terça-feira, janeiro 02, 2007

"Crochet Caótico"

Se sempre podemos complicar, porque facilitaríamos?
A figura mostra-nos um passo de produção do fabrico industrial, a baixas temperaturas, de um confitado de esticar, o Taffy, e a configuração geométrica e da tensão do equipamento de amassadura, no caso, "esticadura e dobra", que podem ser muito facilmente regulados "à pata e na hora", mas também podem ser integralmente previstos e pré-fixados com rigorosa precisão, para imutáveis condições específicas (diga-se de passagem na prática difíceis de padronizar), por laboriosa exploração da Teoria do Caos, ou seja, pela modelação matemática de um sistema dinâmico não linear - apenas uma de entre as múltiplas aplicações possíveis da generalização das Equações de Lorenz.
.
No fundo, é praticamente só isto o que nos diz o "REVIEWS OF NATIONAL POLICIES FOR EDUCATION - TERTIARY EDUCATION IN PORTUGAL. Examiners' Report do DIRECTORATE FOR EDUCATION EDUCATION COMMITTEE" - complicámos e baralhámos até podermos, seremos obrigados a simplificar e a organizar.
Confesso-lhes que, para mim, chega a dar-me vontade de sentar, chorar e comer metros e mais metros de "taffy" (*) quando leio, no relatório da OCDE, o seguinte parágrafo - ponto 4.29, da página 55:
"At the same time, the polytechnics are hearing mixed messages. They are enjoined to upgrade the qualifications of their faculty to PhD level, indeed they are now funded, in part, according to their performance in raising the qualifications of their teaching staff. Yet they are not to be research institutions and not to provide research education, and they are reminded that their approach to higher education should be application-oriented. They hear of consideration being given to the selective integration of some polytechnic schools with universities. They hear that they may be required to provide post-secondary short-courses within their current operating budgets. And they see part of the enrolment shares they have worked to build up over the years, and on which their budgets are based, being eroded through competition from universities and private providers. A more explicit statement of the role of polytechnics is needed, one that conveys an expansive vision of their distinctiveness". Frase esta complementada, no ponto seguinte, por esta imperdível declaração:
The Review Panel cannot assess the extent to which the institutions and the various communities of interest -- especially students, parents and employers -- are willing to embrace differentiated expectations on a horizontal, rather than vertical, basis. On the one hand, history and culture are powerful forces. On the other hand, growth and survival depend on adaptation to changing environmental conditions.
Pois.....
Na verdade, a OCDE tem toda a razão, que outras coisas que não o permanente ruído político-social e as decisões aleatórias de horizontes instantâneos -- "logo aqui, para mim e para já" de natureza estritamente pessoal, foram os motores da educação terciária, durante três décadas, [e nunca se esqueçam das suas origens; é só identificar-se bem a autoria e os contextos de quem esteve por trás das sucessivas legislações e ideias peregrinas publicadas - até eu com a minha reduzida memória tipo analógica me lembro, por isso que ninguém, com mais de 10 anos destas andanças, se faça de desentendido] -- poderiam conduzir as instituições politécnicas para a arapuca em que se meteram? E agora, que outro remédio terão estas, se não emendar "às pressas" a trajectória?
Entretanto, a continuarmos com a formulação ainda teimosamente prescrita, só explicável por oportunismos bacocos, salvo raras e honrosas excepções, qualquer dos subsistemas não tem, nem terá preparado, nos tempos mais próximos, um corpo docente que reúna as competências à altura das necessárias, para o que de facto precisam fazer.
E já agora, não sei que raio de mensagem foi passada à OCDE (mas consigo imaginar, coitados...), porque também não é com aquele burocrático programa das Novas Oportunidades, por eles citado e (re-re)citado, que as instituições públicas poderão contribuir para suprir as gravíssimas deficiências Educativas Nacionais, nem também com aquele outro permanentemente diáfano e impreciso work in progress do Plano Tecnológico que se irá suprir a deficiência tecnológica do país.
Para concretizarmos, aqueles dois nobres objectivos, será preciso muito mais do que conversas fiadas de ocasião, investimentos aleatórios, marionetismos ministeriais concertados, "flyers" e "powerpoints"** de propaganda política, por exemplo, seria necessário também convencer as Universidades que se dedicassem ao que, efectivamente, precisariam de fazer para poucos mas muito bem - "research oriented programmes" e "criação de conhecimento", esta então muito diferente de resolução rotineira de questões comezinhas de transferência de tecnologias que, às vezes - se bem que pensem que não - se percebe muitíssimo bem, que nem sequer dominam os "receituários" básicos.
Enquanto andarem todos, por aí, a fazerem uns "bitaites e uma perninha", a propósito de tudo e de nada que se pareça com €, e em tudo o que há, meus amigos, ninguém fará rigorosamente nada que valha o esforço, atenções e os orçamentos dedicados!
____________________
*só porque Portugal gastou demasiado tempo, e desbaratou demasiados recursos, para nada; se me contassem sem eu saber que isto é a pura verdade, jamais acreditaria ser possível.
** para que conste - e, totalmente, a despropósito - parece que nos meios tecnológicos avançados, o "powerpoint" como forma de comunicação é considerado muito limitado, e é uma manifestação "out of fashion".
5 - CLIVE THOMPSON. "Power Point Makes You Dumb". New York Times. December 14, 2003.

2 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Viva, boa noite;

PF mande-me um olá para eu poder remeter-lhe o convite do CO-LABOR.

1 abr

Alexandre

quarta jan. 03, 06:46:00 da tarde 2007  
Blogger Regina Nabais disse...

Esqueci-me do "olá".

quarta jan. 03, 10:20:00 da tarde 2007  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial