quarta-feira, janeiro 24, 2007

..."Longe, longe, muitas léguas"!

Não fiquem horrorizados, porque é raríssimo entrar em processos de auto-análise, mas... também tenho os meus momentos de rebates de consciência.
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Deixem-me contar-lhes:
Ontem, recebi por mail (mailing list) a transcrição de um comunicado da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC)http://www.bolseiros.org/.
A situação descrita pelos bolseiros coloca-os numa situação deveras complicada porque, além do óbvio prejuízo financeiro (que é um mal muito menor) de que são vítimas, promove-lhes, seríssimos desapontamentos e descrenças no sistema incluindo, muito provavelmente, a interrogarem-se sobre se os resultados esperados -- que se perspectivam de tudo o que já investiram na sua formação, envolvendo os esforços e sacrifícios pessoais e dos familiares -- não estarão também em causa. Efectivamente, com as actuais circunstâncias em que estão envolvidos, podem promover consequências não expectáveis, considerando que a maioria dos bolseiros serão jovens, e desesperanças no início de carreiras não favorecem bons prenúncios.
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Sendo bastante gravosas as descrições que os bolseiros fazem no seu testemunho, também não deixa de merecer muita reflexão o que pode condicionar um Governo a confundir-se tanto, como aconteceu até agora, na execução das suas próprias visões programáticas e ambições declaradas para a Educação Superior, Ciência e Tecnologia nacionais.
Foi assim, que resolvi tentar "calçar os sapatos" dos nossos decisores políticos - e a única causa que remotamente pode explicar, embora sem justificação, o que acontece, neste e noutros sectores nacionais, é estarmos perante uma situação de insolvência tal, que seria caso para uma revisão, melhor, para uma adequação de estratégia, necessariamente, com padrões muito mais modestos, realistas e sequenciais, face às reais condições financeiras de Portugal.
Quando expus - durante este meu compassivo estado de alma, a uma reduzidíssima rodinha de pessoas conhecidas, que ainda vai tendo paciência para ouvir os meus desabafos -- a ideia de que precisamos "calçar os sapatos dos nossos governantes", para apurarmos melhor as condicionantes para todas as não decisões, disseram-me: ".....devemos mesmo rapidamente 'calçar os sapatos deles' e também corrermos logo muitas, muitas léguas, para que 'eles fiquem descalços' e nós, entretanto, possamos ir para o mais longe possível do seu alcance"!!! Essas pessoas terão razão??
...
"Longe, longe, muitas léguas,
mas que negra solidão,
por falta de água, perdi meu gado,
morreu de sede meu alazão."

Prometo-lhes não voltar a sofrer de nenhuma crise reflexiva tão cedo, e tão perto!
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FONTE DA IMAGEM: http://www.artcyclopedia.com/masterscans/van-gogh-shoes-mid.jpg

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