quinta-feira, junho 25, 2009

Paz

De vez em quando falo das incompetências dos outros mas, agora, estou convencida que a minha é que é o Cristiano Ronaldo da Incompetência, bate todas as outras aos pontos.
Também se ouve bastante, por aí, à cerca das virtudes político-negociais do Obama, nomeadamente, sobre a sua intervenção sempre avisada e racional sobre questões ligadas à política internacional. Por exemplo, sobre o conflito no Médio Oriente...
Qual Obama, qual ONU, qual nada?!
Observem e aprendam!
Quem percebe desta específica poda, é o nosso Ministro da Ciência e do Ensino Superior Português!
...
Porquê?
Ora essa, porque:
1. Vejam só os meus caros e raros leitores que andava eu descabelada e descanelada a acompanhar com muito empenho e desvelo a controvérsia dos Estatutos das Carreiras de Ensino Superior, há quanto tempo?
Um mês ou mais...
Chinguei e enchi paciências de meio mundo, às abertas e pela calada, incluindo a dos Sindicatos da SNESUP, e até da FENPROF (esta via Sindicato de Professores da Região Centro) e nem sabia da existência de seis dos outros sete sindicatos com os quais o MCTES andava em negociação e com os quais acabou, ontem, por «fechar o negócio».
2. Vou-lhes confessar, meus amigos, cheguei quase a morrer de muita pena do Senhor Ministro, pobrezinho..., porque ele tinha que aturar, praticamente, todas as semanas, dia-sim, dia-não, as ladainhas e cegarregas dos CRUP, CCISP e das Direcções da SNESUP e FENPROF, e mais umas quantas conversas de pé de orelha da FNE e, afinal, andava aquele coitado a arengar não só com esses, como também ainda com, nada menos, que outros seis sindicatos - é obra! - bem digo eu, esse homem, para além de um génio da negociação, é também um santo, e um santo inovador!
3. Enquanto, estava eu, para aqui noite escura e madrugada a dentro a consultar mails, páginas institucionais, 6 ou 7 jornais uns quantos blogs para não perder pitada sobre assunto e, afinal, nem sabia da existência dessas outras entidades profissionais - estes sim, uns verdadeiros activistas, não do Clube Bilderberg, mas da «Sociedade Secreta Sindical de ensino Superior», que ainda é mais oculta e poderosa.
Burramente, pensava eu, que era a SNESUP e a FENPROF a trabalharem e a suarem as estopinhas, nonstop, sobre os complicados enredos das alíneas daqueles infindáveis e inenarráveis ECDU, ECDESP ...
Ontem, os sete sindicatos listados abaixo assinaram o acordo "Final" sobre as carreiras dos docentes do ensino superior com o MCTES. Full Stop!

Imoral da história para o processo de aprendizagem política do Senhor Obama:
Há problemas sérios no Médio Oriente?
Ai há? Então a resolução básica, elementar e GARANTIDA é:
Negoceiem-se, por alto, os termos e condições da paz do médio oriente, por exemplo, com lapões, minhotos, ou índios do Xingu só precisam é de ser interlocutores que entendam pouco ou nada dos assuntos!
Como é que ainda ninguém se tinha lembrado disto?

O Senhor Obama está a dizer-me que não têm um MCTES?
Não seja por isso, eu empresto-lhe o nosso! Nem precisa preocupar-se em «o» devolver!
Aqui aprendemos já a metodologia, por isso, podemos dispensar de vez o seu engenho.
_________________________________________
Interlocutores sindicais concordantes sobre os Estatutos das Carreiras do Ensino Superior, em 2009:
1. Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE);
2. Frente Sindical da Administração Pública (FESAP);
3. Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP);
4. Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (SINDEP);
5. Sindicato Nacional dos Profissionais da Educação (SINAPE);
6. Sindicato dos Professores do Ensino Superior (SPES);
7. Sindicato Nacional dos Professores Licenciados (SNPL).

_____________________________
I. Quantos docentes de ensino superior estarão filiados nessas estruturas sindicais?
II. Felicito o SNESUP, pelo excelente trabalho e coragem, apesar de eu discordar de muitas das suas reticências às sucessivas propostas de estatutos, e de eles terem decidido deixar «os especialistas» do politécnico fora da discussão negocial e aquele CCISP do lado de dentro.

III. Só não felicito já a FENPROF porque não percebi o que se passou! não assinou, mas... mas o quê e porquê? se até os estatutos, na sua opinião, ficaram do lado positivo da escala.

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Está visto que a sua especialidade não é a politica. E que os politicos não tem por missão em fazer passar para letra de lei as opiniões dos técnicos ou outras profissões mais ou menos iluminadas.

Tome-se o exemplo da Ministra da Educação que fez reformou o Secundário contra os Sindicatos.

Porque motivo um Ministro deve subordinar uma vontade legimitada pelo povo directamente nas urnas aos caprichos dos sindicatos ?

sexta jun. 26, 07:46:00 da manhã 2009  
Blogger Regina Nabais disse...

Caro anónimo, (26-07-2009; 7:46):
Opiniões são opiniões, por favor se entender, veja aqui as minhas:
1ª - Políticos, na minha perspectiva até fazem muita falta, mas «políticos» não fazem ABSOLUTAMENTE falta nenhuma; mas já que estes insistem, unilateralmente, que têm algum préstimo potencial, que sejam ou, pelo menos, pareçam coerentes;
2ª - Não faço a mínima ideia sobre as reformas do Secundário, por isso, não me pronuncio; só sei é que qualquer Sistema de Avaliação não é o mesmo que um acto de contrição ou de reflexão auto-crítica, porque o primeiro, qualquer que seja, pressupõe classes, critérios e ordenação, por isso, obrigatoriamente, ou é um processo discriminante, ou não serve para nada; a meu ver, nesse ponto específico, a Ministra da Educação tem razão - para nosso mal, nem todos podemos ser excelentes;
3ª - Se um ministro tem vontade legitimada pelo povo, dispensar-se-iam as consultas de qualquer natureza, de que os sindicatos são um mero exemplo; ainda bem que esta ideia não foi aceite, porque para se estimarem as consequências, basta atender-se ao desrespeito aos cidadãos suscitado pelo texto descuidado e displicente suscitado da proposta inicial do ECDESP;
4ª - Mas, para se ter uma ideia sobre a vontade do povo só se for com referendo popular universal;
5ª - Parece-me que não fui eu que andei a fingir que consultei a opinião de DOIS sindicatos do sector de ensino superior, chegando a trocar de propostas e contra-propostas, ou que fiz saber que tinha chegado «o fim» das negociações com OUTROS sindicatos (a bem dizer-se, com uns sindicatos quaisquer); A consulta dos dois primeiros sindicatos teve a virtude do texto final não ser uma peça totalmente inconsequente.
Estou à vontade em dizer isso, não sou sindicalizada!
6ª - Também sou da plebe, pago impostos e gostaria de ter, no meu país, os melhores formadores e condições possíveis na educação superior; no caso do politécnico, o melhor possível está muito longe de ter-se simplesmente um doutoramento, se pensarmos que esse nível de formação tem sido, geralmente, ACADÉMICO e FOCALIZADO.
7ª - Tem absoluta razão, não sou NADA especialista em Política e menos ainda em "política" ou quaisquer outras trapalhices. Na verdade, há comportamentos de «políticos» que me causam urticaria grave e, infelizmente, toda evolução do processo de discussão das carreiras de ensino superior em "cima de muros" e por "baixo de panos" (apesar de não me afectar pessoalmente)causou-me urticaria MUITO GRAVE. E não há anti-histamínico que chegue!
Infelizmente também, vindo de onde veio, pessoalmente, eu não esperava outra coisa!

sexta jun. 26, 10:25:00 da manhã 2009  

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