quarta-feira, dezembro 09, 2009

Sem dúvidas é preto ou branco


Madrugámos, hoje, com a seguinte notícia:
"Ensino Superior português podia produzir o mesmo com metade do dinheiro
O Ensino Superior público português surge entre os mais ineficientes do mundo ocidental, segundo um estudo encomendado pela Comissão Europeia ao Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).
O trabalho indica que as universidades e os politécnicos públicos podiam ter produzido o mesmo com 48,6% do dinheiro que gastaram, desde que as verbas tivessem sido aplicadas eficientemente"

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Comentários:

1 - Penso que, absolutamente, ninguém poderá duvidar das conclusões (mais do que óbvias) do estudo.

2 - Pessoalmente, o que duvido é do motivo que pode ter levado a Comissão Europeia a custear este estudo e, também, de entre todas os países ditos mais eficientes, veio justamente a Portugal encomendar o estudo a uma instituição pública de ensino superior. Estes estudos (de pouco mais do que estatísticas descritivas), a meu ver, são perfeitamente dispensáveis porque há, pelo menos, uma instituição nacional que não só pode como, também, os deve fazer (GPEARI) e publicar com referências adequadas antes de correr para a comunicação social, como, aliás, até costuma ser, e bem, a sua forma institucional de estar nestas problemáticas.

3 - Estudos excedentários dessa natureza estão constantemente a ser "encomendados" às (e produzidos pelas) nossas universidades (e, se pagos, são só pedidos a algumas e sempre às mesmas instituições) à laia de "trabalhos de investigação" sendo, dessa forma, conduzidos pelo seu pessoal docente que deveria era ocupar o seu tempo útil noutra actividade bastante mais produtiva e necessária.

4 - A título de ocupações, efectivamente, úteis de docentes do ensino superior seriam, por exemplo, na docência propriamente dita, reduzindo os seus custos totais ou, de facto, a estudar, seriamente, como é que se deveriam financiar, ESTRATEGICAMENTE, em benefício do país, de modo objectivo, justo e equilibrado as instituições de ensino superior público nacional, para melhorarmos rápida e drasticamente o nosso desempenho e custos educativos a esse nível.
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9 Comentários:

Anonymous MJMatos disse...

Caríssima RN:

Muito obrigado pela localização preciosa deste tão badalado (pelo menos hoje) documento. Sem ter acesso ao Jornal de Negócios, duvido que soubesse onde procurar.

quarta dez. 09, 10:31:00 da tarde 2009  
Blogger Regina Nabais disse...

MJMATOS, fico contente por achar que valeu a pena encontrar esta referência.

quarta dez. 09, 10:59:00 da tarde 2009  
Blogger Pacheco-Torgal disse...

Era preciso um estudo para constatar isto? Eu trabalhei uma década no Ensino Politécnico e aquilo que lá vi, eram pessoas que se limitavam a dar entre 8-12h de aulas por semana e ano sim, ano não faziam um artigozinho. Se é isto que se faz nos Politécnicos, podemos fácilmente despedir metade dos seus Docentes e passar a carga lectiva dos restantes para 22h, que aquilo que se faz no Secundário.

quinta dez. 10, 07:29:00 da manhã 2009  
Blogger Regina Nabais disse...

«fernando», desta vez, para variarmos, o politécnico está absolutamente fora do problema, porque não participou da autoria do referido artigo, digo, estudo (a meu ver, para entreter uns tempitos livres para ociosidades).
O referido estudo é subscrito pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) que está integrado na Universidade Técnica de Lisboa.
Também, na minha perspectiva, não perde a validade, antes pelo contrário, torna ainda mais premente a última frase do seu comentário mas, devidamente re-orientada, para todas as instituições de qualquer subsistema que se encontrem em igualdade de circunstâncias.

quinta dez. 10, 10:24:00 da manhã 2009  
Anonymous João Gândara disse...

Passa-se aqui algo de extraordinário, e eu não percebo bem o quê (desde já adianto que não li o estudo todo, apenas as conclusões e o texto referente a Portugal, com início na pg. 89).

O estudo em si, nem me pareceu muito mal. As conclusões até são interessantes, ainda que absolutamente genéricas. Dizem coisas como por exemplo:
. "an important group of countries was found to be operating under inefficiency conditions irrespective of the methods used. These were not only South and Eastern European countries, but also some of the more populous EU member states (France, Germany, and Italy). Also the US public tertiary education sector was found to be very far from efficiency."
. "The quality of secondary education, as measured by results attained by students at PISA internationally comparable tests, is one of the factors that is consistently correlated to country efficiency scores"
. "Spending increases, if they occur, have to be carefully managed and should go hand in hand with institutional reforms."

As conclusões relativas a Portugal também me parecem, geralmente, correctas.

O que me baralha é a frase do Jornal de Negócios: "O trabalho indica que as universidades e os politécnicos públicos podiam ter produzido o mesmo com 48,6% do dinheiro que gastaram, desde que as verbas tivessem sido aplicadas eficientemente". Eu procurei, procurei e não encontrei isto em lado nenhum... Onde terão ido buscar este número????? É tão facil fazer notícias bombásticas... E noto que o politécnico também aparece metido ao barulho.

Mesmo assim acho que vale a pena tecer alguns comentários a isto. É óbvio que a produção científica é fraca. Mas não é, como um dos comentadores acima refere, reduzindo o corpo docente que isso se resolve. Já agora, o tempo disponível para essas tarefas é curto, o que aconteceria se fosse ainda mais reduzido? É que dar aulas é apenas uma parte do trabalho extra investigação (pelo menos do meu, dos outros não sei)

quinta dez. 10, 04:55:00 da tarde 2009  
Blogger Pacheco-Torgal disse...

A produção cientifica não é fraca é inexistente.

E não chamo produção cientifica a artigos em revistas editadas pelas próprias instituições do Ensino Superior.

Iniciativa esta que só dá vontade de rir. "como as revistas a sério não publicam os nossos artigos, que tal fazermos nós próprios uma revistinha".

Na avaliação de desempenho dos Docentes do Ensino Superior, uma parte devia estar forçosamente ligada á produção cientifica.

Qualquer coisa do genero, num triénio, um Docente Universitário, devia estar obrigado a publicar 3 artigos ISI, já um Docente do Politécnico devia publicar pelo menos 1. Se não o fizessem tinham uma avaliação negativa.

Também devia haver limites similares para o acesso a determinados cargos. Por exemplo, ninguém podia passar a Catedrático ou Coordenador Principal sem ter pelo menos 15 artigos ISI.

Este limite podia baixar para 10 no caso de Professores Associados ou Coordenadores.

Por exemplo ninguém poderia aceder a Professor Auxiliar sem possuir além do Doutoramento 3 artigos ISI, ou no caso dos Professores Adjuntos 1 artigo ISI.

Esta era aliás uma boa forma de combater os Doutoramentos á pressão e que não possuem o minimo de qualidade cientifica.

Aliás, um dia assisti a uma arguência de Doutoramento, em que logo a abrir o Arguente (Professor no Técnico), dizia ao candidato que não entendia que alguém se propusesse a defender uma Tese de Doutoramento em Engenharia, sem que a mesma estivesse validada com pelo menos um artigo ISI.

sexta dez. 11, 09:21:00 da manhã 2009  
Blogger Regina Nabais disse...

Eu gostava ainda de voltar a estes temas que os comentadores aqui deixaram. Farei isso, assim que possa...

sexta dez. 11, 10:09:00 da manhã 2009  
Blogger Pacheco-Torgal disse...

Confirma-se que este blog foi afectado pela vaga de mau tempo e congelou.

quarta dez. 23, 07:05:00 da manhã 2009  
Anonymous Anónimo disse...

Ora aqui está um bom exemplo do regabofe que vai pelos Politécnicos, licenciados como Coordenadores e Bacharéis como Professores Adjuntos:

Por despacho do Presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco, de 26 de Outubro de 2009, foi renovado com o Licenciado Miguel Jorge Ferreirinha Cardoso da Rocha o contrato de trabalho em funções públicas a termo resolutivo certo como Equiparado a Professor Coordenador, para a Escola Superior de Artes Aplicadas deste Instituto, em regime de tempo integral e em exclusividade, posicionado no escalão 1, do índice 220, da respectiva categoria/carreira, com início a 1 de Novembro de 2009 e termo a 31 de Outubro de 2010.

21 de Dezembro de 2009 - O Presidente, Carlos Manuel Leitão Maia


Extracto:

Por despacho do Presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco, de 13 de Outubro de 2009, foi renovado com o Bacharel Alexandre José de Brito Vilela o contrato de trabalho em funções públicas a termo resolutivo certo como Equiparado a Professor Adjunto, para a Escola Superior de Artes Aplicadas deste Instituto, em regime de tempo parcial 60%, posicionado no escalão 1, do índice 185, da respectiva categoria/carreira, com início a 1 de Novembro de 2009 e termo a 31 de Outubro de 2010.

21 de Dezembro de 2009 - O Presidente, Carlos Manuel Leitão Maia


Extracto:

Por despacho do Vice-Presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco, de 21 de Outubro de 2009, foi renovado com o Bacharel Carolino António Silva Neves Carreira o contrato de trabalho em funções públicas a termo resolutivo certo como Equiparado a Professor Adjunto, para a Escola Superior de Artes Aplicadas deste Instituto, em regime de tempo parcial 60%, posicionado no escalão 1, do índice 185, da respectiva categoria/carreira, com início a 1 de Novembro de 2009 e termo a 31 de Outubro de 2010.

21 de Dezembro de 2009 - O Presidente, Carlos Manuel Leitão Maia

quarta dez. 23, 09:27:00 da tarde 2009  

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