Os outros Dire Straits
Ah, bravo leitor deste post, não eram a esses Dire Straits (os daquela banda famosa do Mark Knopfler) a que me refiro, estava a pensar nestes ".....And if we are able thus to attack an inferior force with a superior one, our opponents will be in dire straits" da Arte da Guerra - por isto:
Há cerca de duas semanas, a meio de uma animadíssima conversa com pessoas altamente responsáveis pela educação politécnica das engenharias e tecnologias - e que, diga-se de passagem, muito considero e admiro, porque a destacarem-se por alguma coisa, será sempre pela sobriedade e bom senso - ouvi-lhes a seguinte afirmação:
- A educação politécnica - se bem que obviamente não planeada, pela tutela - está a ter a sua maior oportunidade de sempre!
- A educação politécnica - se bem que obviamente não planeada, pela tutela - está a ter a sua maior oportunidade de sempre!
Na altura, digo-vos, fiquei desprovida de fôlego e de pio. A sério que só pensei:
“Deususlivre!”
“Deususlivre!”
Estão já com alucinações!... Mas, afinal, a variante humana da gripe dos frangos, em Portugal, tinha mesmo que começar por alguém.
Logo em seguida, acrescentaram: O nosso desempenho e atitudes de engenheiros podem e devem ser continua e permanentemente aperfeiçoados desde, muito cedo – e esta é a fabulosa oportunidade de intervenção da formação politécnica.
Na altura quiz morrer, mas não tive vagar! Permaneci muda e queda!...
Na altura quiz morrer, mas não tive vagar! Permaneci muda e queda!...
Mas, pelo facto das pessoas que falaram serem quem eram e da mais absoluta confiança, resolvi repassar aquelas ideias deles a limpo, e vejam ao que cheguei:
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1 º - O mal do sistema educativo, em Portugal, resulta invariavelmente de “quando estão em causa problemas agudos, nos mostrarem as coisas de maneira obtusa, discutidas aligeiradamente, em mesas redondas, por gente quadrada”.
A abordagem mais segura será observar sempre as questões de forma integrada podendo, para o efeito, analisarmos com algum cuidado, como se perspectivam internacionalmente os casos mais complexos já que, ao contrário de nós, os outros seguem por princípio visões e políticas estratégicas.
Comecei então a minha pesquisa, pela International Labour Organization (ILO ou OIT) – da qual Portugal é apenas um dos 178 membros - e, de entre pilhas de documentação disponível, achei a notável “Recommendation concerning Human Resources Development: Education, Training and Lifelong Learning”, estabelecida como resultado da General Conference of the International Labour Organization, Geneva, do Governing Body of the International Labour Office, na sua 92ª sessão de Junho 2004 (é pequenino, são no total 16 páginas - http://www.ilo.org/public/english/region/ampro/cinterfor/news/rec195en.pdf).
Este documento, a meu ver, é precioso, e explica muita coisa, mas o mais importante é que esquematiza e sintetiza o problema da formação de recursos humanos.
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1 º - O mal do sistema educativo, em Portugal, resulta invariavelmente de “quando estão em causa problemas agudos, nos mostrarem as coisas de maneira obtusa, discutidas aligeiradamente, em mesas redondas, por gente quadrada”.
A abordagem mais segura será observar sempre as questões de forma integrada podendo, para o efeito, analisarmos com algum cuidado, como se perspectivam internacionalmente os casos mais complexos já que, ao contrário de nós, os outros seguem por princípio visões e políticas estratégicas.
Comecei então a minha pesquisa, pela International Labour Organization (ILO ou OIT) – da qual Portugal é apenas um dos 178 membros - e, de entre pilhas de documentação disponível, achei a notável “Recommendation concerning Human Resources Development: Education, Training and Lifelong Learning”, estabelecida como resultado da General Conference of the International Labour Organization, Geneva, do Governing Body of the International Labour Office, na sua 92ª sessão de Junho 2004 (é pequenino, são no total 16 páginas - http://www.ilo.org/public/english/region/ampro/cinterfor/news/rec195en.pdf).
Este documento, a meu ver, é precioso, e explica muita coisa, mas o mais importante é que esquematiza e sintetiza o problema da formação de recursos humanos.
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2 º - Os objectivos que extraí dessa recomendação (195ª), a última publicada, são:
lifelong learning - encompasses all learning activities undertaken throughout life for the development of competencies and qualifications;
competencies - covers the knowledge, skills and know-how applied and mastered in a specific context;
qualifications - means a formal expression of the vocational or professional abilities of a worker which is recognized at international, national or sectoral levels;
employability - relates to portable competencies and qualifications that enhance an individual's capacity to make use of the education and training opportunities available in order to secure and retain decent work, to progress within the enterprise and between jobs, and to cope with changing technology and labour market conditions.
De entre a pormenorização que pode ser sublinhada, na recomendação195ª, é que toda a questão do Desenvolvimento dos Recursos Humanos exige uma abordagem integrada – ENTREPRENEURS que precisam assegurar Productivity, Competitiveness and Mobility; TRAINING INSTITUTIONS pela responsabilização formal que devem assumir no Projecto dos Curricula, Relevance e Attention to demand; TRADE UNIONS por se preocuparem com o Training, Bargaining and Compensation das formações; e, finalmente, o GOVERNMENT que deve garantir a Equity, Employment e Transparency. Também de referir o destaque que terá a formação não formal dos recursos humanos, bem como a conveniência de se aproximar e tornar permeável a fronteira entre a aprendizagem não formal, relativamente, à convencional através da certificação de competências.
lifelong learning - encompasses all learning activities undertaken throughout life for the development of competencies and qualifications;
competencies - covers the knowledge, skills and know-how applied and mastered in a specific context;
qualifications - means a formal expression of the vocational or professional abilities of a worker which is recognized at international, national or sectoral levels;
employability - relates to portable competencies and qualifications that enhance an individual's capacity to make use of the education and training opportunities available in order to secure and retain decent work, to progress within the enterprise and between jobs, and to cope with changing technology and labour market conditions.
De entre a pormenorização que pode ser sublinhada, na recomendação195ª, é que toda a questão do Desenvolvimento dos Recursos Humanos exige uma abordagem integrada – ENTREPRENEURS que precisam assegurar Productivity, Competitiveness and Mobility; TRAINING INSTITUTIONS pela responsabilização formal que devem assumir no Projecto dos Curricula, Relevance e Attention to demand; TRADE UNIONS por se preocuparem com o Training, Bargaining and Compensation das formações; e, finalmente, o GOVERNMENT que deve garantir a Equity, Employment e Transparency. Também de referir o destaque que terá a formação não formal dos recursos humanos, bem como a conveniência de se aproximar e tornar permeável a fronteira entre a aprendizagem não formal, relativamente, à convencional através da certificação de competências.
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3º- Trabalhando, de forma sistemática, nestas políticas - tendo em consideração o Training and learning for competence - Second report on vocational training research in Europe. Vocational Education and Training (VET) comprises organized or structured activities which aim to provide people with: Knowledge, Skills, Competences to perform a job or a set of jobs - diversos países, de que se destacam o Canadá, a Nova Zelandia; o Reino Unido; a Australia e a África do Sul, estão em processo de definição da NFQ (National Framework of Qualifications).
De uma forma geral consideram as formações profissionais classificadas por dois critérios:
1) Skill Type
i. Keeping the land, plants and animals; ii. Extraction of natural resources; iii. Engineering; iv. Manufacturing; v. Transportation; vi. Goods and services; vii. Social and Health Services; viii. Financial and Business Services; ix. Communication10 e x. Development of knowledge
2) Skill Level
– initially, four to five levels of education/training. Actually to align all education system, they were revised to 8 levels - see them here.
1) Skill Type
i. Keeping the land, plants and animals; ii. Extraction of natural resources; iii. Engineering; iv. Manufacturing; v. Transportation; vi. Goods and services; vii. Social and Health Services; viii. Financial and Business Services; ix. Communication10 e x. Development of knowledge
2) Skill Level
– initially, four to five levels of education/training. Actually to align all education system, they were revised to 8 levels - see them here.
O mais interessante é podermos ver uma síntese do que conseguiu o Reino Unido (no caso a Inglaterra) quando a metodologia é devidamente aplicada às Engenharias.
Click na imagem, para obter uma outra mais legível em versão powerpoint, ou alternativamente e melhor, vá à página http://www.enginuity.org.uk/enginuity/getting/cln07v7.pdf
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CONCLUSÕES:
- Na altura, as pessoas presentes não pormenorizaram, mas não há dúvida que têm razão. Para o politécnico é uma via que é muito interessante, e já que poucos estão a trabalhar nisso apraz-me muito, que sejam instituições politécnicas a pensarem diferente.
- Esta recomendação, bem como a demais documentação de suporte, vão muito mais além com detalhes suficientes, e explicita tudo o que os países membros da ILO são recomendados a executar, referindo ainda as pistas e exemplos de como o conseguir.
- Daí que, das duas uma – ou nos mantemos membros e seguimos as linhas de força da organização (estão bem pormenorizadas e percebem-se muito bem) ou, corajosa e orgulhosamente sós, afastamo-nos, porque o nosso pequeno mundozinho é sempre muito especial e uma outra coisa à parte – já o fizemos, pelo menos, uma vez....no século passado – temos competências inatas para repetirmos a proeza.
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Principais referências:
- “Recommendation concerning Human Resources Development: Education, Training and Lifelong Learning”, estabelecida como resultado da General Conference of the International Labour Organization, Geneva do Governing Body of the International Labour Office, na sua 92ª sessão de Junho 2004.
- Descy, Pascaline;Tessaring, Manfred. Training and learning for competence. Second report on vocational training research in Europe: executive summary. Luxembourg: CEDEFOP, 2002. 52p.
- Vargas Zuñiga, Fernando. 40 Questions on Labour Competency. Montevideo: CINTERFOR/OIT, 2004. 135 p. (Papeles de la Oficina Técnica N° 13). ISBN 92-9088-182-8.
- SENAI, Metodologia de Elaboração de Desenho Curricular Baseado em Competências, Brasilia, Brasil, 2002.
4 Comentários:
gostei muito...vou divulgar o blog
Olá uma flor.
A sério?
Penso que os poucos leitores que passam, se assustam.
Se divulgar o blog agradeço muito -este beco não tem movimento.
Então agora dá "armas ao inimigo"? 8-)
Falando a sério, não sei onde vou arranjar o tempo, mas lá vou deitar uma vista de olhos a mais 16 páginas. Obrigado.
MJMATOS, obrigada por:
1-ser dos que não se assustam com este blog.
2- quanto às armas é assim - aos meus inimigos dou sempre todas as armas que queiram porque, normalmente, magoam-se por si mesmos, com ou sem elas e, assim, até vou parecendo temerária.
3 - o MJMATOS tem sido o baluarte deste blog, porque é no seu blog http://queuniversidade.weblog.com.pt/ que vou sabendo o que se passa no mundo da educação - com visões muito diferentes da minha.
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