quarta-feira, dezembro 05, 2007

Piões para porta-aviões?

Já experimentaram os meus caros e raros leitores fazerem o que eu chamo de "cavalo de pau" (devemos chamar de "pião"?). Quero dizer, já conduzirem um carro, em 1ª marcha, com elevada rotação e, de repente e simultâneamente, soltarem a embraiagem enquanto puxam o travão de mão, e o vosso carro rodopia 360º, claro, isto se a vossa perícia de pilotagem for a adequada ou, no máximo, aí uns 180º, quando se atrapalham com as sincronias de movimentos? (podendo até partir a cara durante o processo). Já? Óptimo! Porque, então compreendem bem o que vos falarei em seguida.
Fartamo-nos todos de ouvir muitas litânias, imprecações, rezas, lamentações e pragas do canhoto, sobre os drifts das instituições politécnicas públicas. Drifts estes que, valha-nos a verdade, o MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR (MCTES) fez (e bem) das tripas coração acautelar, pelo Decreto-Lei n.o 74/2006.
Mas, de entre as multiplas amnésias, deste Ministério e deste Decreto, está precisamente a ausência de prevenção de drifts das Universidades em relação aos Politécnicos. Como também sou distraídíssima, tem toda a minha solidariedade e compreensão.
Mas, às vezes as nossas distrações têm os seus inconvenientes:
Podem crer, eu hoje pasmei com uma notícia do Público - esta, de onde extraí a seguinte informação - "O Senado da Universidade Técnica de Lisboa aprovou ontem as Licenciaturas de Cenografia e Enfermagem Veterinária, as primeiras do género em univerisades em Portugal, que poderão arrancar em Setembro de 2008, revelou o reitor, Fernando Ramôa Ribeiro."
O Senhor Reitor, a quem por acaso até admiro muitíssimo, admirou-me ainda mais quando nos explicou a decisão: "São áreas recentes na Europa, uma grande carência que temos". ????!!!!!!!????
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Ora bem, na Europa, se calhar, são áreas recentes, mas em Portugal, já em 2006:
- nada menos que em 4 Politécnicos -- CASTELO BRANCO, ELVAS, PONTE DE LIMA e VISEU -- inscreveram-se respectivamente 30, 47, 27 e 63 alunos aproveitando a totalidade das vagas dos cursos de "Enfermagem Veterinária" que ofereceram, e tendo também um total de alunos inscritos, neste preciso ano lectivo, pela mesma ordem de 30, 138, 27 e 154 alunos.
Não sei a idade de BI destes cursos todos, mas sei que a Ordem dos Enfermeiros (aqui) já em Julho de 2004, protestou contra a ideia INOVADORA -- nessa altura, em Portugal sim, foi uma ideia inovadora da Escola Superior Agrária de Elvas -- nestes termos: «Neste sentido, a Ordem dos Enfermeiros já solicitou ao Ministério da Ciência e Ensino Superior a alteração da Portaria que cria o curso de bacharelato em enfermagem veterinária na Escola Superior Agrária de Elvas, retirando a palavra "enfermagem"».??!!!????
No entanto, pode ser que agora a Ordem dos Enfermeiros, tratando-se de um curso da Universidade Técnica de Lisboa, já ache bem o nome... e não queiram mais recuperar um nome 'alternativo' que propuseram - "auxiliar de veterinário"
- não tenho bem a certeza, mas penso que já existia também um Curso de Cinema, com um ramo em Design de Cena, no Instituto Politécnico de Lisboa, com 56 alunos inscritos, em 2006/2007. Bom, é bem verdade que não é um curso de Cenografia, mas... Que será que se ensina-aprende nesse curso de Design de Cena?
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Não pensam os meus caros e raros leitores que há situações na nossa vida em que nem podemos "ver uma camisa lavada num pobre"? Terrível não é?
Do meu lado, começo a pensar que é triste mas, sobretudo, caríssimo ao país quando os nossos porta-aviões se metem também a fazer "cavalos de pau", perdão, piões... Os meus leitores discordam de mim?
OK! Somos todos livres para pensarmos mas, eu continuo a dizer que era muito mais simples e pacificador, para Portugal, deitarmos fora todos os diplomas legais da nossa educação superior, que seriam substituídos por uma simples meia folha A4, com a devida chancela, com uma única frase que diria mais ou menos seguinte: "A partir de hoje, tudo o que deveria ser feito por uns, passa a ser feito pelos outros!".
Como opção, a tal redacção tutelante poderia ser também assim: "A partir de hoje, e à semelhança das nossas Universidades, aquelas outras instituições - em off, e para o secretariado: como é que me dizem que é mesmo o nome daquelas 'coisas'? Poli...? Poli...quê? Ah! Pois... isso, escrevam - Politécnicas também podem fazer tudo o que lhes vier às ideias!"

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