sábado, dezembro 16, 2006

"Just in case" ou "Just in time?"

Ao contrário do crocodilo da fotografia aqui ao lado, hoje, não estou particularmente bem humorada.
Porquê?
Porque:
As opiniões ou juizos de valor de/sobre qualquer pessoa, entidade ou instituição merecem-me todo o respeito, e são para mim sempre valiosas, mesmo quando não concordo com elas; mas, para me dar ao trabalho de sequer os considerar, é um requisito básico, que críticas discriminatórias positivas ou negativas sejam acompanhadas da sua respectiva justificação - tudo o resto são fuxicos de cafézinho forte e beberrico de água.

Ainda não tive tempo, e não o terei tão depressa, por isso, só passei os olhos sobre o que a OCDE entende à-cerca da educação terciária portuguesa.
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Não sei se a equipa da OCDE entende alguma coisa da educação terciária portuguesa ou não, o que sei é que não estava à espera de ver escritas, num relatório com essa responsabilidade, frases soltas - como esta "Quality also varies across institutions. Universities are more selective than polytechnics and typically provide better quality teaching" - sem a respectiva análise crítica - sobretudo, se forem depreciativas ou, como cheguei a ouvir: esse tipo de afirmações são políticamente assassinas. A ausência de definição do conceito de qualidade usado nesta infeliz expressão do Relatório, do meu ponto de vista, assassinou a qualidade do mesmo.
É que frases como essas são, gratuitamente, lesivas ao não serem imediatamente explicadas as circunstancias relativas das instituições em apreço, no caso, de Universidades e Politécnicos: por exemplo, para os politécnicos, desde logo, porque não têm a mesma autononomia nem margem de manobra, há menos financiamento em Orçamento de Estado para funcionamento unitário-aluno, e para os seus docentes fazerem a formação ao nível de pós graduação e MUITÍSSIMO MENOS FINANCIAMENTO PARA INVESTIGAÇÃO, os docentes dos politécnicos pagam propinas nas suas pós-graduações, os docentes dos politécnicos têm maior carga lectiva, e maior número e diversidade de matérias a leccionar, os politécnicos não contam com cérebros ou mão de obra gratuitos, à força, para melhorarem os seus indicadores de investigação, e o seu financiamento para investigação - este situou-se em apenas 5% dos investimentos públicos do sector.
Assim, sem subtrair responsabilidades ao tudo o que se faça de menos bem nos politécnicos, rejeito liminarmente apreciação qualitativa da OCDE. Na verdade, os politécnicos fizeram o que lhes foi pedido ou autorizado superiormente, e muito mais, com os fracos recursos disponíveis - e isto é uma interpretação possível de Qualidade. Neste específico caso não tenho dúvidas.
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Ainda não sei rigorosamente mais nada quanto ao resto deste relatório, mas vou saber e dir-lhes-ei mas, à primeira leitura de través, o que me parece é que tudo o que a Equipa da OCDE diz dos politécnicos resume-se, exclusivamente, ao que lhe foi soprado para, circunstanciada e selectivamente, aí ser dito - assim, foi instrumentalizada como que uma espécie de pauzinho ideológico de Mao Tse-Tung... o que é lamentável.
E, por favor, não ponham "as informações previlegiadas 'na boca' da Equipa OCDE" como naturalmente deduzíveis a partir do conteúdo do Background Report - porque este, sendo um documento factual é pelo menos sério, e há menções no Relatório da OCDE que referem condições muito recentes e referidas "en passant..." - ou seja, desculpem-me mas houve muito "espírito santo de orelhas" - o que é muito lamentável.
O que se pode constatar em Portugal é que existem muitas formações politécnicas - é só verem-se estatísticas dos locais de trabalho (se são empresas públicas, para-públicas ou privadas) dos seus formandos quando alguém se quizer dar a esse trabalho - que oferecem aos seus formandos, numerosas vantagens competitivas (empregabilidade, que é um conceito diverso de emprego/tacho - este garantido, só para alguns, desde os bancos de escola) e a custos muito inferiores para o país, não porque sejam melhores ou piores que as suas congéneres universitárias mas, tão somente, porque são efectivamente diferentes.
Importaria muito sim avaliar, por formação-instituição, em que percentuais as formações custeadas por fundos públicos, estão a formar profissionais que podem/estão/devem exercer actividades que aumentem ou diminuam a dívida pública. Mas, quem se rala?
Por outras palavras, e para concluir, o que está a acontecer, em Portugal, é que o subsistema politécnico para os políticos, tutela e demais responsáveis não tem sido considerado como um subsistema de ensino superior "just in time", pelo contrário é, permanentemente, desconsiderado como uma opção - plano B ou de "just in case" - e a consequência não vai ser a simples minorização do subsistema mas, tão somente, um prejuízo real para todos - o que é ainda mais lamentável.

3 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

crocodilo, não corcodilo

segunda dez. 18, 10:43:00 da tarde 2006  
Blogger Regina Nabais disse...

Obrigada pelo aviso de erro. Já corrigi.

segunda dez. 18, 11:20:00 da tarde 2006  
Blogger Unknown disse...

Caramba! Ao invés de se apegar no significado da escrita pq não se apegam no sentido dela não é não? rsrsnada contra a correçao ( sou professora inclusive) mas.. as pessoas ainda teem o péssimo hábito de corrigir os outro..rsrs comose houvesse perfeiçao gramatical rsrs ! e Aesperteza ( por assim dizer) é tanta que não se preoculpa em assinar a correçao não é isso moça? tem gente pra tudo foi visto a correçao será que o ANÕNIMO não percebeu?? rssr um abrçao moça e parabéns mesmopela sua resposta educada ele nem isso merecia kkk....!!!

sábado abr. 17, 06:11:00 da tarde 2010  

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