terça-feira, maio 02, 2006

Amestrando numa "rodinha", um carreiro de formigas...

Ultimamente, tenho reparado um interesse vívido e crescente por todas as pessoas, para sustentar os seus raciocínios, opiniões e decisões, em informações quantitativas. Quanto a mim, esta constatação é um sintoma altamente positivo nacional, demonstrando uma predisposição inequívoca para a mudança e aperfeiçoamento de atitudes.
Como temos vivido no país do ..."acho que"..., é formidável constatarmos a nossa própria metamorfose cultural - ao generalizar-se a decorrente justificação objectiva...."porque"
Estou a procurar seguir de muito perto esta salutar tendência, como poderão verificar neste e nos próximos posts e, depois se entenderem, até contrapor.
Vem isto a propósito do facto de vermos/ouvirmos falar de opções políticas estratégicas para obviar indicadores numéricos, mas de nem sempre lhes aferirem os correspondentes significados - mesmo em documentos oficiais - que integram roteiros de referência para a execução de medidas orientativas, caso do Plano Tecnológico.

Assim, o Plano Tecnológico não se detém em considerações explicativas sobre o que se pode esperar dos esforços do país, direccionados para o fomento e valorização da inovação e do empreendedorismo, que se supõe serão seguidos, mas como veremos nem tanto.
Mas, como o termo inovação é recorrente em todo o documento, e se induzem, nessa tónica, fortes expectativas - porque é mencionada como um esteio infalível do desenvolvimento tecnológico, descrito como estratégico - decidi concretizar, para meu gasto e gosto, o significado dos "instrumentos de medida" da inovação.
Reparto aqui, com os eventuais interessados, algumas das minhas reflexões, sobre indicadores do Plano Tecnológico, e o que me ocorre sobre as nossas políticas:

A inovação é um fenómeno complexo - nem sempre exclusivamente atribuído só a humanos - que para a sua avaliação exige uma apreciação multidimensional - de forma a permitir formular tendências para as respostas do poder político, devidamente orientadas para a questão que se queira ver clarificada.

Pela TrendChart European Innovation Scoreboard possibilita-se a interpretação política comparada da capacidade inovativa das Nações, através de um índice composto (CI). Todavia, um índice composto não fornece nehuma informação concreta sobre o sistema de inovação de um país. Trata-se apenas de uma ordenação relativa, de reduzido significado * .


De acordo com o Manual de Oslo, a expressão da inovação é sempre afectada por factores de enquadramento - condições do meio específico (entidades públicas/privadas) em que se possa desenvolver, ficando ainda condicionada a sua maior ou menor força aparente, ao ambiente em que o meio de produção se insere (as políticas e as estratégias governamentais - porque a sua ausência ou inadequação, quando existem, são exemplos de factores condicionantes, a considerarmos).

Tal como o Manual de Oslo, também a TrendChart European Innovation Scoreboard pretende estruturar a análise da inovação através de 3 sistemas de "marcadores" – "scoreboards":

1. European Innovation Scoreboard (EIS) - índice composto (SII) - baseado em 26 indicadores que demonstra seriação relativa, e não uma posição absoluta numa ordenação: "Having an SII twice that of another country does not mean that the absolute innovation performance is also twice as good". Estes indicadores funcionam assim (clique na imagem):


2. Sectoral Innovation Scoreboard (SIS) - índice por clusters de actividade - identifica diferenças estruturais, porque um país que se dedique à indústria farmacêutica pode apresentar um maior índice - valor acrescentado - que um que se dedique à indústria alimentar. Pelo SIS as empresas tecnológicas são classificadas por níveis - exemplos: Elevada Tecnologia: farmacêutica, computadores, telecomunicações, instrumentação e aeroespacial; Média-Elevada Tecnologia: química, mecânica e equipamento de transporte; Média-Baixa Tecnologia: borracha, plásticos; petroleo, siderurgia e metalúgicas); Reduzida-Tecnologia: alimentar, texteis, madeiras, celulose e papel e mobiliário.

3. National Innovation Systems (NIS) - que se baseia em indicadores da forma como se podem/devem intensificar os fluxos de informação/tecnologias disponíveis - entre as pessoas, empresas e instituições - considerando-se que o aperfeiçoamento deste fluxo como a chave da inovação. Há duas vertentes possíveis de apreciação dos indicadores NIS - a) A ESTRUTURA SÓCIO-ECONÓMICA e b) SÓCIO CULTURAL.

Embora não faça, exactamente, parte do Plano Tecnológico vou aqui reproduzir a síntese do pensamento estratégico Organisational Trend Chart of Innovation (2005) e os indicadores SII de dois países - Portugal e, claro, a Finlândia.
Depois, comentaremos as diferenças, e a consistência gasosa de algumas medidas políticas, para nos reordenarmos, em matéria de inovação, numa série de países.
Pode ser?
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Já agora, e se experimentássemos formar uma rodinha (como as formigas da imagem) em torno de objectivos definidos (no caso açúcar), em vez de andarmos uns atrás dos outros a atropelarmo-nos mutuamente? Isto fica também para depois, não é verdade?
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* "Did I get better, or did the world?"

5 Comentários:

Blogger MJMatos disse...

Gosto desta universidade virtual, 8-)

domingo mai. 07, 09:23:00 da tarde 2006  
Blogger Regina Nabais disse...

MJMATOS, aqui só pode ser um politécnico...
:)))

domingo mai. 07, 09:58:00 da tarde 2006  
Blogger MJMatos disse...

Não há problema, que não sou esquisito, 8-)

domingo mai. 07, 10:28:00 da tarde 2006  
Blogger Regina Nabais disse...

MJMATOS, ainda bem que não é esquesito.E pode crer que é uma das pessoas mais bem-vindas do pedaço.
Como um dos meus raríssimos interlocutores interactivos, compreenderá que tenho a maior conveniência pessoal, em que mantenha a aua "matrícula" em dia...

segunda mai. 08, 03:51:00 da tarde 2006  
Blogger Regina Nabais disse...

Obrigada pelo aviso telefónico -Ana, escreve-se "ESQUISITO".
As minhas desculpas a MJMATOS.

segunda mai. 08, 03:58:00 da tarde 2006  

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