domingo, junho 03, 2007

95 dB (A) ou mais

Hoje publico é um post "intermezzo", para ver se consigo acalmar, e já vão ver porquê.

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Fonte: http://www.simonedecker.com/WorksWhitenoise.html
O Gerador cá de casa não produziu um ruído branco, registámos diversas leituras de 95 dB (na Escala A) lidas, em verde fosforescente, no visor de um sofisticadíssimo sonómetro, durante as 12 horas em que ambos estiveram ligados, e olhem que eu até agora ainda nem sequer consegui articular uma só frase, quanto mais gritar (vejam o significado das leituras, no "Termómetro de Ruído" que coloquei ao lado)
E foi assim: Na 6ª feira passada, depois de 4 horas sem acesso à internet (outra vez e outra greve da ONI, cirurgicamente, localizada - só na minha casa) ia um meu familiar sair, às 11 da noite como é seu hábito, para passear os nossos donos - isto é, os canídeos da casa - quando deu conta, estarrecido, que o Quadro Eléctrico, junto à porta, tinha iniciado, por conta própria, um profusíssimo festival de fogo preso - só de arcos voltaicos de cor azul "raios que partam" - que se auto consumiu num processo de derretimento, melhor, de fusão nuclear do material que outrora constituía o quadro eléctrico - deixando um cheiro, como direi?...Seria enxofre?. Fomos, em pânico, buscar e armar extintores (lemos de 4 em 4 linhas, os respectivos manuais de instruções, à luz de uma lanterna) entalámos dedos, remoemos muitas imprecações, e a minha casa ficou, extemporânea e exuberantemente, toda já decorada, para o Natal…só de neve carbónica, para removermos, à pasada, já de madrugada.
Ficámos às escuras verdadeiras, pudemos observar um céu estrelado como nunca tínhamos visto antes, e quedámo-nos, sadicamente, em uníssono numa restrita assembleia de ódios, a imaginar como poderia ser o inferno dos empreiteiros, inteiramente projectado só por nós - seria para aí, que iríamos despachar, só com bilhete de ida, o ex-nosso empreiteiro.
E foi desta forma que se passou a nossa noite de sexta para sábado, cá em casa.
Sábado de manhã, a bem dizer de madrugada, saí para comprar gasolina 95, e ligámos embevecidos e emocionados O Gerador.
Essa girongonça havia sido adquirida, profeticamente, por um outro familiar meu, que só pensa no Doomsday (ainda acabará por ser, pelo menos, o dele). Para ele, nós ( vocês também meus caros e raros leitores), iremos todos, mais tarde ou mais cedo, num dia, particularmente aziago, ser vítimas de um "APAGÃO" Nacional. Não me admira nada....
Mas, como já acredito em tudo o que me dizem, esta argumentação foi pretexto para adquirirmos, já há uns 10 anos, O Gerador - ao custo exorbitante, mesmo para uma Central Térmica - que, entre depósitos, peças, conexões, sistemas de segurança, periféricos e acessórios (um deles, o sonómetro) ocupa um território semelhante, em área coberta, ao restante da nossa modesta habitação, e que connosco vem mudando de casa, de cidade, de país e de continentes...
"Viste? - gritava-me exultante o meu familiar, lá de perto da reverberadora máquina - Eu não te disse? Isto (o Gerador) é, ou não é, utilíssimo*? Olha, o que seria de nós, se eu não fosse uma pessoa prevenida... E, digo-te mais, com a rocha magmática em que se converteu “O Quadro”, e com a EDP à mistura, vamos ficar assim por uns dias, se não forem semanas ou....e…”, e já não ouvi o resto da frase, corri descabelada abduzir, à força, um electricista.
Entretanto, no meu percurso na aldeia em busca do electricista, fui convocada pela comissão de moradores do lugarejo, para uma reunião urgentíssima, porque havia uma zoeira no bairro que não podíamos permitir que continuasse…não estava eu também, a sentir a terra a tremer?
Iria jurar que, mais tarde, “ouvi” O Gerador dizer: ... deixa lá vir a manifestação de moradores da vizinhança, pode até ser um buzinão, eu posso emitir muito mais dBs sozinho, do que eles todos juntos... e a escala é logarítmica.
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* Deu para ferver um litro de água, para o meu chazinho de tília, em questão de uns 2 segundos.
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PS - Se os meus caros e raros leitores precisarem de um Gerador como este, eu cedo-o de bom grado o nosso, com todos os seus artefactos, mas sob uma única condição, de nunca o devolverem.
Parece mesmo, que quase 24 horas depois, ainda o estou a ouvir,.... isto é, eu o chão e as faianças estamos todos a chacoalhar....

2 Comentários:

Blogger J. Cadima Ribeiro disse...

Cara colega,
Tem aí clara demonstração dos custos que tem que suportar quem porfía na crítica ao MCTES, desde que as suas políticas passaram a ter indesmentível inspiração divina.
Que lhe sirva de lição! Nunca é tarde demais para retomar o bom caminho.
Receba um abraço solidário de
J. Cadima Ribeiro

segunda jun. 04, 09:35:00 da manhã 2007  
Blogger Regina Nabais disse...

Cadima, obrigadíssima pelo apoio e solidariedade.
Neste particular, ainda não incluí o MCTES na minha lista dos potenciais culpados porque, como sabemos, as pragas de aves de rapina não pegam em colibris.
Por favor, não me pergunte o que estou a pensar fazer ao nosso ex-empreiteiro...

segunda jun. 04, 10:33:00 da manhã 2007  

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