sexta-feira, fevereiro 24, 2006

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Desde 21 de Novembro de 2005 que, em Portugal, vivemos em ansiedade e expectativa, especulando-se como se desenrolará cada folhetim, e que fim se pode esperar da Novela Nacional – O Plano Tecnológico.

A sequência de todos os acontecimentos parece comprovar que o Plano Tecnológico foi – um elemento chave - utilizado como uma espécie de password de candidatura, que contribuiu, e muito, para chegarmos ao actual governo. “A coisa”genericamente soou muito bem e, para uma maioria dos eleitores, aposto que até pareceu muito convincente.
Pessoalmente, devo dizer que pensei que poderia ser uma boa ideia, não por causa da palavra - tecnológico, mas por causa do termo – plano.
Com a excepção do Plano de Fomento, que é uma outra história com que bloqueio…, cá pela terra, acostumámo-nos todos a construir e a agir, por principio, filosofia de vida e atavismo religioso, sempre e obstinadamente, à Escala 1:1 – “… sobe-se uma parede inteira em alvenaria, isola-se, reboca-se, afaga-se e pinta-se. De seguida, lembramo-nos que o que ali ficaria "a matar" era uma janela. Picareta-se a parede, constrói-se uma janela toda catita. Ah! mas no lugar dela, deveria mesmo, é estar uma porta, etc, etc, etc., …, ou, fechando o círculo, uma parede) - daí que, ao ouvir falar em plano e de já estar cansada do jargão “inovação”- pensei: “feliz de quem Deus quer bem, estamos salvos!” – chegaram, finalmente a Portugal, decisões inovadoras - organização e estratégia!.

Alegria de pobre é curta. Esmoreci logo muito, quando ouvi identificar de quem tinha partido a “ideia” – mas enfim, todos nós fazemos muitíssimos disparates, às vezes aprendemos e arrependemo-nos, outras, nem tanto! Mas, no caso, resolvi dar uma colher de chá… e aguardei. Aguardei, aguardei…
Eis se não quando, percebi! - o plano tinha passado, rapidamente, à clandestinidade!
Quando isto acontece, a um plano - ou a um background report – podemos apostar - é tiro e queda! A desgraça está feita! Só pode dar asneira…

Não irão ser para aqui chamados os tratos de polé e as peripécias rocambolescas do referido plano, dignas de poema de cordel: www.secrel.com.br/JPOESIA/cordel.html.
Mas, é bom recordarmos, que durante a Cimeira Luso Espanhola foi subscrito, a 19 de Novembro, um memorando de entendimento entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior da República Portuguesa e o Ministério da Educação e Ciência do Reino de Espanha para a criação e operação conjunta de um Instituto de I&D Portugal-Espanha - www.mctes.pt/docs/ficheiros/Acordo_International_laboratory_PT_final.pdf.

Quando o referido plano reapareceu, já não era um plano! Era e é um “puzzle”.
Assim, durante os "happenings" que nos regem, pode sempre dizer-se “isto esteve sempre previsto no nosso plano” – achem a “pecita”, lá no meio daquele monte de pedaços! Até o Bill Gates foi chamado à pedra para colaborar – e também estava escrito, ele estava no plano. Lembram-se?

E, foi assim que, também, na semana passada, se confirmou um grande centro de investigação Luso-Espanhol, na área das Nanotecnologias, comportando 200 investigadores (sic).

Hum,..Hum…, nem se atrevam sequer a pensar nada - sou totalmente a favor da co-incineração, dos alimentos geneticamente manipulados, da energia nuclear e, sobretudo, da nanotecnologia.

A única coisa, que me preocupa é:
Quando é que se resolve?
Quanto é que custa?
Como é que é feito?
Onde se executa?
Quem paga?
Quem beneficia?
Como se vai manter?
Quem se responsabiliza?

À boa maneira dos portugueses, travo logo a caixa registadora, e ponho-me a assuntar.
Vejam ao que cheguei, por alto – nem sequer considerei o facto que os referidos investigadores deverão que ter alguma formação para adaptação às novas responsabilidades - às seguintes contitas, fazendo-as com standards de "AQUELA" pechincha:

Projecto, Construção e Terreno – 50,000,000 €
Equipamento – 2,000,000 €
Despesas de Manutenção e Amortização – 5,000,000 €
Despesas de funcionamento – 1,125,000 €
Mão-de-obra /ano
200 investigadores – 200*30,000 € = 6,000,000 €
100 técnicos e auxiliares -100*15,000 € =1,500,000 €

Nestas condições, para que os custos se equilibrem, será bom prevermos também para o centro clientes PRIVADOS que se comprometam a adquirir os produtos nanotecnológicos, e nos garantam, anualmente, lucros líquidos (meio a meio para nós e para os espanhóis) de pelo menos 5,000,000 € e, simultaneamente, assumam todos os investimentos anuais necessários à criação e desenvolvimento desses mesmos produtos - empresários "tipo perfil Madre Teresa de Calcutá".
Se assim for, estarei na primeira fila, entusiasmdíssima a aplaudir de pé, a nossa Nanotecnologia.
Caso contrário, vou fazer uma birra todos os dias!

Já agora, por favor vejam exemplos de como como nos States se estudam, planeiam e divulgam estas questões:
e

2 Comentários:

Blogger MJMatos disse...

Estou a ver que a agência de informação do governo não "vende" nesta casa, 8-).

sábado fev. 25, 10:21:00 da manhã 2006  
Blogger Regina Nabais disse...

Olá MJMATOS!

Passe a presunção e a exagerada auto-estima, mas esta casa, não é uma casa!
É uma boutique chiquérima! Só vende "artigo fino" a clientela Seleccionada.

Aqui, para nós, vou, mas é de urgência, aperfeiçoar as minhas competências em marketing e em empreendedorismo.

É uma urgência!

sábado fev. 25, 03:38:00 da tarde 2006  

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