terça-feira, outubro 02, 2007

Literacia ou proficiência?- parte I

Com algum atraso, é certo, mas também em Portugal na última década, fomos-nos apercebendo da importância estrutural que se deve atribuir à educação, a todos os níveis, com o objectivo de alcançarmos a conveniente adaptação, à nossa integração competitiva, num mercado global, em contínua mutação.
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Em todo o mundo, desde meados da década de 90, que quem se interessou pelo tema educação, sabia bem por consulta publicações estatísticas periódicas da UNESCO, Banco Mundial, OCDE e, mais recentemente, pelo EUROSTAT que, entre nós, a percentagem de alunos, arrolados no ensino superior se tem mantido cerca de metade da observada na maioria dos países europeus, e este facto é atribuído a abandono escolar nas formações de nível secundário.
Mudanças constantes e bem perceptíveis, a nível internacional, na economia e na educação ocasionaram, também no mercado de trabalho nacional, alterações importantes até nas práticas de recrutamento de recursos humanos, com implicações selectivas sobre os requisitos e competências, exigíveis pelas empresas aos seus potenciais colaboradores, mesmo os de nível vocacional e tecnológico.
Entretanto, por esta época as instituições politécnicas devotaram-se, com maiores ou menores condições para o fazer, a oferecer licenciaturas bietápicas. Enquanto isso, penso que com o objectivo de oferecer formações superiores subgraduadas orientadas pelas necessidades e requisitos do mercado de trabalho, facilitando a inserção dos formandos para a vida profissional, que nos primeiros anos do milénio, salvo erro em 2002, a Universidade de Aveiro - com base num brilhante e interessantíssimo estudo de mercado (de que, infelizmente, perdi o rasto e arquivo), que incluía a apreciação das micro-empresas do calçado da região - iniciou nas suas escolas politécnicas formações pós secundárias em Cursos Especialização Tecnológica (CET).
Curiosamente, o aproveitamento nestes cursos possibilitava a progressão de estudos superiores convencionais, desde que após 18 meses de exercício comprovado em ambiente laboral.

Por volta de 2005/2006, sob o alto patrocínio do Instituto de Emprego e de Formação Profissional, as formações a esse nível, consolidaram a implementação e expansão, tendo este nível de formação sido usado, dominantemente, mais como uma alternativa de financiamento das instituições politécnicas com insuficiência de candidatos para as formações convencionais; isto é, parecerá oportuno de facto apostarmos em diversificação de percursos escolares, como até parece que estará a ser iniciado.
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Todavia, quer se trate de uma atitude consciente e honesta do governo ou das instituições de ensino envolvidas, para melhorar as condições de competitividade e conferir aos seus cidadãos melhores oportunidades, ou de uma simples tentativa de ascender, a qualquer custo, a uns poucos pontozitos acima, nos rankings internacionais de educação-economia, não há dúvida que os CET são uma tentativa a acarinhar entre nós, mas desde que se garanta, à partida, alguma honestidade processual.
E aí, é que.... como veremos....não sei bem, se estamos empenhados com a literacia aparente ou com a proficiência efectiva, das formações dos nossos jovens a quem dizemos pretender oferecer percursos alternativos.

O tema dos CET tipo lusitano será ainda objecto de algumas reflexões pessoais nos meus próximos posts.
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Referência de base:

Learning for Tomorrow’s World. First Results from PISA 2003. Programme for International Student Assessment OECD



(continua...)

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