora são e serão acrescentados ao parque da ciência nacional?
Disse isto tudo, porque gosto muito de cactos, mas falta-me inclinação para lhes dar abraços.
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Aditamento (13:03 de 14 de Maio de 2008):
** por exemplo (aqui)
De notar que:
"As universidades orientadas para a investigação não deveriam ser avaliadas nem financiadas na mesma base que as que são mais fracas na vertente investigação e mais fortes no aspecto da integração de estudantes provenientes de grupos desfavorecidos ou que actuam como força motriz para a indústria e serviços locais.
Para além das taxas de conclusão e duração média dos estudos e de emprego dos diplomados, deverão ser tidos em conta outros critérios para as universidades orientadas para a investigação: resultados de investigação, participações bem sucedidas em concursos para financiamento, publicações, citações, patentes e licenças, prémios académicos, parcerias industriais e/ouparcerias internacionais, etc".
Texto extraído de: COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO CONSELHO E AO PARLAMENTO EUROPEU. REALIZAR A AGENDA DA MODERNIZAÇÃO DAS UNIVERSIDADES: ENSINO, INVESTIGAÇÃO E INOVAÇÃO. Bruxelas, 10.5.2006. COM (2006) 208 final.
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