domingo, fevereiro 11, 2007

Únicos

É fantástico, como nós Portugueses somos realmente ÚNICOS - tal e qual o Rododendro da imagem: "Rhododendron 'Unique' (Slocock)" fotografado por Henk Borsje, no seu próprio jardim, em Duxbury, no Massachusetts [estado americano, onde se situa o MIT].
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Querem uma prova? Aí vai ela:
Pode ser que alguns portugueses ainda se lembrem que, durante cerca de 4 meses, em 2005, a nível Europeu, esteve em aberto para consulta pública, a definição do conceito a atribuir ao próximo Instituto Europeu de Tecnologia [1].
Por acaso lembro-me bem, porque sou palpiteira inveterada, viciada e "vidrada" em consultas públicas - são raras as oportunidades de participar em consultas públicas, de que eu mesmo só tomando um traço vestigial de remoto conhecimento, que não retribua aos "perguntadores" com todos os meus palpites - e, como cidadã "europeia", também respondi a esse tal inquérito, por sinal várias vezes porque a consulta foi "online" e, volta não volta, a página do inquérito desaparecia e/ou encrencava, como as da nossa FCT - "lá" como "cá", as TICs precisariam muito de uns "valentes reapertos"...
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Perguntam-se os meus caros e raros leitores "....e,...e nós... com isso???"
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É que:
1) Na página 15, dos resultados da referida consulta pública - "RESULTS OF THE PUBLIC CONSULTATION ON A CONCEPT OF AN EUROPEAN INSTITUTE OF TECHNOLOGY" - informam: "In total, the consultation received 741 responses to the online questionnaire, 72% from individuals. The list of organisations that responded is given in Annex 2."
2) De entre as pouquíssimas organizações que responderam (209) há quatro (4; 1.9%) Portuguesas, e pasmem quem são elas:
  • i) DynMed Alentejo, da Associação de Estudos e Projectos de Desenvolvimento Regional;
  • ii) a Madeira Tecnopolo;
  • iii) a Universidade do Algarve;
  • iv) o Instituto Politécnico de Beja.
Se calhar, ingenuamente, mas penso que não, parto do princípio que essas entidades serão as únicas com interesse genuino, na resolução integrada de questões de politicas de desenvolvimento tecnológico europeu.
Incrível, não é mesmo? Esperar-se-ia que as nossas instituições, ditas de excelência, tivessem assumido liderança, em comunicar o seu posicionamento face às questões colocadas. Mas também o mais certo é poder ser que nem precisem se incomodar a pensar, sobre "essas ninharias" -- Haverá sempre alguém, politicamente bem posicionado, que pensa por elas...
3) Hoje, no Diário de Notícias, Rui Machete, num artigo intitulado "As oportunidades da presidência portuguesa" lembra-nos que "Portugal vai assumir, no segundo trimestre deste ano, a presidência da União Europeia. Constitui uma oportunidade única para que a opinião pública portuguesa se volte a interessar pelas questões da integração e também um bom momento para projectar com energia a imagem de Portugal no exterior...."
E, num outro artigo, intitulado "Instituto Europeu de Tecnologia começa a funcionar no próximo ano", Pedro Sousa Tavares esclarece -- escaparam-me os fundamentos que aduziu -- que: "....Ensino superior 'à la carte'. Assim se poderia resumir o conceito do Instituto Europeu de Tecnologia (EIT em inglês), apontado como o futuro concorrente europeu do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Em causa está um investimento inicial de 2,4 mil milhões de euros, que poderá ser duplicado até 2012, para dotar a União Europeia de uma instituição capaz de rivalizar com as melhores do mundo, com o desafio adicional de dar "resposta a problemas concretos", como o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis do ponto de vista ambiental....."
4) Pergunta minha, para resposta em alternativa: que instituições em Portugal irão ser chamadas "superiormente" a participar e contribuir (beneficiar), por Portugal, para a concretização do projecto EIT?
  • A) As que se interessaram pelo assunto, desde a sua raiz, quando tudo ainda não passava de uma ideia vaga?
  • B) "As do costume"? - que aparecem sempre, e se transfiguram "irremediavelmente" nas melhores, nas excelentes, nas mais que muito óptimas, apenas e só, quando se começa a falar de "pilim", "grana", "carcanhol", €uros, dollare$... e, sobretudo, financiamentos públicos...etc., etc...? Convertendo-se, num ápice, em especialistas de qualquer assunto que venha à liça, mas nunca, por nunca, começam por ajudar a construir o que quer que seja, no interesse colectivo!
E, já agora, em que acreditam os meus caros e raros leitores?
A) No que lhes dizem para os convencerem?, ou B) nos vossos próprios olhos?
Pessoalmente, já vou acreditando em tudo o que me dizem!
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[1] Ver também em:
  • "Comissão adoptou hoje nova comunicação. Bruxelas, 8 de Junho de 2006". Associação Empresarial de Portugal:"O Comissário Ján Figel, responsável pelo ensino e pela formação, afirmou que "na sua qualidade de porta-estandarte da excelência, o Instituto poderá atrair os melhores estudantes e investigadores do mundo inteiro, consolidando assim a posição da Europa como agente global no ensino e na investigação." O Comissário acrescentou que "o Instituto Europeu de Tecnologia colocará a inovação no cerne do triângulo do conhecimento. As empresas serão parceiros essenciais para os níveis estratégico e operacional do instituto e participarão directamente em actividades de investigação e formação, ajudando, assim, a fomentar uma mentalidade empreendedora em licenciados e investigadores, vital para que a Europa alcance o seu objectivo de se tornar uma economia dinâmica baseada no conhecimento."

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