sexta-feira, novembro 28, 2008

Oxímoros

Num acesso de inteligência-emocional e durante uma época em que, pela educação portuguesa a fora, são notórias a aversão e animosidade contra as questões de avaliação, o nosso Ministério 15 - Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) - assentou voluntariamente o seu pescoço no cepo, isto é, autoavaliou-se:
Progress Report;
Issues for Discussion;
Annexes to the Progress Report.
Do "Progress report" destaco o excelente trabalho dos mediadores bancários - condições contratuais de empréstimos a estudantes - que são agora, como sempre foram, também prestamitas da educação superior; Mas, actualmente, emprestar dinheiro para quem quer estudar e não dispõe de meios financeiros é considerado «inovador»... só se «a inovação» foi o facto do estado ser fiador - deve ter sido esta iniciativa inspiradora do nosso MCTES, que o Ministro Teixeira dos Santos e, depois também, o Obama e o Durão Barroso "copiaram".... E, por falar em copiar, de acordo com o Diário de Notícias, os Países da OCDE (estão) interessados no modelo de fundação. Com um bocado de sorte, Portugal pode apelar a Direitos de Autor.... Tenho a certeza que esta coisa de Fundação Pública de Direito Privado é mesmo uma ideia MUITO original.
Reparem no impacte político do rápido enquadramento estatístico dos nossos indicadores da Educação Superior e Investigação, alcançados através da trefilagem de vontades e mostrados pelas inflexões e torções dos perfis gráficos, disponíveis nos anexos. Por outro lado, não é nada desprezível o silêncio-eloquente do Progress Report sobre o imobilismo-apocalítico da Agencia de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior.
Porém, ao contrário do seu habitual exemplo (o do MCTES enquanto avaliador por intrepostas equipas internacionais) os seus avaliadores internacionais da OCDE são bastante despachadinhos - até já lhes deram "as notas" (ou foi o contrário?): OCDE elogia o progresso da reforma do ensino superior português e incita instituições a responderam positivamente ao processo de modernização em curso. (Como também nos confirma o Jornal Público aqui)
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Mas, contradições são mesmo a nossa especialidade nacional!
Ver também o artigo "OCDE sugere mais consórcios regionais para ensino superior português" no Jornal Público: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1351587. Vou gostar imenso de ver alguns destes «consórcios», literalmente, «em acção» - quando há incidentes com mortos e feridos, qual é mesmo aquele número das urgências?

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PS - Caros Professores dos outros níveis de ensino, deixo-lhes uma sugestão: peçam à Senhora Ministra da Educação que preste alguma atenção a este modelo de avaliação e, já agora, o copie... pelo menos, para os avaliados, parece ser bastante prático, faz-se num instantinho-eterno, a parte mais dura de roer pode ser preparada por interpostas gentes, lembram-se do Background Report (?) e, de uma forma geral, assegura boas classificações, ou melhor, produz sempre classificações «muito simpáticas» aos voluntários.

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