pagando promessas em linha
1) "Síndrome de Irving Langmuir",
2) "do Nobel ao IgNobel",
3) "Vítimas de Ciência Patológica",
4) "A Arte da Ciência que não o é"
5) "O paradigma dos 4 P+1 O" (este O é meu, mas os 4P não são).
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Vem isto, a propósito de:
Num post de João Miranda, intitulado "Banha da Cobra", do blog Blasfémias, podermos ler: Ricas ondas! Investimento de 1 milhão e 250 mil euros só funcionou… 3 meses". [Vá lá, meus amigos, não abram a boca, porque isso não é nadinha, passa já!]
A leitura desse texto, a audição do vídeo associado e, ainda, uma troca azeda de comentários sobre um dos meus recentes posts (a respeito, uma pessoa conhecida, já há uns tempos, disse-me: questiúnculas como essas resolviam-se na perfeição com um duelo de desagravo... mas, hoje em dia, já ninguém é de nada....) recordaram-me uma minha dívida geriártica para com dois dos meus prezados e bravíssimos credores-leitores que, naturalmente, preciso estimar.
Vem isto, a propósito de:
Num post de João Miranda, intitulado "Banha da Cobra", do blog Blasfémias, podermos ler: Ricas ondas! Investimento de 1 milhão e 250 mil euros só funcionou… 3 meses". [Vá lá, meus amigos, não abram a boca, porque isso não é nadinha, passa já!]
A leitura desse texto, a audição do vídeo associado e, ainda, uma troca azeda de comentários sobre um dos meus recentes posts (a respeito, uma pessoa conhecida, já há uns tempos, disse-me: questiúnculas como essas resolviam-se na perfeição com um duelo de desagravo... mas, hoje em dia, já ninguém é de nada....) recordaram-me uma minha dívida geriártica para com dois dos meus prezados e bravíssimos credores-leitores que, naturalmente, preciso estimar.
Antes de tudo, recordo em especial para esses dois leitores-comentadores-credores, que "choramos sempre mais pelas preces atendidas".
Vou iniciar hoje a amortização (aos bochechos) deste meu deficit (público), apesar de entender que, desde já, não desmereço a possibilidade de me incluir, a curto prazo, naquele exclusivo, selectivo e, agora também, famoso agrupamento nacional dos aficionados da dívida pública que, como penso saber, tal como a minha própria pessoa, não paga nem reza santo, quanto mais promessas...
Vamos, então, lá a isto:
Neste meu post, instintiva e intempestativamente, insurgi-me contra (o que considero ser) um franco abuso da generalização do conceito de investigação, quando usado no sentido de simples aplicações de tudo o que se sabe, acerca de um determinado assunto num determinado instante.
Por outras palavras, penso ser bacoco chamar (ou acorrer) à imprensa, televisão e rádio para lhes divulgar e fazer anunciar (ao mundo) os hipotéticos "achamentos" de "estudos/trabalhos/projectos" muito trabalhosos, mas muito curriqueiros, para os quais se usaram metodologias conhecidas, já publicadas e bem definidas que qualquer profissional razoável deveria utilizar e desenvolver, sem problemas de maior e sem recorrer a cientistas de verdade.
Como sempre, para que não suscite dúvidas, exemplifico com casos concretos o que penso em nada prestigiar os seus intervenientes promoverem-se conferências ou elaborar notas de imprensa, nem "chamar a SIC" para casos semelhantes a estes: Tijolos feitos de "lixo" (aplicação já muito conhecida na gestão de resíduos de alumínio) e Hipotensão: software português pode prever crises nos cuidados intensivos (uma aplicação das redes neuronais, de entre muitas outras tão interessantes quanto, e já bastante antigas) e, já agora um outro, mas não encontrei o vídeo correspondente, para dois docentes/investigadores, respectivamente, uma senhora do IST e um senhor da FEUP, que arengaram sobre eficiência e optimização da transferência, salvo erro de combustíveis, de Sines para Aveiro (mas que, na verdade, se dedicaram com algum afinco, admito, à aplicação de investigação operacional a redes de transporte (coisa sabidíssima, e muito mais antiga ainda).
Agora, para estes trabalhinhos, temos até a vidinha muito facilitada porque dispomos de computadores e servidores que são umas preciosidades.
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Quero dizer, para mim, trabalhos, como os exemplificados, são simples casos de estudo, muitíssimo interessantes, mas que podem e devem ser realizados por pessoas comunsíssimas, claro que detentoras de uma boa formação de base nas respectivas áreas, e auxiliados ou não, pontualmente, por pessoas mais experientes (professores ou não) ou, apenas, por mão de obra barata ou gratuita - de bolseiros e estagiários das respectivas especialidades.
Ou, em alternativa, o que, a meu ver, seria mesmo desejável era que estes trabalhos fossem executados só por empresas privadas de projectos, que remunerassem condignamente profissionais contratualizados, directamente, para esses efeitos. Da forma como incentivamos a concorrência desleal -- por intermédio da alguma "investigação" realizada em Portugal, quando interpretada de forma demasiado liberal, por muitos centros de investigação -- não há empresa privada de sucesso que se consiga firmar. Mas, ainda voltaremos a falar sobre isto.
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Mas, quando esses tais trabalhos, e relatórios estudos, absolutamente, triviais e simplórios se tornam em casos dignos de registo para grupos ditos de investigação ou inovação que se presem, é como promover rotinas a uma elevação de patamar, mas já com requintes de sado-masoquismo. É que é, justamente, por isso, que se fica a perceber bem a razão porque Portugal não vai nunca sair do buraco -- divulgamos ao povo (presumivelmente, ignorante e ingénuo) os nossos gloriosos e geniais feitos, expectamos a que decisores públicos muito, mas mesmo muito distraídos (como quase sempre são, porque os "capitais" nem são deles e uma mão lava a outra), enventualmente, nos premeiem e financiem, enquanto nos auto-desvanecemos por tudo o que esteja nas vizinhanças executivas do nosso próprio e único DNA.
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Apesar disso -- não sou fundamentalista da ética -- para mim, tudo estaria muitíssimo bem se ficássemos por aqui.
O problema é que nunca ficamos por aqui, sobretudo, se esta verdadeira propaganda, feita de forma gratuita (quanto nos custará?) e selectiva, facilita o reforço da argumentação para se auferir da distribuição de actuais ou futuros orçamentos públicos para impulso da investigação, a diferentes instituições/candidatos a projectos que a nossa FCT apelida de investigação; por exemplo, se o financiamento tiver como base o número de linhas ocupadas por "projectos (ditos) de Investigação".
Essa repartição, diz-se, que é independente, feita por júris internacionais, com base em critérios transparentes, mas se eu confio TOTALMENTE em pessoas que integram os júris que nos desconhecem, já não confio mesmo NADA nos que encomendam e pagam as apreciações feitas por esses júris - para mim, seria muito interessante o país conhecer a distribuição de frequência dos financiamentos/projectos aprovados por instituições candidatas e, também, por "coordenador" dos grupos de investigação vencedores das candidaturas.
Para o efeito, de eu sequer me dar ao trabalho de creditar verdadeira equidade às tais distribuições "independentes e justas", essas teriam que ser feitas com base em grelhas de créditos mensuráveis e comprováveis, devidamente pré publicados aos olhos de todos e, depois, confrontadas com as QUANTIFICAÇÕES das classificações atribuídas pelos júris aos currículos e conteúdos concorrentes, também estes tornados públicos. Ora isto, que eu saiba, nunca aconteceu nem, ainda, acontece. Os tais critérios, quando publicados, é que mereceriam um prémio de semântica e de sofismas. Porque será?
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Para fechar este assunto, por hoje, a 1ª prestação da minha promessa, vou:
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1 - citar uma investigadora do MIT. a respeito de discriminação de financiamentos na apreciação dos trabalhos:
"Resource allocation is often done, particularly at the beginning of a career, on expectations of success and also depends on how aggressive and successful one is at demanding, and getting, more space, equipment, start-up funds, graduate students, and so on. Getting more at the start helps one take off faster and go further quicker, of course."
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2 - explicar os 4 P que poderiam ser atribuídos ao título do post:
One way confusion can enter a scientist's thinking involves disruption of the natural conceptual progression through four categories of ideas, ranked in decreasing order of surprisal. For convenience, we can refer to these as the paradigm's four Ps
2 - explicar os 4 P que poderiam ser atribuídos ao título do post:
One way confusion can enter a scientist's thinking involves disruption of the natural conceptual progression through four categories of ideas, ranked in decreasing order of surprisal. For convenience, we can refer to these as the paradigm's four Ps
The possible comprises all ideas that do not violate the most basic and global principles of science (e.g., the second law of thermodynamics; fundamental conservation laws).
The plausible describes ideas that are clearly possible and would be tenable if we could envision circumstances under which they could be tested. (In the case of "polywater" or polymerized H2O molecules, discussed in more detail below, there was no a priori reason why a chemical reaction yielding such a substance could not occur and move downhill in potential energy, as any reaction must; the idea was implausible but not impossible.)
The probable describes "normal science" as Kuhn used the term: incremental explorations that apply a paradigm and may extend its scope but do not threaten to overturn it. Science regularly makes orderly incursions into the realm of the unknown, expanding what is known without raising an eyebrow over the probability of the results.
The proven applies to unsurprising exercises in puzzle-solving, the routine application of known principles, working firmly within a stable paradigm. Much of scientific education takes place here, though student work is fully capable of venturing into the other areas. "
Cá para mim, nós a isto, muito facilmente acrescentarmos um "O" - ÓBVIO - este é só nosso, e ficamos muito felizes... embora, depois, resmunguemos dos resultados finais-finais, para o país.
Sobre este tema, há ainda muito para dizer mas, eu não consigo distanciar-me, facilmente, disto, porque meus amigos, quando não temos nada para esconder não nos importamos de explicar bem as nossas decisões e contas - e, neste caso, são só 4 operações, os seus resultados precisariam mesmo de estar certos, e... e não estão!
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Para concluir, parafraseando alguém bem-humorado, e que não sei, de momento, identificar:
Antigamente, o que todo o investigador gostaria de dizer era EUREKA.
Agora, o investigador já se contenta com: " O meu projecto foi financiado".
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Se ainda tiverem paciência, não dispensem de ler este extracto: Working researchers can take practical steps to lower the chances that today's "Eureka!" will be tomorrow's Ig Nobel, que encontram neste artigo, não datado na fonte:"Toward a General Theory of Pathological Science" de Nicholas J. Turro e William P. Schweitzer Professor of Chemistry at Columbia University.
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